Conexão

Sair na dianteira é melhor, sem dúvida, mas isso não é garantia de que o jogo será mais fácil

Prefeitura mantém quase 500 leitos de UTI e recebe verbas federais e estaduais por esse quantitativo. Há muito menos vagas à disposição de quem precisa

É nítido: na corrida interna na base aliada estadual por uma das vagas para candidatura ao Senado, o ex-senador, agora no PTB, tem aparecido cada vez mais, e vai ganhando espaço

[caption id="attachment_123254" align="alignright" width="620"] Franklin Roosevelt seria o perdedor da eleição norte-americana, em 1936, conforme a pesquisa com cupons, mas o estatístico George Gallup fez pesquisa com caráter científico e acertou que o eleito seria Franklin[/caption]
Sempre que algum veículo de comunicação publica o resultado de pesquisas eleitorais o assunto fervilha. A interpretação comum, no entanto, tende a misturar um pouco de razão com enorme dosagem de emoção. Assim, parcelas da população não somente acreditam nas pesquisas que apontam seus preferidos na liderança ou muito bem colocados, como tendem a projetar tais resultados como se fossem uma prévia do resultado da própria urna. Já os simpatizantes de candidatos que surgem com pouca densidade nas pesquisas defendem teses conspiratórias e até mercantilistas. Afinal de contas, existe um lado certo nesse pseudoconflito? Nem certo e nem errado. Ambos os lados se comportam mais emocionalmente e menos racionalmente.
Mas antes de entrar mais detalhadamente na real importância das pesquisas eleitorais, vale a pena relembrar como elas surgiram e se desenvolveram. É necessário aqui um corte no tempo e uma curta viagem aos Estados Unidos, berço notável das atuais pesquisas.
Entre as décadas de 1910 e 1930, jornais e revistas americanas, principalmente a “The Literary Digest”, mas também o jornalão referência “New York Times”, publicavam cupons-resposta perguntando em quem seus leitores estavam pensando em votar nas eleições presidenciais. Aconteceram muitos acertos nesses levantamentos que não tem grande diferença, a não ser pelo universo abordado, das enquetes. Não há nada científico.
Na eleição presidencial de 1936, a imprensa com seus cupons-resposta apontaram uma tranquila vitória de Alf Landon sobre Franklin Roosevelt. A principal enquete-pesquisa era da “Digest”, que contabilizou cerca de 2 milhões e 500 mil respostas de seus leitores e também de americanos cadastrados nas listas telefônicas. Um até então desconhecido estatístico, George Gallup, ousou discordar. Baseado numa pesquisa com caráter científico, ele assegurou que o eleito seria Roosevelt, e com folga. A imprensa quis saber quantos cupons-resposta Gallup tinha para falar tamanho disparate. Ele explicou que não tinha nenhum cupom. Seu método era montado a partir de amostras estratificadas da população. Ele admitiu ter realizado “apenas” 3 mil entrevistas em todo o território americano. Claro que Gallup foi desacreditado pela imprensa. Abertas as urnas, Roosevelt foi o vitorioso, e com grande folga.
De volta ao contemporâneo, o método criado e desenvolvido por George Gallup é utilizado até hoje por praticamente todos os institutos de pesquisa de opinião pública no mundo todo. Serpes, Grupom e Verita, os maiores institutos sediados em Goiás, seguem esse método - com alguma variação conforme exigem os tempos atuais. Uma dessas mudanças é a abordagem do entrevistado. Gallup realizava esse trabalho nas residências. Hoje, com as cidades verticalizadas e a insegurança geral, as entrevistas são realizadas geralmente em locais público de grande fluxo. E são abordagens mais rápidas também, como exige a vida nas grandes cidades.
Essas mudanças mexeram levemente na época ideal para a realização das pesquisas, embora não interfiram no resultado final do trabalho. Quanto mais distante da eleição, maior poderá ser a variação de resultados. É por essa razão que na maioria das vezes o resultado das urnas difere das primeiras pesquisas eleitorais realizadas. Isso não é uma regra, mas uma probalidade. Por outro lado, quanto mais próximo estiver a eleição, maior a possibilidade de os números apresentarem consistência. É por essa razão que as pesquisas que mais se aproximam do resultado oficial das urnas é a chamada boca de urna.
Isso não quer dizer que as pesquisas atuais não contêm nenhuma informação relevante. Tem, sim, mas não como fator de previsão de resultado da eleição. Elas revelam várias facetas que, bem interpretadas racionalmente, entregam uma carga informativa bastante interessante, ainda que fortemente influenciada pelo grau de conhecimento público em torno de determinados candidatos. Esse fator, a diferença de popularidade entre os candidatos, é quase completamente eliminado durante a campanha eleitoral propriamente dita, que tem envolvimento total - para o bem ou para o mal - da população. É somente nessa época que as pesquisas começam a refletir tendências reais, e aumentar assim a carga informativa que há em cada relatório da amostragem.

