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Causa principal do rompimento de represa em Pontalina não foi chuva, diz Polícia Civil

Conforme o titular da Delegacia de Crimes Ambientais, uma série de fatores, a maioria oriundos de falha humana, contribuíram para o rompimento da barragem [caption id="attachment_231739" align="alignnone" width="620"] Inquérito sobre o caso de Pontalina está prestes a ser remetido ao Poder Judiciário | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção[/caption] Duas semanas após a tragédia que se abateu sobre o município de Pontalina, região central do Estado de Goiás, o delegado titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente, a Dema, está prestes a remeter ao Poder Judiciário o inquérito do caso. Entretanto, ao contrário do que vem sido amplamente noticiado e afirmado sobre o rompimento da represa localizada na Fazenda São Lourenço das Guarirobas, o principal motivo, segundo o delegado, não foi a chuva, e sim falha humana. Luziano Severino, à frente da Dema desde o final da década de 1990, adianta que ouviu três pessoas no inquérito e pretende entregá-lo dentro do prazo previsto de 30 dias. Após a averiguação e análise técnica da área, o delegado concluiu que a grande responsável pela represa que rompeu não foi a água que caiu do céu. Ele elencou alguns fatores que tiveram influência sobre a catástrofe - a maioria deles ligada à gestão humana do local. De acordo com o delegado, o desmatamento da mata ciliar da região foi uma das grandes responsáveis, uma vez que a retirada da vegetação natural e a execução dos chamados “drenos”, feitos para secar áreas brejadas, causaram a compactação da terra, impedindo a absorção da água da chuva pelo solo, o que é esperado naturalmente. A água da chuva, que caiu de forma torrencial no dia 4 de janeiro, acabou, então, excedendo os limites comportados pela represa. Ainda conforme Luziano, outro grande fator – e um dos principais - que contribuiu para o rompimento da barragem foi a inatividade da descarga de fundo, que é uma estrutura hidráulica instalada próximo aos sistemas para controle de cheias, para evitar o rompimento de uma barragem. Luziano revela que, em 2016, enviou à Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Pontalina um documento com uma série de exigências que deveria ser cumpridas nas barragens da região para evitar o risco de rompimento. Uma das exigências era a instalação de uma descarga de fundo na represa da Fazenda de São Lourenço das Guarirobas, solicitação que foi prontamente atendida pela secretária da época. Entretanto, segundo o delegado, algum tempo depois a estrutura foi desativada. Em 2018, ela já não funcionava. Além disso, ainda conforme o delegado, o extravasor de água da represa, ou o famoso “ladrão”, uma tubulação usada para escoar um casual excesso de água, havia sido obstruído manualmente. [caption id="attachment_231740" align="alignright" width="434"] O delegado explica a influência das falhas humanas no rompimento da barragem | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção[/caption] Há outras 22 barragens na região de Pontalina que, segundo o delegado, estão sendo verificadas uma a uma. Luziano revelou que também pediu averiguação de barragens em Catalão, Rio Verde, Buriti Alegre e Trindade. Ele conta que trabalha na Dema com o rompimento de barragens desde 2001 quando houve registro do primeiro caso, na Cidade de Goiás. “Na época, foi levado parte do patrimônio cultural da cidade. E quais foram as causas? Desmatamento em primeiro lugar”, revela. Luziano explica que há uma série de iniciativas que podem evitar catástrofes como a de Pontalina, mas é preciso se atentar ao desgaste do solo provocado pela ação humana. “Quantos drenos temos visto em diversos lugares de Goiás, em especial em Pontalina? Drenos em áreas brejadas, e se faz isso pra quê? Pra secar o brejo, e isso é suicídio ecológico”. O delegado apresenta ainda um fato preocupante: a maioria das nascentes de Pontalina estão degradadas e precisam passar por processo de recuperação. O delegado também chama a atenção para o lago de Pontalina que, assim como a represa que rompeu, está com a descarga de fundo inativa. “Aquele lago lá de Pontalina não rompeu por um triz. Aquela enchente toda, a maioria ali não tem nada a ver com o rompimento da represa, não. A descarga de fundo do lago da cidade está tampada com cimento”, conta. “Chegou a hora de parar de romper represa em Goiás, e os avisos naturais são claros. A natureza não vinga, a natureza dá suas respostas. Tem uma nascente, por que invade e mata a nascente? Precisamos é de água, mas de repente vem uma chuva um pouco mais acentuada e vira tragédia, e não é culpa de São Pedro não, o culpado é o ser humano”, arremata.

Nova UEG segue o modelo de gestão do Governo: mais enxuta

Reforma administrativa da Universidade Estadual de Goiás (UEG) diminui de 41 para oito campi; a promessa é que haja economia de R$ 1,2 milhão por ano Uma nova Universidade Estadual de Goiás (UEG) deve nascer em 2020. Pelo menos administrativamente. É o que garante o projeto de lei nº 7354/19, aprovado em meados de dezembro pela Assembleia Legislativa, e que se torna realidade a partir da implantação das mudanças, que envolvem, sobretudo a diminuição do tamanho da instituição. Os atuais 41 campi serão reagrupados em torno de oito unidades administrativas (ainda denominados de campus), que coordenarão 33 unidades universitárias. A divisão seguiu critérios regionais (veja o mapa), mas também número de alunos, docentes e notas no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). [caption id="attachment_231653" align="alignnone" width="620"] A UEG terá oito campi e 33 unidades universitárias subordinadas a eles | Foto: Ascom-UEG/ Reprodução[/caption] A reestruturação faz parte da intervenção do governo Ronaldo Caiado (DEM) na instituição, que sofreu com escândalos de corrupção, que culminou com a prisão dos ex-reitores José Izecias e Luiz Antônio Arantes, no início do ano passado, por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato. Em março daquele ano, o então reitor Haroldo Reimer pediu afastamento por envolvimento na nomeação de familiares, sócios e amigos para atuação em cargos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). No lugar dele, entrou o professor Ivano Devilla, de forma interina, mas que acabou pedindo afastamento das funções em setembro. O governador nomeou o procurador do Estado, Rafael Borges, ainda em setembro de 2019, e que hoje encampa a reestruturação da Universidade. “A grande questão da Reforma Administrativa da UEG é valorizar o docente. As funções destinadas aos docentes eram de baixíssima remuneração, a gente aumentou os valores destas funções para valorizá-los”, diz Rafael.

Enxugamento

Esse foco na valorização do professor, como apontou o reitor, aparece na reestruturação em forma de aglutinação das coordenadorias. Antes espalhadas por todos os 41 campi da universidade, o docente que aceitasse ser coordenador, para assumir as responsabilidades administrativas, recebia um abono de R$ 500. A partir da reforma, serão R$ 3 mil pela função comissionada. No entanto, o número de coordenadores reduziu drasticamente, justamente em função do aglutinamento em torno dos oito campi regionalizados. Os campi serão como centrais administrativas, às quais as unidades universitárias ficarão subordinadas. Os campi, por sua vez, responderão diretamente à reitoria. É aí que entra os professores coordenadores. [caption id="attachment_231655" align="alignnone" width="620"] Governador Ronaldo Caiado (DEM) e o reitor da UEG, Rafael Borges | Foto: Fernanda Santos/ Jornal Opção[/caption] A coordenação será mais centralizada que o modelo antigo, com a subordinação das unidades universitárias aos campi regionalizados e estes à administração central. Assim, o coordenador terá uma visão mais geral e estrutural da universidade. Além disso, haverá uma só coordenação para cada curso. “A UEG tem um curso de História, um curso de Geografia e etc, espalhado por vários campi. Agora vamos ter um coordenador central para poder ter uma visão geral nas diferentes unidades. Sem prejuízos de ter um coordenador na própria unidade, para o aluno não ficar desguarnecido”, explica Rafael. Essa coordenação localizada nas unidades universitárias, no entanto, não será remunerada.

Distorções

O discurso do governo para o enxugamento da estrutura da UEG é o que rege o Governo: a responsabilidade fiscal. Uma das distorções é o tamanho da universidade, sem critérios objetivos aparentes. A Universidade de São Paulo, por exemplo, possui oito campi, enquanto até a Reforma Administrativa, a UEG possuía os 41 citados, o que, possibilitava também excesso de cargos comissionados. Auditoria da Controladoria Geral do Estado constatou que, entre 2015 e 2018, 30 cursos foram abertos sem qualquer planejamento ou estudo de impacto financeiro. Os cursos eram abertos sem corpo docente efetivo para lecioná-los e, em locais, sem vocação regional para sua abertura. Além disso, segundo o governo, havia intervenção de políticos na abertura de novos cursos de determinada cidade. O que levou à UEG a queda na qualidade de ensino em comparação com outras universidades. “As distorções são tão graves que é de causar espanto como um quadro destes conseguiu seguir por tantos anos”, afirmou Caiado durante apresentação da reforma administrativa na sexta-feira, 17, no 10º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira. “Ter 41 campus é algo afrontoso, desmoraliza o que se deve esperar de uma universidade”, continuou.

