Conexão
Nomes até que há, mas é difícil saber quem reúne condições de comandar o partido após sucessivas derrotas
Final de 2013. Os partidos oposicionistas estão em guerra total pela hegemonia na oposição. O governo apenas esperou o momento certo para agir

Em todas as eleições, os institutos de pesquisa se tornam alvos preferenciais por apresentarem informações que não se confirmam nas urnas. De quem é o erro?

Comando central da campanha de Iris Rezende criou suspense ao anunciar explosão de um fato novo que mexeria com a eleição. Nem explodiu, nem repercutiu tanto assim

Possível vitória do governador este ano abriria um leque de possibilidades políticas no Estado em 2018
[caption id="attachment_17777" align="alignright" width="620"] Daniel Vilela, Vanderlan Cardoso, José Eliton, Ronaldo Caiado e Júnior Friboi: nomes que já despontam para a disputa de 2018 pelo governo estadual[/caption]
No último domingo deste mês, dia 26, os goianos vão voltar às urnas para escolher entre Marconi Perillo e Iris Rezende. A se julgar por tudo o que aconteceu até aqui nas campanhas, e levando especialmente em conta a enorme diferença nas votações recebidas pelos dois candidatos no primeiro turno, Marconi é favorito absoluto para bisar seu mandato, o que o colocará imediatamente fora do processo eleitoral de 2018 diretamente. Ao contrário, caso Iris consiga a proeza muito pouco provável, de virar a eleição neste segundo turno, o próximo jogo sucessório poderá contar com todas as forças políticas atualmente envolvidas, inclusive com a participação palaciana de Iris.
Esse quadro, embora óbvio, está sendo levado em conta atualmente pelos principais personagens da política estadual. Iris tem o histórico de sempre recorrer a candidatos inusitados quando não concorre à reeleição. Em 1994, por exemplo, o favorito interno do PMDB era o então deputado federal Naphtali Alves. Ele era o preferido da esmagadora maioria dos prefeitos e vereadores do partido, mas Iris fez impor o seu desejo pessoal e indicou o então vice-governador Maguito Vilela à sua própria sucessão.
Mais recentemente, em 2010, quando disputou a reeleição como prefeito de Goiânia, o líder peemedebista influenciou internamente até o PT no processo de escolha de seu vice, selando a aliança entre os dois partidos com a indicação de Paulo Garcia. Essa opção de Iris em 2010 ficou ainda mais evidente na eleição municipal de 2012, quando Iris aniquilou politicamente o diretório metropolitano do PMDB, que pregava candidatura própria, e assegurou apoio à reeleição de seu aliado petista Paulo Garcia.
Essa característica de Iris, de apoiar candidatos à sua sucessão ligados pessoalmente a ele, significa que seria fortíssima a possibilidade de, no caso de uma vitória neste segundo turno, a fórmula ser repetida, caso não fosse ele próprio candidato à reeleição. É assim que ele sempre agiu em suas articulações políticas. É seu modus operandi.
Na outra trincheira está Marconi Perillo. Suas ações apontam exatamente na direção oposta à estratégia de Iris. Em 2006, quando terminou seu segundo mandato de governador e disputou a única vaga para o Senado que estava em jogo naquele ano, era clara a sua preferência pessoal por uma candidatura do PSDB, especialmente de alguns nomes ligados diretamente a ele, como Giuseppe Vecci ou o golden boy José Paulo Loureiro. Mas a manifestação de que o vice-governador Alcides Rodrigues também desejava se candidatar mudou o jogo completamente. Marconi recuou e passou a apoiar a pretensão de Alcides.
Antes disso, nos processos de escolha dos candidatos a prefeito de Goiânia dentro da base aliada comandada por ele, Marconi jamais impôs o seu candidato. Em 2000, ele trabalhava de comum acordo com o então prefeito Nion Albernaz, que não quis disputar a reeleição. A então deputada federal e hoje senadora Lúcia Vânia não era o nome preferido por Nion, mas acabou sendo ungida graças ao trabalho de pacificação realizado por Marconi com a ala nionista.
Em 2004, os nomes do Palácio das Esmeraldas para a Prefeitura de Goiânia eram o do ex-peemedebista Barbosa Neto e Jovair Arantes, do PTB. Não deu nem um nem outro. Marconi, para compor a chapa aliada majoritária, acabou aceitando e apoiando Sandes Júnior, do PP.
Essa diferença de atuação política entre Marconi e Iris também está em jogo neste segundo turno. Das urnas deste ano já saíram nomes bastante expressivos para o mercado especulativo da sucessão de 2018, como o deputado federal Daniel Vilela, a grande estrela peemedebista e ainda em ascensão, o senador eleito Ronaldo Caiado e Júnior Friboi, que jamais esconderam seus sonhos de governar o Estado. Além desses, 2018 também poderá ver novamente na disputa Antônio Gomide, do PT, que mesmo derrotado permanece na crista da onda estadual petista, e Vanderlan Cardoso.
A reeleição de Marconi neste segundo turno, que tem todos os ingredientes para se concretizar, evidencia essa clara tendência de abrir o leque de opções para 2018, incluindo também o vice-governador José Eliton. Com Iris, o jogo da sucessão não teria esses contornos evidenciados, inclusive porque não estaria previamente descartada a sua própria possibilidade de reeleição. Além, é claro, de significar maiores e imediatas dificuldades para uma candidatura inserida no grupo Vilela, leia-se Daniel.
Tudo o que se coloca nesta Conexão exerce natural influência na composição de alianças neste segundo turno. Pode-se alegar que os processos sucessórios atual e futuro são composições distantes um do outro, mas não é exatamente dessa forma que o mundo político se comporta. As bases das futuras disputas são montadas com antecedência, e é isso também que está em jogo este ano. E é exatamente dessa forma que se percebe e entende melhor as negociações e acordos feitos agora. Para além das aparências e posicionamentos políticos assumidos para o grande público, uma renhida luta por situações futuras também está em curso neste segundo turno.
Para candidatos, militância e simpatizantes, este domingo vai ser cheio de emoções. E de decepções, também
Restando apenas uma semana para a eleição, pesquisas registram tecnicamente a possibilidade de a eleição em Goiás terminar domingo que vem. Caiado é favorito para o Senado