A disputa no campo oposicionista neste período de pré-campanha tem alternado bons momentos de um e de outro candidato

Apenas dois deputados estaduais, um do PR e outro do PSDB, saíram da base aliada estadual, que continua como maior grupamento político do Estado

Foram quase 16 anos como governador do Estado de Goiás. Algumas ações se tornam indeléveis, e estão marcadas para durar ainda por décadas

Para reforçar sua candidatura ao governo do Estado e ao mesmo tempo minar Daniel Vilela, seu adversário de mesma trincheira, o senador Ronaldo Caiado avança sobre setores do MDB. O emedebista também busca reforço, mas na base aliada estadual, e não no DEM
O Brasil nunca foi um país absolutamente seguro e imune à violência, mas nas últimas décadas se transformou no lugar mais perigoso do planeta para se viver. Onde foi que falhamos? Esta Conexão tem como vocação natal a política. Foi idealizada há algumas décadas com esse propósito: levantar temas, analisar fatos e revelar conjecturas e estruturas dentro da narrativa política. Mesmo diante de fatos absolutamente relevantes, esta Conexão se sente presa, tolhida, recolhida em seu desiderato inicial. O que sempre moveu e sempre moverá a coluna é a análise política dos fatos goianos que formam o núcleo do poder estadual e suas consequências imediatas, a composição oposicionista. Mas como ignorar a gravíssima e pertinente questão da segurança pública? Sim, não há como desviar o olhar, atirar o prisma para captar outras luzes. Então, esta Conexão caminhará em direção aos rumos da política de segurança pública. Porque não há solução que não passe necessariamente pela política. O centro de tudo é a política, enquanto todo o resto, inclusive a segurança, são seus derivativos. Inicialmente, o que vem a ser política de segurança pública? Nas campanhas eleitorais, esse mecanismo político-administrativo se transforma em joguete de palavras, promessas e criação de um mundo perfeitamente tranquilo, com as pessoas podendo sair de suas casas para ir ao trabalho, para ir a escola ou para o entretenimento. Na prática, a política de segurança teria como meta realmente encontrar esse mundo perfeito, mas que se sabe previamente inalcançável. O ataque ao semelhante nasceu com a humanidade, qualquer que tenha sido a sua origem. Pela leitura da Bíblia, no primeiro dos livros que a compõe, há a narrativa de um homicídio. Caim matou seu irmão Abel. Portanto, o que uma real política de segurança pública pode alcançar é o respeito à condição humana com o mínimo de dano possível. Policiais em cada quarteirão, viaturas rodando a cidade 24 horas por dia, policiais civis investigando cada ação delituosa ajudam na geração do que os especialistas chamam de sensação de segurança. E também inibem certas atitudes criminosas. Mas não basta tudo isso. A presença de policiais não vai evitar os ciúmes doentios que levam algumas pessoas diretamente para o assassinato. Talvez consiga refrear os ânimos dos mais nervosos no trânsito, e certamente evitará boa parte da ação de pequenos delitos. Não muito mais do que isso. Uma política de segurança pública efetiva e realmente promissora passa necessariamente por mudança radical no comportamento e na ação de parlamentares, governantes e juízes. Leis precisam ser modificadas. O modelo de gestão do combate ao crime adotado no país se revelou completamente falido. E sem modificar essa estrutura, o máximo que se conseguirá é a sensação de segurança relativamente melhor com as ruas inundadas de policiais. O conceito basilar do combate ao crime no Brasil está montado sobre a tese de que todos são recuperáveis. Não