Editorial

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Pesquisas só provam que o eleitor não está preocupado com eleição neste momento

A sociedade está mais preocupada com a crise, o desemprego e o custo de vida cada vez mais elevado. O período da campanha será curto mas adequado para o eleitor avaliar os candidatos

Procura-se um líder da estirpe de Juscelino Kubitschek para resolver a crise do Brasil

O presidente Michel Temer convocou uma equipe que sabe como articular a retomada do crescimento da economia. Mas a resolução da crise política depende de pulso firme e paciência

O tucano Marconi Perillo pode ser candidato a presidente em 2018

Avalizado por empresários e economistas de primeira linha do país, até com presença internacional, e avaliado positivamente por políticos de outros Estados, o governador de Goiás amplia sua inserção na política nacional

Michel Temer sugere realismo e rigor para elevar o crescimento da economia

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, traça caminhos para a recuperação do país, com cortes dos gastos públicos mas também incentivos à ampliação da infraestrutura do país

Iris Rezende e Waldir Soares podem ficar fora do 2º turno na disputa pela Prefeitura de Goiânia?

Como pesquisas sugerem que são favoritos, parece heresia sugerir que podem ser derrotados. A verdade é que os eleitores não conhecem os demais candidatos, não sabem quais são suas propostas e por isso não têm como avaliá-los

Reitor da Universidade de Columbia afirma que o Brasil não é República das Bananas

Aparentemente irado, o jornalista Mino Carta afirma que o país é a Republiqueta das Bananas. Mais sereno, o americano John Coatsworth afirma que instituições patropis são sólidas e que o Brasil deve sair da crise

A pregação de que o impeachment é golpe é um discurso mais pra história do que para o presente

O PT está destruindo a si próprio. Se fizer autocrítica, pode sobreviver. Se continuar falseando a realidade, não terá salvação. Para escapar da extrema-unção, precisa, para além da refundação, de reaprender a dizer a verdade a si e à sociedade

PT planta discursa do ódio e colhe o muro da vergonha em Brasília

A sociedade democrática não exclui o conflito, mas precisa do consenso para avançar. O ódio entre classes e indivíduos trava a vida institucional. O PT e Lula da Silva, se quiserem sobreviver, precisam entender que a tolerância é essencial

Impeachment pode liquidar o governo de Dilma Rousseff e iniciar a recuperação da economia

País não suporta mais erros da gestão da petista. Salvá-la, portanto, é salvar o PT, mas não o Brasil. O impeachment tornou-se uma questão de vida ou morte para a economia, para as empresas

“Queimar” o PT pra “salvar” o PMDB e parte do PSDB não fortalece as instituições e a democracia

Nenhuma sociedade pode ficar se depurando o tempo inteiro, mas a conciliação pelo alto, apontada por Raymundo Faoro, tem impedido mudanças sólidas do ponto de vista institucional

Herbert de Moraes fundou o Jornal Opção e o consolidou como instituição

O jornalista criou o Jornal Opção, há quarenta anos, em plena ditadura, para analisar os fatos do Estado, do país e do mundo, mas sobretudo para defender o desenvolvimento de Goiás

Dilma Rousseff e Lula da Silva nada têm a ver com João Goulart e com o golpe de 1964

A ideia de golpe propagada pelo PT visa exclusivamente impedir mudanças, evitar a prisão de seus integrantes que se envolveram com corrupção e tentar impedir a renúncia, o impeachment ou a cassação da presidente da República

Salvar Dilma Rousseff é matar o Brasil. É o recado da economia

Contrariando James Carville, é possível dizer: “É a política, estúpido!” Uma operação para salvar o mandato da presidente equivale a um poderoso incentivo para o empresariado não investir e, portanto, para aprofundar a crise

Ida de Lula à força para depor na PF prova que uma revolução jovem move instituições do país

Jovens que se cansaram do discurso de que “nada muda” e de que tudo está “contaminado” estão provando que o Brasil tem jeito. Eles estão fazendo a sua parte. Cabe aos demais se apresentarem como cidadãos de fato e de direito

Não importa se Nathalia Zucatelli era de classe média. Seu assassinato deve ser pranteado pela sociedade