É fácil perceber quem está atrás nas pesquisas ou sob forte ameaça: é só observar quem promove ataques [gallery type="slideshow" ids="15717,15718,15719"] Cada campanha eleitoral é uma história completa, com preâmbulo, início, meio, epílogo e fim. Campanhas não são, portanto, episódios de uma série interminável, que se arrastam por décadas sem conclusão alguma. Não. Todas as campanhas eleitorais se isolam completamente, mudando as narrativas, algumas vezes alterando também os personagens, e invariavelmente focando sempre o mesmo tema: a disputa pelo poder político-administrativo. Ao se observar e comparar algumas campanhas, tem-se a tendência fácil de concluir pela semelhança e, assim, pela continuidade. Há alguns fatos este ano que evidenciam esse comportamento. A campanha de Vanderlan Cardoso (PSB), por exemplo, nasceu baseada na campanha de 2010, como se fosse uma continuidade. Talvez por isso esteja, neste momento, surpreendendo de forma tão negativa em relação aos índices de intenção de voto, bem menores do que a votação da eleição anterior, segundo todos os grandes institutos. Há coisa de um ano, falava-se que Antônio Gomide (PT), popular prefeito na problemática cidade de Anápolis, seria uma espécie de Marconi Perillo de 1998. Naquele ano, como se sabe, o jovem Marconi, novo na grande seara dos caciques da oposição ao PMDB, foi lançado candidato e se transformou aos poucos numa febre de consumo eleitoral absolutamente irresistível, derrubando por terra um dos maiores mitos políticos de toda a história de Goiás, o até então imbatível Iris Rezende. Gomide, para muitos, e talvez também para ele, seria o próprio Marconi/98 re-escrito, como se a eleição daquele ano ainda estivesse com algumas páginas em branco. Mas se cada eleição é uma eleição, que se encerra completamente sem restar uma só letra a ser acrescentada na próxima disputa, algumas ações se repetem. Afinal, o objeto do desejo é sempre o mesmo: a vitória. O enredo, em determinadas situações, quase não se altera. Neste caso estão as estratégias. Para cada momento, há uma lista de “obrigações” a serem cumpridas. Antes de colocar o bloco na rua atrás dos votos, por exemplo, é necessário ganhar completamente o público interno. Quando não se agrada totalmente em “casa”, haverá sempre, e naturalmente, uma razoável dose de desconfiança também nas “casas” vizinhas. Esse não é um problema definitivo, que previamente condene ao fracasso eleitoral, mas é uma dificuldade que sempre deve ser levada em conta. Especialmente nas campanhas atuais, em que se depende demais dos tempos de rádio e TV, além de uma excelente cobertura nas chapas de candidatos a deputado estadual e deputado federal. Também é praxe estabelecer estratégias, sejam elas isoladas dentro do próprio grupamento seja no âmbito do segmento em que se situa a candidatura. Em 1994, as oposições se lançaram com dois fortíssimos nomes ao governo do Estado, Lúcia Vânia e Ronaldo Caiado. Absolutamente divorciados enquanto objetivo comum, se devoraram pelas bordas, enquanto Maguito Vilela, do governista PMDB, se fartou no centro da mesa e do prato eleitoral. No final, nem união no 2º turno ocorreu de fato entre os oposicionistas. Nem houve clima para se discutir