Por Redação

O técnico português armou um conjunto de grande harmonia, que joga por música e até atletas medianos se destacam

Em trabalho exaustivo, que requereu pesquisas em Lisboa, Adelto retrata um dos períodos de maior desenvolvimento da capitania de São Paulo
“A História é um carro alegre/Cheio de um povo contente/Que atropela indiferente/Todo aquele que a negue.” (Canción por la unidad latinoamericana – Pablo Milanés)
Wil Prado
É corrente a assertiva que diz que a História é escrita pelos vencedores. Não estamos aqui para polemizar. Mas não podemos deixar de ressaltar que o bom historiador é aquele que sabe separar o joio do trigo. E é o que faz Adelto Gonçalves neste seu “O Reino, a Colônia e o Poder — Governo Lorena na Capitania de São Paulo 1788-1797” (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo). Consciente disso, logo à página 77, ele adverte: (...) “os historiadores precisam se servir de fontes escritas cujos autores, uns mais outros menos, são sempre ligados à cultura dominante. Não que tenham sido todos mentirosos, mas a maneira como encaravam a História sempre os condenava à deturpação. Sem contar que a imensa maioria dos papéis que restaram nos arquivos oficiais só mostram a visão dos poderosos, daqueles que detinham posições de mando”.
[caption id="attachment_220527" align="aligncenter" width="407"] Livro do pesquisador Adelto Gonçalves[/caption]
Experiente e escrupuloso, ele não se deixa influenciar por vieses políticos e outras tendências deturpadoras da História, que, às vezes, empolgam historiadores mais apressados. Por outro lado, podemos dizer que Adelto não se deixa fascinar pelo canto da sereia: casos e detalhes pitorescos da vida dos personagens, relevados, que muito despertam a curiosidade do leigo, mas que nada acrescentam aos rumos da História. O que nos acrescentaria saber onde o imperador fez xixi? E outros “achismos” e opiniões manietadas dos ditos revisionistas de plantão. Não. Adelto se atém aos fatos: interpreta-os e os transforma em História.
Para escrever a História desse período colonialista que foi o governo de d. Bernardo José Maria da Silveira e Lorena (1756-1818), consultou arquivos de aquém e de além-mar. O resultado desta vasta e minuciosa especulação foi um grande painel — social, econômico e político — onde se registra o embate entre poderes ligados, mas distintos, como a Igreja, a burguesia e os representantes da Corte, aliás, vistos com desconfiança pelos poderosos locais. E todos, militares, religiosos, burgueses e autoridades administrativas, na dança pelo poder, se ajuntam e traem, em alianças as mais espúrias, com o intuito de aquinhoarem riquezas e se mostrarem bem vistos aos olhos da Coroa.
Para termos uma ideia dessa convivência conflitiva ente o poder e o clero, citamos a intriga entre Lobo de Saldanha, governador e capitão-general da capitania de São Paulo (1775-1782), e o influente padre José da Silva de Oliveira Rolim, acusado pelo governador de manter uma vida promíscua. Episódio que, embora desenrolado em outra capitania, a de Minas, respinga na capitania paulista. E não resistimos em transcrever este parágrafo, que é, de fato, uma pérola: “A “vida dissoluta” de que o acusava Lobo de Saldanha, certamente, adviria do fato de que, irmão de Francisca da Silva de Oliveira (1732-1796), a famosa Chica da Silva, havia se envolvido com a filha desta, sua sobrinha putativa. Teria também deflorado a própria sobrinha, Quitéria, arranjando-lhe casamento de conveniência, com o ânimo de continuar a relação ilícita e, em razão da revolta do marido, ameaçou-o de morte, segundo denúncia de Joaquim Silvério dos Reis, delator das movimentações para a projetada revolta de 1789” (pág. 161).
Em trabalho exaustivo, que requereu uma longa temporada de pesquisas em Lisboa, Adelto retrata — e podemos dizer que o termo é exato — um dos períodos de maior desenvolvimento da capitania de São Paulo: os nove anos do governo de d. Bernardo José Maria da Silveira e Lorena. Para tanto, espanou o pó e espantou as traças — se é que os arquivos lusitanos são tratados com o mesmo descaso dos de cá — de documentos seculares, guardados, dentre outros, pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Academia das Ciências de Lisboa, Coleção Pombalina da Biblioteca Nacional de Portugal e o Arquivo Histórico Ultramarino. No Brasil, recorreria ainda ao Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, ao Arquivo Público Mineiro e ao Arquivo do Estado de São Paulo, para citarmos apenas os mais importantes.
