Ponto de Partida

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Aprofundamento da crise econômica assusta

[caption id="attachment_60736" align="aligncenter" width="620"]Presidente Dilma Rousseff | Foto: Lula Marques/Agência PT Presidente Dilma Rousseff | Foto: Lula Marques/Agência PT[/caption] A equipe econômica de Dilma Rousseff teme que se instale um quadro de quebradeira geral de em­presas brasileiras, o que já começou a ocorrer, na verdade. A coluna Pai­nel, da “Folha”, de sexta-feira, 8, pu­blicou que uma das maiores preocupações seria a dívida das companhias nacionais no exterior, que chegaria a R$ 500 bilhões com vencimento até 2020. Num quadro de descrédito internacional do país, elas dificilmente conseguiriam renová-la. Ou fariam isso a um custo muito alto. Também acenderam o alerta máximo as provisões de grandes instituições financeiras, como Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa e San­tander, que separaram R$ 148 bi­lhões em seus balanços para fazer frente a eventuais calotes de empresas. E o pior é que na avaliação do governo, a crise pode se agravar com ou sem impeachment. A vitória de Dilma Rousseff não seria suficiente para devolver a ela credibilidade e liderança. Michel Temer, ao lado de companhias como o deputado Eduardo Cunha e o senador Romero Jucá, já entraria em campo com capital político em corrosão. Com isso, a equipe econômica procura alternativas para a superação da crise. A primeira seria a abertura de linha de crédito, com recursos do compulsório dos bancos, para que as empresas recomprassem os papéis das dívidas que têm lá fora. A segunda, afrouxar regras para que os bancos renegociem as dívidas que elas têm com eles no Brasil. Uma terceira proposta seria destravar financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que teria se tornado extremamente conservador após a Operação Lava Jato. Lojas fechadas A verdade é que a crise se agrava na anomia do governo, que há anos se mostra incapaz de ditar política econômica. Com isso, o consumo cai, o desemprego aumenta, a arrecadação retrai. Na semana passada, o jornal Estadão publicou reportagem mostrando que novos shoppings abertos no País têm quase metade das lojas fechadas. Em empreendimentos inaugurados nos últimos três anos, o porcentual de lojas ociosas chega a 45% — no Centro-Oeste, é de 53%, revela o estudo do Ibope Inteligência. Em centros comerciais mais antigos a taxa é de 9,1%, o dobro da média histórica. A expansão descontrolada no setor e, principalmente, a crise econômica, levaram a essa situação. São os shoppings “fantasmas”, com praças de alimentação vazias e tapumes no lugar de vitrines — no Shopping Bougainville, em Goiânia, várias lojas foram fechadas; as vitrines “fantasmas” são enfeitadas com mercadorias de outras lojas para dar a impressão de normalidade. Se considerados todos os 498 shoppings centers em operação, o número de unidades vagas chega a 12,2 mil. Esses pontos comerciais ociosos somam área de 1,7 milhão de metros quadrados. Levantamento do Ibope Inteli­gência em parceria com a Associa­ção dos Lojistas de Shoppings (Alshop) registra que o número de lojas vagas nos shoppings brasileiros atingiu neste ano níveis recordes e já faz empreendedores reduzirem o aluguel e até deixarem de cobrar a locação para segurar o lojista. Cada loja que se fecha, obviamente, trabalhadores ficam desempregados.

A mistura indigesta de mensalão, assassinato e empréstimo fajuto para pagar dívida do PT

O goiano Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, é um dos alvos da nova fase da Operação Lava Jato

