Reportagens

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Voto distrital puro é o melhor, mas tem chance zero de passar

Cientista político Paulo Kramer diz que o grande mal no País é que os políticos têm liberdade para regular a própria atividade

Sebastião Macalé assume presidência da OAB-GO no lugar de Henrique Tibúrcio

Devido à renúncia do então presidente, o ex-jogador de futebol assume o cargo até o mês de novembro, quando haverá nova eleição

Como os goianos conseguiram construir negócios que extrapolam as fronteiras do Estado

Goiás tem atualmente empresas que dominam o mercado em seus respectivos segmentos. As causas desse desenvolvimento são muitas, entre elas a mudança na visão de mercado por parte dos empreendedores

Por que 25% dos que fazem cirurgia bariátrica voltam a ganhar muito peso?

Um quarto dos pacientes que são submetidos à operação de redução do estômago tem reganho de gordura. Obesidade já atinge metade da população brasileira e o mal se tornou questão de saúde pública na Europa e nos Estados Unidos

Estado deve implantar OSs na área da Educação aos moldes das charter schools americanas

Governador Marconi Perillo pretende repassar a administração de unidades educacionais estaduais para às organizações sociais. Modelo a ser adotado obteve grande sucesso nos Estados Unidos

A reforma possível

Prefeito Paulo Garcia deve enviar no final do mês para a Câmara dos Vereadores um pacote que prevê economia de R$ 6 milhões por mês

História mostra que nem sempre um crime confessado foi, de fato, cometido

Livro de jornalista investigativo relata como um homem quis se tornar um assassino em série e, com a ajuda da Justiça, mesmo sem matar ninguém, foi considerado o criminoso mais brutal do país

Intolerância, um mal que pede mais de si mesmo para poder proliferar

Gandhi já dizia ser este um sentimento inimigo da “compreensão correta”. O caso do atentado ao jornal “Charlie Hebdo” comprova o poder negativo que tem o desrespeito ao contraditório

