Opção cultural

Se você for homem, mulher ou de outra identidade de gênero, leia o livro da escritora francesa. Não se envergonhe de gostar do que a polêmica autora diz
Candice Marques de Lima
Especial para o Jornal Opção

“Não há nada pior do que um mulher julgada por homens. Todos os golpes são permitidos, a começar pelos mais sujos.” — Virginie Despentes, “Teoria King Kong”Virginie Despentes, autora francesa, parece ser pouco conhecida no Brasil. Numa rápida pesquisa por alguns jornais diários de circulação nacional não é fácil de encontrar matérias a seu respeito. Quando falo com algumas/alguns amigas/os a respeito dela, já vou logo dizendo: “É a ex-companheira de Paul Preciado”. Aí me respondem: “Ah sim, sei quem ele é.” Embora Paul Preciado seja um homem trans, faz toda a diferença ser homem. E por que estou dizendo isso? Porque Virginie Despentes trata a esse respeito. Em seu livro “Teoria King Kong” (Editora n-1, 125 páginas, tradução de Marcia Bechara) — nome bastante inusitado para um livro de ensaios autobiográficos, Virginie Despentes narra cenas de sua vida —, acontecimentos trágicos, como o estupro que sofreu, ou vivências que teve — se prostituir, e a partir disso escreve ensaios sobre a condição da mulher na sociedade e as relações — sempre desiguais, entre elas e os homens. Longe de buscar uma solução para esses conflitos, Despentes fala deles por meio de sua escrita. Uma escrita fluente e sem moralismos. O sexo e o desejo não são tratados como algo errado. Ademais, a autora não expõe a mulher como um ser que é uma vítima objetificada pelos homens. Ame-a ou a odeie, ela não pede a complacência de ninguém. Ela quer, por meio de suas experiências, escrever sobre o que passou e teorizar sobre isso.





A coletânea contém vários contos de autores goianos ou radicados em Goiás

Para mim, o Big Brother seria uma oportunidade inédita: “Oh, Interessante! Um estudo sociológico, o panóptico de Jeremy Bentham"

Travessia está aí, / pronta e sempre,/ sua longa senda, apenas;/ sua reputação malfazeja,/ e de fazer viver sua/ passagem forçosa.

A técnica despojada da condensa, entre linguagem e símbolos, toda uma mescla de caracteres humanos, ao longo da construção elaborada de sua narrativa ficcional

A paródia que permeia o enredo mostra que a intenção do autor não é uma transposição literária da História, mas sua reinvenção crítica e bem-humorada

Por Dr. Adiel Rios*
Toda pessoa carrega uma bagagem de informações, ideias, emoções, valores e crenças que funciona de modo harmônico e coerente, garantindo sua adaptação ao mundo real. No entanto, a cada momento, surge uma nova informação que pode ter de uma a três características: ela é indiferente aos seus interesses, podendo ou não ser absorvida por você; ela é coerente ou consistente aos seus interesses, sendo rapidamente captada, sem maiores preocupações na verificação de sua veracidade; e, por último, ela é incoerente ou incongruente, causando desconforto ou estresse à mente. Nesta terceira situação, a tendência automática é rejeitar ou eliminar esta informação (quer seja verdadeira ou falsa) para que o sistema de informações recupere sua coerência e homogeneidade.
Esta teoria, proposta por Leon Festinger, em 1957, é conhecida como a Teoria da Dissonância Cognitiva. Se, por um lado, a rápida rejeição da informação incoerente permite ao sistema de informações recuperar harmonia e consistência, por outro, esta eliminação sumária da informação independe de sua veracidade ou falsidade.
Do mesmo modo, a informação coerente aos seus objetivos é rapidamente incorporada por você, sem que haja uma prévia avaliação crítica de sua veracidade. Ambas as situações trazem consigo um problema: servem apenas para manter atualização no seu sistema de informações, mesmo que haja alguma distorção ou uma visão enviesada da realidade.
A rápida e quase automática incorporação ou rejeição da nova informação está relacionada, em geral, a uma tomada de decisão de caráter emocional, tal como uma paixão, quando o racional fica em segundo plano. Muitas vezes, a nova informação requer uma assimilação significativa, trazendo insegurança e desconforto.
Na história da humanidade, um exemplo mostra bem esta situação: durante muitos séculos, acreditou-se que a Terra era o centro do universo e que o sol girava em torno dela, até que o astrônomo Nicolau Copérnico demonstrou o contrário - a Terra não é o centro do universo, ela simplesmente gira em torno do sol. A humanidade demorou um bom tempo para absorver tal “dissonância cognitiva”.
E como lidar com uma nova informação incongruente com o seu sistema cognitivo? O primeiro passo é buscar um certo distanciamento emocional. Só assim, é possível fazer uma análise mais racional sobre essa nova informação. Além disso, é preciso buscar outras fontes que auxiliem na compreensão e, nos tempos atuais, que verifiquem se ela é verdadeira. Concluída esta etapa, o desafio seguinte é reformular o sistema de informações de modo que este ganhe um novo patamar de harmonia e coerência.

