Por Editor

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Moradores de Pirenópolis realizam ação em comemoração ao Dia de Combate à Poluição

Moradores do município realizaram a limpeza às margens do Rio das Almas. A iniciativa popular surgiu através movimento 'PIRIRECICLA'

Pela preservação da Escola de Artes e Arquitetura Professor Edgar Albuquerque Graeff

A Reitoria pretende alocar os cursos de Arquitetura e Urbanismo, e de Design, em um grande centro politécnico, dominado obviamente pelas engenharias

Vili Santo Andersen: autor de poemas com marca registrada

Seus poemas são poemas sintéticos e buscam sugerir mais que propriamente dizer — avessos ao discurso verborrágico

Com carinho: ao mestre, Gilberto Mendonça Teles, que me incentivou a escrever

Apesar de considerar que a força do que é dito jamais deve ser negligenciada, penso que poucas vezes uma palavra alcançou tão bem a sua significação: tenta, tenta

Pesquisas qualitativas sugerem que Caiado é o nome para evitar recuo histórico em Goiás

Pesquisador diz que oposição não ganha eleição, quem perde é governo. “Governo bom não perde eleição.” O governador é bem avaliado pelos eleitores

Garantia de democracia é que o Centrão, dono do governo, não quer saber de ditadura

Por mais que se envolva em corrupção, ao subordinar o governo de Bolsonaro, ao menos em parte, o Centrão acaba se tornando melhor do que golpe militar

Luta eleitoral de 2022 deve ser travada entre Caiado e grupo articulado por Perillo

Se Mendanha sair do páreo, para apoiar Daniel Vilela na vice ou para o Senado, o tucano tende a compor com Jânio Darrot, Sandro Mabel e Alexandre Baldy Leitores costumam perguntar aos repórteres do Jornal Opção: o quadro político para a disputa do governo de Goiás em 2022 já está efetivamente desenhado? Não há dúvida de que se trata de uma indagação muito difícil de responder, talvez impossível, ao menos neste momento. Entretanto, com base nas movimentações políticas, pode-se arriscar algumas hipóteses, mas sem deixar de ressaltar que a eleição vai ser disputada daqui a um ano, dois meses e alguns dias. Quer dizer, alguma coisa que se delinear agora poderá não vigorar até julho do ano que vem. Recomenda-se aos leitores, portanto, que pensem e tirem suas próprias conclusões, a partir do que se dirá aqui ou alhures. A razão sugere cautela e que se evite conclusões peremptórias.