Compliance

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Adriano da Rocha Lima, pasta à qual a UEG é vinculada, salienta que havia muito desperdício dentro da universidade, por conta justamente da expansão considerada desmedida. Em 2019, os gastos giraram em torno de R$ 315 milhões. Com a reforma, os novos cursos não podem mais ser abertos por decisão unilateral do reitor, via portaria. Somente podem ser abertos após deliberação do Conselho Superior Universitário (CsU), que foi desinchado (antes contava com 72 membros e agora terá 42). Além disso, deve haver demonstração de corpo efetivo docente para abrir o curso. A reforma, assim, seguiria os ditames liberais de “faça mais com menos”. “Naturalmente, com essa reforma, ao longo do tempo esse gasto tende a diminuir, sem afetar o ensino”, diz Adriano. No entanto, não descarta a possibilidade de ter expansão, mas que deve seguir as vocações regionais. Extinto em 2017, o Conselho de Gestão foi recriado, com função não remunerada. Segundo o secretário, para que a universidade tome as suas próprias decisões, com acompanhamento da sociedade. “Como financiador, como quem sustenta a universidade com recurso público, o Conselho de Gestão é quem vai fazer esse acompanhamento das finanças, com membros indicados pelo governo, para funcionar como modelo de transparência e compliance”, explica Adriano.

“Nossos alunos são da classe trabalhadora”

“Muitos alunos vem do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA)”, relata um professor da UEG da região oeste do Estado. “Alguns não tiveram boa formação e a maioria trabalha e estuda ao longo do dia. É uma juventude pobre que só tem acesso à universidade pública pela UEG”, afirma. Segundo o docente, que leciona no curso de História, a preocupação da maioria dos professores é ofertar conhecimento que permite ao aprendiz pensar também a própria realidade regional. Para ele, não faz sentido ensinar apenas Renascimento, por exemplo, se o sujeito também tem que aprender sobre a realidade histórica regional e local, já que não teve acesso a ela em nenhum momento da vida de estudante. [caption id="attachment_127923" align="alignnone" width="620"] Campus Henrique Santillo, UEG em Anápolis | Foto: Reprodução[/caption] “Nós é que divulgamos o vestibular e visitamos as escolas para convidá-los para se inscreveram no processo seletivo. Muitos nem pensam nisso, pois entendem que a universidade é coisa de outro mundo, coisa de rico”, avalia. Por isso, na unidade em que leciona, criar um espaço de acolhimento a fim de que o discente entenda que a Universidade pública é um direito dele e que estamos a serviço da melhor qualidade de vida. O docente vê com bons olhos o processo de racionalização administrativa proposto pela reforma. No entanto, ele rebate a afirmação de que a preocupação de gestores locais era mero corporativismo e bairrismo. “Alguns até poderiam fazer isso, mas não é possível reduzir as demandas locais à isso. Muitos lutavam pela qualidade institucional no interior goiano; lutavam para que o ensino superior de qualidade, com doutores, mestres e pesquisa, não fosse privilégio apenas da região metropolitana”, afirma. Por isso, receia que, com a subordinação das unidades universitárias aos campi regionais, que os cursos distantes de Anápolis e Goiânia fiquem desassistidos. “Os gargalos são muitos, sobretudo porque os alunos do interior são da classe trabalhadora. Gente socialmente vulnerável, mas com vontade de crescer e aprender. Do ponto de vista da gestão, precisam de acompanhamento direto, próximo”, diz. Veja como fica a UEG:  Oito campi
  • Campus Metropolitano
  • Campus Central
  • Campus Norte
  • Campus Nordeste
  • Campus Cora Coralina
  • Campus Leste
  • Campus Sudoeste
  • Campus Sudeste
Criação de 5 Institutos:
  1. Instituto Acadêmico de Educação e Licenciaturas;
  2. Instituto Acadêmico de Ciências da Saúde e Biológicas;
  3. Instituto Acadêmico de Ciências Tecnológicas;
  4. Instituto Acadêmico de Ciências Sociais Aplicadas;
  5. Instituto Acadêmico de Ciências Agrárias e Sustentabilidade;
-Diretores de Instituto são professores efetivos da UEG, eleitos em lista tríplice

Médicos continuam sem reposta da Unimed em caso envolvendo Ingoh

O caso controverso foi revelado pelo Jornal Opção em dezembro do ano passado

Licitação da Goinfra para suceder contratos da Agetop gira em R$ 300 milhões

Agência de Infraestrutura contatará menos empreiteiras para fazer a manutenção das rodovias e terá empresa para fiscalizar o andamento das obras

Internet das Coisas traz confortos, mas abre portas para hackers

Mesmo portas e catracas terão de ser voltadas para a segurança da informação no futuro, mas proteção ainda não está na lista de exigências de consumidores [caption id="attachment_89938" align="alignnone" width="620"] FBI emite um alerta sobre brechas de segurança abertas pela internet das coisas| Foto: Reprodução[/caption] Há dois meses, o FBI emitiu um alerta sobre brechas de segurança abertas pelas Smart TVs. Uma das características da quarta revolução industrial, a internet das coisas (Internet of Things, IoT), significa que cada vez mais eletrodomésticos receberão sistemas embarcados, abrindo mais portas digitais a invasores. Na competição por oferecer melhores serviços, fabricantes investem nas funcionalidades, mas enquanto usuários não mudarem seus hábitos e exigirem segurança, as marcas terão poucas razões para proteger seus clientes. Você já pensou em ter uma geladeira que envia mensagens ao seu celular quando sua bebida fica gelada, ou te permite comprar online produtos que estão acabando, ou que usa luzes de LED para simular a do sol e preservar vegetais? A resposta provavelmente é não, já que essas funcionalidades só foram criadas recentemente, conforme marcas de geladeira investiram em inovações para chamar a atenção em um mercado que oferece basicamente o mesmo produto desde 1913.  Da mesma forma que clientes nunca desejaram essas utilidades, não lhes passa pela cabeça que podem estar colocando em risco dados pessoais ao comprar uma torradeira. “A segurança não está na lista de critérios de quem quer comprar um novo eletrodoméstico”, afirma Anderson da Silva Soares, doutor em Engenharia da Computação e professor do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás.  [caption id="attachment_214008" align="alignnone" width="620"] "Antigamente, tínhamos um ou dois computadores conectados, hoje temos dez dispositivos, entre smartphones e eletrodomésticos frágeis”, afirma Anderson Soares. | Foto: Fábio Costa/ Jornal Opção[/caption] O alerta emitido pelo FBI foca nas Smart TVs: “Na pior das hipóteses, hackers podem ligar a câmera e o microfone de sua TV e silenciosamente te observar.” Até fitas adesivas coladas em frente às câmeras das Smart TVs são recomendadas pela agência americana de inteligência. Entretanto, um risco maior ainda é de que qualquer dispositivo conectado a um roteador possa ser uma porta de entrada para invasores.  Enquanto alguém mal intencionado pode não ser capaz de acessar seu computador diretamente, é possível que um ponto frágil, como sua TV, ofereça um caminho fácil para a rede local. “Como o software da TV é limitado, um hacker não conseguiria fazer muito com ela. Mas a rede local entende sua TV como componente seguro. Tentar invadir um computador protegido com firewalls e antivírus é muito diferente de entrar a partir da própria rede local”, afirma Anderson Soares. 

Como se proteger

Segundo pesquisa da empresa americana de segurança digital Avast, 72% das pessoas nunca atualizou o firmware (software) dos seus roteadores, e a razão mais comum para isso é que usuários passam a enxergar seus roteadores como parte da mobília depois que eles entram em funcionamento. Ainda segundo a empresa, os dispositivos conectados coletam dados do usuário para oferecer conveniências, mas poucos são os que permitem usuários apagar dados ou controlar a privacidade. Como resultado, roteadores são alvos atraentes para os cibercriminosos, que buscam vender informações pessoais para obter ganhos financeiros. Como empresas têm de manter seus produtos competitivos, geralmente o primeiro quesito a ser cortado para reduzir o custo final é a segurança. Isso não significa que estamos indefesos contra criminosos, mas significa que quem compra eletrodomésticos “smart” tem de fazer um esforço para se defender – uma obrigação que não existia cinco anos atrás. Na prática, Anderson Soares enumera: “isso significa tratar qualquer eletrônico conectado à internet como um novo computador na casa. Leia o manual; nada senhas fáceis demais ou senhas padrão de fábrica; faça patches de segurança; esteja ciente da política de uso de dados da empresa”.  Anderson Soares diz que o problema é tão recente que os próprios técnicos que resolvem problemas nas residências dos clientes podem não estar preparados para essa questão. “Antigamente, nossos roteadores tinham um ou dois computadores conectados, hoje temos dez dispositivos, entre smartphones e eletrodomésticos frágeis. Além disso, o usuário pode instalar aplicativos que não são seguros exatamente porque investigar o uso de dados e a segurança de aplicativos ainda não faz parte de sua rotina”. 

