Editorial

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Ronaldo Caiado barraria um empréstimo para o aliado político Iris Rezende?

O pré-candidato a governador trabalha para travar um empréstimo da Caixa Econômica Federal para o governo de Goiás [caption id="attachment_129530" align="alignleft" width="300"] Otávio Lage, Leonino Caiado, Irapuan Costa Junior, Iris Rezende, Henrique Santillo, Maguito Vilela e Marconi Perillo: os sete ex-governadores buscaram apoio tanto nacional quanto internacional para viabilizar infraestrutura que garanta o crescimento econômico e o desenvolvimento de Goiás[/caption] O Estado precisa ser gerido com métodos da iniciativa privada para se tornar mais eficiente e menos dispendioso para a sociedade. Há um clamor por mais concursos públicos — quer dizer, mais cargos — mas os indivíduos não imaginam que o custo da folha de pagamento dos funcionários está inviabilizando os governos estaduais e prefeituras municipais. Há uma grita contra os impostos, mas não há como o Estado se financiar, com seu custo crescente e sem controle, sem aumentá-los e sem criar novos. Um Estado que custe menos significa que sobrarão recursos para aplicar em benefício da maioria. Posta a questão de que o Estado precisa ser mais enxuto — o que não é, no momento, e, por muitos anos e anos, não será — e gerido com métodos privados, inclusive para conter a burocracia, é vital ressaltar que a respeito de determinados investimentos há uma diferença crucial entre os setores público e particular. O objetivo do empresário é manter os investimentos e, ao mesmo tempo, obter lucros. Portanto, seus investimentos exigem critérios rígidos. Porque, em caso de prejuízos frequentes, pode falir. Empresário que não lucra tende a ser expurgado pelo mercado. Não há sociedade capitalista sem a margem adequada de lucro — aquela que permite a retirada mensal dos empreendedores (além dos executivos e, em certos casos, acionistas) e mantém a capacidade de a empresa investir para manter-se estável ou crescer. Mas com o Estado é diferente. Até muito diferente. A mão invisível Há obras que demandam alto investimento e, apesar de necessárias, são caras. Os governos de Iris Rezende, Henrique Santillo, Maguito Vilela e Marconi Perillo fizeram investimentos em eletrificação rural, com financiamento estrangeiro, durante anos. O Estado bancou tudo. Porque, se não bancasse, os produtores rurais teriam de comprar geradores elétricos ou viver à luz de lamparinas a querosene e lampiões a gás. A infraestrutura criada pelo Estado, a um custo certamente elevado, possibilitou que empresas fortes, como a Perdigão-BRF Foods, se instalasse em Rio Verde, na próspera região Sudoeste. A Perdigão funciona com uma rede de parceiros — como se fosse uma poderosa cooperativa, com um grupo majoritário —, que é a fornecedora de frangos e porcos. Tais parceiros existem, com seus empreendimentos, em larga medida por que há energia elétrica nas suas áreas de produção. O Estado aparece, portanto, como a “empresa” que deu suporte para a iniciativa privada se desenvolver. Como sua mão parece “invisível” — porque tem obrigações às quais a sociedade já está acostumada e avalia como “naturais” —, o que se percebe, em seguida, são as ações da livre iniciativa, a mão do mercado (mão que, em tese, seria “invisível”). O “sucesso” só tem um pai, o mercado. A mãe, digamos que o Estado, é esquecida. Além da energia elétrica, que mudou o campo em Goiás — não há mais bucolismo algum na área rural, e sim profissionalismo altamente avançado, com tecnologia de ponta —, os governos, de Iris Rezende a Marconi Perillo, para delimitar dois gestores, construíram uma infraestrutura adequada para o avanço dos negócios da iniciativa privada. Vários governadores — como Irapuan Costa Junior, que criou o maior distrito industrial de Goiás, o Daia, em Anápolis — trabalharam, de maneira formidável, para garantir o crescimento da economia local e, paralelamente, garantir o desenvolvimento (a distribuição dos frutos do crescimento para todos). Otávio Lage, Leonino Caiado, Irapuan Costa Junior, Iris Rezende, Henrique Santillo, Maguito Vilela, Marconi Perillo trabalharam, durante anos, para conquistar recursos e construir rodovias em todo o Estado. Porque, sem estradas decentes, não há como transportar a produção e incrementar a economia. Noutras palavras, não haverá produção. Como o governo de Goiás não tem uma fábrica de dinheiro, foi (e é) preciso recorrer a empréstimos da União e até mesmo do exterior. Se Goiás hoje tem a BRF Foods (em Rio Verde), a Mitsu­bishi (em Catalão), a Hyundai (em Anápolis), Coty (em Sena­dor Canedo), Hypermarcas (em Anápolis), entre outras grandes empresas, isto se deve, em larga medida, à visão estratégica dos governadores citados. Eles construíram estruturas — como rodovias, algumas duplicadas, e incentivos fiscais — que possibilitaram a atração de tais empreendimentos. Juntos, cada qual no seu tempo, contribuíram para qualificar a mão de obra, com o apoio do Sesi e do Senac, para os negócios dos grupos nacionais e estrangeiros. Além da educação técnica, adequada para determinada atividade econômica, houve um investimento amplo para tornar Goiás um Estado-universitário. Hoje, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) está espalhada por quase todas as regiões. As faculdades privadas também patrocinaram investimentos — criando vários cursos —, por entenderem que educação produz crescimento e, a um só tempo, desenvolvimento. O Estado, sob os governadores mencionados, trabalhou