Corrupção brasileira não é “herança maldita” dos portugueses. A questão vai além

É comum dizerem que o Brasil é um país arruinado pela colonização europeia, contudo o legado português é mais um “complexo de vira-lata” do que propriamente o fator corruptivo [caption id="attachment_25026" align="alignleft" width="620"]Oscar_Pereira_da_Silva_-_Desembarque_de_Pedro_Álvares_Cabral_em_Porto_Seguro_em_1500 Os portugueses colonizaram o Brasil, mas não foram os inventores da corrupção, pois esta existe no mundo todo | Pintura de Oscar Pereira da Silva[/caption] Marcos Nunes Carreiro O Brasil é o país mais corrupto do mundo. A frase é comum e costumeira na boca de muitos pelas ruas de qualquer Estado brasileiro, principalmente após alguma manchete de jornal apontando para um novo escândalo de corrupção. O Brasil é, de fato, o país mais corrupto do mundo? Não, mas, antes de comprovar tal questão, é preciso explicar as razões que levam os brasileiros a acreditarem morar na mais desafortunada nação do mundo. Ressuscitemos Nelson Rodri­gues, o escritor brasileiro que eternizou a expressão “complexo de vira-latas”, utilizando o adjetivo canino para dar nome à tradição autodepreciativa brasileira. Trata-se por “complexo de vira-latas a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores”. Isso explica o porquê do exagero em relação à corrupção. Porém, Nelson Rodrigues apenas deu nome à questão, não a inventou. Há quem diga que o tal complexo é tão antigo quanto o próprio Brasil. De onde vem? Au­rélio Schommer, escritor e pesquisador gaúcho radicado em Salvador (BA), em seu livro “História do Brasil Vira-Lata”, resolve a questão da seguinte maneira: “A Europa do século XV vivia o Renascimento, alvorecer científico e cultural de vastas proporções, contudo, a maior parte da população do continente terminaria o século analfabeta e presa a um sistema de castas em que a possível ascensão social ‘dependia muito pouco da vontade própria’, e ‘não se via, pouco se esperava, mas se desejava’. […] Em Portugal, os comerciantes não nobres contavam-se nos dedos e eram em grande parte judeus ou italianos, explorando o pequeno fluxo comercial atlântico, inicialmente dirigido ao norte da Europa, depois estendido às ilhas (Açores, Canárias, Madei­ra). Agrário e feudal, o reino luso era pobre e socialmente estanque. [caption id="attachment_25027" align="alignleft" width="300"]foto_2A Aurélio Schommer pesquisa a origem da autodepreciação que Nelson Rodrigues sintetizou no “complexo de vira-latas”[/caption] “Quanto à identidade, é visigótica e sueva (dois povos germânicos cristianizados), mas é também nativa, dos celtas, galegos e lusitanos, tribos dominadas pelos romanos no século II a.C. […] Enquan­to os povos germânicos do oeste ibérico dão origem a Portugal, com uma identidade própria e mestiça; os francos assumem a identidade gaulesa, sendo a França a fusão de francos, gauleses, bretões e também visigodos; enquanto os alamanos, frísios, saxões, turíngios e catos mantêm a germanidade em maior grau na protoalemanha. “O Ocidente, criado pelos gregos e romanos, é recriado pelos povos germânicos, mais ou menos miscigenados com nativos e remanescentes itálicos. […] Assim, a Europa que parte para conquistar o mundo no século XV é uma criação latino-germânica, da qual Portugal é a