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Ronaldo Caiado está sozinho na raia
No momento, só há um candidato um candidato efetivo — o governador Ronaldo Caiado. O líder do partido Democratas é apontado por analistas e pesquisadores como o postulante favorito, porque, desde já, está bem na frente dos supostos pretendentes. [caption id="attachment_339146" align="aligncenter" width="620"] Ronaldo Caiado, governador de Goiás, e Daniel Vilela, presidente regional do MDB: aliança entre o Democratas e o MDB está praticamente selada | Foto: Divulgação[/caption] Ronaldo Caiado faz um governo bem avaliado, não há escândalos e, na avaliação dos eleitores — mensurada em pesquisas —, tem uma preocupação genuína com as pessoas. “A vida em primeiro lugar” não é, mas, segundo os votantes, poderia ser o lema de sua gestão. Na saúde, no combate à pandemia, Ronaldo Caiado, por ser médico e humanista, agiu rápido, o que possibilitou a reformatação de uma estrutura adequada para o tratamento das pessoas contaminadas. Na tentativa de salvar vidas e na luta para conseguir vacinas para todos os goianos, o governador não hesitou. Desde o início, e sem temer desgastes, assumiu a linha de frente dos trabalhos. Na segurança, com o secretário Rodney Miranda, adotou a ideia de que a polícia, em defesa do cidadão de bem, deve ser rigorosa — o que não quer dizer excessiva ou adversária da lei. O uso da Inteligência tem sido fundamental para combater o crime organizado, que, de regional, nacionalizou-se — está em toda parte, amplamente conectado às bases locais. Em Goiás, no campo do tráfico de drogas e outros crimes, tais máfias têm sido combatidas com o máximo de rigor. O resultado é que a segurança no Estado — por exemplo, no Entorno de Brasília — melhorou de maneira significativa. Na educação, os avanços são significativos, apesar da pandemia. O Ideb mostra que Goiás está bem. Neste caso, é preciso reconhecer o esforço dos governos passados — que criaram as bases para o salto qualitativo do atual governo. Além da retidão com que trata o dinheiro público, aplicando-o com decência, há o fato de que, com extremo esforço, e o apoio de secretários eficientes, como a da Economia, Cristiane Schmidt, Ronaldo Caiado ajustou o Estado. Detalhe: em dois anos e seis meses — e apesar da pandemia e da crise econômica nacional —, o governo tem obras, de qualidade, para mostrar. O fato é que o governador cobra parcimônia na divulgação do que faz, enquanto outros inauguravam placas e as mesmas obras — anabolizadas por aditivos — mais de uma vez.
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Daniel Vilela, Mendanha e o rumo do MDB
Comenta-se sobre uma aliança entre o MDB de Daniel Vilela e Gustavo Mendanha com o governador Ronaldo Caiado para a disputa de 2022, mas às vezes como se fosse uma coisa do outro mundo. Não é. Em 2014, na disputa contra Marconi Perillo, do PSDB, Ronaldo Caiado poderia ter disputado o governo, mas recuou e disputou mandato de senador e apoiou o candidato do MDB, Iris Rezende. Mostrou lealdade. Em 2018, em retribuição à aliança de quatro anos antes, ofereceu a vice ao MDB de Daniel Vilela, mas o jovem político preferiu disputar o governo. Ronaldo Caiado foi eleito no primeiro turno, com 59,73% — 1.773.185 votos. Daniel Vilela, o segundo colocado, obteve 16,14% — 479.180. O terceiro colocado, José Eliton, recebeu 13,73% — 407.507. Juntos, conquistaram apenas a metade dos votos do democrata. [caption id="attachment_330300" align="aligncenter" width="620"] Daniel Vilela e Gustavo Mendanha: eles precisam um do outro | Foto: Divulgação[/caption] Em 2018, Ronaldo Caiado fez uma campanha relativamente modesta, com o apoio de poucos prefeitos, e, mesmo assim, ganhou no primeiro turno. Em 2022, sua máquina eleitoral contará com um exército poderoso, praticamente imbatível, considerando a lógica. Os dois principais líderes do MDB, Iris Rezende — o mais reverenciado, dada sua longa trajetória político-administrativa, e sempre no mesmo partido — e Daniel Vilela, estão propensos a se aliarem a Ronaldo Caiado na disputa de 2022. Também por uma questão de lógica. Primeiro, como se disse a respeito de 2014, o adversário real do MDB não é, a rigor, Ronaldo Caiado, e sim o PSDB de Marconi Perillo. Durante o ciclo de 20 anos, duas décadas e uma geração, o tucanato manteve-se no poder, às custas do massacre político-eleitoral do emedebismo em todo o Estado. Então, se o MDB tem um adversário, que quase o “eliminou” da política de Goiás, este é o PSDB, e não o Democratas. O MDB tem, em tese, três caminhos para a disputa de 2022. Primeiro, bancar Daniel Vilela, ex-deputado federal, para o governo. Segundo, lançar Gustavo Mendanha, que tem “apetite”, para o cargo de governador. Terceiro, compor com Ronaldo Caiado e lançar o candidato a vice ou a senador na sua chapa. [caption id="attachment_339430" align="aligncenter" width="620"] Pábio Mossoró, prefeito de Valparaíso de Goiás: prefeitos do MDB querem aliança com o governador Ronaldo Caiado | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Uma aliança com Ronaldo Caiado pode ser a porta de entrada para o MDB no governo do Estado. Digamos que o democrata seja reeleito, com Daniel Vilela na vice. A tendência é que, em abril de 2026, se desincompatibilize para disputar uma vaga no Senado. O emedebista assumirá o governo por nove meses — o que, de imediato, o credenciará como candidato natural à reeleição. A lógica sugere que é o caminho mais realista para o MDB — mais até do que para Daniel Vilela. Porque, além de ele ter a chance de conquistar espaço no governo, o MDB poderá, ao participar de uma aliança forte e estruturada, eleger uma bancada considerável de deputados federais e estaduais. A aliança entre Ronaldo Caiado e Daniel Vilela fortalece o Democratas, é claro, mas quem pode sair mais fortalecido é o MDB — cujo exército hoje é relativamente