Ponto de Partida

Senador Fernando Collor (PTB-AL) destaca sua absolvição, pelo Supremo Tribunal Federal, em processo no qual foi acusado dos crimes de peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica no período em que ele era presidente da República | Foto: Agência Senado
Cézar Santos


[caption id="attachment_56482" align="alignnone" width="620"] Ministro da Saúde, Marcelo Castro: fazedor de frases lamentáveis (Valter Campanato/Agência Brasil)[/caption]
Cézar Santos
Uma das piores pragas do nosso sistema político é o arranjo que prefeitos, governadores e presidentes fazem para abrigar aliados em postos-chave na administração pública. Ministérios, secretarias federais, estaduais e municipais, entre outros cargos importantes, são dados a quem não tem a mínima condição de ocupá-los. Tudo em nome da “governabilidade”.
Não é por outra razão que o ministério de Dilma Rousseff é um dos mais medíocres da história da República. É por essa razão que o governo Dilma Rousseff é um dos piores da nossa história. A inépcia da chefe está refletida na ruindade de seus auxiliares, cujo nível é de se lastimar.
Deu mostra dessa inaptidão para o importante cargo que ocupa Marcelo Castro, deputado federal pelo PMDB do Piauí, que está ministro da Saúde, para infortúnio dos brasileiros, principalmente do mais pobres, que dependem mais de boas políticas para a área.
Na quarta-feira, 13, Castro disse que torce para que mulheres sejam contaminadas com o vírus zika antes de atingirem a idade fértil, pois, desta forma, ficariam imunes à doença sem a necessidade da vacina.
“Não vamos vacinar 200 milhões de brasileiros. Vamos dar para as pessoas em período fértil. E vamos torcer para que mulheres antes de entrar no período fértil, peguem a zika, para ficarem imunizadas pelo próprio mosquito. Aí não precisa de vacina”, disse o ministro.
A afirmação foi feita durante o anúncio de pesquisas para a criação de uma vacina contra o zika ainda no primeiro semestre deste ano. O vírus está associado a mais de 3.500 casos de microcefalia em bebês em todo o País. O fato de o ministro ter dito a besteira em tom de brincadeira não é atenuante.
Marcelo Castro é metido a espirituoso. Acha-se trocadilhista, fazedor de frases de efeito. Mas ele mostra é ser mesmo um fazedor de frases asnáticas. Quando foi nomeado, em outubro, ao defender a recriação da CPMF disse que a população “não vai nem sentir” o impacto do novo tributo e que a sociedade estaria disposta a fazer esse “sacrifício” para ter mais qualidade na saúde.
Gênio!
Como se os brasileiros já não pagassem uma das mais absurdas cargas tributárias do mundo.
No mês seguinte, o trocadilhista do Piauí, ao ser questionado sobre os cuidados que devem ser adotados para gravidez em razão do aumento de casos de microcefalia no país, Marcelo Castro saiu-se com essa:
— Sexo é para amadores, gravidez é para profissionais.

