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O ritual do decano peemedebista segue inalterado: ele nega candidatura durante algum tempo para depois confirmar. Mas desta vez o processo pode se atrasar demasiadamente

Congresso Nacional poderá, ou não, confirmar a decisão majoritária da população brasileira. O governo não tem credibilidade para continuar
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Pré-candidato do PTB à Prefeitura de Goiânia, Luiz Bittencourt é o ponto fora da curva dentro da base aliada estadual

Enquanto todos os holofotes nacionais focam as idas e vindas da instabilidade política, a economia brasileira segue piorando. O jeito é torcer pelas mudanças no comando

Historicamente, eleitor da capital escolhe ciclicamente entre candidatos populistas e candidatos técnicos
[caption id="attachment_60776" align="alignright" width="620"] Vanderlan Cardoso e Giuseppe Vecci: o eleitor vai favorecê-los ao buscar candidatos com perfil técnico?[/caption]
Se há um padrão de comportamento do eleitor de Goiânia é exatamente a falta de padrão. Desde o retorno das eleições diretas para prefeitos, ainda na década de 1980, prefeitos populistas e técnicos se sucedem ciclicamente. Ainda assim é possível observar uma tênue linha de atitude do eleitorado. Quase sempre, após administrações tidas como populistas, os discursos considerados mais embasados se destacam na preferência do eleitorado na eleição imediatamente a seguir.
Em 1985, após três anos de administração de Nion Albernaz, um técnico, o então deputado estadual Daniel Antonio se elegeu prefeito. Daniel pertencia à fina flor dos grandes populistas na época. Como a administração de Daniel foi muito complicada, com a cidade vivendo inclusive um período sob intervenção estadual, em 1988 a eleição foi vencida por Nion Albernaz. Em segundo lugar naquele ano foi Pedro Wilson, outro político que nem de perto se assemelha ao que se conhece por populismo. Maria Valadão, esta, sim, de linhagem populista, foi somente a terceira mais votada.
Em 1992, o vitorioso foi Darci Accorsi, com uma tematização de campanha claramente identificada com o populismo. Ele fez e aconteceu na eleição, batendo sem sustos outros dois candidatos da mesma linhagem discursiva, Sandro Mabel e Sandes Júnior.
Darci não fez um mal governo. Ao contrário, saiu da Prefeitura com boa aprovação popular, mas também teve problemas. Em 1996, a cidade vivia um pequeno caos nas ruas, com buracos para todos os gostos e desgostos. Além disso, Darci enfrentou uma série de denúncias contra a sua administração envolvendo especialmente a Comurg — sempre ela. Na eleição, voltou a vencer um candidato com discurso técnico, Nion Albernaz.
Quatro anos depois, a reeleição de Nion Albernaz aparecia como certa, mas o professor anunciou sua aposentadoria. Com isso, ele abriu caminho para Pedro Wilson, que foi o escolhido do goianiense com uma campanha alicerçada em discursos absolutamente técnicos. O segundo colocado naquela eleição adotou o discurso de linhagem populista, Darci Accorsi.
Pedro sofreu durante os quatro anos de sua administração. Apesar de fazer no conjunto um bom governo, ele foi obrigado a conviver com um “fantasma” na forma de comparação com a administração bem mais populista do rival e ex-petista Darci Accorsi (1988-1992), a quem havia derrotado. A popularidade de Pedro só deslanchou na campanha sucessória, em 2004.
Naquela eleição, ele começou a corrida eleitoral na quarta posição, mas se classificou para o segundo turno na reta final, contra Iris Rezende, o craque da mistificação populista. Desde então, a linhagem populista predomina no cenário eleitoral de Goiânia, com a reeleição de Iris em 2008 e a eleição de Paulo Garcia em 2012.
Mas Paulo Garcia pode ser considerado um político de discurso populista? Não. Inclusive a sua campanha foi tematizada com a sustentabilidade, algo que passa muito longe do que se pode considerar como populismo. A questão aqui é outra, a de linhagem de atuação. Paulo foi reeleito após herdar a Prefeitura com decisivo apoio de Iris. Portanto, e de certa forma, é como se o eleitor goianiense tivesse escolhido Iris na figura de Paulo.
Esse, em resumo, é o histórico do comportamento do eleitor goianiense desde a década de 1980, alternando a preferência entre candidatos de linha populista e de atuação técnica. Outro ponto comum nas eleições goianienses nesse período é que geralmente os técnicos tendem a dominar a eleição imediatamente após administrações problemáticas. Isso significa que a tendência deste ano é do discurso técnico.
Há pelo menos três candidatos que se identificam, uns mais, outros menos, com o discurso mais embasado: Giuseppe Vecci, do PSDB, Luiz Bittencourt, do PTB, e Vanderlan Cardoso, do PSB. Eles podem surpreender especialmente os dois adversários populistas, deputado Waldir Soares (PR) e Iris Rezende (PMDB).
É claro que tendência não é premonição. Qualquer disputa eleitoral envolve uma gama de fatores que influencia diretamente o resultado final. De qualquer forma, inclusive pela falta de um comportamento padrão do eleitorado goianiense, não deixa de criar uma perspectiva que pode ou não se confirmar. A realidade é que dificilmente poderá ocorrer um segundo turno reunindo Iris e Waldir. Um deles, pelo menos, ficará do lado de fora. Quem levará a melhor entre eles é quase impossível saber. Em condições normais, provavelmente Iris ficaria com clara vantagem. Mas as condições atuais não podem ser consideradas normais.
Iris foi decisivo na eleição de Paulo Garcia em 2012, e a péssima imagem da administração certamente exercerá algum peso na campanha deste ano. Essa carga negativa obviamente será de Iris, mesmo que ele rompa oficialmente com o “afilhado”. Além disso, a separação entre PMDB e PT pode gerar alguns traumas a mais, como a troca de acusações. Se isso ocorrer, Iris vai percorrer um pântano eleitoral absolutamente imprevisível.
Waldir poderá lucrar com a situação de Iris? Claro que sim, mas não necessariamente. A imagem consolidada do deputado é de delegado linha dura, o que alivia o lado político. O problema pode estar na sua saída do PSDB, onde ele entendeu que não tinha espaço suficiente para consolidar sua candidatura a prefeito de Goiânia, e desembarque no PR. Ou seja, ele liquidou com a tal imagem distanciada que se tinha dele como “não político”. Se isso vai gerar consequências negativas ou não na campanha deste ano é outra história, mas certamente significa uma migração de imagem.
Enfim, na somatória geral que se tem a partir do prisma apresentado, há forte tendência de que a campanha deste ano poderá deslanchar em direção à guinada técnica, cumprindo assim o efeito cíclico do comportamento eleitoral do goianiense ao longo das últimas décadas.
Ao contrário do que ocorreu em 2012, eleições goianienses deste ano podem significar o fim de “certezas” eleitorais

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Novos modelos de gestão precisam ser tentados no Brasil. O que aí está se revelou uma máquina imensa, cara e ineficiente. Então, por que não mudar?

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