pequeno, pois não tem nenhum deputado federal. Tem o senador Luiz Carlos do Carmo, que era suplente e assumiu o mandato que era de Ronaldo Caiado. A rigor, os eleitores não votaram no emedebista. Portanto, se disputar o governo em 2022, com uma estrutura pequena, contra um candidato da estirpe de Hércules, o MDB pode sair tão pequeno quanto o que saiu da disputa de 2018. De que adianta “fortalecer” — se fortalecer é — Daniel Vilela ou Mendanha, se o MDB poderá sair enfraquecido? De novo, é preciso verificar a lógica. No momento, aceitando a necessidade de lógica na política, 27 dos 28 prefeitos do MDB apoiam a aliança do MDB de Daniel Vilela com o DEM de Ronaldo Caiado. Realistas, sabem que é o caminho mais eficaz para que desenvolvam gestões mais produtivas para todos os moradores das cidades que representam. Ao contrário de Mendanha, que gere uma cidade rica — mas não ajuda nenhuma outra cidade (até por questões legais) —, os municípios precisam, e muito, de uma parceira mais azeitada com o governo do Estado. Não só. Os prefeitos, assim como os deputados Bruno Peixoto, Henrique Arantes e Humberto Aidar, sabem que, numa aliança com Ronaldo Caiado, o MDB terá finalmente a chance de retornar ao poder. O governador abriu as portas e eles entenderam que, se estão abertas, não precisam arrombá-las. Mendanha não pode subestimar a voz dos 27 prefeitos que clamam pela aliança entre Daniel Vilela, Iris Rezende e Ronaldo Caiado. Na verdade, o prefeito de Aparecida precisa tratá-los como os verdadeiros líderes do MDB no Estado, sobretudo porque foram consagrados pelos eleitores de suas cidades. Durante os 20 anos de “massacre” promovido pelo exército de Marconi Perillo — nem todos no MDB têm memória curta ou conveniente —, tais líderes municipais (às vezes seus pais) mantiveram a chama viva. O que os prefeitos estão sugerindo é que Mendanha, que ganhou dois mandatos de prefeito proporcionados pelo MDB — na primeira disputa foi praticamente “carregado” por Maguito Vilela —, deveria ter como projeto fortalecer tanto Daniel Vilela quanto os candidatos a deputado federal e estadual do partido. É uma questão de lógica e, também, de gratidão ao MDB e a dois líderes que lhe deram tanto — Maguito Vilela e Daniel Vilela. Recentemente, numa entrevista, ainda que de maneira enviesada, Mendanha fez a defesa de Marconi Perillo, até para justificar o fato de que se tornaram “aliados”. Cometeu um triplo erro: contra Ronaldo Caiado, contra a Justiça e contra o Ministério Público. Não foi o governador quem pediu a prisão de Marconi Perillo. Ele foi preso pela Polícia Federal com mandado assinado por um juiz federal. As denúncias dos promotores de justiça são de responsabilidade do Ministério Público de Goiás e do Ministério Público Federal. Indiretamente, o prefeito afrontou tanto a Justiça contra os MPs. A pergunta dos 27 prefeitos — todos leais a Daniel Vilela e ao MDB — é, seguramente, uma só: o principal projeto de Mendanha, se já é prefeito de Aparecida, a segunda mais importante cidade de Goiás, não é fortalecer o MDB e seu principal líder, exatamente Daniel Vilela? Em 2016, quando Mendanha era, digamos, uma espécie de pré-Vilmarzinho Mariano, Daniel Vilela o pegou pelo braço, com o apoio de Maguito Vilela, e o bancou para prefeito. O prefeito não pode usar a eleição de 2020 para esconder a história da disputa de 2016. E mais: de quem mais Daniel Vilela espera lealdade? Claro, de Mendanha. O prefeito lhe faltará? É provável que não. Há indícios que estaria se “desmarconizando”? Quem sabe. Daniel Vilela opera um partido que tem dimensão nacional e, por isso, precisa fortalecê-lo com o “envio” para Brasília de deputados federais. Portanto, não pode pensar apenas numa eleição majoritária e no projeto de uma única pessoa. O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, cobra das lideranças estaduais que mandem deputados para a Câmara. Porque é por intermédio do número de deputados federais que se obtém mais recursos do fundo eleitoral e do fundo partidário e mais tempo de televisão. Hoje, como não tem nenhum deputado, o MDB de Goiás não contribui para fortalecer o partido no Congresso. Em 2022, se participar de uma aliança forte — é o que os prefeitos estão sugerindo, assim como Daniel Vilela e Iris Rezende —, o MDB terá mais chances de ser forte tanto em Goiás quanto poderá contribuir para fortalecer o partido em termos nacionais. Mendanha é um político de bem e do bem. Portanto, quando refletir, quando deixar de ouvir sereias habilíssimas como Marconi Perillo e Sandro Mabel, perceberá, por uma questão de lógica, que tem um lugar na política de Goiás: ao lado de Daniel Vilela e do MDB. O futuro pertence aos políticos mais jovens — como Daniel Vilela, Mendanha, Roberto Naves (PP), Marden Júnior (Patriota), Alexandre Baldy (PP), Adriana Accorsi (PT), Pedro Sales (sem partido), Issy Quinan (PP), Márcio Luis da Silva (MDB), Valmir Pedro (PSDB), Vanuza Valadares (Podemos), Márcio Corrêa (MDB), Lissauer Vieira (PSB), Virmondes Cruvinel (Cidadania), Lucas Calil (PSD), Francisco Júnior (PSD), Romário Policarpo (Patriota), Lincoln Tejota (Cidadania), Pábio Mossoró (MDB) e, entre outros, Diego Sorgatto (Democratas). Mas Daniel Vilela, ao menos no MDB, é o líder que está em primeiro lugar na fila. Por que retirá-lo da fila, num processo de atropelamento que, de certa maneira, afetaria o futuro de Mendanha?
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Marconi quer ocupar o espaço do MDB em 2026