[caption id="attachment_56057" align="alignnone" width="620"] Ator Paulo Betti: consciência de militante amortecida
Ator Otávio Augusto: resposta à proposta indecorosa[/caption]
Cézar Santos
Atores vivem no mundo da lua, pode-se dizer. Eles saem do mundo real para assumir outras personalidades que vivem na ficção. Tão melhor é o ator/atriz que consegue fazer essa fuga da forma mais perfeita. Mas, depois da novela, do filme e do teatro, é necessário a volta ao mundo real.
Há um outro problema com atores e intelectuais. Como têm a grande visibilidade proporcionado pela constante aparição na imprensa, alguns deles se tomam por importantes, acham-se a “consciência da raça”, para usar uma expressão meio batida. E desandam a opinar sobre tudo, na crença de que têm uma infabilidade que os torna especiais.
O ator global Paulo Betti, um petista de consciência e de carteirinha, é um desses seres que se acham iluminados. E, como tal, por ser “cheio de luz”, parece se recusar a voltar à realidade depois que interpreta seus papéis na TV e no cinema. Só uma mente no mundo da lua poderia fazer a proposta que ele fez.
A proposta de Betti foi no sentido de ajudar o governo de seu partido a superar o buraco fiscal. A sugestão, que repercutiu nas redes sociais, é inusitada: uma “vaquinha” para tapar o rombo. A proposta foi divulgada no blog de Ancelmo Gois, do jornal “O Globo”, no finalzinho de 2015, e gerou bastante polêmica.
Depois da divulgação da “vaquinha”, o ator tentou se explicar, “brincando meio a sério”, ao colunista: “cada um dá o que pode. Pessoas físicas ou jurídicas. Fazemos superávit. Unimos a nação. Recuperamos a confiança do mercado internacional. Como fiz campanha da Dilma, farei um depósito de valor bom! Creio que Chico Buarque e outros farão o mesmo. Nos livramos desse problema chato de caixa e vamos nos divertir com outras coisas”, afirmou.
Como se vê, uma proposta do “balacobaco”, como diziam os antigos. Como a maior parte desse rombo, estimado em 117 bilhões de reais (ou 2,03% do PIB) foi provocado por roubo, corrupção, propinagem, Paulo Betti quer que os brasileiros reponham o dinheiro que seus amigos petistas no governo surrupiaram.
Menos mal que outro ator reagiu à altura, provando que a ribalta não é ocupada apenas por idiotas. O também global Otávio Augusto apresentou uma contraproposta. “Que tal você usar toda a sua influência de eleitor e cabo eleitoral de Dilma para tentar convencer a turma do mensalão, da Lava-Jato, da Petrobrás, empreiteiras etc. a devolver o que surrupiaram do Estado e de nós? Penso que seria melhor do que fazer ‘vaquinhas’ e CPMFs para pagar com nossos salários estas roubalheiras”, questionou Augusto.
A resposta é perfeita.
Talvez Paulo Betti não tenha se dado conta. Mas o governo do PT dele já está tentando realizar essa vaquinha que ele sugere. O nome é CPMF.
Quem faz uma proposta dessa prova que a mente introjetou totalmente a corrupção e a má gestão que o PT vem cometendo nestes 13 anos. Para Paulo Betti, o roubo nem precisa ser explicado e muito menos investigado e os responsáveis punidos. O ator acha normal o rombo, daí sugerir a “vaquinha”, como a dizer “ah, sempre se roubou, não faz mal que o PT roube também”.
É esse o cidadão que se acha iluminado.
[caption id="attachment_56054" align="alignnone" width="620"] Lula da Silva se reúne com Dilma Rousseff e manda parar a briga entre Palácio do Planalto e PT para não piorar a crise | Foto Cristiano Mariz
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Cézar Santos
O agravamento da crise causada pelos últimos confrontos entre o Palácio do Planto e o PT fez o ex-presidente Lula da Silva entrar em campo. No início da semana passada, Lula se reuniu com a presidente Dilma Rousseff, além do ministro Jaques Wagner (Casa Civil) e o presidente do PT, Rui Falcão. Ele pediu que Planalto e partido diminuam as rusgas e evitem o enfrentamento público para que o mal-estar não contamine ainda mais a crise no País.
A entrada de Lula em cena se deu depois de uma entrevista de Wagner à “Folha de S.Paulo”, em que disse que o PT se lambuzou no poder ao reproduzir práticas da velha política, como o financiamento privado de campanhas eleitorais. Dirigentes petistas reagiram com irritação ao ministro. O ex-ministro da Justiça Tarso Genro — que parece acreditar ser a consciência moral do partido e, portanto, o único com estofo para fazer alguma autocrítica —, o presidente do PT-SP, Emidio de Souza, e outros dirigentes da sigla criticaram Wagner publicamente por sua fala.
Aliados até dizem que Lula sabe e estimula que o PT cobre o governo, principalmente por mudanças na política econômica, que também ele considera fundamentais para a recuperação da popularidade da presidente. Mas, raposa política como é, o ex-presidente não acha “construtivo” que integrantes do governo e do partido troquem farpas públicas.
O jornal registrou que Lula discutiu com Dilma possíveis mudanças na política econômica do governo que, segundo ele, precisam contar com a baixa dos juros para estimular a linha de crédito para investimentos e priorizar a construção civil, para geração de empregos.
Lula foi um dos principais entusiastas da substituição do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, a quem responsabilizava por fazer apenas acenos ao mercado. Lula queria Henrique Meirelles no cargo, mas acabou concordando com a nomeação de Nelson Barbosa, que estava no Planejamento.
A cúpula petista defende uma “guinada à esquerda” da política econômica de Dilma, mas tem reclamado nos bastidores de que a presidente está “enrolando”. Os dirigentes acreditam que Dilma vai continuar bancando uma política de aceno ao mercado. Eles têm criticado a reforma da Previdência proposta por Barbosa e defendida pelo governo. Por sinal, nos últimos dias, Dilma pessoalmente vocalizou apoio à bandeira do aumento da idade mínima para aposentadoria.

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