parte mais miscigenada e periférica. Não se constituía, porém, tal diferenciação, num sentimento de inferioridade dos lusos em relação aos nórdicos, mais ‘puros’”. Apenas após a Revolução Industrial, que desenvolveu muito mais a Europa do norte, é que veio à tona certa depressão por parte de portugueses e espanhóis. “Outrora porta-estandartes do Ocidente, os portugueses transformaram-se em vira-latas da Europa, não por negarem as próprias origens, mas por se apegarem a elas.” Dessa forma, se “Portugal e Brasil colocam-se como vira-latas diante da atual parte mais vistosa do Ocidente, não é por coincidência, mas por mútua identidade, compartilhada e negada por ambos”. Em outras palavras, a tradição autodepreciativa brasileira seria, então, herança dos colonizadores portugueses. Assim, como a própria corrupção. Não é raro ver historiadores remetendo à permissividade da coroa portuguesa, à época da colonização, o hábito da corrupção brasileira. E, de fato, há certa razão nisso, visto que, quando deu início à colonização, a coroa não queria abrir mão do Brasil, todavia não estava disposta a viver no novo local. Então, delegou a ocupação das terras aos nobres portugueses, que tinham a missão de organizar as instituições na colônia. Porém, para convencer um fidalgo a se mudar para o então inóspito paraíso, foram necessários “argumentos”. Surgiram as vantagens. A coroa permitia que os nobres trabalhassem sem vigilância. Tal fato criou a cultura de que o poder se confunde à pessoa. Cultura que permanece nos dias atuais. Entretanto, Portugal apenas facilitou a criação de uma cultura corruptiva, não a idealizou, tampouco a difundiu pelo mundo, visto que não é possível alçar os portugueses à alcunha de “arquitetos da corrupção humana”. A questão é mais ampla. Ao filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau atribui-se a noção de que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. Porém, Rousseau idealiza noções mais interessantes em seu “Contrato Social”. Ele diz: “Toda ação livre tem duas causas, que concorrem para produzi-la: uma moral, a saber, a vontade que determina o ato; a outra, física, isto é, o poder que a executa”. Simplificando: quando uma pessoa caminha na direção de um objeto, é necessário primeiro que a pessoa queira ir em direção ao local; depois, que seus pés a levem. O filósofo teoriza a questão para explicar as diferenças entre os poderes Legislativo — a vontade — e Executivo — a força, mas é possível exportar o conceito. Ninguém obriga ninguém a se corromper. Nasce a vontade e, internamente, também a força para executar o desejo. Logo, se alguém é parado em uma blitz e, para se livrar da multa, suborna o policial, nasceu nele tanto a vontade quanto a força da ação. Ou seja, sua corrupção é tanto moral quanto física. O mesmo vale para o policial, caso aceite o suborno. Se uma pessoa está com pressa e, para suprir sua necessidade de agilizar a agenda, se rende ao desejo de furar uma fila de banco, nasceu nela o desejo e a força para executar a corrupção. Dessa forma, é possível dizer que a corrupção não vem de um país, ou cultura, mas é algo interno. Social? Talvez sim. Natural, genético? Pouco provável. Mas, se há certa dificuldade em se determinar a origem da corrupção, é mais simples apontar os meios para combatê-la.