Do lado do PSDB, há um profissional operando — Marconi Perillo (José Eliton, seu preposto na cúpula tucana, é quase-amador). É um general político que teve a patente rebaixada para sargento, mas não deve ser subestimado. Tanto não pode que a “invenção” de Mendanha como possível candidato a governador é uma jogada de mestre de sua lavra. Sedutor, dono de uma conversa envolvente, o tucano praticamente colocou o jovem emedebista no bolso — criando uma dependência relativa. [caption id="attachment_107584" align="aligncenter" width="620"] Sandro Mabel e Marconi Perillo: afinando a parceria | Foto: Wagnas Cabral[/caption] Mas o que Perillo quer realmente? Em poucas palavras: quer voltar ao centro do palco da política de Goiás. Apreciador de pesquisas, tanto das qualis quanto das quantitativas, o tucano sabe que, em 2022, suas chances de disputar o governo são praticamente nulas. Por isso, ao aliar-se a Sandro Mabel, com o objetivo de forjar um candidato “novo”, com a ideia de que simbolizaria “renovação” — há, na política, jovens que nasceram velhos, dadas suas ideias superadas —, o que ele quer mesmo é não ter a necessidade de colocar seu nome para disputar o governo do Estado. Perillo tende a disputar mandato de deputado federal. Mas sabe, amparado em pesquisas, que, mesmo para deputado, não será fácil ser eleito — tanto que está procurando lançar vários candidatos, porque poderão alavancá-lo. A tese de que vai “puxar” mais um deputado não é bem-vista por muitos tucanos — tanto que Lêda Borges reluta em ser candidata a deputada federal. Porque há o risco de, no lugar de “puxar” um deputado, Marconi Perillo, para ser eleito, precisar dos votos dos seus companheiros de chapa (no caso de não vigorar o Distritão). [caption id="attachment_302003" align="aligncenter" width="620"] Jânio Darrot: o nome articulado pelo Patriota | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Porém, se Mendanha não disputar — e avaliando que Jânio Darrot, do Patriota, não tem vigor eleitoral —, Perillo poderia ir para o “sacrifício” e disputar o governo do Estado. Até porque uma derrota para o governo é mais “honrosa” do que uma derrota acachapante para deputado federal. Convém lembrar que, na disputa para senador, em 2018, Marconi ficou em quinto lugar — atrás de Vanderlan Cardoso (PSD, 1.729.637 votos), Jorge Kajuru (Podemos, 1.557.415 votos), Wilder Morais (PSC, 796.387 votos) e Lúcia Vânia (PSB, 519.691 votos). O tucano obteve apenas 416.613 votos. Frise-se que as pesquisas indicam que seu desgaste político é imenso, não se sabe se incontornável para a disputa eleitoral de 2022. Ao contrário de Mendanha — que é todo “coração” e “voluntarismo” —, Marconi Perillo é um estrategista. Por isso sabe que, se for eleito deputado federal e se o MDB lançar candidato a governador e sair em frangalhos da disputa, não elegendo uma bancada satisfatória de deputados federais e estaduais, o que enfraquecerá o partido em relação aos seus prefeitos — a representação significa emendas do Orçamento da União e do Estado —, poderá sair do pleito de 2022 como principal líder das oposições. O que poderá lhe abrir espaço para a disputa de 2026 — talvez para um cargo majoritário. [caption id="attachment_123248" align="aligncenter" width="620"] Alexandre Baldy: quer disputar na chapa onde o aceitarem | Foto: Divulgação[/caption] Postas as questões, por meio de um exame especulativo da correlação de forças da política de Goiás, como responder à pergunta inicial dos eleitores? Como se disse acima, não é nada fácil, neste momento, apresentar uma resposta precisa. O que se pode dizer é que Ronaldo Caiado será candidato a governador. Está definido. As oposições devem lançar um candidato. Será Mendanha? Muito difícil. Porque, se tiver um olho para a perspectiva histórica, o prefeito certamente seguirá Daniel Vilela, desfazendo-se dos aduladores interessados. Será Jânio Darrot? Talvez. Se Jânio Darrot disputar terá, inevitavelmente, de compor com as forças de Perillo. Porque não há como disputar uma eleição majoritária sem exército eleitoral e contra um postulante que vai para a batalha com um exército gigantesco, vigoroso e motivado. Como seria a chapa? [caption id="attachment_125852" align="aligncenter" width="620"] Kátia Maria: o possível nome do PT para a disputa | Foto: Divulgação[/caption] O mais provável que é Jânio Darrot irá para o governo, com Mabel disputando a vice. Qual seria o papel de Marconi Perillo? O de coordenador político da campanha e, ao mesmo tempo, o homem da chave do cofre. Mas e o candidato a senador? Hoje, segundo informações apuradas nos bastidores, o sonho de consumo de Perillo e Mabel para o Senado é o ex-ministro Alexandre Baldy, presidente do partido Progressistas. O problema é que o PP pode se dividir e o prefeito de Anápolis, Roberto Naves, embora seja muito ligado a Baldy, pode, até por realismo político — trata-se de um líder essencialmente pragmático —, permanecer ao lado de Ronaldo Caiado. Na verdade, Baldy quer ser candidato a senador ao lado de Ronaldo Caiado. Mas a disputa por uma vaga na chapa majoritária do governador é feroz, com pesos-pesados mais bem posicionados. Henrique Meirelles, do PSD, e João Campos, do Republicanos, hoje estão em primeiro e segundo lugar na “fila”. O ex-ministro poderá disputar mandato de deputado federal? O ex-deputado federal (pelo PSDB) afirma, com veemência, que será candidato a senador — e onde o aceitarem. Finalmente, há o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira. Ele é cotado para vice de Ronaldo Caiado, mas não colocará nenhum obstáculo, em nome da razão, a uma candidatura de Daniel Vilela. Trata-se de um hábil operador político. Por fim, há quem aposte que a chapa das oposições será a seguinte: Perillo para governador, Jânio Darrot para vice e Baldy (ou Mabel ou o deputado federal Delegado Waldir Soares) para senador. O PT certamente não apoiará nem Ronaldo Caiado nem a chapa articulada por Perillo — porque o Democratas e o PSDB são adversários históricos do partido — e deverá lançar candidato a governador, possivelmente Kátia Maria. O petismo gostaria de uma composição em Goiás porque seu projeto principal não são as disputas estaduais — exceto onde tiveram postulantes favoritos —, e sim a eleição de Lula da Silva para presidente da República.