Sempre que nos referirmos a São Paulo, uma pergunta é recorrente: por que este se tornou o mais rico e desenvolvido Estado brasileiro? Se lermos este volume com cuidado, certamente, encontraremos algumas dicas. E, dentre tantas, ficamos aqui especulando se esta não seria determinante: a “lei do porto único”? Editada em 1789, essa “lei”, assim impropriamente chamada pela historiografia, pois não passava de uma determinação do governador, permitia que o porto de Santos recebesse navios diretamente de Lisboa, sem a intermediação do Rio de Janeiro, o que aumentava o tempo e acrescentava despesas ao preço final das mercadorias.
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Adelto Gonçalves: pesquisador, crítico literário e escritor | Foto: Euler de França Belém/Jornal Opção[/caption]
Para reforçar essa ideia, transcrevemos este parágrafo à página 361: “Lorena tomou uma decisão que seria fundamental para abrir literalmente o caminho para o desenvolvimento da capitania, determinando que toda carga produzida na capitania teria de passar primeiro pelo porto de Santos. A medida permitiu que o porto de Santos passasse a receber mais navios e a fazer o comércio diretamente com Portugal”.
Adelto, porém, não escreve para polir o bronze das estátuas. Ao contrário, algumas saem das suas páginas até um tanto arranhadas. Para darmos apenas um exemplo, citamos o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera (ou Diabo Velho, como a ele se referiam os indígenas Goyazes), que, apesar de ter sido considerado um grande descobridor de ouro e prata, a ele colou-se a má fama de “matador de índios”.
Por último, é bom lembrar que essas quatrocentas páginas, nas mãos de historiadores burocratas, poderiam se tornar deveras enfadonhas, mas nas mãos de um bom escritor — Adelto é um bom romancista! —, tornam-se leves e atraentes, como se estivéssemos, junto com o autor, descobrindo e desvendando cada falcatrua — oficial ou contrabandeada — de políticos, párocos ou burgueses locais.
Infelizmente, ao fecharmos este volume, temos que admitir que o País pouco ou nada mudou dos tempos coloniais de outrora aos novos tempos republicanos de agora: a corrupção, as grandes fraudes e a malversação dos bens públicos continuam a ser a tônica do Estado.
Adelto Gonçalves, paulista de Santos, é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa e mestre na área de Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana pela Universidade de São Paulo (USP). Foi professor em várias universidades e jornalista desde 1972, atuando como assessor de imprensa na área empresarial.
Professor Adelto, como é conhecido e respeitado nos meios acadêmicos e jornalísticos, é um escritor vastamente premiado. Citaremos apenas alguns dos mais importantes: 1986, prêmio Fernando Pessoa da Fundação Cultural Brasil-Portugal, Rio de Janeiro, participando do livro “Ensaios Sobre Fernando Pessoa”, com o trabalho “O ideal político de Fernando Pessoa”; prêmios Assis Chateaubriand, 1987, e Aníbal Freire, 1994, ambos da Academia Brasileira de Letras; em 2000, com a biografia “Gonzaga — Um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), seu trabalho de doutorado em Letras pela USP, o prêmio Ivan Lins de Ensaios da União Brasileira de Escritores e da Academia Carioca de Letras.
Como jornalista seu currículo é tão vasto e importante quanto o de acadêmico. Escreveu para “O Estado de S. Paulo”, empresa Folha da Manhã, Editora Abril e “A Tribuna”, de Santos, tendo sido correspondente da revista “Época” em Lisboa (1999-2000). É colaborador da revista “Vértice”, de Lisboa. Escreve regularmente para o quinzenário de “As Artes Entre as Letras”, do Porto, e Jornal Opção, de Goiânia. É sócio correspondente e assessor cultural e de imprensa do Centro Lusófono Camões da Universidade Estatal Pedagógica Hertzen, de São Petersburgo, Rússia.
Apesar de todos esses títulos de suma importância, não podemos deixar de destacar a sua face de ficcionista. Sim, ele ainda encontrou disposição e tempo para praticar a grande ficção, com livros de contos, ensaios e romances.