Bons exemplos

A Access.run é um software de controle de acesso para condomínios. Após implantar um pequeno módulo IoT em catracas, portas ou cancelas de empreendimentos, o anfitrião envia um convite (que pode ser via aplicativo de celular ou embarcado em um cartão de visitas, pulseira, chaveiro, etc) ao visitante. O anfitrião recebe uma confirmação quando seu convidado chega. A ideia parece simples, mas foi elogiada pelo diretor de Tecnologia para a Microsoft Brasil, Roberto Prado, por representar uma inovação em segurança e praticidade em relação às portarias convencionais. [caption id="attachment_230565" align="alignnone" width="620"] Portarias orgânicas possuem problemas de segurança insuspeitos | Foto: Fábio Costa/ Jornal Opção[/caption] A solução já está sendo usada em mais de 500 pontos instalados pelo Brasil – desde condomínios à vila militares do exército – principalmente porque reduz em 90% o custo de operação de portarias, mas também pela segurança e pela inovação da autonomia. “Damos autonomia para os donos de uma residência ou empreendimento – toda vez que algum visitante entra, o titular recebe a notificação”, afirma Donato Cardoso, diretor de novos negócios e sócio fundador da Access.run.  “Geralmente, a empresa de segurança que gerencia a entrada de pessoas em uma área colhe dados dos visitantes, liga para perguntar se estou autorizado, preenche um formulário. Esse processo pode levar até 30 minutos.”, explica Donato Cardoso. “Com a Access.run o acesso é imediato. Além disso, é muito mais difícil clonar o cartão ou senha de acesso a um estabelecimento porque não há pareamento direto; não se trata de um controle remoto que aperta aqui e abre lá. A segurança é tratada na nuvem com níveis de segurança altíssimos”. Como no caso das geladeiras inteligentes, o software de controle de acesso suscita necessidades para as quais os clientes não haviam se atentado. Quando se visita um amigo em um condomínio residencial, você recebe um telefonema do seu anfitrião querendo verificar se realmente é você quem está na portaria? Donato Cardoso provoca: “Uma pessoa bem vestida com documento falso consegue entrar em qualquer lugar. Qualquer um que saiba a informação de que você visita seu amigo frequentemente pode se passar por você”.  A ideia é que pode-se acabar com erros humanos eliminando intermediários. Realizando a relação direta entre anfitrião e visitante, se reduz custos, tempo em filas e não há o contratempo de ter de fazer um cadastro novamente porque a portaria orgânica cometeu um erro e perdeu seu primeiro  Além disso, ao se realizar um cadastro em portaria deixa-se fotografia, dados documentais, números de telefone arquivados em meio físico. Estas informações podem ser perdidas, roubadas (ou hackeadas, se arquivadas em um computador), copiadas. “Não se tem o direito de apagar a informações dos lugares em que você já foi”, lembra Donato Cardoso. “Ainda acreditamos que parar alguém, ver documento, tirar foto e pedir autorização é segurança. Isso não é segurança”. Por atuar em três continentes, a empresa tem de obedecer às versões brasileira, europeia e norte-americana da Lei Geral de Proteção de Dados. “Access.run não tem a possibilidade de vender os dados de usuários”, afirma Donato Cardoso. “O aplicativo exige biometria ou senhas diferentes das do celular, para caso o aparelho seja roubado. É completamente seguro porque nem mesmo nós teríamos como intervir no relacionamento entre anfitrião e convidado”. Por último, há ainda outro nível de segurança: a possibilidade de se apagar todos os dados gerados. “Se o visitante ficar desconfiado, por qualquer razão, pode apagar o registro que gerou. Os operadores têm acesso apenas a informações triviais. A parte de inteligência e autenticação não ficam no telefone celular e nem na placa, mas na nuvem”. [caption id="attachment_230579" align="alignnone" width="620"] Ainda acreditamos, erroneamente, que parar alguém, ver documento, tirar foto e pedir autorização é segurança | Foto: Fábio Costa/ Jornal Opção[/caption]  

Como o integralismo sobreviveu e o que faria com a democracia se pudesse

Primos do fascismo italiano, integralistas são definidos pelas ideias de nação sobre individualidade e anticomunismo – sendo que a definição de comunista pode variar para abraçar qualquer um eleito como inimigo [caption id="attachment_196301" align="alignnone" width="620"] O brasileiro Plínio Salgado foi um aliado e agente de Benito Mussolini, da itália fascista, e de Adolf Hitler, da Alemanha nazista | Foto: montagem da Revista Superinteressante[/caption] “A Ação Integralista Brasileira (AIB) foi fundada em 1932 pelo escritor Plínio Salgado e aglutinou em suas fileiras milhares de adeptos atraídos pela propaganda anticomunista, difundida pela rede de imprensa montada pela organização, pelo nacionalismo advogado pela mesma e ainda pelas críticas ao liberalismo”, escreve Rogério Lustosa Victor em seu doutorado em História sobre o Integralismo. Atualmente professor do Instituto Federal de Brasília, o historiador ajuda a compreender este movimento que recentemente tem voltado a atenção nacional. Após após reivindicar autoria do ataque à produtora de vídeos Porta dos Fundos, os neo integralistas atraíram os holofotes da imprensa para a doutrina de Plínio Salgado. O escritor paulista aprendeu diretamente de Benito Mussolini, ditador italiano aliado de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, o que viria a se tornar o primeiro movimento de massas brasileiro, com sua busca pela valorização de símbolos nacionais como o índio, a anta e o tupi guarani.  Como ilustra a adoção do lema integralista “Deus, Pátria e Família” pelo presidente Jair Bolsonaro, estes membros da extrema direita nunca foram extintos e é cada vez mais importante rememorá-los, bem como relembrar o que fizeram os fascistas na Europa e o que tentaram fazer com a democracia brasileira.  Rogério Lustosa Victor escreveu diversos livros e artigos sobre o assunto, entre eles “O Labirinto Integralista: o PRP e o conflito de memórias”, publicado em 2012 pela editora da Universidade Federal de Goiás. [caption id="attachment_229248" align="alignleft" width="200"] Rogério Lustosa Victor[/caption] Primeiramente, gostaria de fazer a distinção entre os termos integralismo, fascismo e extrema direita. O integralismo foi um movimento intrinsecamente fascista? Integralismo e fascismo, em termos gerais, pertencem à mesma cultura política. Podemos dizer que o integralismo e o fascismo são membros da “família extrema direita”. Alguns autores afirmam que o integralismo é a versão brasileira do fascismo dos anos 30, com suas singularidades por estar aqui nos trópicos.  Plínio Salgado o reconhecia assim? Plínio Salgado foi à Itália em 1930 escreveu dois textos após se encontrar com Benito Mussolini. Um desses documentos é uma carta a seu amigo Manoel Pinto em que afirma que é daquele regime que o Brasil precisava – “Tenho estudado muito o fascismo: não é exactamente esse o regimen que precisamos ahi, mas é cousa semelhante”, escreveu Plínio Salgado. Nos anos 1930, textos do Miguel Reale fazem elogios ao fascismo que nem mesmo Mussolini faria. E este se tornou, de fato, o primeiro movimento de massas do Brasil, que existiu na legalidade até o decreto de Getúlio Vargas de 10 de novembro 1937, que implantou o período do Estado Novo.  [caption id="attachment_229249" align="alignright" width="300"] Rogério Lustosa Victor[/caption] Mas isso não os extinguiu. Continuaram posteriormente na clandestinidade. Depois do golpe do Estado Novo, tentaram um “levante integralista”, invadindo o Palácio da Guanabara numa madrugada em 1938 com intenção de assassinar Getúlio Vargas. A insurgência e a desobediência à regra democrática sempre foram práxis do integralismo. A intentona fracassou, resultando na execução de alguns revoltosos e no exílio de Miguel Reale para Roma e de Plínio Salgado para Portugal. Como chegaram aos dias atuais? Plínio Salgado retornou ao Brasil e fundou o Partido de Representação Popular (PRP). Disputou em 1955 contra Juscelino Kubitschek, obtendo 8% dos votos. Ainda nos anos 50, voltou a usar o sigma e fazer o anauê.  Foi eleito para representar o Paraná na Câmara dos Deputados em 1958 e reeleito em 1962, desta vez para representar São Paulo. Não foram protagonistas, mas conspiram nos anos 60 pela ruptura da ordem democrática. Quando em 65 o governo militar criou o AI-2, o PRP migra para a Arena. Plínio Salgado foi deputado sempre reeleito por São Paulo. Morreu na metade dos anos 70, mas o integralismo nunca deixou de existir.  Recentemente, se fragmentou por vários partidos, mas nunca deixou de existir. Na realidade, o movimento está aí, entre centenas de grupelhos que não conseguiram se organizar. Esses neo integralistas nunca deixaram de tentar se organizar, publicar manifestos e jornaizinhos, se encontrar. O Enéias Carneiro aglutinava com o discurso ultranacionalista alguns deles.  [caption id="attachment_229250" align="alignnone" width="535"] Charge do Jornal O Globo, n° 6281, página 01, 28 de outubro de 1946 | Foto: Reprodução com autorização de História do Partido de Representação Popular[/caption] E hoje, estão em torno de quem? Não há pesquisa para monitorá-los, mas se você fizesse esse esforço (seria perda de tempo e energia, pois a resposta é óbvia) encontraria que todos votaram no Bolsonaro. Praticamente todos eles. Entre aqueles que conheço, não vi uma exceção. Isso porque as principais marcas do fascismo são o anticomunismo, o nacionalismo, a ligação com o cristianismo, e Bolsonaro encarna esse discurso.  Como conseguiram continuar integralistas após a derrota do fascismo na Segunda Guerra Mundial? O discurso deles não entrou em descrédito? O PRP herdou a visão ideológica. Trata-se do integralismo do pós-guerra; teve de se ajustar. Depois do Julgamento de Nuremberg, não era mais possível ser fascista. Isso continua: hoje, se você disser a um deles que fascismo e integralismo são sinônimos, eles vão ficar nervosos com você. Tiveram de reconstruir o sentido do termo “integralista”.  Entre estudiosos do assunto, apenas colocamos o prefixo “neo” para indicar que se trata de um novo momento, mas a doutrina é a mesma. O PRP é o integralismo que trocou as camisas verdes pelo paletó, o sigma pelas gravatas, as marchas por tramas de gabinete. [caption id="attachment_229251" align="alignnone" width="418"] Charge do Jornal O Globo, n° 8004, página 01, 30 de novembro de 1945 | Foto: Reprodução com autorização de História do Partido de Representação Popular[/caption] E hoje, eles não veem problema em se definir como integralistas?  Após a ditadura militar o que surgiram foram tribos urbanas de jovens que, na tentativa de construir uma identidade, encontram uma substância no integralismo histórico. São vários grupos, várias tribos, com pouca capacidade de arregimentação.  A memória é volátil. Com esse sistema educacional que nós temos, muita gente não formou essas memórias; esses sentidos críticos desaparecem. Os integralistas não veem problema ético porque não sabem o que o fascismo fez. Pensando em como esquecer pode abrir possibilidades, tomemos o exemplo da Alemanha, onde não há esquecimento. Um candidato neonazista alemão teria muita dificuldade de se eleger porque museus, livros, escolas e famílias fazem questão de rememorar o holocausto. No Brasil, não se organiza essa memória. Poucas pessoas sabem o que foi o fascismo.   Plínio Salgado publicou algumas ideias que vão contra o que Paulo Guedes prega. Tem escritos que na sociedade de hoje parecem muito estranhos. Isso ainda tem apelo?  No neo integralismo se reorienta a doutrina. Existem grupos que estudam muito os escritos integralistas, que entram neste debate que você apresentou, mas estes são a exceção. De modo geral, eles reordenam tudo em torno da bandeira nacional, de uma noção imaginada de estado nacional e principalmente de anticomunismo. Em resumo: não ligam pra essa filosofia toda.  Todos da família Bolsonaro já deram entrevistas dizendo que o Brasil se livraria do comunismo. Além disso, adotaram o lema integralista “Deus, Pátria e Família”. Quer dizer, esses dois principais elementos estão presentes em nossa política até hoje.  [caption id="attachment_196295" align="alignnone" width="480"] Plínio Salgado[/caption] Ainda existe identificação entre neo integralistas e a extrema direita europeia? Em outubro de 2018, quando Bolsonaro venceu, entrevistaram a representante da extrema direita na França, Marine Le Pen, e ela afirmou que Bolsonaro é extremo demais. “Ele tem dito coisas que são extremamente desagradáveis, que não podem ser transferidas para nosso país, é uma cultura diferente", ela disse. Na Europa, há um patrimônio de intelectualidade. Marine Le Pen é ultranacionalista, é contra a União Europeia, etc, mas dentro de uma racionalidade. Há avanços de direitos que não são questionáveis.  O avanço da extrema direita brasileira o preocupa? Aqui no Brasil a coisa é mais preocupante do que na Europa. É muito sui generis a junção da política da extrema direita com o universo da cultura cristã evangélica. Evangélicos vêm fazendo um trabalho “de formiguinha” com pessoas que (afirmo sem juízo de valor) são em grande parte excluídos sociais, com baixa escolaridade, sem aquela memória formada sobre o fascismo ou importância do estado laico.