O presidente ideal, as Forças Armadas, os eleitores indecisos e a democracia

Os indecisos superam Lula da Silva e de Bolsonaro. Mas quer o centro? Já a democracia precisa ser bem cuidada, assim como as Forças Armadas merecem respeito

Impeachment pode levar militares a apoiar aventura golpista de Bolsonaro?

Tentativa de retirar o presidente do poder pode ser um tiro pela culatra. A ação pode ser vista como um golpe, o que poderia dar origem a um golpe preventivo

Gustavo Mendanha não é o Marconi Perillo de 1998

Batalhão do prefeito de Aparecida inclui Paulo Cezar Martins, Marconi Perillo e Sandro Mabel. Numa campanha, ele terá de defender tais aliados. Será seu projeto?

Marcelo Queiroga merece defesa ampla da sociedade e dos políticos

O ministro da Saúde, que mostra resiliência, tem como objetivo não tornar Bolsonaro um iluminista, e sim vacinar os brasileiros e salvar vidas

Ao contrário do que diz Economist, o país precisa mais de investimento no social do que de liberalismo

A revista critica tanto o governo de Bolsonaro quanto os do PT. Mas o que o país precisa é de homens de Estado que saibam investir para reduzir as desigualdades sociais

Brasil pode crescer 5% em 2021 se Bolsonaro aderir ao pragmatismo econômico

A economia está crescendo à revelia do presidente. Mas ele pode ajudar se vacinar ao menos 70% dos brasileiros e não brigar com parceiros comerciais, como a China Celso Furtado, um dos mais brilhantes economistas do país — um “pensador” da linhagem de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro, Raymundo Faoro e Caio Prado Júnior —, sugeriu que, devido ao regime autoritário, a ditadura civil-militar, a economia poderia estagnar. Dado o fato de ser um intérprete notável, respeitado em todo o mundo, o autor do clássico “Formação Econômica do Brasil” estaria fazendo tão-somente combate político? Não se sabe. Num livro, “Modelo Político Brasileiro”, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, examinou tanto as ideias do mestre paraibano quanto a economia real. [caption id="attachment_333275" align="alignleft" width="620"] Vacinar a maioria da população será um instrumento do crescimento econômico | Foto: Reprodução[/caption] Numa análise percuciente, Fernando Henrique Cardoso demonstrou que, ao contrário do que pregava Celso Furtado, era, sim, possível crescer, em termos de economia, sob uma ditadura. Mais: o país estava crescendo e num ritmo acelerado. Não havia nenhuma estagnação. O presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido, tem vocação autoritária, não há a menor dúvida — por exemplo, não desautorizou o deputado federal Eduardo Bolsonaro, seu filho, quando disse que, para fechar o Supremo Tribunal Federal, “basta um soldado e um cabo”. Porém, paradoxalmente, não faz um governo autoritário. A democracia brasileira permanece incólume nestes dois anos e cinco meses de seu governo. Decisões do STF foram contestadas, com palavras antidemocráticas e grandiloquentes, mas não descumpridas. Há quem postule que, com Arthur Lira, presidente da Câmara do Deputados, e Rodrigo Pacheco, do partido Democratas, o Congresso se tornou mais governista. Mas a CPI da Covid-270 mil indica certa independência, ao menos no Senado. Preocupante, porém, é sua pressão sobre as Forças Armadas. O ex-presidente Michel Temer, do MDB, legou um país em crescimento a Bolsonaro, com relativa estabilidade. O presidente é errático, mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, não o é — apesar de suas declarações tão desastrosas quanto as de seu chefe. Uma certa estabilidade do governo se deve, em larga medida, à experiência do economista Paulo Guedes, que, mais do que Bolsonaro, talvez tenha mesmo um projeto de país. Há, claro, um “choque” entre as perspectivas de cada um. Paulo Guedes é um liberal de fato. Se dependesse dele, as privatizações estariam mais adiantadas e o custo do governo seria menor. Mas Bolsonaro não é liberal, é um populista de cariz autoritário e estatista, como a maioria dos militares que governaram o país entre 1964 e 1985 (Castello Branco, com Roberto Campos e Otávio Gouveia de Bulhões na linha de frente, talvez tenha sido o único dos presidentes militares que se aproximou do liberalismo). Dada a proximidade das eleições, para atender aliados e agradar determinados setores da sociedade, Bolsonaro procede a certa “gastança”. O chamado “orçamento secreto” (3 bilhões de reais) — ou paralelo — não é, por certo, do agrado do ministro da Economia. Mas foi uma maneira de, burlando a lei, atender “companheiros” políticos. O tratoraço ou bolsolão é uma espécie de mensalão da direita. [caption id="attachment_333271" align="alignleft" width="620"] O desemprego está alto mas um crescimento de 5% pode reduzi-lo | Foto: Reprodução[/caption] O que, de fato, está fazendo Bolsonaro? Política — como fizeram Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, às vésperas da reeleição. E, de política, o presidente entende mais do que Paulo Guedes.