Em 1980, com seu romance de estreia, “Os Vira-Latas” da madrugada, ganhou menção honrosa do Prêmio Nacional de Romance José Lins do Rego. E é sobre ele que queremos nos deter, não apenas pela sua qualidade literária, como também pelas condições históricas, posto que foi um dos primeiros a retratar o golpe militar de 1964, mesmo que sem proselitismo partidário, mostrando fatos, como as invasões dos sindicatos dos trabalhadores de Santos e a desumana e vexatória prisão de velhos e respeitáveis sindicalistas, tratados como bandidos comuns. O livro, já em segunda edição, pela Editora Letra Selvagem, de Taubaté-SP, está nas livrarias e, independentemente de quaisquer vieses ideológicos, vale a pena ser conferido, porque seus personagens são, de fato, verossímeis e comoventes.
Serviço
“O Reino, a Colônia e o Poder: O governo Lorena na Capitania de São Paulo – 1788-1797”, de Adelto Gonçalves, com prefácio de Kenneth Maxwell, texto de apresentação de Carlos Guilherme Mota e fotos de Luiz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 408 páginas, R$ 70,00, 2019.
Wil Prado, jornalista, é contista e romancista, autor de “Sob as Sombras da Agonia” (Lisboa, Chiado Editora, 2016) e do e-book “Um Vulto Dentro da Noite” (Amazon). E-mail: [email protected]

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Além de Fux e Toffoli, também votaram a favor do compartilhamento de dados os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber. Julgamento continua na quinta-feira, 28
[caption id="attachment_171200" align="alignnone" width="620"] Plenário do STF | Foto: Nelson Jr./SCO/STF[/caption]
Com seis votos a favor, após manifestação do ministro Luiz Fux, o Supremo Tribunal Federal formou maioria para que órgão de controle, como a Receita Federal e o antigo Coaf, possam repassar informações de atividades suspeitas ao Ministério Público, sem autorização judicial.
Os outros cinco ministros que já votaram não acompanharam Dias Toffoli na defesa das regras especificas para o repasse das informações. Com isso, ainda não estão definidos os limites deste tipo de procedimento.
Além de Fux e Toffoli, também votaram a favor do compartilhamento de dados os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber. Após o voto de Fux o julgamento foi suspenso e será retomado amanhã. Ainda faltam os votos de outros cinco ministros.
A decisão pode afetar as investigações contra o filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro, que é alvo de um relatório do Coaf. O órgão detectou movimentações suspeitas quando ele era vereador no Rio de Janeiro.
O STF vai retomar o julgamento na tarde de quinta-feira, 28, com a ministra Cármen Lúcia.

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Empresária desabafa sobre possível abandono parental. “Pobre menino rico”, diz o título
[caption id="attachment_221458" align="alignnone" width="620"] Empresária Andressa Mendonça | Foto: Reprodução[/caption]
Wilder de Morais: pobre menino rico
Andressa Mendonça
Esta história é sobre a minha vida, mas não é uma história somente minha.
Afinal este relato é, também, o de milhares de mulheres que veem seus filhos serem abandonados pelo pai.
Tornei-me uma pessoa pública, de interesse de parte da imprensa, por circunstâncias que independeram da minha vontade. Isto trouxe, por um tempo, holofotes sobre a minha vida pessoal, meu casamento, meus filhos. Recentemente, um vídeo que circula na internet me colocou novamente em uma evidência que não pedi.
Fui casada por quase oito anos com Wilder de Morais, que se tornou conhecido quando foi senador. Hoje é Secretário de Estado em Goiás.
Esta união de duas pessoas adultas cumpriu seu ciclo, e teve como fruto mais marcante nossos dois filhos.
E é por eles que, agora, escrevo.
Em uma situação normal seria irrelevante, dada a obviedade, destacar a importância que os filhos têm na vida dos pais. A capacidade de transformação que eles têm em nossas vidas e a responsabilidade sentimental que assumimos na formação de cada um deles.
Desde a mais tenra idade até a vida adulta, os filhos guardam nos pais uma fonte límpida de exemplo, proteção, cuidado, amparo. Um pai e uma mãe são o porto seguro de cada um, um elo tão forte que até quando nos tornamos mães ainda temos em nossos pais este vínculo, que se torna sempre renovado.