Governo Dilma acabou de acabar

Ao tentar pôr Lula no Palácio para que ele articulasse o abafa-impeachment, a presidente assumiu o Ministério do Nada [caption id="attachment_62149" align="alignright" width="620"]Dilma Rousseff e Lula da Silva: jogada para pôr o ex-presidente num ministério não deu certo, e o impeachment se aproxima cada dia mais Dilma Rousseff e Lula da Silva: jogada para pôr o ex-presidente num ministério não deu certo, e o impeachment se aproxima cada dia mais[/caption] Dilma Rousseff não é mais presidente do Brasil. Se formalmente ela não deixou o cargo, efetivamente já o fez desde que fez um convite para Lula da Silva assumir um ministério à escolha dele. O plano vinha sendo cogitado há algum tempo e ganhou força desde a sugestão do cientista político Alberto Carlos Almeida, conforme gravação grampeada e posta ao público há alguns dias (ver abaixo). A decisão não foi fácil. Dilma, Lula e o PT sabiam que haveria reação tanto da população quanto da força-tarefa que está investigando a avalanche de corrupção que suja o Brasil. Nomear no ministério um investigado pelo Justiça é uma afronta à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. Mas eles resolveram apostar. E perderam. Desde que a posse foi anunciada, grupos começaram a se manifestar em várias cidades, especialmente em Brasília. Mas no desespero de causa a decisão foi tomada e Lula quase assumiu a Casa Civil, o que só não aconteceu por que houve ações na Justiça. Lula no ministério foi mais um ato desesperado e errado de Dilma Rousseff, que dessa forma entregou de vez o governo ao seu mentor. Dilma saiu do governo e assumiu a condição de inação que lhe é característica. Dilma tornou-se titular do, digamos assim, Minis­tério do Nada. Ela é a 40ª ministra do próprio governo. A presidente já não se preocupa mais com sua biografia, o que antes ela dava mostras de querer preservar, pelo menos em parte. Ela sabe que se Lula for preso, seu mandato também vai por água abaixo. Com o ex-presidente dentro do governo, ele ganharia uma poderosa estrutura oficial para negociar com parlamentares da desmilinguida base governista a derrubada do impeachment, cuja admissibilidade começou a ser votada na comissão especial da Câmara. Nesse departamento, a situação da petista está indo de mal a pior. A população cobra dos parlamentares uma posição clara em relação ao impeachment. A colunista Vera Magalhães, da coluna Radar Online, divulgou que a oposição começou a fazer uma espécie de recadastramento, Estado por Estado, das intenções de votos dos deputados no processo de impeachment. Isso porque alguns deles, que eram governistas e hoje votam pela derrubada de Dilma Rousseff, ainda aparecem em listas que circulam em redes sociais como favoráveis à manutenção do governo. Movimentos contrários à presidente têm bombardeado essas listas nas redes sociais. Os deputados “vira-casaca” querem sair da linha de tiro e ter seus votos atualizados nas listas como favoráveis à deposição da presidente. É a tal história, quem depende de votos tem medo de eleitor zangado. O papel a ser jogado pelo ex-presidente no desarmamento do impeachment é fundamental. Mesmo sem poder tomar posse como ministro, ele começou a cumprir a missão de fazer a articulação política do governo, conforme a escalação de Dilma. Reportagem do “Valor” informa que Lula se reuniu na semana passada com parlamentares do PT e de partidos aliados para “sintonizar” sua atuação com o “exército” do governo no Con­gresso, em “conversas de companheiros”, na definição de um dos presentes a um dos encontros. Um parlamentar petista disse que já que ele, Lula, está sendo convocado para ser articulador do governo, ele quer estar em sintonia com as bancadas, lembrando que o ex-presidente tem procurado lideranças políticas de outros partidos como o PMDB, que debate a possibilidade de desembarcar do governo Dilma Rousseff. O PMDB, por sinal, já começou a desmobilizar seu apoio ao governo, com vários diretórios estaduais, incluindo o de Goiás, tendo decidido pelo rompimento. Talvez o mais governista PMDB, o do Rio, também resolveu, na terça-feira, 22, que votará no diretório nacional do partido, pelo desembarque do governo da presidente Dilma Rousseff. A decisão já foi tomada e até comunicada ao vice-presidente Michel Temer, na quarta-feira, 23. Além de votar pela saída do governo, o grupo do Rio vai também aproveitar a ocasião e entregar os cargos que mantém no governo federal. Alguns peemedebistas mais governistas querem manter a aliança com o PT, e os cargos, mas o vice-presidente Michel Temer, que é presidente nacional da sigla, resistiu a novos apelos dessa turma no início da semana passada, e manteve a reunião marcada para esta terça-feira, 29, para decidir se o partido sai já do governo. Temer consultou um grupo de deputados, mas a maioria opinou pela manutenção da reunião, sob pena de o partido se desmoralizar. Os oposicionistas argumentaram que vários partidos da base já estão abandonando Dilma Rousseff. O vice-presidente lembrou aos governistas que vinha dando prazo ao governo, mas Dilma atropelou a decisão do PMDB de não aceitar novos cargos ao nomear Mauro Lopes para a Aviação, o que precipitou a decisão sobre o rompimento definitivo. Da parte de Lula, além de articulações com seus auxiliares no Congresso para evitar o pedido de impeachment da presidente Dilma pela Câmara, ele está preocupado também com as tentativas de impedir sua nomeação para a Casa Civil, atualmente suspensa pela Justiça. De acordo com relatos, Lula não está irritado com a circunstância política atual, mas “energizado para agir”, apesar de “muito gripado e detonado”. “Já que ele foi chamado para salvar o governo, ele está querendo trabalhar coletivamente”, disse um aliado de Lula, conforme o “Valor”. “A luta não é nem para ele ser a todo custo nomeado ministro, mas para que a presidente tenha assegurado o direito de nomear sua equipe. Ela não pode nomear sua equipe? O juízo está exorbitando ao proibir que uma presidente eleita democraticamente possa montar sua equipe”, disse esse aliado de Lula. Nessa altura, ninguém em sã consciência tem dúvida de que as campanhas de Dilma Rousseff foram financiadas com dinheiro desviado da Petrobrás. Dilma sabe que apenas Lula tem condições – que se vão minguando cada vez mais a cada dia que passa e que vem à tona novas informações sobre o escândalo relatadas por delatores premiados – de negociar no varejo do Congresso a derrubada do impeachment.