Crescimento e recuperação da economia
Na semana passada, Bolsonaro e Paulo Guedes comemoraram o crescimento de 1,6% da economia no primeiro trimestre do ano. É uma boa notícia, sobretudo porque há a expectativa de o país crescer até 5,5% ao ano em 2021 — o que sinalizaria para um crescimento amplo, ou seja, para uma recuperação. Mas a pergunta é: neste crescimento há realmente o “dedo” do governo federal, ao menos em certa medida? Certamente que há, em parte. Porque, apesar de todos os problemas, dado o caráter errático do presidente — ao qual falta estatura para ser presidente de um país gigante, com 210 milhões de habitantes e com a 12ª economia do mundo —, a política de ajuste das contas do governo (apesar do orçamento desgovernado) não é das piores. O “presidente” Paulo Guedes às vezes acerta. Mas o crescimento se deve muito mais aos agentes econômicos. Na verdade, a economia funciona quase no piloto automático, à revelia do governo federal. O principal responsável pelo crescimento é o setor agropecuário — que depende, em larga escala, do maior parceiro comercial do Brasil, a China. O que faz Bolsonaro e seus aliados? Atacam a China, como se fosse um inimigo. No intercâmbio comercial, a ideologia, direita contra esquerda, deve ser deixada de lado. O produtor rural de Rio Verde, no Sudoeste goiano, ou do Paraná, ou de qualquer outro Estado, não quer saber de discussões teórico-ideológicas sobre se a China é comunista ou se é capitalista de Estado. O que ele quer é negociar com quem compra e paga preços adequados. [caption id="attachment_333272" align="alignleft" width="620"] A crise energética pode prejudicar a recuperação da economia brasileira | Foto: Reprodução[/caption] Pois o setor que mais contribuiu com o crescimento da economia foi exatamente aquele que, de maneira indireta — porque não há intenção de prejudicá-lo, quem sabe —, Bolsonaro (quase) atrapalhou. Trata-se da agropecuária (acrescente-se que a China compra outros produtos brasileiros, como ferro). Fica-se com a impressão de que, de certo modo, o presidente não tem uma compreensão precisa de como funciona a economia mundial. Não é fácil um empresário brasileiro — produtor rural ou industrial — se reinventar, adotando procedimentos globais, para vender sua produção no mercado externo, que é exigente na definição de parâmetros. Pois, com uma declaração intempestiva e irracional, Bolsonaro pode pôr tudo a perder — às vezes um trabalho meticuloso (e dispendioso) de décadas — em menos de quatro anos. Governos ajudam quando não atrapalham o mercado, quando não pensam em Reforma Tributária para escorchar ainda mais os setores produtivos. O crescimento de 1,6% no trimestre surpreendeu parte do mercado e é, mesmo, uma excelente notícia. Há uma sinalização de que o país poderá crescer de 4% a 5,5%. Esclareça-se: é uma expectativa. A “pressão” de Bolsonaro sobre a China, que não tem sido considerada nas análises publicadas nos jornais, pode “derrubar” a economia brasileira. É um equívoco acreditar que a China depende essencialmente do mercado patropi. Depende, de fato, mas não de maneira ampla. Há outros vendedores de commodities no mercado externo — inclusive os Estados Unidos. Procede que a China prefere diversificar seus fornecedores, tratando alguns, como o Brasil, com luvas de pelica para não se tornar dependente da poderosa economia do país do presidente Joe Biden. À China interessa uma economia transnacional mais diversificada e desconcentrada que contribua para seu fortalecimento, pois o objetivo é desbancar os Estados Unidos nos próximos 30 ou 50 anos. Será difícil, mas nada é impossível para o país de Xi Jinping. As diferenças de PIB — 23 trilhões contra 14 trilhões — é cada vez menor. A China já produz supercomputadores melhores do que os americanos e sua escola de Engenharia é considerada superior à do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Trata-se de uma revolução. A história da China como produtora de bugigangas — dessas que se compra em qualquer camelódromo do país — é coisa do passado. Sua revolução tecnológico-industrial nada fica a dever à americana.
Crise hídrica pode ser uma barreira grave