Conflito dos EUA com o Irã pode impactar exportações goianas

Historiador diz que o governo erra ao permitir que o Itamaraty emita nota em que manifesta apoio aos norte-americanos no “combate ao terrorismo”

Goiás tem 17 trechos de BRs com grande incidência de mortes e acidentes graves

Em uma nota divulgada pela PRF no mês passado, onde informava a retomada do uso dos radares móveis, a corporação enfatizou um estudo técnico que traz centenas de trechos críticos de rodovias, e que inclui o Estado de Goiás [caption id="attachment_229467" align="alignnone" width="620"] Em um relatório contendo 500 trechos críticos, Goiás possui 17 / Foto: Reprodução[/caption] Em um ano marcado por altas e baixas judiciais no que tange às leis e normas de segurança no trânsito, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) trouxe à tona dados preocupantes concernentes à grande quantidade de trechos críticos e com alta incidência de mortes nas rodovias que cortam o Estado de Goiás. E além da imprudência dos motoristas, o fator que pode influenciar a perda de vidas nas BRs pode estar intimamente ligado ao afrouxamento e perda de eficácia dos procedimentos de fiscalização.  No dia 15 de agosto deste ano, o presidente da República Jair Bolsonaro determinou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio de despachos publicados no Diário Oficial da União, a suspensão do uso de radares estáticos, móveis e portáteis nas rodovias federais que cortam os Estados. A decisão, à época, gerou bastante burburinho e controvérsia. De um lado, houve aqueles que defenderam a decisão do presidente, alegando que os radares funcionam como uma ferramenta da "indústria das multas". Já outros se posicionaram de forma totalmente contrária e defenderam que a retirada dos radares móveis das rodovias poderia aumentar o número de acidentes e, consequentemente, de vítimas fatais.  Quando o cidadão já estava quase se acostumando à ideia da ausência de radares nas BRs e a PRF já havia recolhido todos os equipamentos, no dia 11 de dezembro, quatro meses após a iniciativa presidencial, a Justiça Federal em Brasília decidiu por revogar a determinação do governo Bolsonaro. Na decisão, o juiz Marcelo Gentil Monteiro, da 1ª Vara Federal Cível, atendeu a um pedido liminar feito pelo Ministério Público Federal (MPF) e entendeu que a falta dos radares pode causar danos à sociedade. O governo federal bem que tentou reverter o quadro, mas no dia 18 de dezembro o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, sediado em Brasília, negou recurso da União para anular a decisão que determinou a volta dos radares móveis às rodovias. No dia 23 do mesmo mês, a PRF enviou nota à imprensa informando que havia adotado “todas as providências necessárias para o cumprimento da decisão judicial proferida pelo Exmo. Juiz Federal Substituto da 1ª Vara – SJ/DF, Marcelo Gentil Monteiro, restabelecendo a fiscalização de velocidade por meio de radares no prazo estipulado”. [caption id="attachment_229469" align="alignright" width="463"] Radar móvel em rodovia / Foto: Reprodução[/caption]

A PRF informou, na ocasião, que a partir da data em questão todas as Superintendências da corporação possuíam equipamentos disponíveis e estavam orientadas a incluir a fiscalização de velocidade em seu planejamento operacional.

Pontos críticos nas BRs que passam por Goiás

Juntamente com a notícia de retomada do uso dos radares nas rodovias federais, em razão da determinação judicial, a PRF aproveitou para informar a respeito de estudos técnicos utilizados pela corporação e que apontaram 500 trechos de 10 quilômetros de extensão cada, com maior criticidade de acidentes de trânsito, classificados independentemente de sua causa, passíveis de serem fiscalizados com o uso de radares.

Conforme a corporação, a fiscalização de velocidade realizada pela PRF é pautada pela “estreita observância dos requisitos legais estabelecidos para sua execução, tendo por base os princípios da transparência e ostensividade, primando sempre pela promoção da segurança viária e a consequente preservação da vida”. 

Dentre esses 500 trechos que reinam em números de acidentes, constantes no estudo da PRF, 17 estão em BRs que cortam o Estado de Goiás.O relatório de acidentes traz dados referentes aos trechos das rodovias com maior número de acidentes e mortos, medidos por 10 quilômetros, assim como a quantidade de acidentes graves e ponderados por trechos nos anos de 2016, 2017 e 2018.