A experiência de outros países
O dicionário Houaiss de Língua Portuguesa define a palavra corrupção como: “modificação, adulteração das características originais de algo”; ou “depravação de hábitos, costumes, devassidão”; ou “uso de meios ilegais para apropriar-se de algo em benefício próprio”. Dessa forma, abrange-se corrupção do desvio milionário de verbas públicas ao furo da fila no banco; da transposição de um cruzamento cujo semáforo está fechado às costuras ilícitas para se alcançar determinado cargo, público ou privado. Ou seja, há as pequenas e grandes corrupções. Contudo, é costumeiro notar apenas as grandes, sobretudo as que envolvem dinheiro público. E isso ocorre em diversos países. Na década de 1990, duas ações se tornaram exemplo no combate à corrupção no mundo. Analise­mos o caso italiano: No início dos anos 1990, a Itália viu duas grandes operações policiais que envolveram a Justiça e uma boa parte da classe política: a Força Tarefa Antimá­fia e a Operação Mãos Limpas. A primeira teve por objetivo in­ves­tigar e combater a Camorra, máfia que agia nas cidades de Pa­lermo e Nápoles; a segunda inten­tou lutar contra aquilo que, no Brasil, se conhece por “crimes de colarinho branco”, envol­vendo “lavagem de dinheiro. Do ponto de vista de comparação, a mais importante foi a Operação Mãos Limpas, liderada pelo juiz Antonio Di Pietro. A ação foi iniciada com a denúncia de um pequeno empresário da área de limpeza que prestava serviços à cidade de Milão. Cansado de pagar propina para realizar os serviços no asilo da cidade, resolveu denunciar a prática, então comum. Fez um acordo com Antonio Di Pietro, que, à época, era procurador de Justiça. Desse contato, foi armada uma operação que envolveu gravadores, cédulas marcadas e, obviamente, policiais. A confirmação das práticas de corrupção atordoou a Itália, visto que a propina cobrada dos empresários tinha por objetivo financiar as campanhas políticas do Partido da Democracia Cristã e do Partido Socialista, que há anos ocupavam o poder no país. Desde então, a Itália vivenciou um grande número de denúncias, centenas de pessoas presas, sobretudo, empresários corruptos, funcionários públicos e políticos. Mas o combate à corrupção não é uma questão meramente policial. Na América Latina, o Chile demonstrou isso ao tomar medidas preventivas, como: a redução de 80% no número de cargos comis­sio­nados e a implantação de mudanças no sistema de financiamento de campanhas eleitorais. A primeira medida teve por objetivo evitar a grande quantidade de pessoas então contratadas para exercer atividades comissionadas nas várias esferas de governo — federal, estadual e municipal —, uma vez que, segundo estudos, essas pessoas tendem a ser mais propensas à corrupção, visto que configuram funcionários “não estáveis”, geralmente admitidos por amizade, apadrinhamento ou outro tipo de relação pessoal com gestores públicos. Outra medida foi o uso maciço da internet para divulgar os editais de leilões e licitações, eventos que, em geral, envolvem grande quantidade de dinheiro, logo, muito visados em atos de corrupção, como o fornecimento de informações privilegiadas. Com a divulgação púbica dos editais, o Chile reduziu as possibilidades de fraude em compras públicas. No Brasil, os escândalos têm sido recorrentes. Por quê? Segundo a presidente Dilma Rousseff (PT), devido à maior liberdade de investigação, uma vez que os órgãos de investigação no Brasil pouco voltavam seus tentáculos para o serviço público. De fato, “inegavelmente, o Brasil tem avançado nesse campo”, como bem diz o conselheiro federal da Ordem dos Advogados no Brasil (OAB) Miguel Cançado. [caption id="attachment_25028" align="alignleft" width="300"]Miguel Cançado, conselheiro federal da OAB: “O Brasil avançou no combate à corrupção” | Fernando Leite/Jornal Opção Miguel Cançado, conselheiro federal da OAB: “O Brasil avançou no combate à corrupção” | Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Prova disso é que o último escândalo — a “petropina”, ou “petrolão” —, que tem abalado as estruturas políticas do país, já era velho conhecido de muitos empresários brasileiros. Pelo menos, foi o que disse o empresário Ricardo Semler, em artigo publicado no jornal “Folha de São Paulo”. Se­gundo ele, os esquemas de pagamento de propina na Petrobrás remetem aos anos 1970. Isto é, há mais de 40 anos, que existe a tal “petropina”. Mas Semler ainda avisa: “A coisa não para na Petrobrás. Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário”. Confirmando tal questão, o Jornal Opção publicou recentemente a entrevista com o procurador da República Helio Telho, em que ele avisa: “Nós ainda vamos ver o maior escândalo de corrupção. E será no BNDES”. Graças a esse alerta, os oposicionistas do Con­gresso Nacional já debatem a possibilidade de abrir uma CPI para apurar irregularidades no Banco Nacional de Desenvol­vimento Econômico e Social. Mas se a situação é grave, não estamos muito diferentes da Itália, por exemplo. Segundo o Índice de Percepção de Corrup­ção, divulgado pela organização Transparência Internacional, Brasil e Itália estão empatados na 69ª posição do ranking de corrupção, juntamente com Bulgária, Grécia, Romênia, Senegal e Sua­zilândia, na África — no ranking do ano passado, o Brasil estava na 72ª posição. Obviamente, há países muito menos corruptos, caso do próprio Chile, 21ª posição no ranking, acompanhado do Uruguai. Eles são os países menos corruptos da América Latina, seguidos da Costa Rica (47ª posição).