Economistas — que, ao contrário do Jornal Opção, não citaram o “problema” China; talvez por acreditarem que o realismo vai prevalecer daqui pra frente (o novo ministro das Relações Exteriores é mais pragmático do que o anterior, uma raposa, diria Isaiah Berlin, e não um porco espinho, como Ernesto Araújo) — apontam que há outros drummonds no caminho do crescimento do país, como os efeitos de uma possível terceira onda da pandemia, o ritmo lento da vacinação e a crise energética. [caption id="attachment_254844" align="alignleft" width="620"] Jair Bolsonaro e Paulo Guedes: se o primeiro deixar o segundo trabalhar, a recuperação do Brasil pode ocorrer de maneira mais rápida | Foto: Reprodução[/caption] O Goldman Sachs apostava num crescimento de 4,6%, mas já sugere 5,5%. O banco ressalva, porém, que não pode haver cortes no fornecimento de energia em alta escala e postula que é vital vacinar as pessoas, o que permitirá uma maior circulação nas ruas e comércios — o que fortalecerá a área de serviços, que, embora vital para a economia, caiu fortemente nos últimos meses. Está se recuperando, mas muito lentamente. Uma terceira onda, que leve a algum tipo de isolamento social, tende a derrubá-la de vez, em muitos casos, em caráter incontornável (como falência ou recuperação judicial). Numa entrevista ao “Estadão”, Alessandra Ribeiro, da Tendências, não se mostra pessimista, mas não é excessivamente otimista. A estimativa de crescimento feita pela consultoria salta de 4% para 4,2%. “Temos riscos importantes, como a terceira onda da pandemia e incerteza do ritmo de vacinação mais lento. Nosso cenário-base previa em julho ou agosto com 40% da população adulta vacinada, maio fechou bem abaixo da expectativa”, afirma a economista. Alessandra Ribeiro destaca que “a maior surpresa do PIB do primeiro trimestre foi a formação bruta de capital fixo (indicador de investimentos), que veio acima do que esperávamos, com 4,6%. Teve um efeito de plataformas de petróleo nestes primeiros meses do ano, mas a performance veio impulsionada por bens de capital, ligados à agropecuária e a transportes, além de construção civil”. A economista sugere que crise hídrica, que vai elevar o curso da energia, poderá ser menor do que a de 2001. “Teremos uma energia mais cara e riscos de blecautes mais localizados, que limitam [o] crescimento econômico.” Rodolfo Margato, da XP Investimentos, acrescenta outro fator que contribuiu para o crescimento no primeiro trimestre: “A reposição de estoques na indústria”. “Pelo lado da demanda, o PIB não teria crescido tanto e poderia ter tido até resultado negativo não fosse essa variação bastante positiva dos estoques. Por outro lado, vale a pena dizer que nos trimestres de 2020 a gente viu o contrário: um consumo de estoques bem rápido que levou a essa necessidade de recomposição”. Margatto sugere, porém, que “a recomposição de estoques não deve se sustentar nos próximos meses”. A XP avalia que o país deve crescer 5% em 2021. Antes a previsão era de 4,5%. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, sublinha que o resultado do PIB, acima do esperado, foi grandemente influenciado pelo “bom desempenho do agronegócio e pelo investimento. Mas ressalva: “Os investimentos tiveram forte impacto na alta de preços, o que é pontual”. A previsão do crescimento era, para a MB, de 3,2% — agora subiu para 4,1%. “Temos alguns pontos de preocupação que evitam uma revisão mais otimista. Uma delas é sobre o efeito da terceira onda da pandemia. A crise de energia também tende a trazer restrição de demanda, e, com a inflação ainda em alta, é possível que a Selic (taxa básica de juros) suba para 6,5% ainda este ano, o que tende a afetar a economia”, disse Sergio Vale ao “Estadão”. A Confederação Nacional do Comércio, menos otimista do que a maioria dos economistas e do que o governo Bolsonaro, aposta num crescimento, em 2021, de 3,8%. Antes, porém, falava em 3,2%. “O impacto da segunda onda da pandemia sobre o nível de atividade foi menos acentuado que o da primeira, mas neste primeiro trimestre o consumo das famílias já caiu um pouco — 0,1%. Isso mostra que há, sim, um resultado negativo da pandemia sobre a atividade econômica”, postula Fábio Bentes, economista da CNC, ao “Estadão”. Na sua opinião, a agropecuária, a âncora verde, é a responsável por “salvar” a economia. João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos, diz que “os resultados da agropecuária, da indústria e dos investimentos vieram acima do esperado, mas o consumo das famílias também foi surpresa positiva”. “No começo do ano esperávamos uma recessão técnica para os dois primeiros trimestres e isso mudou completamente. Mesmo com a queda mais intensa do varejo, o consumo das famílias se manteve e tudo isso deixa um carrego muito positivo. Esperávamos 0,2% no segundo trimestre, estamos mais otimistas que o mercado em geral”, pontua João Leal. A projeção da Bravo saltou de 4,5% para 5,4% Um maior incentivo à vacinação pode ser decisivo para o crescimento, sugere o economista. Sobretudo porque tende a fortalecer o setor