Conforme mostrado pelos dados da PRF, um dos trechos campeões de mortes nos anos citados está o Km 10-20 da BR-040. Foram contabilizadas 26 mortes apenas nesses 10 quilômetros no período de três anos. Em termos de acidentes de graves, o Km 0-10, também da BR-040, sai na frente. Foram 39 apenas em 2018. Já os acidentes considerados ponderados, somando-se os números de 2016, 2017 e 2018 chegam a impressionantes 338.

Veja abaixo a relação dos números de acidentes graves e mortes por trecho considerado crítico de cada rodovia registrado no estudo técnico da PRF:

Trechos (10 Km)               AG* 2016    AG* 2017    AG* 2018    Nº Mortos BR-040/GO km 0-10        84               49             39             16 BR-153/GO km 500-510  62               31            39               9 BR-040/GO km 10-20      23               43             24              26 BR-153/GO km 490-500  43              15              23              11 BR-060/GO km 90-100    23               12             21              11 BR-040/GO km 20-30     19                17             18              21 BR-153/GO km 510-520  25               17             15               7 BR-060/GO km 40-50      14               16             17               14 BR-153/GO km 430-440  15                12            16               13 BR-070/GO km 0-10        25               13             11                8 BR-060/GO km 160-170  34               10             10                4 BR-050/GO km 270-280   8                11             15                9 BR-060/GO km 30-40      12                13            12               13 BR-060/GO km 0-10        39                 5              6                  5 BR-060/GO km 380-390  10                 7              11                4 BR-414/GO km 430-440  14                 5              11                5 BR-020/GO km 0-10         11               13               6                8
*Acidentes Graves

‘Movimento 65’ e ‘Comuns’: as apostas do PCdoB para 2020

Apesar da polêmica de um suposto abandono do Partido Comunista do Brasil de seus símbolos históricos, a estratégia da legenda parece ser outra

Aliança iniciada em 2014 pode ser decisiva nas eleições de Goiânia seis anos depois

Na primeira vez que se juntaram em chapa majoritária, foi Caiado quem precisou do apoio de Iris para se tornar senador. Em 2020, prefeito e governador tendem a retomar junção de forças 

Especialistas preveem 2020 otimista para Goiás

Projeções para crescimento do PIB brasileiro variam de 1,6 a 3% – economia goiana integrada ao agronegócio deve propiciar aumento ainda maior [caption id="attachment_96414" align="alignnone" width="620"] Crescimento de 1% no PIB do primeiro
trimestre em relação ao último do ano passado foi puxado pela boa safra de milho e soja | Foto: Reprodução[/caption] Nesta quinta-feira, 2, o Ministério da Economia informou que a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 46,6 bilhões em 2019. No último Boletim Focus publicado, foi previsto para 2020 um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3% enquanto economistas mais otimistas falam em crescimento de até 3%. A melhora dos indicadores econômicos nos últimos meses tem animado investidores e desenhado uma perspectiva positiva para o novo ano. Resta saber se os indicadores agonizarão uma lenta queda ao longo dos próximos meses, como aconteceu em 2019. Uma das críticas que economistas céticos fazem quanto à perspectiva de um 2020 positivo é a de que um dos índices que alimentou essas projeções foi o de desocupação da população, que pode ter decrescido em função sazonal. Além disso, Jeferson de Castro Vieira, doutor em Ciências Econômicas e professor na Pontifícia Universidade Católica de Goiás, lembra que a redução de 12,8 milhões de desempregados em junho de 2019 para 11,8 neste início de ano se deve em grande parte a empregos uberizados, empregos intermitentes, temporários e informais. “No ritmo em que estamos criando novas vagas de regime CLT, levaremos três anos para recuperar a quantidade de empregados que tínhamos em 2014 novamente”, afirma o economista. Este fator é importante, ele esclarece, porque a retomada do crescimento econômico passa por dois fatores, sendo o consumo um deles; índice que está ligado ao poder aquisitivo das famílias.  Outro ponto preocupante é o alto grau de endividamento das famílias. Segundo último levantamento do Banco Central (BC), 63,4% das famílias brasileiras estavam endividadas em maio. “A dívida em si não é o problema”, explica Jeferson de Castro Vieira, “mas o que preocupa é o comprometimento da renda. Estamos muito mais endividados que os 25 principais países do mundo e nossa renda está deteriorada.” [caption id="attachment_83226" align="alignnone" width="620"] Economista Jeferson de Castro Vieira: “Endividamento familiar é um dos grandes obstáculos” | Foto: Fernando Leite /Jornal Opção[/caption] Sobre o resultado positivo da balança comercial, Adriana Pereira de Souza, doutora em Ciências econômicas e professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG), afirma que é um resultado que pouco reflete na economia cotidiana até o momento. “Um dos motivos para esse indicador é que grande parte dos produtos exportados pelo Brasil foram de origem primária e básica, que não passaram pelo processo de industrialização, de baixo valor agregado. Importamos pouco, provavelmente pela alta do dólar, da produção reduzida e da baixa geração de renda no país. Então, mesmo que a balança seja favorável, isso não resultou em crescimento macroeconômico”, afirma Adriana Pereira de Souza.  Outra variável associada à retomada do avanço econômico está relacionada aos investimentos, que podem ser governamentais – “que atualmente beiram zero”, segundo Jeferson de Castro Vieira – ou privados. Os investimentos da iniciativa privada dependem da confiança transmitida pelo governo: “Segundo todos os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e Confederação Nacional da Indústria (CNI), o empresário está com vontade de investir, mas também com receio. Ainda não colocaram a cara a tapa, mas,  em razão da baixa inflação e baixa taxa de juros, já existe alguma reação”, diz Jeferson de Castro Vieira. Mais concretamente, essa confiança significam medidas microeconômicas que fazem parte do pacote da reforma tributária, como desoneração na folha de pagamento, além do pacote do saneamento e investimentos em infraestrutura. Jefferson de Castro Vieira afirma que, enquanto há esperança de que o Governo aprove pacote de licitações para obras de saneamento e infraestrutura ainda este ano, as eleições municipais tornarão muito difícil a aprovação da reforma tributária em 2020. Adriana Pereira de Souza afirma sobre as reformas que, até o momento, a principal medida de ajuste fiscal aprovada foi a reforma da Previdência, contudo, apenas em médio ou longo prazo esta reforma trará algum efeito prático para a elevação da capacidade de investimento do país. “Portanto, as medidas fiscais que se referem à arrecadação e gastos governamentais aprovadas até o momento, não impactarão a economia em 2020. Esse resultado somente virá daqui um certo tempo". [caption id="attachment_220734" align="alignnone" width="300"] Adriana Pereira, economista: "a principal expectativa é de reação econômica"| Foto: Arquivo pessoal[/caption] O cientista político Marcos Marinho afirma fazer parte do grupo cético quanto à suposta retomada do crescimento econômico. As últimas ações governamentais são de ajuste fiscal e não resultarão em crescimento econômico a curto prazo. “Resultam, sim, em especulação, crescimento da bolsa – mas isso não é geração de emprego, é especulação”, afirma Marcos Marinho. “Há números positivos, mas não chegam na ponta, que é o empregado.” Marcos Marinho sumariza: “A economia movimenta quando dinheiro circula. As ações de austeridade do governo intimidam o pequeno empresário, que ainda não está vendo nada clarear para o lado dele. As grandes corporações e bancos podem estar satisfeitos, mas os Microempreendedores Individuais vêem um gap de concentração de renda aumentando”. Discorda de Marcos Marinho a economista Adriana Pereira de Souza: “Considerando um cenário recessivo no mercado internacional, a redução da industrialização da economia brasileira e a ausência de capacidade de investimento do governo, o risco de queda do crescimento ou de que a economia não se recupere infelizmente existe. Contudo a principal expectativa é de reação econômica. Até porque, aliada à algumas medidas de política econômica, às expectativas dos investidores e do aumento das atividades produtivas, existe o fato de que o ano de eleições municipais irá colaborar para o reaquecimento da economia”. [caption id="attachment_203122" align="alignnone" width="511"] Cientista político Marcos Marinho: "Há números positivos, mas não chegam na ponta, que é o empregado" | Foto: Reprodução / Acervo Pessoal[/caption]

A nível estadual

Por outro lado, há o consenso de que Goiás terá um 2020 mais garantido do que o restante da nação. Segundo dados do Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), fundo de crédito destinado a empresas e os produtores rurais para impulsionar atividades produtivas, em 2019 foram subsidiado R$ 1,6 bilhões. “Isso significa que o empresário quer dinheiro subsidiado e existe demanda reprimida”, interpreta Jeferson de Castro Vieira. Enquanto a União teve um crescimento no PIB de 1,3%, Jefferson de Castro Vieira estima que o crescimento de Goiás tenha sido de 1,8 a 2%. “No Estado, houve crescimento da indústria  alimentícia, farmoquimica (cosméticos e beleza) e a farmacêutica. Houve pequena reação do setor sucroenergético e pequena reação do setor automobilístico. Então do ponto de vista industrial estamos bem. O comércio em 2019 apresentou a primeira reação em 4 anos, mas o setor de serviços fecha negativo, ainda patinando”. Acontece que, no Estado, todos os setores estão ligados ao agronegócio, que cresceu imensos 10%. “Pela característica interligada da economia de goiana, mesmo quando um setor vai mal, o agronegócio segura as contas. A indústria  está integrada com agronegócio, que está integrado com serviço. Isso ameniza em momentos de crise”. 