Combate policial não é o único meio de reduzir os índices de corrupção
O que é necessário fazer para chegar ao nível de Chile e Uruguai? Para o conselheiro federal da OAB Miguel Cança­do, “não há outra opinião: para combater de modo mais eficaz a corrupção é necessário melhorar a efetividade das punições”. O que significa? “O Poder Judiciário precisa conseguir responder a tempo e a hora as demandas que são levadas a ele”, responde. Isso passaria, então, pela modernização da legislação penal, que é de 1940 — foi cria­do pelo decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. “Falando conceitualmente, essa medida auxiliaria nessa questão. É claro, que sem tirar o direito ao contraditório e à ampla defesa, que são fundamentais e fazem parte de princípios que formam o Estado democrático de direito. Mas não tira o fato de que o Poder Judiciário precisa ser efetivo”, aponta. Além disso, para o conselheiro, a imprensa também tem um papel importante na questão, pois “tem a responsabilidade de chamar luzes para o assunto”. Porém, Cançado ressalta: “Extirpar 100% dos desvios de conduta, talvez, seja um sonho. É claro que a prevenção e a repressão a atos de corrupção serão mais aprimoradas, o que é fundamental. Agora, acho que nenhuma sociedade no mundo conseguiu achar esse ponto ideal para extirpar esse tipo de atos. Não sou pessimista, mas é preciso ser realista”. E ele tem razão. Analisado o ranking da Transparência Interna­cio­nal, é possível ver que, de 0 a 100, o país com mais recursos para combater a corrupção é a Dinamarca, cuja pontuação é 92. Alta, mas não é 100. Da mesma forma, como nenhum país é 100% corrupto. A Coreia do Norte e a Somália, países com pontuação mais baixa entre os 175 analisados, têm 8 pontos. O país latino-americano com pior desempenho é a Venezuela (161ª posição, com 19 pontos). Coalizão contra a corrupção A Transparência Internacional divulga o Índice de Percepção de Corrupção há 20 anos e, no Brasil, conta com a parceria da Coalizão Brasileira contra a Corrupção, a Amarribo, instituição com sede na cidade paulista de Ribeirão Bonito. O objetivo da instituição é justamente achar meios de combate à corrupção. Ao Jornal Opção, o presidente da organização, Leo Torresan, diz que a corrupção é um mal que atinge todo o mundo, seja em maior ou menor grau, mas afirma também que todos têm lutado contra esse problema. Porém, aponta que a prevenção deve ser o foco principal, uma vez que “‘correr atrás do prejuízo’ é muito mais complicado que preveni-lo”. [caption id="attachment_25029" align="alignleft" width="300"]Leo Torresan, da Amaribo: “Não é preciso mexer na legislação atual” | Foto: Divulgação Leo Torresan, da Amaribo: “Não é preciso mexer na legislação atual” | Foto: Divulgação[/caption] Torresan concorda com a posição de Miguel Cançado. De fato, é preciso achar meios mais eficientes de punição para quem pratica corrupção, visto que, “evidentemente, se a pena sobre a corrupção for agravada, ela se torna uma medida tangível, pois se o prejuízo sobre o indivíduo for grande, ele pensará duas vezes”. Mas há outros meios. Ele aponta que o país não precisa de mais leis, pois considera que a legislação que temos é suficiente. Segundo ele, o Brasil já avançou no que concerne à legislação, sobretudo com a aprovação, nos últimos anos, de algumas ferramentas que ajudam no combate ao problema. “A Lei de Responsabilidade das Empresas ajuda muito, assim como a Lei de Acesso à Informação. Eu não diria, por exemplo, que a situação de hoje é pior que a do ano passado, devido aos escândalos da Petrobrás. Nós apenas temos mais acesso a essas informações. Ou seja, são medidas que têm o objetivo de prevenir a corrupção. Mas o Brasil ainda vacila”, ressalta. Torresan não avalia a diferença entre a posição brasileira no Índice de Percepção de Corrup­ção de 2014 (69ª), em relação a 2013 (72ª), como uma melhora concreta, mas como estagnação. “Não estamos progredindo co­mo deveríamos. As medidas to­ma­das ainda não são sufici­entes. O que precisa ser feito é a­plicar, de fato, a legislação existente. Por exemplo: aperfeiçoa-se o Código Penal, mas a pessoa con­segue meios de abrandar a pena. Não adianta. É necessário acabar, de uma vez por todas, com essa sensação de impunidade. Esse é o grande malefício: as pes­soas sentem que sairão impunes do crime de corrupção”, diz. Assim, para chegar ao nível de Chile e Uruguai, segundo Torresan, é preciso fortalecer as instituições, “isto é, justiça mais justa, mais célere, mais rápida e um sistema penitenciário mais eficiente”, mas não deixa de pontuar que os níveis de educação, de esclarecimento e de amadurecimento da população também contribuem. l