de serviços, que é seminal para a formatação do PIB. João Leal diz que o desemprego, a inflação elevada e a recuperação desigual da economia são o que se pode chamar de “tempestade perfeita”. A estimativa do Bradesco para o crescimento é de 4,8%; anteriormente, era de 3,3%. O economista-chefe do banco, Fernando Honorato, sustenta que “as famílias e as empresas aprenderam a lidar com a pandemia. Houve mais mortes na segunda onda, mas o impacto econômico foi bem menor, como reflexo desse aprendizado. A mobilidade caiu menos também”. Fernando Honorato destaca, numa entrevista, que “o ciclo de alta no preço de commodities e a alta nas contratações no mercado formal ajudam a dar impulso econômico ao país, especialmente em setores ligados ao agronegócio”. Como outros economistas, ele teme uma crise energética acentuada. Um ponto fora da curva é a interpretação do economista Claudio Considera, da Fundação Getúlio Vargas. A FGV apostou num crescimento maior no primeiro trimestre — de 1,7%, e não, como ocorreu, de 1,6%. Mais conservadora, a FGV avalia que o Brasil tende a crescer 3,5% em 2021. “Enquanto não tivermos pelo menos 70% da população vacinada, vai ser assim: os governos relaxam as medidas restritivas, a economia melhora, mais pessoas morrem, aí aumentam as restrições, a economia piora. Esse ainda é um crescimento sobre uma base muito fraca, não vejo muita vantagem. Mesmo que o país cresça 4% este ano, como algumas projeções sugerem, vai apenas recuperar os 4,1% que perdeu no ano passado”, analisa Claudio Considera. O Itaú Unibanco esperava um crescimento menor no primeiro trimestre — de 0,6% — e aposta num crescimento anual de 5%. “Achamos que a agropecuária pode cair no segundo trimestre, para quando esperamos um PIB com alta mais fraca, de 0,2%. Para os dois últimos trimestres, nossa expectativa é de alta de 1% em média”, avalia Luka Barbosa, economista do banco. Luka Barbosa acrescenta uma informação não apresentada pelo demais economistas: “O desempenho do PIB ainda não tem relação com uma política econômica sustentável”. A “mão invisível” do mercado tem sido mais forte do que a “mão visível” do Estado. “É uma recuperação cíclica depois da queda que aconteceu no auge da pandemia. Está só voltando para o nível pré-crise. O crescimento nos próximos meses está condicionando ao avanço da vacinação e ao retorno da política fiscal do teto de gastos”, explicitou ao “Estadão”. O economista Marcelo Azevedo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), diz que o setor está preocupado “com a regularização no fornecimento de insumos como semicondutores, o que ainda não ocorreu”. A General Motors e a Volkswagen paralisaram a produção por falta de suprimentos. “A indústria de transformação já teve queda no primeiro trimestre por causa disso. Construção e serviços de utilidade pública também sofrem impacto da falta de insumos. Ainda não é um quadro preocupante, mas merece alguma atenção.” Marcelo Azevedo, como os demais economistas citados acima, frisa que a recuperação da economia depende da vacinação. “O mercado de trabalho, especialmente o informal, depende demais da vacinação porque é muito ligado a serviços e à abertura da economia. Se a renda não se recupera e o comércio tiver atividade limitada com a eventual piora da pandemia, isso impacta negativamente a indústria”, enfatiza o economista. Na verdade, impacta toda a economia, que é absolutamente conectada.
Bolsonaro precisa ser pragmático
Se quiser ajudar, e certamente quer, a economia a crescer pelo menos 5%, o que indicará uma recuperação relativamente ampla, Bolsonaro deve fazer quatro coisas: investir de maneira racional em infraestrutura — em obras que contribuam para dinamizar e impulsionar a economia —, conter a gastança desnecessária (como o “orçamento secreto”), vacinar a maioria dos brasileiros (acima de 70%) e melhorar as relações com os parceiros externos, como a China. Detalhe: não é nada difícil fazer isto. Basta trocar a ideologização improdutiva pela razão e o pragmatismo. Bolsonaro está nas ruas fazendo política, quase copiando as caravanas de tempos idos de Lula da Silva. Mas seu capital eleitoral será mais forte se o governo vacinar a população e contribuir para a recuperação da economia. Ele não vai conquistar eleitores “novos” brigando com políticos e jornalistas. Bolsonaro parece não entender que é o presidente de todos os brasileiros, não apenas de seus “escolhidos”. Um pouco de acatamento à liturgia do poder — ao estilo de Juscelino Kubitschek — faria um bem imenso ao presidente e, claro, ao país.

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