A sociedade democrática não exclui o conflito, mas precisa do consenso para avançar. O ódio entre classes e indivíduos trava a vida institucional. O PT e Lula da Silva, se quiserem sobreviver, precisam entender que a tolerância é essencial

Coruja sobrevoa a cerca de segurança que foi erguida para separar manifestantes pró e contra governo Dilma Rousseff, durante a votação do pedido de impeachment neste fim de semana. Foto: Ricardo Stuckert
Coruja sobrevoa a cerca de segurança que foi erguida para separar manifestantes pró e contra governo Dilma Rousseff, durante a votação do pedido de impeachment neste fim de semana | 
Foto: Ricardo Stuckert

No seu melhor livro, “Os Intelectuais”, Paul Johnson escreve ensaios seminais so­bre figuras representativas do pensamento filosófico — como Rousseau, Karl Marx e Jean-Paul Sartre. O historiador, ensaísta e polemista britânico mostra que Marx era um pregador inveterado da violência, tanto no discurso quanto na prática. A ideia da violência como “parteira” da história contaminou a filosofia e a ação dos homens — políticos ou não. Os marxistas soviéticos, como Lênin, Stálin e, mesmo, Trotski, foram largamente influenciados pela tese de que o único meio de promover a mudança social efetiva — a construção do socialismo e, seguida, do comunismo (a ideia de “paraíso” terrestre que o marxismo furtou dos cris­tãos, diria o filósofo inglês John Gray) — é por intermédio da revolução, ou seja, pela violência articulada pelo Partido Comunista, apontado como a vanguarda do proletariado.

Marx morreu em 1883 e sua ideia de que era possível articular a revolução que destruiria o capitalismo e levaria ao socialismo e, depois, ao comunismo — a imaginária sociedade dos iguais (quiçá um nostalgia mítica pelo primitivo) — era uma utopia. Pelo ideário do filósofo alemão, a revolução deveria começar por países como a Inglaterra e a Alemanha, no qual o capitalismo estava avançado para a etapa seguinte, a socialista, com um proletariado definido.

União Soviética
Lênin “corrompeu” a tese de Marx e sugeriu que, com um Partido Comunista organizado — o Bol­chevique —, seria possível liderar o proletariado, ainda que este fosse incipiente, e “tomar” o poder num país não tão industrializado. No “vácuo” político que ocorreu com a crise entre os apoiadores do czar, os democratas e os comunistas, com os segundos chegando ao poder por algum tempo, aqueles que eram mais determinados e sem escrúpulos humanistas, os terceiros, assumiram o comando do país. O caos gerado pela Primeira Guerra Mundial contribuiu em parte para que os bolcheviques, que não eram fortes nem a maioria, assumissem o comando da Rússia.

No poder, com o objetivo de “acabar” com as classes sociais e começar uma sociedade do zero — ideia que em geral leva ao totalitarismo —, os bolcheviques-comunistas disseminaram o discurso do ódio interna e externamente. Há quem acredite que, se Lênin continuasse no poder (morreu em 1924), tudo seria diferente, o que pode ser apenas um mito retroativo. Lênin criou a precursora do KGB e foi um dos primeiros a construir campos de concentração para adversários políticos. Pode-se dizer que o leninismo era o stalinismo engatilhado e o stalinismo era o leninismo atirando.

O sucessor de Lênin, Stálin, construiu o socialismo a ferro e fogo na União Soviética, tentando criar uma sociedade unitária, sem divisão de classes sociais. Os resultados de suas ações são os mais dramáticos possíveis. Para construir o socialismo, a sociedade igualitária — que talvez seja uma impossibilidade real mas agradável como ideia —, mandou matar de 25 milhões a 30 milhões de pessoas. Elas eram vistas como inimigas do socialismo. Dizia-se: “Fulano é trotskista” e, pronto, era encaminhado para um campo de trabalho forçado ou fuzilado.
Longe de criar uma “sociedade de iguais”, com fartura para todos — ou em que todos pudessem consumir —, Stálin produziu uma sociedade da escassez e tolheu a liberdade dos indivíduos. Ao final, o que se erigiu foi uma sociedade do medo, sem criatividade, parcialmente amorfa e sem iniciativa. Em 1991, setenta e quatro anos depois da Revolução de 1917 — tempo que é uma gota d’água no oceano, menos para os que vivem sob uma ditadura —, o socialismo soviético ruiu inteiramente.