Trindade autorizou mais de 175 mil exames de média e alta complexidade em 2014

Em média sempre ascendente, foram quase 15 mil procedimentos mensais, com aumento de 400% entre o início e o fim do ano

O árduo caminho até se tornar um Erik

Jogador do Goiás, principal revelação do futebol brasileiro em 2014, apareceu na Copa São Paulo de Futebol Júnior, que começa a ser disputada nesta semana e tem os quatro clubes da capital goiana como participantes [caption id="attachment_25068" align="alignleft" width="620"]erik Erik, de 20 anos: de artilheiro da Copa São Paulo em 2013 a revelação do Brasileiro do ano seguinte | Foto: Rosiron Rodrigues/Goiás E.C.[/caption] Elder Dias O ano de 2014 terminou para o jovem Erik Nas­ci­mento Lima assim como havia começado 2013. Bastante reconhecimento por seus serviços prestados, embora, desta vez, com assédio muito maior. Aos 20 anos, Erik é jogador de futebol e tem uma boa chance de ficar milionário com o que faz. Um destino de sonho para quem morou a primeira metade da vida em um assentamento rural de Novo Repar­timento, município do Pará situado na mesma latitude da região do Bico do Papagaio, no Tocantins. Na segunda metade de sua vida entrou o futebol. Erik veio para Goiânia e, com seu talento, foi logo aprovado no teste para as categorias de base do Goiás. Passou a morar em casa de parentes na vizinha Aparecida de Goiânia e seu pai se tornou funcionário do clube, para que o garoto tivesse mais tranquilidade para se aprimorar. O trabalho rendeu frutos, visíveis já em 2013, quando a equipe goiana foi vice-campeã da Copa São Paulo de Juniores e o menino paraense, um dos artilheiros da competição, com oito gols. Quase dois anos depois, o garoto recebia o troféu de Revelação do Campeonato Brasileiro de 2014. Havia feito 12 gols e se tornado a principal referência ofensiva de um Goiás de conjunto bastante limitado. Da façanha no torneio paulista até dezembro do ano passado, muita coisa aconteceu na vida de Erik: ele subiu para o elenco profissional, teve chances, não as aproveitou muito bem em um primeiro momento; mesmo sem se firmar, foi convocado para a seleção brasileira sub-20, e ganhou o Torneio Internacional de Toulon; depois, finalmente, tornou-se titular absoluto da equipe no segundo semestre de 2014. Tudo serve para mostrar como o mundo do futebol é instável, principalmente para quem está ainda tentando um lugar na vitrine. Em janeiro, como Erik fez dois anos atrás, algumas dezenas de jovens de Goiás estarão em São Paulo para buscar mostrar serviço na Copinha, como é chamado o torneio, o mais tradicional (realizado desde 1969) no País entre os que buscam revelar novos jogadores. Pela primeira vez na história, os quatro clubes da capital goiana vão estar na disputa: Goiás e Goiânia conseguiram vagas pela cota técnica da Federação Goiana de Futebol (FGF); Atlético e Vila Nova foram convidados. Ao mesmo tempo em que buscam a exposição de seus valores, os clubes carregam uma preocupação do mundo moderno do futebol. Com a globalização e a atual legislação para o esporte — especialmente a Lei Pelé, não raramente amaldiçoada nas sedes dos clubes —, a correlação de forças foi alterada. A figura do empresário de atleta ganhou ressonância: hoje boa parte dos jogadores, mesmo antes de se profissionalizarem, tem seus direitos econômicos fatiados entre “grupos de investidores”. É como se cada candidato a craque fosse uma empresa, com ações em que essas pessoas apostam suas fichas. Se der certo, todos ganham. Ou quase todos. Se o time vai bem, quem aparece na vitrine vira alvo dos empresários, que às vezes representam seus próprios interesses ou de seus grupos; outras vezes trabalham a cargo de clubes do Brasil e do exterior. E assim, se o atleta não estiver bem “amarrado”, contratualmente falando, o clube que o está mostrando pode perder a joia a preço de banana, ou até de graça. Competições de equipes de base podem ter resultados imprevisíveis. O Goiás de 2013 não tinha nada de favorito quando pegou a Via Anhanguera — um dos detalhes que diferenciam profissionais de jogadores de base é o meio de transporte — e por pouco não voltou de São Paulo com o título. Em dezembro de 2014, o mesmo Internacional que havia conquistado a Copa do Brasil de Juniores — vencendo o Goiás nas quartas-de-final — 15 dias antes, foi eliminado do Brasileiro na 1ª fase.