Em alta, crimes cibernéticos devem ser denunciados

De ofensas racistas e compartilhamento de pornografia infantil, os crimes cibernéticos infestam o ambiente virtual [caption id="attachment_228485" align="alignnone" width="611"] Internet não é terra sem lei e crimes cometidos no meio virtual podem ser punidos / Foto: Reprodução[/caption] Desde sua criação e popularização, a internet tornou-se um ambiente totalmente democrático e acessível que permite a qualquer um, independente de credo, etnia, gênero ou classe social expor sua opinião e seu estilo de vida no meio virtual. Qualquer pessoa com um aparelho celular ou um computador conectado à rede consegue dizer ao mundo quem é ela, o que está fazendo, como se sente e do que gosta. Entretanto, ao mesmo tempo em que a internet pode ser vista como uma ferramenta de inclusão e de troca de experiências e saberes, a suposta privacidade que ela oferece e a comodidade de se estar atrás de uma tela ou de um monitor faz com que alguns se esqueçam da civilidade e do respeito. Ofensas, ataques, ameaças e piadas de mau-gosto estão presentes na rede online desde que ela passou a existir. Mas o que esses que fazem mau uso da internet também parecem não se lembrar é que o ambiente virtual não é terra sem lei, e o indivíduo pode ser sim responsabilizado por cada letra publicada em seu perfil do Facebook, Instagram, Twitter, e-mail ou qualquer outra plataforma que integra mar de algoritmos da internet. Hoje, é possível se chegar a punições contra qualquer tipo de crime cometido na internet: desde palavras ofensivas proferidas durante uma briga, até crimes mais graves como compartilhamento de pornografia infantil ou de material com conteúdo discriminatório. No ano de 2017, em Goiânia, foi criada a primeira Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (Dercc) em Goiás. Desde lá, os policiais civis da área têm atuado em diversos casos envolvendo a prática de crimes no meio online. Um caso que ganhou visibilidade recentemente foi o do deputado estadual Diego Sorgatto (PSDB). Segundo a Polícia Civil, durante meses uma dupla identificada como Marco Aurélio da Silva Conceição, vulgo Jenjulão, e Romero Alves Diniz, através de um perfil falso no Facebook com o nome de Junior Lapada, publicaram mensagens ofensivas com o objetivo de atacar a honra do parlamentar. A dupla foi apontada como autora do crime cibernético após investigações por parte da Dercc. [caption id="attachment_228483" align="alignleft" width="446"] O deputado estadual Diego Sorgatto já foi alvo de ataques no meio virtual / Foto: Reprodução[/caption] Em outra ocorrência, registrada também neste ano, a Dercc identificou 10 torcedores apontados como responsáveis pelos crimes cometidos pela internet de ameaça e apologia à prática de crimes contra o presidente e diretor do Goiás Esporte Clube, Marcelo Almeida. Insatisfeitos com o desempenho do clube, os suspeitos enviaram para Almeida, através do WhatsApp, diversas mensagens com ameaças à sua integridade física e vida. Esse tipo de crime tem se tornado mais comum do que se pensa, mas, felizmente, há vários meios de se combatê-lo.

ONG atua com análise e encaminhado de casos de crimes cibernéticos

Além da delegacia, existem também outros meios de denunciar crimes cometidos pela internet. Um deles é o site SaferNet, uma associação civil de direito privado, com atuação internacional. Fundada em 2005, a SaferNet, por meio do diálogo permanente, “conduz as ações em busca de soluções compartilhadas com os diversos atores da Sociedade Civil, da Indústria de Internet, do Governo Federal, do Ministério Público Federal, do Congresso Nacional e das Autoridades Policiais”. De acordo com a entidade, os crimes mais denunciados na plataforma são: intolerância religiosa, tráfico de pessoas, homofobia, pornografia infantil, maus-tratos contra animais, xenofobia, neonazismo, violência ou discriminação contra mulheres, apologia e incitação a crimes contra a vida e racismo. [caption id="attachment_228484" align="alignright" width="440"] Denúncias de crimes cibernéticos seguem em alta / Foto: SaferNet[/caption] Para se ter uma ideia do aumento de casos no Brasil, o ano passado registrou um crescimento de quase 110% de denúncias de crimes cibernéticos na plataforma. Em levantamento feito com o Ministério Público Federal (MPF), o SaferNet divulgou que, só em 2018, foram feitas 133.732 queixas de crimes, contra 63.698 em 2017. O principal aumento, segundo a entidade, se deu nas queixas de crimes contra mulheres. O aumento foi de 1.600% entre 2017 e 2018, passando de 961 casos para quase 17 mil. Segundo a entidade, ao se deparar com uma evidência de crime contra os Direitos Humanos na Internet, o internauta deve acessar o portal da SaferNet, clicar em Denuncie e enviar o link do site onde está o suposto crime. Não é preciso se identificar. Em posse da denúncia, uma equipe de analistas, com formação em Direito e Ciência da Computação, realiza análise do conteúdo da denúncia com ajuda de ferramentas desenvolvidas pelos profissionais de TI da SaferNet. Comprovada a materialidade da denúncia, o site produz um relatório de rastreamento (chamada de notícia-crime), com base na legislação penal e processual penal em vigor no Brasil, para que se possa instaurar o processo formal de investigação policial. Se a denúncia contiver evidências relacionadas a sites hospedados no Brasil, este relatório será enviado às autoridades competentes para que se inicie a investigação policial.

Com foco em obras de mobilidade urbana, Iris Rezende se prepara para 2020

São quase 15 obras em andamento a serem entregues no ano que entra e que levam a marca do emedebista octogenário Com 86 anos recém-completados, o emedebista Iris Rezende Machado, figura carimbada no Estado de Goiás, tem na conta dois mandatos de governador (1983 e 1991) e está no quarto mandato como prefeito de Goiânia (1966, 2005, 2009 e 2017). Apesar da idade e da extensa carreira política, Iris parece ainda estar em plena forma e só não será o candidato do partido nas próximas eleições municipais se não quiser. Na atual gestão, Iris tem investido no quesito que já é tradicionalmente ligado ao seu nome: infraestrutura e mobilidade urbana. Em 2019, o prefeito da capital investiu pesado na rede de drenagem e no projeto do Bus Rapid Transit, o BRT Norte-Sul. Este primeiro conta com 2,6 quilômetros de extensão que vão da Praça Cívica, no Setor Central, até o Setor Norte Ferroviário. De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, a Seinfra, quando concluída, a rede permitirá o lançamento das águas pluviais no Córrego Capim Puba, solucionando, teoricamente, o problema com enchentes e alagamento na região da Rua 44, Avenida Independência, Praça do Trabalhador, Avenida Goiás e adjacências, Praça do Bandeirante e Praça Cívica. Os trabalhos de construção da rede de drenagem tiveram início em julho deste ano pela Rua 4, no Setor Norte Ferroviário. De lá, seguiu pela Avenida Oeste, no Setor Marechal Rondon, Avenida Goiás, onde cruza a Avenida Independência para chegar até à Praça Cívica. O prazo para conclusão total da obra é agosto de 2020. Com orçamento na ordem de R$ 7,8 milhões (sem contar obras complementares), a rede de drenagem é parte integrante do complexo BRT. Este, por sua vez, teve início ainda em março de 2015 e, segundo a Prefeitura de Goiânia, só deverá ser concluído em outubro de 2020. O projeto de BRT Norte-Sul pretende entregar para a população de Goiânia um corredor com 21,8 quilômetros de extensão e interligará as duas regiões da capital goiana e Aparecida de Goiânia. De acordo com o consórcio BRT Brasil, o projeto beneficiará cerca de 120 mil usuários por dia. O projeto prevê a utilização de 93 ônibus, que irão operar em quatro linhas, circulando na velocidade estimada de 28 quilômetros por hora. Ainda conforme o consórcio, a frota irá atender 148 bairros da capital e o município vizinho, Aparecida de Goiânia. Ao todo, serão 39 plataformas de embarque e desembarque, além de seis terminais. [caption id="attachment_228220" align="alignright" width="431"] Trecho da Avenida Goiás após obras da rede de drenagem / Foto: Fábio Costa[/caption] O projeto já foi alvo de muitas críticas, inclusive vindas do presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Romário Policarpo (Patriota). Em agosto deste ano, em entrevista ao Jornal Opção, Policarpo chegou a afirmar que o BRT Norte-Sul era a obra mais “sem sentido” que Goiânia já teve em sua história. Conforme o presidente da Câmara na ocasião, trabalhar na execução de um corredor especial para ônibus na Região Norte, onde já existia um corredor exclusivo, era fazer “mais do mesmo”. Policarpo declarou na época que nenhuma novidade era trazida para a mobilidade na cidade com o BRT, e que o único ganho com o projeto seria dispor de um “asfalto melhor para os veículos trafegarem”. Romário Policarpo, ainda na entrevista concedida ao Opção em agosto, também afirmou que o investimento no BRT Norte-Sul se mostrou como uma perda de oportunidade de implantar um sistema de transporte mais moderno e veloz, como o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). “O VLT poderia ligar outras cidades, seria um garante transformação. Juntando com a obra da Leste-Oeste, poderíamos ter a oportunidade de pegar o mapa de Goiânia e fazer uma grande cruz com o VLT ligando Aparecida de Goiânia, Trindade, Santo Antônio, Senador Canedo, enfim, várias cidades da Região Metropolitana de Goiânia em um grande consórcio com todos os prefeitos”, defendeu Romário na ocasião. Já o ex-ministro das Cidades e atual secretário de transportes de São Paulo, Alexandre Baldy, tem outra opinião. Para ele, no caso de Goiânia o BRT é o adequado e "tem capacidade para transportar até 350 mil passageiros diariamente". "Portanto, se a via tem esse fluxo, tem se de trabalhar nessa realidade. O custo do BRT varia entre R$ 3 milhões a R$ 5 milhões por quilômetro. O do VLT de superfície varia entre 15 30 milhões de reais por quilômetro", disse em entrevista recente ao Opção.