O marxismo pôs um ovo da serpente na linguagem comum e quase todos repetem que a causa dos crimes é a desigualdade social. A maldade assassina de Natália Gonçalves tem pouco ou nada a ver com pobreza [caption id="attachment_59759" align="alignright" width="620"]Reprodução/Facebook Reprodução/Facebook[/caption] O iluminismo é o pai (Laio?) e o positivismo (Jocasta?), diria o filósofo britânico John Gray, é a mãe do marxismo (Édipo?). Os pensadores do iluminismo sugeriram, implícita ou explicitamente — e seus seguidores políticos, como os da Revolução Francesa, radicalizaram suas ideias, promovendo mudanças rápidas e drásticas —, que os principais problemas da Humanidade podem ser resolvidos, por assim dizer, num “golpe de força”. A vontade de mudar — que os leninistas chamariam mais tarde de voluntarismo —, impulsionada pela ação organizada, resultaria em mudanças conjunturais e, sobretudo, estruturais. Os marxistas — ou marxicidas, diriam seus desafetos — apropriaram-se da ideia, aperfeiçoaram-na e decidiram que era possível mudar o mundo, até com certa facilidade e, sobretudo, rapidez. Os indivíduos estavam “cansados” de ideias que indicavam que as mudanças seriam lentas ou se dariam apenas no plano espiritual. Utilizando-se do iluminismo como servo, o marxismo precisava, porém, de um escravo — o positivismo. A ideia de mudanças lineares, de modos de produção sequenciais — comunitário, escravista, feudal, capitalista, socialista e, finalmente, comunista (o nirvana dos materialistas) —, de um mundo progressista, sempre avançando, é um assalto promovido pelo marxismo ao banco de ideias do positivismo. Posteriormente, o leninismo “aperfeiçoou” a ideia de um partido único e o parto estava feito: nascia o monstro — o comunismo como sistema. O resultado: mais de 100 milhões de mortos, apenas em dois países, a União Soviética e a China, no século 20. Nunca um sistema político havia matado tanto e de maneira tão ordenada — inclusive com cotas diárias. Mas o marxismo, um sistema bipolar (iluminista e positivista; John Gray aponta seu caráter religioso, ainda que laico), é responsável por outro mal — este mais difícil de ser extirpado: criou uma linguagem comum (George Orwell quase imaginou isto, ma non tropo). Todos (ou quase) falam como marxistas, mesmo quando não marxistas. Pode-se dizer que o marxismo é uma espécie de cristianismo da linguagem. A linguagem e o comportamento comuns estão impregnados pelo discurso marxista, fortalecido pela hegemonia dos comunistas na União Soviética (extinta em 1991) e na China. Morte de Nathalia Zucatelli Na segunda-feira, 22, Natália Gonçalves de Sousa, de 20 anos, matou Nathalia Araújo Zucatelli, de 18 anos. A primeira é assaltante; a segunda era estudante. Encontraram-se frente a frente. Nathalia Zucatelli não reagiu ao assalto — perpetrado por Natália Gonçalves e seu comparsa, Mateus Queiroz Aguiar. Ainda assim, como se fosse um personagem do escritor francês Albert Camus, o Meursault de “O Estrangeiro”, ou do escritor russo Fiódor Dostoiévski, o Raskólnikov de “Crime e Castigo, Natália Gonçalves matou Nathalia Zucatelli. Num vídeo, aparentando calma e capacidade de racionalização, Natália Gonçalves admitiu que, mesmo sendo assaltada, Nathalia Zucatelli comportou-se com relativa tranquilidade. No dizer da assassina: “A reação dela foi normal. Virou as costas e saiu”. Ao racionalizar, como se fosse uma Raskólnikov dos trópicos, Natália Gonçalves acrescenta: “Foi quando a moto acelerou e eu assustei”. Era noite, portanto, ao contrário de Meursault, a criminosa não pode mencionar o Sol como causa do susto. É provável que a racionalização, ainda sem orientação de advogados experimentados, é da própria assassina. Busca um atenuante: o tiro teria sido, por assim dizer, acidental. O assassinato deixaria de ser doloso para se tornar culposo. Tese que promotores de justiça e juízes raramente aceitam — dadas as evidências de que se pretendia matar e de que não houve reação alguma por parte da vítima. Ao delegado Clayton Camilo, que investiga o caso, a hábil Natália Gonçalves — econômica nas palavras, às vezes — contou uma história mais plausível. Estava com a arma engatilhada e atirou em Nathalia Zucatelli, que, se não estava, simulava certa calma. Talvez a tranquilidade dos jovens e dos bons — que acreditam que, dada a ideia de imortalidade (típica dos jovens, necessária para que não percam a esperança), sempre “escaparão” aos momentos ruins. É raro o jovem que acredita na maldade absoluta — como a de Natália Gonçalves. Por que, se Nathalia Zucatelli não reagiu e não deu importância