como indutor do crescimento econômico tendo em vista o desenvolvimento para beneficiar todos os goianos, que passaram a ter melhores empregos e ampliaram suas rendas. Dois incentivos fiscais, o Fomentar, criado por Iris Rezende, e o Produzir, formulado por Marconi Perillo, foram (e são) decisivos para a reformatação da economia de Goiás. Para criar uma infraestrutura adequada para o crescimento e para o desenvolvimento, o Estado teve de contrair empréstimos. Para além do moralismo, de matiz mais eleitoreiro — típico da manipulação política mais chã —, não há o que lamentar. A função do Estado é mesmo investir a fundo perdido. Porque seu lucro não é dinheiro na mão rapidamente. Seu retorno é a longo prazo. Num primeiro momento, o do investimento, há um custo alto para o setor público. Mas, em seguida, vão surgindo os empregos e a economia se torna mais dinâmica. Há, por assim dizer, uma integração econômica — com o mercado, depois do “empurrão” do Estado, crescendo sozinho e, paulatinamente, se integrando. Sem o Estado, a iniciativa privada, na maioria das vezes, não avança sozinha. Não porque seja “preguiçosa”, e sim porque deve correr menos riscos. Porque determinados riscos — se excessivos — podem levar à falência do empreendedor. Já o Estado pode investir a “fundo perdido” — na verdade, lucro social (empregos e redistribuição de renda) e, mais tarde, econômico-financeiro (o crescimento contribui para aumentar a arrecadação) não deve ser considerado exatamente a “fundo perdido” — e arcar com financiamentos de longo prazo. (O governo dos Estados Unidos, atual pátria do liberalismo, provavelmente tem a maior dívida entre todos os países. Na crise econômica que abalou suas estruturas, com a quebradeira dos setores imobiliário e automobilístico, que levou alguns bancos à bancarrota, o governo do ex-presidente Barack Obama agiu rápido e salvou o, digamos, mercado.) Discurso subliminar Para garantir crescimento, que gera desenvolvimento — este, por sua vez, produz crescimento, num jogo dialético —, o Estado tem de investir. Ninguém tem como fazer o que faz. Mas, para investir em infraestrutura — como saneamento básico e pavimentação de rodovias —, as unidades da Federação, e não apenas Goiás, precisam de recursos financeiros, dos quais não dispõem. Por isso necessitam de empréstimos do setor público, como a Caixa Econômica Federal, e eventualmente do setor privado, não raro do mercado externo. [caption id="attachment_129529" align="aligncenter" width="620"] Perdigão|BRF Foods, Hyundai e Mitsubischi dificilmente teriam instalado unidades em Goiás se não tivessem obtido apoio do governo estadual. As empresas contam com incentivos fiscais e se beneficiam da infraestrutura[/caption] No momento, o governo de José Eliton (PSDB) pleiteia um empréstimo junto à CEF de pouco mais de 500 milhões de reais. O destino é praticamente carimbado: o governo planeja investir os recursos em infraestrutura. O objetivo é garantir crescimento econômico e desenvolvimento. Mas, de repente, apontando problemas “legais”, o senador Ronaldo Caiado, pré-candidato a governador pelo DEM, posiciona-se contra o financiamento. Por trás do discurso da legalidade, que não é o verdadeiro, há outro. Ronaldo Caiado certamente avalia que como o Estado vai bem — os salários dos servidores estão sendo pagos e o quadro administrativo do Estado é bem diferente (tanto que o crescimento da economia em Goiás supera o crescimento da economia do país) do quadro do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, mais ricos e, mesmo assim, mais problemáticos —, se conseguir mais um empréstimo para ampliar e melhorar sua infraestrutura, estará cada vez mais viabilizado e aí os eleitores poderão “dizer”, com seus votos, na eleição de 7 de outubro deste ano: “Por que trocar um governo que investe e funciona?” ou “Por que trocar o ‘certo’ pela ‘incerteza’?” Portanto, não é o interesse público que Ronaldo Caiado está defendendo, e sim o seu interesse eleitoral. Prejudicar o Estado, com o objetivo de travar parte dos investimentos do governo, é uma ação mais mesquinha e eleitoreira do que política no sentido amplo e qualitativo do termo. Já que discorda do empréstimo por que o senador não fiscaliza, de perto, sua aplicação? Fica a pergunta: se o empréstimo tivesse sido pedido pelo prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB) — um aliado político recente (hoje, estão em blocos diferentes, mas não se consideram adversários) —, o senador Ronaldo Caiado se posicionaria contra? É provável que não. A saúde pública da capital de Goiás, sob a gestão de Iris Rezende, é uma das piores do país. Mas não há notícia de que o presidente do DEM tenha apresentando apenas uma crítica a respeito. Por que a saúde dos goianienses não lhe interessa? Ou só por que lhe interessa proteger um aliado político? O bardo americano Walt Whitman escreveu: “Pensar no tempo... pensar retrospectivamente,/Pensar no hoje... e nas eras e eras que estão por vir. (...)//Teve medo do futuro não ser nada pra você?”. (Vale conferir a bela tradução de Rodrigo Garcia Lopes, que está na página 149 do livro “Folhas de Relva”, 319 páginas, Editora Ilumi­nuras.) Ronaldo Caiado deveria lê-lo. Para entender que “esmagar” o presente, por causa de uma questiúncula circunstancial, pode levar a um futuro pior para todos — não apenas para os políticos que se tratam como adversários e, até, inimigos. O futuro pode não ser nada para o pré-candidato do DEM a governador, mas é muito, até tudo, para os demais goianos.