Podemos extrapolar esse conceito para a cultura do cancelamento, tão evidente nas redes sociais. É óbvio que há comportamentos que não são mais aceitos, e a sociedade cobra por posicionamentos responsáveis, especialmente de quem tem um grande número de seguidores e os impacta com suas opiniões.
Contudo, o processo de banalização, como divergências naturais e opiniões contrárias, também pode ser alvo do ato de cancelar. Ao invés de promover um debate saudável sobre temas importantes e conflituosos, a cultura do cancelamento se reduz à ameaça ao emprego e as formas de sobrevivência de quem é cancelado.
No lugar das críticas construtivas e do diálogo transformador, o que vemos são comentários revestidos de ofensas e acusações igualmente cruéis. A velha máxima volta à tona: “Só acredito e aceito o que você diz, se disser o que eu quero eu ouvir”. Como podemos observar, apesar da cultura do cancelamento parecer ter um caráter de justiça social, os atos de rejeição em massa afetam gravemente a saúde mental das pessoas canceladas.
Adiel Rios é mestre em Psiquiatria pela UNIFESP e pesquisador no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP

Por Márcio Coimbra*

As gerações recentes vivem em período de relativa paz desde a derrota de Hitler, em que nazistas e fascistas foram vencidos pelos Aliados. A paz desta geração, entretanto, foi sacudida com a invasão da Ucrânia pela Rússia, colocando em xeque a paz da Europa. Apesar disso, a construção da União Europeia (UE) permanece firme, garantindo a saudável convivência entre nações tão diferentes, porém unidas por laços em comum.
Talvez o grande erro da Ucrânia, e também de outros países como a Moldávia e Geórgia, tenha sido ter esperado tanto para solicitar o ingresso na União Europeia. Isto tornou estes países vulneráveis aos possíveis ataques externos, como já vimos no passado na região do Cáucaso e hoje nas fronteiras da UE com a invasão da Ucrânia. Um acesso anterior à Europa poderia ter mudado todo este cenário.
Fato é que o concerto europeu conseguiu atingir um sucesso que muitos duvidavam. A essência do bloco vai muito além da economia, que é sua pedra angular, mas se estende de maneira inteligente para as relações pessoais, familiares, culturais e educacionais que se fundiram de forma estratégica ao longo de décadas. Esta construção evitou guerras e conseguiu, ao longo do tempo, manter o equilíbrio e a paz.
Ao longo deste período, a Europa jamais viu ascender ao poder um líder com os traços de Putin. O continente conseguiu um intercâmbio importante de valores na medida que seu bloco se ampliava, especialmente para o leste, com os antigos países da Cortina de Ferro que optaram pela influência europeia, escapando da ascendência russa -- a prova inequívoca que a construção europeia se tornou um êxito.
Com as economias entrelaçadas, livre circulação de pessoas e intercâmbios na área de educação, o bloco se firmou como elemento integrador entre as diversas nações, que passaram a se unir também por laços familiares, avanços na área de pesquisa e trocas culturais. As economias passaram a conversar na mesma medida que outros elementos passaram a se unir e a união monetária se consolidou.
Neste sentido é que entendo que a ampliação do bloco poderia ter levado estabilidade para a Ucrânia antes das ações violentas da Rússia que violam sua soberania. A entrada na OTAN seria uma blindagem militar para uma realidade econômica pujante, algo que certamente teria ampliado a percepção de um número cada vez maior de ucranianos, especialmente em Luhansk e Donetsk, que viveram sob domínio indireto de Moscou nos últimos anos.
Certamente a alma da Europa é a maior construção do pós-guerra, um movimento que aos poucos criou harmonia entre diversas nações e países que durante muito tempo viveram em conflito. Estender esta obra talvez seja o melhor caminho para evitar outras guerras no futuro. O conflito na Ucrânia, que pode transbordar para os domínios da União Europeia e da OTAN, é o melhor exemplo disso. O bloco europeu mostrou ao longo de décadas que é possível encontrar convergência mesmo entre culturas diferentes e visões únicas como forma de preservar a liberdade e a democracia.
*Márcio Coimbra é Presidente da Fundação da Liberdade Econômica e Coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal

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