O caos atual da Rússia, que tem um sistema ancorado no vale-tudo, decorre em parte de que os russos, manietados durante tanto tempo por um regime opressivo, agora não querem respeitar regras e rotinas. Há quem tenha saudade do comunismo pela ideia de que havia um ordem — ainda que opressiva. Respeita-se o presidente Vladimir Putin porque é um Stálin com alguma tolerância dos czares. Mas o fato é que o “discurso do ódio”, plantado e adubado pelos comunistas, continua germinando na velha Rússia. Para dirigir um país assim é que se precisa, em tese, de um czar produzido pelo comunismo, como Putin.

Estados Unidos
Na primeira metade da década de 1860, os Estados Unidos fo­ram convulsionados pela Guerra Civil Americana ou Guerra de Secessão. Confederados, os sulistas, lutaram — bravamente, diga-se — contra ianques, os nortistas. O presidente Abraham Lincoln, um homem sábio — tão leitor de Shakespeare quanto Faulkner —, foi desafiado pelas tropas de Jefferson Davis e do general Ro­bert Lee (o sobrenome da cantora Rita Lee deriva do brilhante militar americano; vários “fugitivos” da guerra vieram para o Brasil).

Por ser agrícola, com a economia voltada para a exportação para as nações europeias, o Sul era visto como atrasado. Para produzir, usava, em larga escala, a mão de obra escrava. O Norte, mais industrializado e com a economia voltada cada vez mais para o mercado interno, mas começando a expandir suas exportações, era contrário à economia escravista. Sobretudo, queria manter sua hegemonia tanto política quanto econômica.

Os americanos começaram uma matança sem precedentes na história, porque agora usavam armas de fogo relativamente mais poderosas. O resultado é que o discurso do ódio, distribuído em igual dose pelos sulistas e nortistas — não se pode falar em heróis de um lado ou de outro lado —, levou à morte mais de 600 mil americanos, sem contar o imenso número de mutilados.

Ao final da guerra, com o Sul derrotado pela maior fartura de recursos do Norte, que tinha o presidente Abraham Lincoln, o discurso do ódio, de tão disseminado, continuou sólido na cabeça dos homens. Lincoln, homem e político notável — Edmund Wilson diz que a prosa americana enxuta, que desaguou em Hemingway, deriva tanto de seus discursos concisos quanto da prosa de Mark Twain —, percebeu que para reunificar o país não bastava a força, a pressão. Por isso pensava tratar o Sul com o máximo de decência e tolerância. A retomada da U­nião deveria ser política, geográfica e psíquica. Porém, antes que pudesse fazer qualquer coisa, foi assassinado por um sulista, num teatro. Sem o político aglutinador e não vingantivo, o país mergulhou no caos durante anos, com governos ineptos e corruptos.

Na segunda metade do século 19, depois de Abraham Lincoln, os Estados Unidos se tornaram um dos países mais corruptos do mundo. A fratura entre as duas regiões tornou-se, durante muitos anos, uma espécie de fratura psicológica. Um povo havia se tornado dois e foi muito difícil torná-lo uno outra vez. A criação de instituições sólidas — trabalho de políticos, intelectuais e juristas de primeira linha — contribuiu, de maneira decisiva, para reduzir a divisão e, aos poucos, se não eliminar, reduzir o discurso e a prática do ódio. Donald Trump é um retorno a um passado que os americanos, cumpridores da lei e tolerantes, renegam. É o que há de pior nos Estados Unidos.