No entanto, é preciso dizer tudo isto, uma vez que Wilder de Morais abandonou seus próprios filhos à própria sorte.
O abandono parental é um traço recorrente nas relações de ex-casais muito ligado ao desamparo financeiro, ao desalento econômico que historicamente assola nosso país.
O que acontece é que, a necessidade premente de todas nós de termos um compromisso financeiro com o ex-parceiro para prover o sustento dos nossos filhos, faz sombra sobre outro tipo de abandono: o distanciamento sentimental.
Arrisco dizer que este é ainda mais grave.
A decisão pessoal de Wilder de Morais em não participar da vida dos filhos em crescimento, de conviver com seus dilemas, suas evoluções, suas conquistas é uma das opções mais mesquinhas que um indivíduo pode fazer, pois torna-o comezinho, menor.
Um pai que renuncia ao amor dos filhos está morto por dentro.
Tenho dois filhos do casamento com Wilder e o privilégio de ter condições de prover sustento a eles. Igualmente tenho a sorte de ter uma nova família com um marido que provê o que é além do necessário, com conforto financeiro e emocional a todos nós. Mas, o que está em discussão aqui não é contado com as cifras e a quantidade de zeros depois dos números que Wilder de Morais tanto ama.
Abraço não tem cifrão, o amor não está na bolsa de valores, respeito não é construído com ferro, tijolo e concreto armado.
Diante da brevidade da vida, o que está na mesa é o amor paternal. O amor compartilhado por pais e filhos não pode ser adquirido à vista no cartão, com um vistoso cheque ou exposto numa garagem como um prêmio. Talvez por isto mesmo, Wilder tenha renunciado um bem que não pode ser precificado em Real, Dólar ou Euro.
É triste ver homens se julgarem bem-sucedidos pelas conquistas amorosas mediante aportes financeiros ou pela montanha de notas e moedas que conseguem amealhar em suas trajetórias profissionais e suas carreiras empreendedoras.
Não ter tempo para os filhos é um desperdício de tempo.
À época deste vídeo que circula, enfrentava problemas de saúde de ordem emocional com um dos nossos filhos e busquei ajuda, fiz contato. Busquei o compartilhamento da situação. Não precisava de dinheiro, de um cheque ou qualquer outro tipo de ajuda pecuniária. Eu mesmo não precisava nem de um aceno ou cumprimento.
Precisava de um pai para meu filho. Ele, por sua vez, na sua adolescência, precisava de um olhar, um abraço, um toque, uma palavra. Precisava do reconfortante silêncio que somente um pai é capaz de prover quando na presença de seu filho.
Busquei e não encontrei. Pior ainda: busquei e insisti, com o ímpeto que só uma mãe em defesa dos filhos pode ter. Como resultado: fui ameaçada, humilhada e impedida de levar meu filho à presença do pai que, diante do que classificou uma tentativa minha de “trazer problemas para a minha vida” usou do poder político que goza no presente no Estado de Goiás para acionar o comandante da Polícia Militar.
Meu filho e eu fomos retirados da porta da casa do pai pela força policial. O uso estatal da força serviu para que um pai enxotasse seu filho e uma mãe. “Não me venha trazer problemas”, repetia.
O “problema” que eu levava, inclusive, estava à sua frente, ouvindo o que o pai dizia sobre ele mesmo.
Saí arrasada por presumir os sentimentos de rejeição que meu filho sentia. Neste dia, prometi abraçá-lo o dobro de vezes que puder. De ouvi-lo o triplo de vezes que puder. De estar com ele para tudo, sendo mãe, sendo pai, fazendo com que ele se sinta envolto num ambiente de aceitação, de amor, de amparo.
Superar dificuldades e ocupar ausências e omissões é um dos superpoderes que toda mulher adquire ao se tornar mãe.
Aquela atitude me marcou, mas não me surpreendeu. Há pouco tempo tive de ser testemunha de uma outra mãe. Não por acaso, esta mulher era mãe de uma filha de Wilder de Morais. Ela precisou da mediação jurídica para obter o óbvio: uma pensão justa e proporcional à condição de vida do pai para criar sua filha.