Bolsonaro e Caiado não são renovadores como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek

Fernando Collor era a renovação que se tornou retrocesso. O perigoso de certos renovadores é que, na prática, não sabem como mudar um país, um Estado, uma cidade

Pesquisa não capta “energia negativa” do eleitor e pode não refletir o quadro de outubro

No momento, os eleitores não estão interessados em pesquisas e em campanha política. Eles começam a prestar atenção nos candidatos a partir de agosto

Ronaldo Caiado é o candidato que mais deve desconfiar das pesquisas extemporâneas

Pré-candidato do DEM não tem estruturas no interior, as pesquisas revelam um quadro inercial e as forças progressistas vão se unir contra ele num possível segundo turno

Centro e esquerda devem ficar fortes para presidente… para enfrentar Bolsonaro

Os possíveis adversários do deputado-militar, no segundo turno, devem ser Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Meirelles ou Marina Silva

Polêmica sobre foto de Sergio Moro e Doria é artificial. O que importa é o combate à corrupção

O magistrado da Justiça Federal recebe prêmio em Nova York porque se tornou um símbolo do combate à impunidade dos poderosos. Discussão sobre fotografia é fofoca

Vitória de José Eliton pode abrir um novo ciclo político pra aliados e adversários

Na disputa de 2022, o governador não poderá ser candidato à reeleição. Portanto, políticos como Alexandre Baldy podem ganhar mais se se aliarem a ele do que com Daniel Vilela

Eleitor deve apostar num combinado entre renovação e relativa experiência dos candidatos

Nas eleições deste ano, o país assistirá — nada bestificado — aos eleitores atuando como “castigadores” dos políticos e como “renovadores” da política

Livro de Fernando Henrique Cardoso diz que sociedade desconectou-se dos políticos

Para se conectar aos indivíduos contemporâneos, os políticos devem articular novo diálogo, verdadeiro e direto — sem subterfúgios