Alemanha e o muro
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os Estados Unidos e a União Soviética se tornaram as potências dominantes. Dado o domínio da bomba atômica, os dois países optaram por se respeitar — daí a Guerra Fria —, mas se tornaram inimigos figadais. Como resultado da divisão de poderes entre os grandes vitoriosos, uma Alemanha permanece capitalista-democrática, a Ocidental, e uma Alemanha se torna comunista-totalitária, a Oriental. Um povo dividido em dois — com o ódio alimentado por seus governos, notadamente pelo socialista.

Aliada da Inglaterra, da França e dos Estados Unidos, a Alemanha Ocidental se tornou uma potência econômica. Alinhada à União Soviética, a Alemanha Oriental se tornou um país de segunda categoria, com uma economia em frangalhos, um dos regimes mais autoritários do Leste Europeu e uma polícia política das mais rigorosas e brutais, a Stasi (matriz da polícia “secreta” de Cuba, criada pelo alemão oriental Markus Wolf). Em 1989, vinte e oito anos depois de sua construção, os alemães orientais, com o apoio dos ocidentais, puseram o muro de Berlim abaixo, reunificando o país e o povo. O discurso do ódio disseminado pelos alemães orientais, seguidores caninos (com o devido respeito aos cachorros) dos dirigentes soviéticos, aos poucos foi cedendo e eles foram assimilados, com alguma dificuldade, pelos irmãos da Alemanha Ocidental, agora apenas Alemanha. O muro é visto hoje como uma coisa inominável, produto da barbárie comunista que se apresentava, na teoria, como redentora dos homens.

O Brasil e o PT

Dilma Rousseff e Lula da Silva: a presidente está praticamente no fim, e não tem salvação política, mesmo que continue no poder. O segundo ainda tem algum futuro, mas precisa trabalhar para reverter o discurso do ódio que agora volta-se contra ele próprio. O ex-presidente parece não perceber sua grandeza histórica | Foto Lula Marques/Agência PT
Dilma Rousseff e Lula da Silva: a presidente está praticamente no fim, e não tem salvação política, mesmo que continue no poder. O segundo ainda tem algum futuro, mas precisa trabalhar para reverter o discurso do ódio que agora volta-se contra ele próprio. O ex-presidente parece não perceber sua grandeza histórica | Foto Lula Marques/Agência PT

Os ideólogos do PT nada têm de néscios. Eles produziram um discurso do ódio, cevaram-no e tentaram transformá-lo em “sentimento” nacional (quase uma “emoção” cristalizada, hegemônica). Noutras palavras, jogar uns contra os outros, ampliando as divisões sociais e políticas — com um objetivo: ficar no poder o maior tempo possível. Os formuladores do partido, embora não sejam intensamente radicais, pensam mais ou menos como os radicais: duvidam do processo parlamentar, da democracia representativa. Porém, como sabem que não é possível confrontá-la, pensam noutra alternativa para contorná-la com o objetivo de não sair do poder — criando uma espécie de ditadura petista, uma democradura vermelha, mas sem a cara definida de uma ditadura.

Para contornar a democracia representativa, que pressupõe alternância de poder — uma desmexicanização (lembre-se do PRI) —, mas sem destruí-la, os ideólogos do PT decidiram criar uma via curiosa e relativamente funcional: subornaram políticos de vários partidos, com di­nheiro e cargos públicos. Inte­grantes do PMDB, do PP, do PR e do PTB, para citar apenas quatro partidos, passaram a “comer” nas mãos dos petistas. Nas eleições nacionais, para presidente, juntavam-se ao PT e elegiam um petista, como Lula da Silva e Dilma Rousseff. Largamente cevados pelo petismo no chiqueiro-chique da política nacional — daí a origem da Corruptobrás, a maior estatal do país, se não criada, potencializada pelo PT —, os caciques regionais preocupavam-se unicamente em manter o controle do poder nos Estados e no Congresso Nacio­nal, com o objetivo de, aqui e ali, pressionar os governantes federais — criando, por assim dizer, um parlamentarismo às avessas, mais conhecido como presidencialismo de coalizão.