alguma aos bens materiais, Natália Gonçalves a matou? Porque quis, admitiu a criminosa, que tem passagem pela polícia. No mesmo dia em que cometeu o crime mais grave que se pode cometer, contra vida, a jovem de cara fechada cometeu mais dois assaltos. Entrevistas rápidas não servem de base para se formatar um perfil preciso de um indivíduo. Mas, observando bem o semblante e escrutinando as palavras de Natália Gonçalves, é possível constatar ao menos três coisas. Primeiro, trata-se de um jovem obstinada, dessas que saem às ruas para matar ou, quem sabe, morrer. Sua postura física é de uma pessoa, mesmo presa, resoluta. Segundo, embora fale em pagar por seus “pecados”, não se mostra arrependida. Pagar “pecados” não é o mesmo que, por assim dizer, “renegeração”. Terceiro, racionaliza com frequência — inclusive parece entender a hegemonia de um discurso típico da esquerda mas comprado por quase todos: a origem social dos crimes. Numa tentativa sutil de “atenuar” a barbárie que cometeu, Natália Gonçalves quase teoriza: “Ele [Mateus] me chamou para fazer um assalto e eu estava precisando de dinheiro... Meus filhos estavam sem água e sem energia, e eu aceitei”. A teoria do social como produtor de crimes é manqué. A maioria dos pobres é decente e trabalhadora. Se a teoria estivesse certa, a maioria dos pobres seria criminosa. O crime às vezes tem origem difusa. Em alguns casos, os criminosos sentem certo prazer com suas atividades, com a violência. Noutros, sobretudo no crime organizado, unem-se o prazer e a vontade de ganhar dinheiro. No caso de Natália Gonçalves, é muito provável que tenha cometido crimes na segunda-feira — e, possivelmente, em vários outros dias —, não por que precisava necessariamente comprar água e pagar energia. É bem possível que queria dinheiro para outras coisas — como se divertir e comprar drogas (crack, maconha). Mas sugerir que o crime tem vínculo com o social — Natália Gonçalves sabe das coisas —, se não justifica o assassinato, ao menos o “atenua”. A má consciência da sociedade, formatada e sedimentada pelo discurso da esquerda — que a transforma em culpada, quando é vítima —, se torna uma produtora de dúvidas, de questionamentos infrutíferos. Os criminosos se tornam vítimas — párias sociais — e as pessoas de bem, sobretudo se tiverem alguma renda razoável, passam a ser consideradas “culpadas”. Urge retomar parcialmente a discussão do início do texto. Na semana passada, ante a repercussão e a comoção — justíssimas — geradas pela morte de Nathalia Zucatelli, na porta do Colégio Protágoras, onde estudava, pôde-se ouvir, em vários lugares, determinados discursos que merecem exame da Filosofia, da Antropologia, da Sociologia, da Psiquiatria e da Psicanálise. Não é o que se pretende fazer aqui. O que se pretende é insistir que o marxismo “introduziu” o ovo da serpente em quase todos os indivíduos. Por isso é que se comentava, e não apenas en passant, que a grande repercussão tem origem no fato de que se trata de uma filha da classe média, assassinada na porta de um colégio particular. Este tipo de comentário é desumano, mas é típico da racionalização da esquerda, quer dizer, pessoas que não são de esquerda — que estão próximas da direita — adotam discurso de esquerda. “Se fosse um po­bre, se fosse uma pessoa da periferia, a sociedade não estaria tão mobilizada”, disseram muitos, quase todos com formação universitária. Procede que é preciso “prantear” todos os mortos. Mas Nathalia Zucatelli não era pobre, não era classe média, não era rica. Isto não importa. Era um indivíduo, um ser humano, uma cidadã de bem. Morreu porque certamente tinha doçura no coração, porque “virou as costas e saiu”, acreditando que o mal tinha “pernas curtas”, sem nenhuma reação. Há, por fim, um aspecto pouco examinado. Casos como o do assassinato geram uma mobilização social, a sociedade sai de certo marasmo e se posiciona. O próprio governo de Goiás trocou o secretário de Segurança Pública. O vice-governador José Eliton assumiu o cargo com um discurso mais duro, mais posicionado. Ao contrário dos iluministas, temos poucas certezas. Mas uma delas é que, além de investir em educação — uma arma letal contra o crime — é mesmo preciso ser duro com os criminosos. Duríssimo. O tom do discurso de José Eliton é o correto. A polícia — assim como a sociedade — precisa sentir-se “protegida” pelo secretário. Discursos bambos ou flácidos são úteis aos criminosos e contribuem para paralisar a polícia. Tolerância zero com o crime — não com a lei — é o novo recado. Ele funciona. Até os criminosos entendem esta linguagem.