essa junção de interesses. Outro ponto que sempre é observado nas campanhas eleitorais é quanto ao formato. Disputas equilibradas tendem a resvalar na troca intensa de ataques, tanto no campo político como no, infelizmente, pessoal. Ao contrário, se um candidato se sobressai e assume uma boa vantagem sobre os demais concorrentes, criando assim uma real e perceptível perspectiva de vitória, a tendência é que ele evite ataques aos adversários para não criar nenhuma marola que possa vir a remexer as águas do lago eleitoral. O oposto é corriqueiro: candidatos que vislumbram o precipício da derrota eminente tendem a se tornar mais agressivos. É como se jogassem pedras no lago para, quem sabe, provocar alguma onda em que possam surfar. Esses aspectos das campanhas não mudam quase nunca. É fácil, portanto, saber quem lidera a corrida eleitoral e quem está com prévio gosto de possível derrota na boca. Basta observar o comportamento das campanhas. Atualmente, a campanha de Iris, Gomide e Vanderlan iniciaram uma série de ataques contra a campanha do governador Marconi. Se as marolas que estão sendo provocadas por eles vão formar algum tipo de onda ou não, não há como saber. É certo que quem ataca geralmente tem muita dificuldade para crescer. Ao contrário, o agressor geralmente diminui as próprias chances. Mas é certo também que quem é atacado pode cair ou pelo menos parar de subir. Saber atuar bem para controlar as marolas criadas pelas pedras atiradas no lago eleitoral é fundamental. Se a campanha de Marconi vai conseguiu se defender na medida exata sem aumentar a marola do ataque, se fará sabido dentro de mais algumas semanas. Poucas semanas, pouquíssimas. Em tese, o principal argumento de ataque de Iris é fraquíssimo. Escalar o caso Cachoeira como artilheiro do seu time na esperança de virar o jogo eleitoral, obedecidas as proporções, seria o mesmo que escrever os nomes dos jogadores da seleção de 1970 nas camisetas do time escalado por Felipão na Copa de 2014 na esperança de ganhar da Alemanha, no Mineirão. O que Iris e os demais opositores precisam é de algum fato realmente novo e deveras impactante, que forme uma onda instantânea. Pedras no lago remexem as águas eleitorais em forma de marolas, mas não abalam as margens. A oposição precisa de um tsunami.

Restando três semanas de campanha, objetivo principal dos opositores é evitar que Marconi vença já no 1º turno

Sem ter estabelecido uma linha estratégica e comum de combate eleitoral ao governador Marconi Perillo, oposição agoniza

O arsenal usado até aqui contra a reeleição não funcionou. Oposição ainda tem bala na agulha para levar a disputa para o 2º turno? Por que o discurso oposicionista não deu certo?

A triangulação elegeu presidentes nos Estados Unidos, França e Argentina, mas oposição goiana disputa eleição de 2014 como se estive em 1982

Governo diz que oposição politiza a questão da segurança por causa da eleição, mas o debate é, sim, um tema pertinente num processo eleitoral

Pesquisas mostram tendências de momento, mas são os candidatos e as militâncias que fecham o resultado

Eles sempre foram adversários, mas agora resolveram selar seus interesses eleitorais numa mesma chapa. Essa química funcionou ou não?