Porém, como partido criado por ideólogos de origem tanto marxista quanto católica — o que não chega a ser um paradoxo, quem sabe (John Gray avalia que o marxismo é uma religião laica, derivada do cristianismo e do positivismo) —, mesclando ideias de excomunhão e redenção, o PT, cada vez mais controlado pelo Lulopetismo (um movimento mais do que um partido), se não produziu, azeitou o discurso do ódio.

O marxismo sugere que as classes sociais estão em guerra e, por isso, querem e devem se destruir. A vitória final será do proletariado — a classe “escolhida”. O PT adotou a tese de “nós contra eles”. “Nós” são os petistas e seus aliados — a­queles que, teoricamente, defendem os pobres. “Eles” são todos os adversários políticos e, inclusive, a Imprensa — exceto a “CartaCa­pital” (bíblia ou catecismo petista — Mino Carta é o apóstolo Paulo de Lula Jesus da Silva Cristo). A ideia foi bastante disseminada nas eleições de 2010 e 2014 e acabou por funcionar em algumas regiões mais pobres do país, notadamente no Nordeste, que foram transformadas em “currais eleitorais” — expressão grosseira e imprecisa mas não falsa — dos petistas, que ganharam graças aos chamados “grotões”. Porém, como as ideias que se levam à prática, transformando-se em comportamento, não são inteiramente controláveis, o discurso do ódio voltou-se contra o PT. Em São Paulo, por exemplo, milhões de eleitores tomaram a ideia ao pé da letra e votaram contra a candidata petista, Dilma Rousseff — o que quase deu a vitória ao senador Aécio Neves. Se este não tivesse perdido vergonhosamente em seu próprio Estado, Minas Gerais, provavelmente teria sido eleito presidente.

O discurso do ódio, semeado pelo PT com sementes poderosas — superiores às transgênicas —, ganhou o país. Mas o ódio não é mais contra os adversários do PT. O ódio voltou-se contra o PT e seus representantes — em parte devido à crise econômica e em parte em razão da corrupção, não criada, mas alimentada e potencializada pelos governos petistas.

Hoje, mudando o “nós contra eles”, o que se configura é o Brasil contra os petistas. O país quer retirar o PT do poder de qualquer maneira. Equivoca-se inclusive em avaliar que todos os problemas do país foram criados pelo PT — e que serão resolvidos, num passe de mágica, com a retirada dos petistas do governo federal —, com a possibilidade de salvar corruptos que comeram e lambuzaram-se nos melhores pratos dos “palácios” do governo red. Mas a responsabilidade por isso é do próprio PT, que, ao expandir o ódio — inclusive o racial —, se tornou vítima dele. Tornou-se o sujeito que é também vítima. Ideias são vírus perigosos e nenhum laboratório é capaz de controlá-las inteiramente e para sempre. O ódio azeitado pelo PT se tornou uma espécie de H1N1 para o combalido petismo.

Em Brasília, para a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos De­putados, colocaram um muro de latão para separar os que defendem e os que são contra. Quem colocou o muro tem uma preocupação: evitar a violência. Trata-se de uma motivação justa. Mas o muro em si mostra o que aparentemente esconde: um país quase fraturado pelo discurso do ódio.

Michel Temer, líder do PMDB: se assumir a Presidência da República, sua missão será pacificar o país, conformando um pacto social e político, e criar segurança jurídica para que se escape da crise econômica | Romerio Cunha/ Vice Presidência
Michel Temer, líder do PMDB: se assumir a Presidência da República, sua missão será pacificar o país, conformando um pacto social e político, e criar segurança jurídica para que se escape da crise econômica | Romerio Cunha/ Vice Presidência