Obras em Goiânia devem ficar prontas antes das eleições

Devido à sua abrangência, o projeto do BRT Norte-Sul acabou gerando diversas outras obras que, direta ou indiretamente, farão parte do complexo. Além delas, a Prefeitura tem uma agenda de obras de construção, revitalização e reurbanização que só deve ser concluída nos próximos anos. São quase 15 projetos entre extensão de vias, construção de corredores e reforma de órgãos.

Mobilidade urbana e infraestrutura

  • Requalificação da Praça do Cruzeiro (Praça Comen­dador Germano Roriz) –
Esta obra está orçada em R$ 896.797,00, e teve início em outubro deste ano. Conforme a Prefeitura, a obra da requalificação da Praça do Cruzeiro, que tem como gestor administrativo o coordenador executivo da Unidade Executora do Programa Urbano Ambiental Macambira, Flávio Máximo, tem previsão de conclusão de 180 dias a partir da data de início.
  • Complexo viário Jamel Cecílio –
Com valor contratual de R$ 26.144.357,24, as obras do complexo viário da Avenida Jamel Cecílio teve início em setembro deste ano e está previsto para ser concluído em dezembro de 2020. De acordo com a Prefeitura, o complexo inclui três elementos diferentes de engenharia, nos mesmos moldes do que ocorreu no cruzamento da Avenida 85 com a Avenida T-63, que são o elevado, uma rotatória em nível e a trincheira. A Jamel Cecílio vai passar pelo elevado sobre toda a obra, e no nível da Alameda Leopoldo de Bulhões será construída a rotatória, na rua já existente. A Marginal Botafogo passará em trincheira por baixo de tudo. Um monumento em estrutura metálica, uma mão dedilhando um violão, deve ser levantado ao lado do viaduto, representando o traçado da obra, sendo o elevado o braço e a rotatória, a boca do instrumento.
  • Reurbanização da Marginal Botafogo (entre as Avenidas Deputado Jamel Cecílio e 2ª Radial) –
Estimada em R$ 13.060.342,90, a reurbanização da Marginal Botafogo foi assinada no dia 2 de setembro e as obras estão previstas para durar sete meses. No mesmo mês, em entrevista ao Jornal Opção, o secretário municipal de Planejamento Urbano e Habitação, Henrique Alves, falou sobre a execução do projeto. Segundo ele,  o planejamento já existia há mais de 20 anos e a previsão da marginal botafogo, desde o início, era de que ela fosse estendida até a Av. Segunda Radial.
  • Extensão da Leste/Oeste -
Com orçamento de R$ 68 milhões, incluindo as duas obras de arte e a revitalização da Praça do Trabalhador, a nova etapa da Leste-Oeste também só deverá ficar pronta no final de 2020. De acordo com a Seinfra, o trajeto da Leste-Oeste seguirá o leito da antiga estrada de ferro, saindo do seu tramo oeste na interseção com a Rua 74, no Centro da Capital, passando entre a Estação Ferroviária e entre a obra de revitalização da Praça do Trabalhador e a Rua 67-A, até encontrar a Avenida das Cerâmicas, na divisa com Senador Canedo.
  • Trincheira da 90 -
A obra da trincheira da Rua 90 foi liberada pelo prefeito Iris Rezende para tráfego de veículos leves e pesados no dia 6 de dezembro. As obras foram concluídas no dia 30 de novembro apõs oito meses de trabalho. Batizado de Complexo Viário Conselheiro Sodino Vieira, o projeto é parte integrante do BRT e possui 350 metros de comprimento, 7,20 metros de profundidade, 18 metros de largura de pista de rolamento e aproximadamente 4 mil metros quadrados de paredes em placas de concreto pré-moldado. [caption id="attachment_228221" align="alignleft" width="358"] Parte da trincheira da 90, ainda com vestígios das obras recém finalizadas / Foto: Fábio Costa[/caption] O projeto da trincheira foi executado pelo valor final de R$ 13 milhões.
  • Revitalização da Praça do Trabalhador –
Com início no dia 17 de junho, as obras de revitalização da Praça do Trabalhador tinham previsão inicial de durar cinco meses, mas devido ao atraso, só deverão ficar prontas em junho do ano que vem. Enquanto isso, os trabalhadores que atuam nas feiras Hippie e da Madrugada continuam nas áreas provisórias nos arredores da Praça e na 44. Com o término das obras no ano que vem, a feira Hippie deverá voltar a funcionar na Praça do Trabalhador às sextas-feiras, sábados e domingos com bancas padronizadas, e a feira da Madrugada retornará suas atividades, nas quartas e quintas-feiras. Procurada pela reportagem do Jornal Opção para comentar os atrasos nas obras da Praça do Trabalhador, a Seinfra informou que o adiamento da entrega da revitalização “se deu em função da ampliação do espaço devido ao novo traçado da Avenida Leste-Oeste, sugerido pelo Iphan e da conexão do Corredor do BRT à Avenida Goiás, que também sofreu alteração no traçado”. Ainda conforme a Secretaria,
  • Ponte da Vila Alpes –
Prevista para ser entregue em sete meses a contar do início da obra - 19 de setembro -, a Ponte da Vila Alpes tem o orçamento de R$ 6.256,932,12. Quando completa, a ponte da Avenida Alpes, sobre o Córrego Cascavel contará com extensão de 74,6 metros de comprimento por 23,6 de largura, e fará a ligação da Avenida dos Alpes, na Vila Alpes, à Av. C-107, no Jardim América, passando sobre o trecho 3 da Marginal Cascavel. Segundo a Prefeitura, a intervenção compõe o programa de mobilidade urbana adotado pela atual administração para desafogar o trânsito.
  • Corredor de ônibus da T-7 –
Com valor contratual de R$ 30.475.085, 25, as obras do corredor de ônibus da Avenida T-7 começaram em fevereiro de 2015 e só devem ser terminadas em março de 2020. Contando com recursos do Governo Federal, o corredor tem uma extensão de 10,5 quilômetros num trajeto que atinge 12 bairros e, conforme a Prefeitura, impacta 182 mil pessoas. O projeto prevê ainda a implantação de ciclovias no canteiro central, ciclofaixas no leito das vias e ciclorrotas, também no leito das vias, onde carros também podem circular, na extensão que vai da Praça da Bíblia até o Terminal Bandeiras. O corredor também vai dispor de um sistema semafórico inteligente que pretende dar maior fluidez ao trânsito de pessoas e veículos. Estão previstos 37 cruzamentos em todo o corredor e a nova tecnologia será feita através de câmeras com a função de laço detector virtual, verificando a contagem de veículos e sua ocupação.