são. Não depois do estágio em que se está, com a deteriorização da percepção humana. A vida não tem mais valor algum. Mas as leis levam o Judiciário a entender que todos, em igual monta, são recuperáveis socialmente. Não são, até porque para se recuperar um criminoso é necessário saber antes se ele deseja se reintegrar à sociedade. Política de segurança pública jamais é algo para ser completamente implantado num único mandato de quatro anos. Nem em dois mandatos, com o interstício possível da reeleição entre um e outro. É algo para se trabalhar durante duas ou três gerações. Com os pés no chão. E sem a falsa ilusão de que matar bandidos é política de segurança. Não é, não. Pela simples razão de que quando se mata um, surgem dois. E quando se acaba com os dois, surgem quatro. Estão aí PCC e CV para exemplificar isso. Juntos, formam um dos maiores contingentes de soldados do país. E continuam recrutando a todo vapor. Não raras vezes, até entre eles há uma limpeza na cúpula, que rapidamente é novamente povoada após onda de assassinatos de antigos chefes. As armas nas mãos dos agentes do Estado não são a ponta final de uma política de segurança, mas apenas instrumentos necessários ao trabalho cotidiano. Armas nas mãos dos cidadãos comuns se transformam em chamariz de mais violência, seja dos bandidos que as querem, seja da exaltação dos ânimos que elas permitem. A esmagadora maioria dos assassinatos cometidos no país campeão do mundo em mortes violentas se dá pelas mãos e ações de cidadãos comuns. Os criminosos somente contribuem com uma parcela menor dessa trágica estatística. Por fim, e necessariamente, uma política de segurança pública real passa pela educação básica. É com educação básica que se evita o crime no futuro, e é nela também que está a solução para outro problema gravíssimo, e que interfere igualmente no global da segurança: a desigualdade social. Não há um único país democrático com bons níveis de segurança com desigualdades como registradas no Brasil, e também não há um só desses países que diminuiu as desigualdades distribuindo dinheiro, bolsas e compensações sociais. Tudo isso só se resolve na sala de aula. Políticos que em ano eleitoral prometem implantar política de segurança pública não devem ser levados a sério. A não ser que admitam todo esse conjunto de fatores, além de vários outros. O que se pode fazer enquanto não se tem educação básica pública, gratuita, inicialmente obrigatória e de qualidade, é trabalhar pela sensação de segurança. Isso é o máximo que se pode fazer. E mesmo assim, deve-se olhar com desconfiança: esse sistema, além de paliativo necessário, não custa barato.

Na complicada fase de negociações com o MDB, candidatura do senador Ronaldo Caiado movimenta-se com cuidado para não agir como um orangotango em loja de cristais

Eles querem que Iris Rezende, principal aliado do senador democrata Ronaldo Caiado, passe a ser o coordenador geral do partido para as eleições deste ano

Novo comando com João Bosco Bittencourt, que enfatiza o jornalismos hard news, pode dar mais público à emissora estatal goiana

Se dependesse apenas da popularidade medida pelas pesquisas atuais, o senador Ronaldo Caiado já teria garantido a sua candidatura ao governo do Estado. O problema dele é a falta de estrutura partidária

Governador Marconi Perillo corre o Estado nos próximos meses para participar da inauguração de obras do Programa Goiás na frente

O trabalho realizado pelo secretário Ricardo Balestreri foi importante, mas há necessidade de se endurecer o jogo contra a insegurança. Irapuan Costa Junior surpreende ao aceitar o desafio