Trabalho de base no Goiás para perpetuar celeiro de craques
Do quarteto goianiense, o Goiás, por seu passado de revelador de talentos — craques como Luvanor, Zé Teodoro, Cacau, Túlio, Fernan­dão, Josué, Araújo e Danilo, entre outros —, pela estrutura e pela posição que ocupa, é de quem mais se espera um resultado positivo. O técnico é Augusto César, o mesmo que levou o clube à decisão da Copinha em 2013. Ex-lateral do clube entre 1992 e 1996, ele saiu do clube para atuar por Portuguesa, Corinthians — esteve no elenco campeão mundial de 2000 —, Botafogo e, depois, clubes do Japão e de Portugal. Encerrada a carreira, voltou à terra natal, Brasília, onde começou a trabalhar como treinador e foi buscado pelo então presidente do Goiás João Bosco Luz para as categorias de base. [caption id="attachment_25069" align="alignleft" width="300"]Técnico Augusto, dos juniores do Goiás: “Garotos oscilam” | Foto: Portal 730 Técnico Augusto, dos juniores do Goiás: “Garotos oscilam” | Foto: Portal 730[/caption] O vice-campeonato logo após um ano de trabalho no clube lhe trouxe respeito. Ganhou todas as cinco competições estaduais que disputou como técnico, mas não teve o mesmo sucesso em 2014 no retorno à Copinha. Eliminação na primeira fase. Ele acha natural: “Não dá para prever o que vai acontecer em uma competição de atletas de base. A oscilação é muito grande, o elenco tem muita rotatividade”, afirma. Para o ano passado, ele perdeu a base que tinha sido vice-campeã — entre eles, o agora famoso Erik. E para esta edição, a base será totalmente diferente do ano passado. “A gente está sempre assim, porque também é importante que os jogadores sigam para o profissional”, diz Augusto. Da mesma forma com que ajuda o time “de cima”, ele conta com a parceria da categoria sub-17: ele contará com três atletas — o goleiro Felipe Ramos, o meia Valdemir e o atacante Richard, este considerado uma das maiores promessas para o futuro alviverde — do elenco comandado pelo treinador Rafael Barreto. Formado em Educação Física pela PUC-GO, Rafael integra uma geração cada vez mais em alta entre os profissionais do futebol brasileiro: a de treinadores saídos das faculdades e não das quatro linhas. Nesse sentido, ele segue os passos dos dois últimos treinadores do Goiás nos campeonatos brasileiros, Enderson Moreira e Ricardo Drubscky, considerados intelectuais do futebol, como também são vistos Carlos Alberto Parreira, Rubens Minelli e o português José Mourinho, do Chelsea, tido por muitos como o melhor técnico em atividade no mundo. Nenhum foi jogador. Enderson deu aulas para Rafael Barreto em um curso de formação de treinadores de futebol promovido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na Granja Comary, sede da entidade em Teresópolis (RJ). Além do ex-técnico do Goiás a formação, em três módulos, contou com nomes como Mano Menezes, Ney Franco e Vanderlei Luxemburgo, todos treinadores consagrados. “No Centro-Oeste, sou o único que já concluiu os três níveis”, orgulha-se Rafael Barreto. [caption id="attachment_25071" align="alignright" width="300"]2061 - Matéria Elder (Rafael Barreto) Rafael Barreto, do sub-17 verde: curso na Granja Comary | Arquivo Pessoal[/caption] Nascido em uma família que tem o Direito como ambiente natural — seu pai, Reinaldo Barreto, é um dos mais reconhecidos advogados do Estado e foi procurador-geral na capital —, Rafael concluiu o curso, mas em seguida encarou novamente outra faculdade por sua real paixão, formando-se em 2011. Começou a trabalhar no Goiás na comissão técnica de Enderson e depois assumiu o comando da categoria sub-17. Seu aprendizado tem sido intenso e serve para mostrar como se dá a interação na base para, ao fim, formar atletas como Erik. E alto que nem sempre vem com títulos. “A gente pega fotos de times antigos campeões da base e, quando olha os jogadores, repara que nenhum virou titular de sua equipe. Ao contrário, tem muito elenco de categorias sub-20 e sub-17 que não chegou a ganhar título e rendeu muitos frutos ao clube”, lembra Rafael. No trabalho do Goiás, o contato entre as comissões técnicas dos times profissional, sub-20 e sub-17 é frequente, entre treinadores e seus auxiliares. “Várias vezes o Augusto assistiu a nossos jogos e chamou os que se destacavam para ter um primeiro contato, como um estágio, no sub-20”. A cada fim de ano, cada comissão faz um relatório e passa às demais. O cruzamento de dados ajuda a fechar um planejamento para o ano seguinte, com promoções e dispensas de atletas. O Goiás tem um trunfo importante nas categorias de base: recebeu da CBF o selo de clube formador. Isso significa que é um dos poucos que faz um trabalho de base respeitando totalmente o que prevê a lei, incluindo o acesso dos jovens atletas à moradia, saúde e, principalmente, a educação. “Às vezes tem clube com trabalho bom dentro das quatro linhas e que peca fora delas. No Goiás, para se manter como clube formador, é preciso que todos os jogadores da base estudem, por exemplo”, diz Rafael. O certificado de clube formador é como um passaporte “da 2ª Divisão para a 1ª” no mundo das categorias de base, exemplifica o treinador do sub-17, para quem o Brasil precisa buscar cada vez mais planificar seu trabalho: “O 7 a 1 para a Alemanha na Copa foi muito eficiente, nesse sentido, para demonstrar a fragilidade do futebol no País do futebol.”