Isto mostra que os problemas deste homem, empresário de sucesso cuja vaidade o empurrou para a política, que hoje está enfurnado na estrutura pública de um Governo, não são comigo, e sim em sua dificuldade em respeitar mulheres.
Seu pior martírio, no entanto, é ser incapaz de se conectar com o amor paternal, e de ser capaz de amar e deixar-se ser amado por seus filhos.
Eu vou seguir em frente. Como na canção de Marcos Valle, imortalizada pelo cancioneiro popular brasileiro, “a mão que toca o violão, se preciso, faz a guerra”. Seguirei sendo “pãe” e lutando, assim como fazem outras mulheres, para encontrar caminhos e soluções perante o abandono de todo o tipo de pais que relutam em sê-los.
De pais que veem nos filhos um “problema”, que veem a responsabilidade e o prazer de conviver com suas crias como um fardo a ser evitado.
Quando o amor é um problema, tudo em volta está apodrecido e triste.
Quem vê o mundo de forma simplória, de cima pra baixo, pela perspectiva das alturas de estar eternamente sentado uma montanha de dinheiro realmente não precisa de problemas: sua vida já é uma anomalia que irá consumi-lo de dentro pra fora.
Aos homens, que já são pais ou que ainda serão, um conselho: vivam o prazer que é a paternidade. Sintam a transformação de ver a sua própria existência ser ressignificada diante de um sentimento maior que a própria vida.
Assim, poderão ver o quanto este amor é forte a ponto de formar um ser humano, desde a sua forma mais dependente e frágil, até tornar-se um indivíduo, um cidadão, um homem ou uma mulher de fibra, de garra, de força.
Porque a luz que brilha de um ser humano iluminado nada mais é que o amor dos pais irradiado na convivência de uma vida inteira

Kennedy Alencar diz que a hipótese é tratada com cautela, mas que existe uma linha de investigação que vê a possibilidade
[caption id="attachment_165663" align="alignnone" width="620"] Carlos Bolsonaro, verador no Rio de Janeiro | Foto: Reprodução[/caption]
O comentarista da Rede CBN de Rádio, Kennedy Alencar, disse nesta quarta-feira, 20, que a Polícia Civil do Rio de Janeiro trabalha com a possibilidade de envolvimento do vereador Carlos Bolsonaro na morte de Marielle Franco.
Segundo a linha de investigação apontada pelo jornalista, o vereador teria uma relação próxima com Ronnie Lessa, acusado de ter disparado contra Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Kennedy afirma que Carlos e Marielle tiveram uma discussão forte na Câmara Municipal e que "havia um clima de hostilidade entre os dois".
Ele completou ainda que a polícia trata com cautela essa hipótese, mas que "faz parte da apuração do caso". A morte de Marielle está há 616 dias sem solução.

Por Ton Paulo
[caption id="attachment_221328" align="alignnone" width="620"] Foto: Reprodução[/caption]
As portas do elevador estacionado no térreo já se fechavam quando, numa corrida rápida, coloco o braço no rumo do sensor a tempo de fazê-las reabrirem. Entro ainda ofegante no cubículo vazio não sem antes soltar um “que sorte!” em voz baixa.
Sou apaixonado por elevadores vazios. O intervalo do térreo até o andar escolhido é sempre o momento oportuno do dia para dar uma ajeitada no cabelo no espelho, olhar as mensagens ainda não visualizadas e respirar. Mas não hoje.
O elevador parou no meu andar, o 25º, mas as portas não se abriram. Espero, estranhando o delay, e nada. Alguns instantes depois, o ventilador de teto para. Era isso: eu estava preso em um elevador enguiçado.
Desato a tocar o interfone, mas no lugar de uma voz humana, só recebo uma luzinha que pisca insistentemente. Do nada, me vem a palavra “claustrofobia” – do latim, claustro phobos: medo de lugares fechados. Eu não tinha aquilo, mas sentia que meus pulmões já puxavam o ar de maneira irregular.
Sento, levanto, sento novamente, dou voltas só de meias dentro do cubículo de metal. Exatos uma hora e cinquenta minutos se passam até que um funcionário abre a porta, com o elevador já no térreo e me encontra no chão abraçado às minhas pernas. Ainda um pouco trêmulo e puxando o ar com força, caminho até a recepcionista: “Onde ficam as escadas mesmo?”