É um engano e um exagero de militância sugerir que todos os petistas são criminosos e que o PT não deu uma importante contribuição para a vida política do país — a rigor, o partido tem mais relevância do que seus próprios ideólogos percebem. Mas a ideia de que há “puros” e “escolhidos” — que, na verdade, não são puros nem escolhidos (sociedades democráticas excluem ou devem excluir isto) —, portanto que se deve propalar o ódio contra alguns, “eles”, as oposições que não dão apoio e só combatem, estava transformando o Brasil num país que não é, que nunca foi. Há um grau de tolerância no Brasil que atrai pesquisadores — como os brasilianistas — de todo o mundo. O PT tentou fra­turar o povo, impondo uma ideologia, mas o próprio povo, que não está sendo controlado pelos partidos — está por si nas ruas —, reagiu e está se reunificando. Os pe­tistas estão isolados. Mas, se é justo criticá-los, é vital que se tenha tolerância. Senão o linchamento moral, os gritos em aeroportos, poderá se tornar linchamento físico.

Lula da Silva, um dos mais im­por­tantes políticos do país, que parece ter piorado ao ser adulado pelos ideólogos do PT, como Ma­ri­lena Chauí — uma filósofa que en­vergonha seus pares; dada sua li­mitação mental circunstancial, tornou-se uma tarefeira —, afirma que, se Dilma Rousseff cair e se Mi­chel Temer assumir a Presi­dên­cia da República, não sairá das ruas e se tornará combatente de um provável governo do peemedebista.

Quando Lula da Silva, um político mais moderado do que parece — as palavras são “quentes” em sua boca, mas suas ações são em geral moderadas —, acalmar-se, por certo perceberá que sua missão será outra. Primeiro, reorganizar o PT ou criar outro partido, a partir dos escombros. Segundo, pacificar seus parceiros, tanto os dos movimentos sociais e sindicais, como o MST e a CUT, quanto os políticos.

Lula da Silva tem de optar entre dois caminhos: ficar ainda menor, comportando-se de maneira enlouquecida, ou moderar-se e dialogar com as forças que poderão assumir o poder e mesmo as que ficarem de fora. Sua missão, se há uma, é tornar seus aliados mais tolerantes, e não mais intolerantes. O discurso do ódio, criado ou incentivado pelo PT, pode destruir o PT e o próprio Lula da Silva.

Mais do que nunca, Lula precisa escapar ao jugo dos ideólogos petistas, dos tarefeiros intelectuais, e retomar a escalada democrática. Sua sobrevivência vai depender muito mais de sua capacidade de ser tolerante do que da possibilidade de disseminar o ódio. Um líder como Lula da Silva, por ter uma grandeza ainda não devidamente avaliada — o que só poderá ocorrer quando sair de cena, quando as paixões partidárias permitirem o julgamento mais justo do que isento —, é necessário para o seu tempo. Ele será corroído, poderá ficar menor, mas não será destruído pela Operação Lava Jato. Seus adversários também precisam pensar nisto.

A sociedade democrática não exclui o conflito, mas precisa do consenso para avançar. O ódio entre classes e indivíduos trava parcialmente a vida institucional (chega a amedrontar magistrados e políticos). O PT e Lula da Silva, se quiserem “sobreviver”, precisam entender que a tolerância é essencial. Mas os adversários dos petistas e do ex-presidente também precisam entender e aceitar isto. Sem o consenso, mínimo que seja, o país não sai da crise atual. Um país só cresce e sedimenta sua democracia — política e social — quando deixa de ser fraturado.

O peemedebista Michel Temer, que pode assumir a Presidência da República com o descenso de Dilma Rousseff, é, sem dúvida, uma figura menor do que Lula, assim como Itamar Franco era uma figura menor do que Fernando Henrique Cardoso, mas portou-se de maneira exemplar como gestor e homem de Estado. Pacificar a política e o país é uma das missões de Michel Temer, mas terá de contar não apenas com aliados, tanto do PMDB quanto do PSDB. Precisará de Lula da Silva também — se este tiver grandeza para entender sua própria dimensão política e escapar ao ensandecimento.

Outra missão de Michel Temer é criar um ambiente, uma espécie de segurança jurídica, para que o país saia da crise econômica. l