Unidades de saúde também receberam reformas

  • Hospital e Maternidade Maria Célia
Iniciadas em outubro de 2015, as obras do Hospital e Maternidade Maria Célia Câmara (Maternidade Oeste) estão em vias de acabamento. De acordo com a Prefeitura, o hospital está praticamente concluído e nos últimos retoques para ser entregue para a comunidade. A unidade de saúde está localizada na Avenida Gercina Borges Teixeira, com a Rua VC-32, no Conjunto Vera Cruz I, e conta com três andares e 179 leitos distribuídos em obstetrícia, ginecologia, pediatria, berçários, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, observação, emergência, recuperação pós-anestésica e parto normal.
  • Reforma do Cais Cândida de Morais
A obra de reforma e ampliação do Cais Cândida de Morais começou em 14 de outubro de 2019 e deve ser entregue no dia 15 de janeiro. O setor de urgência e emergência foi o primeiro a receber as mudanças. A unidade passará a contar com enfermarias masculina e feminina separadas, sala de isolamento, banheiros acessíveis, além de adequações tais quais troca de piso e reparos nas redes elétrica e hidráulica. Na ocasião do início da obra, surgiram críticas principalmente partindo do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás, o Sindsaúde/GO, que alegou que não houve repasse de informação para a população "sobre o local para onde os serviços prestados no Cais foram transferidos"
  • Reforma do CSF da Vila Mutirão
A reforma no Centro de Saúde da Família (CSF) da Vila Mutirão começou no dia 11 de outubro deste ano e foi concluída no dia 15 de dezembro. À reportagem, a gestora da unidade contou que muitos problemas que afetavam a estrutura do lugar foram resolvidos, como o esgoto, que costumava entupir; a iluminação, uma vez que a unidade tinha muitas lâmpadas queimadas e a pintura, que foi refeita. O Jornal Opção solicitou à assessoria da Prefeitura de Goiânia os orçamentos detalhados das reformas e construções das unidades de saúde aqui mencionadas, e aguarda um retorno.

Nome de Iris Rezende está a postos para ser lançado na próxima corrida eleitoral

Com a proximidade da eleição para a Prefeitura de Goiânia, o nome de Iris já ressoa como o principal nome do MDB goiano. Três pesquisas quantitativas às quais o Jornal Opção teve acesso dizem, em uníssono, que, se a eleição fosse hoje, Iris seria eleito com grandes chances de vitória no 1º turno. [caption id="attachment_228222" align="alignnone" width="533"] De olho em 2020, Iris Rezende aposta em sua marca registrada: obras de mobilidade urbana / Foto: Reprodução[/caption] Na modalidade espontânea da pesquisa Serpes, por exemplo, divulgada no início do mês, Iris, que conta com o apoio do governador Ronaldo Caiado (DEM), apareceu com 10,7% das intenções de voto, seguido por Vanderlan Cardoso, com 1,5%. Entretanto, o senador já deixou claro que pretende se lançar na disputa ao governo do Estado. l  

Além de ciência, cientistas têm de fazer comunicação

“Aqui neste país, Alice, você precisa correr o máximo que puder para permanecer no lugar.” Alice do Outro Lado do Espelho. 

[caption id="attachment_228201" align="alignnone" width="620"] Incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na zona norte da capital fluminense | Foto: Reprodução / EBC[/caption] A citação de Alice do Outro Lado do Espelho é também uma alegoria utilizada para explicar situações em que espécies concorrentes evoluem concomitantemente, de maneira que a competição se mantém estável. A teoria foi proposta em 1973 pelo biólogo evolutivo Leigh Van Valen e também pode ser vista como uma alegoria para a situação atual dos cientistas. Por mais que trabalhem, competem com um descrédito conspiratório que está sempre evoluindo; por mais que produzam conhecimento, lutam contra a instrumentalização de suas descobertas por um extremo do especto político. A revista Galileu, cujo foco é a popularização do conhecimento, publicou uma reportagem intitulada “O que trava a ciência no Brasil?” no saudoso ano de 2013. Nesta data, pela última vez na história, os repasses do governo às universidades federais coincidiram com o previsto. Além destes repasses via Ministério da Educação, mais 1,16% do PIB brasileiro foi investido em pesquisa e desenvolvimento tecnológico por meio do ministério Ciência, Tecnologia e Inovação, outro valor que nunca seria repetido. Em 2014, o orçamento repassado a universidades federais foi 87% do total prometido. Um ano depois, Joaquim Levy, o Ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff (PT), moveu R$ 122 bilhões para o pagamento dos juros da dívida pública – parte do dinheiro, contingenciado do repasse de verbas para a Educação Federal. Desde então, o orçamento empenhado com universidades nunca mais atingiu o orçamento previsto (que, aliás, é cada vez mais modesto), fazendo as universidades federais conviverem com crescente insegurança orçamentária. Além disso, a pasta do desenvolvimento científico foi aguada na de comunicação, resultando num Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.  Mas, voltando a 2013, quando a educação federal vinha em uma crescente, o jornalista Salvador Nogueira já havia notado problemas estruturais em nosso sistema de financiamento da pesquisa que não foram resolvidos nem com investimentos relativamente altos. Embora tenhamos atingido a 13ª posição no ranking mundial de produção científica em volume de artigos, o Brasil pontuou mal em rankings de inovação. Pior ainda, a incapacidade brasileira de cumprir compromissos internacionais deixou o Brasil fora de grandes programas que poderiam nos obrigar a investir em nossa pesquisa ainda hoje.  [caption id="attachment_228206" align="alignnone" width="620"]Ciência comunicação Então astronauta, agora ministro, Marcos Pontes quase foi prejudicado por governos que não quiseram honrar compromissos de mandatos passados | Foto: Reprodução / EBC[/caption] Já em 2007, por exemplo, o Brasil foi expulso do maior empreendimento científico da história, a International Space Station, pois deu um inexplicável calote de seis peças à estação espacial via Nasa no valor de US$ 120 milhões, apenas para "comprar bilhete de embarque" mais tarde para o astronauta Marcos Pontes embarcar pela russa Soyuz.  Hoje, existem esforços contrários, como o projeto de lei n° 2374, de 2019, de autoria do senador Romário (PODEMOS/RJ), que propõe: “eliminar a burocracia de importação de mercadorias destinadas à pesquisa científica e tecnológica através da criação, pelo CNPq, de um cadastro nacional de pesquisadores que teriam liberação imediata das mercadorias a eles destinadas”. A lei tramita há seis anos e está atualmente nas mãos do relator Senador Major Olímpio (PSL/SP).  Entretanto, nunca vivemos um momento de tamanho descrédito na ciência. Nunca houve tão pouca razão eleitoral para se aprovar o PL n° 2374. Desde ministros que duvidam do aquecimento global à ideólogos do presidente que creem que o sol gira em torno da Terra, passando pela antivacinação como uma posição ideológica, não faltam exemplos de que a negação da ciência se tornou um requisito para pertencer a um clube político. Conforme pesquisa publicada pela Folha mostra, maioria da população não sabe citar nome de cientistas nem onde se faz pesquisa no país. O que a maioria dos brasileiros não parece entender é que dar ouvidos à ciência não é apenas uma questão moral ou filosófica (embora também seja), mas também econômica. Como o Jornal Opção mostrou na reportagem, “Goiás tem grandes jazidas de elementos usados na indústria tecnológica – basta investir em pesquisa”, a vocação para commodities não levará este país muito longe no século XXI.  [caption id="attachment_228204" align="alignnone" width="620"]Ciência comunicação Daqui a vinte anos, não adiantará investir em educação porque teremos perdido esta porção da população jovem | Foto: Reprodução / EBC[/caption] A maioria dos minérios será empregada de maneiras que ainda não foram inventadas. O quilo da picanha pode estar mais valorizado que nunca, mas criadores de gado competirão com laboratórios de carne sintética ainda nesta década. Além disso, em minha conversa com o Edward Madureira, o reitor da Universidade Federal de Goiás chamou a atenção para um fato frequentemente negligenciado: investimento em educação tem data de validade.  A pirâmide etária está envelhecendo. “Daqui a vinte anos, não adiantará investir em educação porque teremos perdido esta porção da população jovem e não conseguiremos mais fazer a virada que o Brasil precisa”, disse Edward Madureira naquela entrevista. Atualmente, o Brasil tem 700 cientistas por milhão de habitantes. Israel tem 8.300. Os Estados Unidos tem 3.900.  Portanto, se resolvêssemos o que Salvador Nogueira, da Galileu, formulou no profícuo ano de 2013 como: “Nossos cientistas ainda passam por uma via-crúcis para trabalhar”, talvez resolvêssemos o problema da fuga de cérebros. Mas agora, seis anos depois, um Museu Nacional a menos, alguns conspiracionistas da Terra Plana a mais, fica claro que dependemos de muito mais do que investimentos financeiros. Além de ser científica, a ciência brasileira tem a missão de comunicar que não é de esquerda ou direita, que não está a serviço do Capital ou do globalismo imperialista; que é método e não narrativa; que é antídoto para o caos em um mundo cada vez mais complexo; que é o único instrumento que desfaz as tramas inventadas para instrumentalizar paixões políticas. A ciência precisa comunicar que é o único caminho conhecido para a nova década que se anuncia. 

Caiado consegue atravessar a crise fiscal e terá mais fôlego em 2020

Democrata teve de tomar medidas impopulares, mas termina o ano projetando um déficit 40% menor para o ano que vem em relação a 2019