Lulodependência pode levar o PT ao suicídio político na eleição de outubro

O PT não será extinto, mas ficará cada vez mais fraco se insistir, durante a campanha deste ano, em fazer mais a defesa de Lula da Silva e menos a defesa do Brasil [caption id="attachment_123242" align="alignright" width="620"] Lula da Silva e Fernando Haddad: o primeiro não pode ser candidato e o segundo deve ser o postulante do PT a presidente da República. O PT precisa ser, até outubro, menos lulopetista e mais petista; é sua salvação[/caption] Petistas, como a senadora Gleisi Helena Hoffmann, presidente do PT, estão defendendo Lula da Silva, mas não o PT? Em tese, postulam a defesa de ambos. Mas parecem acreditar que, para salvar o PT, só há uma alternativa: salvar o ex-presidente. Lula da Silva é um grande político e tem de ser avaliado pela média (sua história), não exclusivamente pela condenação (o extremo). Sua história é maior, até muito maior, do que o envolvimento em corrupção. Mas sua condenação à prisão nada tem de ilegal e, portanto, não afronta as leis do país. Na verdade, trata-se de uma prisão absolutamente legal — tanto que seus advogados recorreram a todas as instâncias e a todos os artifícios legais para tentar livrá-lo da cadeia. Se houvesse alguma ilegalidade e ilegitimidade nas ações da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça, os petistas tão-somente denunciariam suas ações, e não contratariam advogados de primeira linha para defendê-lo. O apelo de Gleisi Hoffmann aos países árabes, como se pudessem interferir no Brasil, fica na conta do ridículo, do folclore político. É como se estivesse convocando os árabes para um golpe de Estado no Brasil. Por que não há nenhuma maneira legal de eles interferirem no país tropical abençoado por Deus. Desespero não ajuda nem Lula da Silva nem o PT. Muito menos a nação. O que dizer da Gleisi Hoffmann? Que merece respeito, e não deve ser achincalhada devido às suas posições políticas. Mas o que quer realmente, diria um psicanalista, a presidente do PT? O mais provável é que, por trás do discurso de que precisa livrar Lula da Silva da cadeia, a fala oculta da senadora seja outra. Livrar Lula, se for possível — e, por certo, não é (frise-se que responde a outros processos) —, seria o mesmo que salvar Gleisi Hoffmann e, claro, outros petistas. Pré-candidata a deputada federal em outubro, no Paraná, Gleisi Hoffmann está em campanha aberta, ao fazer a defesa de Lula da Silva, para ser eleita. Porque, se não for, cai nas malhas da Justiça de primeira instância. Nas mãos de juízes rigorosos, como Sergio Fernando Moro, dificilmente a senadora, cujo mandato acaba em 31 de dezembro deste ano, escapará de uma prisão (ela e o marido, Paulo Bernardo). As denúncias contra a petista são fortes e, aparentemente, substantivas. Talvez seja possível sugerir que, quando olha Lula da Silva, o preso, Gleisi Hoffmann pensa mais ou menos o seguinte: “Sou eu amanhã”. Ora, se prenderam um ex-presidente da República, um político com a história de Lula da Silva, por que os magistrados não seriam rigorosos com uma senadora, em comparação, relativamente anódina? Tiro no pé No fundo, o PT só enxerga uma salvação para si, quer dizer, precisa “salvar” Lula da Silva, transformando-o em mártir. Ocorre que a população brasileira não tem o hábito de perdoar mártires corruptos, e o ex-presidente poderá ser condenado em novos processos, aumentando a pecha de que “assaltou” os cofres públicos. É claro que não há a mínima condição de o PT lavar as mãos e adotar o discurso de que precisa se livrar de Lula da Silva. Não dá para dissociar o PT da figura do ex-presidente. Pode-se dizer que o poderoso chefão é, até aqui, o oxigênio do petismo. Daqui pra frente, pode se tornar o gás carbônico. Mas os próceres esquerdistas precisam entender que, da cadeia, Lula da Silva poderá ajudá-los apenas parcialmente. Durante a campanha, poderá até prejudicar os candidatos do PT. Portanto, a lulodependência pode levar ao suicídio político-eleitoral do PT. Petistas que estão enrolados na Operação Lava Jato (e outras), e para os quais não há escapatória que não seja uma condenação, certamente vão continuar com o discurso de que Lula da Silva é vítima e que, mesmo da prisão, fortalece o PT. Trata-se do famoso tiro no pé. Petistas que não estão envolvidos com corrupção, e são centenas pelo país, só têm um caminho para não serem mal-sucedidos do ponto de vista eleitoral. Claro que não terão como abandonar Lula da Silva — elefante em sala de quitinete —, mas terão de se distanciar do ex-presidente e, ao mesmo tempo, condenar a corrupção de maneira