Goiânia quer ser um heroico “Davi” na Copa SP
Responsável pelos garotos do Goiânia que vão à Copa São Paulo, Fabrício Carvalho é da mesma geração e idade (tem 31 anos) de Rafael Barreto. Mas já é um velho conhecido entre os que atuam nas categorias de base dos clubes goianienses. Já passou por Atlético, Vila Nova, Futebol Arte e Campinas e chegou a 11 finais, conquistando quatro títulos. Decidiu largar a carreira de jogador em uma noite em Cassilândia (MS). Comunicou a seu treinador que estava deixando o futebol. “Senti algo que me dizia que eu tinha era de estudar”, declara. E assim foi para a sala de aula, mas sempre visando continuar no esporte. Formou-se em Educação Física pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e acrescentou ao título duas especializações. [caption id="attachment_25073" align="alignleft" width="300"]Fabrício Carvalho, técnico do sub-20 do Goiânia: compensando a diferença de estrutura para o “gigante” Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Fabrício Carvalho, técnico do sub-20 do Goiânia: compensando a diferença de estrutura para o “gigante” Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Como treinador do Galo, foi responsável por uma das façanhas da Copa São Paulo do ano passado. Ele dirigiu os garotos do Goiânia à frente da melhor campanha do clube na competição: a primeira vez que a equipe conseguiu passar de fase, justamente no ano em que Goiás — o vice-campeão da edição 2013 — e Vila Nova frustraram expectativas e voltaram para casa eliminados depois dos jogos iniciais. No Goiânia, o trabalho é feito com recursos modestos. “Perdemos duas decisões para o Goiás este ano. Mas é sempre o pequeno contra o gigante, a diferença de estrutura é imensa”, ressalta. Para compensar, o time leva para São Paulo uma relativa experiência: boa parte dos jogadores já participaram da Copa São Paulo — os mais experientes são o zagueiro Rodrigo Ramos e o atacante Marcinho — e passaram também pela disputa complicada da 2ª Divisão do Campeonato Goiano deste ano. Fabrício Carvalho foi o técnico chamado para tentar salvar o Galo de cair para a Terceirona, no que seria o degrau mais baixo da história do maior campeão goiano na era do amadorismo. A prata da casa, incluindo o próprio Fabrício, conseguiu tirar o clube do buraco. Atlético e Vila Nova Já Coutinho, treinador do Atlético, pode ser considerado da escola mais convencional do futebol. Tem vínculos com o clube do Setor Campinas desde 1979, quando começou como juvenil, aos 16 anos. Foi artilheiro do Campeonato Goiano de Juniores por dois anos seguidos e depois fez sucesso também no time profissional. Seguiu carreira fora do Atlético a partir de 1987, como um cigano do futebol. Conquistou títulos — como o de campeão cearense pelo Ferroviário, em 1993 — e depois encerrou a carreira. O ex-atacante goiano, nascido em Orizona, relembra uma curiosa marca pessoal: é o maior artilheiro da história da Catuense, equipe do interior baiano. [caption id="attachment_25070" align="alignleft" width="300"]2061 - Matéria Elder (Coutinho ACG - crédito Erick Xavier-Portal 730) Coutinho, técnico do Atlético: “Tenho sonho de voos mais altos na profissão” | Foto: Erick Xavier/Portal 730[/caption] Voltou ao Atlético em 1997, já para trabalhar com as divisões de base. O ex-atacante desfaz o mito de que o clube não dá atenção para suas categorias de formação. “Isso não é verdade. O Atlético praticamente parou de funcionar no começo da década passada. Não tinha nada, só se reergueu a partir de 2005. Mas desde então, já passaram pelo clube jogadores como Luciano (hoje no Corinthians) e Souza (campeão pelo Cruzeiro), Mauro e Platini (que estão no futebol português”, cita. Da base do Atlético saíram ainda Diogo Campos e Mahatma, que estão no elenco profissional e Francesco, que titular do Bragantino (SP) em 2014. Sobre a expectativa para a volta à Copa São Paulo depois de três anos ele diz que quer ver a equipe “fazer bonito” e ganhar um bom presente de aniversário no dia 17 de janeiro: “Que o time ainda esteja em São Paulo.” É que a Copa São Paulo se encerra na data de fundação da capital paulista, 25 de janeiro. Estar disputando a competição no dia 17 significará ter ido longe nela. Entre os goianos, o Vila Nova foi o último a ser confirmado na competição. A crise financeira e a restruturação do clube, que disputará a 2ª Divisão estadual e a Série C nacional, levaram a diretoria a economizar na delegação, que terá apenas 18 jogadores e 5 integrantes da comissão técnica: além do treinador Ariel Mamede, preparador físico, treinador de goleiros, roupeiro e massagista.    

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