veemente. Quem não adotar este discurso, priorizando também um projeto para a sociedade — a defesa de Lula tende a ser vista como um projeto contra o país, contra a legalidade —, dificilmente será eleito ou reeleito. Na campanha, os petistas que perderem tempo focando em Lula, e não nas questões de interesse dos indivíduos-cidadãos, certamente serão derrotados. Se Lula da Silva é um problema do PT, de seus militantes, não é, desde sua prisão, um problema do país, que tenderá a esquecê-lo. Petistas acham que brasileiros de formação cultural mediana ainda se lembram de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek? O PT está no chão, nocauteado. Mas tem condições de se levantar. Só precisa entender que deve romper com a lulodependência. Não há escapatória. Ou levanta a cabeça e diz à sociedade que tem substitutos decentes ou passará pelo maior vexame eleitoral de sua história. Até os gatos, cachorros e pássaros de Garanhuns, São Bernardo e Curitiba sabem que Lula da Silva não tem mais condições de ser candidato a presidente da República. Sua ficha é suja, pela condenação judicial em segunda instância. Mais do que isto, sua ficha é suja do ponto de vista dos brasileiros, independentemente da decisão da Justiça. Ao defender Lula, sem avaliar o que pensa realmente a sociedade — que não é sinônimo de sindicalistas e líderes de trabalhadores sem-terra e sem-teto —, o petismo mostra profunda desconexão com a sociedade, com os brasileiros que não são vinculados a partidos e ideologias políticas. Nos anos em que governou o país, de 2003 a 2016, o PT mostrou sintonia com a sociedade, apesar de todos os percalços apontados — como a corrupção e, aqui e ali, arroubos autoritários. Agora, ante a prisão de Lula da Silva, parece ter esquecido tudo, sobretudo a moderação, e, devido ao desespero, voltou às práticas antigas, como a contestação de decisões judiciais. Se Lula da Silva não pode e não vai ser candidato a presidente, mas continua com o nome em pauta pelos petistas — os institutos de pesquisa insistem em colocar seu nome nos levantamentos, como se o político fosse o dom Sebastião do Brasil —, o PT está cometendo um “crime” contra seu mais provável candidato a presidente, Fernando Haddad. Como ministro da Educação e prefeito de São Paulo, sempre na cota de Lula da Silva, Fernando Haddad, se não brilhou, também não fez feio. Não há notícia de que seja venal e, apesar das críticas, talvez não seja possível avaliar sua gestão na capital de São Paulo — com PIB e população superiores aos de vários Estados — como ruim. Não foi excelente, mas deve ser considerada no limiar do razoável, quiçá do “bom”. Economista, professor da Universidade de São Paulo, Fernando Haddad é mais articulado do que a maioria dos petistas. Embora seja o candidato preferido de Lula da Silva — ao lado do baiano Jaques Wagner (mais político do que o ex-prefeito de São Paulo, mas com a imagem mais desgastada) —, está sendo tratado, pelo próprio PT, como um político do segundo time. Com sua boa imagem, além do discurso fácil, ainda que não populista, o que o distingue de Lula da Silva (e o PT talvez precise de alguém que seja diferente do ex-presidente), pode não ser eleito, mas terá condições de preservar parte do legado do PT e, ao mesmo tempo, ajudar os candidatos do partido nos Estados. O PT não será extinto, mas ficará cada vez mais fraco se insistir, durante a campanha deste ano, em fazer mais a defesa de Lula da Silva e menos a defesa do Brasil. O PT precisa ser, até outubro, menos lulopetista e mais petista e brasileiro. É sua salvação. Há quem postule que, por ter azeitado a corrupção no país, no lugar de combatê-la, o PT merece a extinção. É um equívoco. O PT é um partido de esquerda — não deixou de ser esquerda porque alguns de seus líderes, como Lula da Silva, José Dirceu e Antonio Palocci, retiraram, direta ou indiretamente, dinheiro dos cofres públicos — dos mais moderados. Não tem — ou não tinha — a mínima intenção de trocar o capitalismo pelo socialismo. No máximo, queria implantar uma espécie de socialdemocracia no país. Por mais que a direita não aceite, o PT não é stalinista e, insista-se, não trabalhou para implantar um regime similar ao cubano no país. Sem o PT como partido de esquerda hegemônico, praticamente subordinando ou contendo os demais partidos de esquerda, há uma tendência à radicalização — que não é positiva para a sociedade. Para o Brasil, portanto, é importante que o PT não seja extinto. Porque, com todos os problemas, é superior a partidos radicais como PSOL, PSTU e PC do B.

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