Das análises pseudoisentas aos maus conselhos

[caption id="attachment_62150" align="alignright" width="344"]Cientista político Alberto Carlos Almeida: “Vai, Lula, ser ministro, porra” Cientista político Alberto Carlos Almeida: “Vai, Lula, ser ministro, porra”[/caption] Quem leu com um pouquinho de atenção os artigos escritos à profusão em vários grandes veículos de comunicação, pelo cientista político Alberto Carlos Almeida, nos últimos anos, não tem dúvida. São peças de propaganda do lulopetismo. Em meio a análises aparentemente profundas, as louvaminhas aos feitos do governo de 2003 para cá são óbvias, embora na maioria das vezes misturadas a gráficos e números, o que torna a coisa ainda mais isenta e técnica, na aparência. Agora, os brasileiros puderam finalmente saber porque Alberto Carlos Almeida escrevia assim. Ele é conselheiro do lulopetismo, conforme ficou demonstrado numa ligação de cinco minutos e quinze segundos no dia 8 de março. A conversa do cientista político com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é esclarecedora. O áudio foi gravado na operação Lava Jato. Lula fala pouco, praticamente só ouve. Na conversa gravada pela Polícia Federal, Almeida fazia uma avaliação incisiva da situação jurídica de Lula diante da acusação recente de que as “palestras” ministradas por ele foram pagas com dinheiro desviado da Petrobrás por empreiteiras. “Eles já te condenaram. Não tem defesa jurídica que salve. É uma decisão individual do cara de Curitiba (o juiz Sergio Moro)... Quando toma a decisão, acabou. É uma guerra política. O cara lá, o juiz, é um tucano. Formação, Opus Dei... Está na mão dele, da cabeça dele. Vai que ele é maluco o suficiente para tomar uma decisão nessa direção”. Lula permanece em silêncio, continua atento à fala do conselheiro. Almeida então sugere o que diz considerar ser a única saída para Lula: “Você tem uma coisa na sua mão hoje. É ministério. Usa, caralho. Vai ter porrada? Vão criticar? E daí? Aí você resolve um outro problema. Que é o da governabilidade. Você e Dilma dependem um do outro, cacete”. Almeida afirma na ligação que fez o que chama de “balão de ensaio” com seus clientes. Na hipótese testada, Lula seria o novo ministro do governo e Antonio Palocci assumiria a Fazenda. “Os caras começaram a me ligar. ‘Vai acontecer isso?’. Cara, acaba a crise. Põe o mercado no bolso e faz o que tem de ser feito. Só o PT tem isso. Os dois quadros que acabam a crise. Vai fazer o quê? Que arranjo vocês estão esperando?”, diz Almeida. Lula se mantém reticente. “Não tô esperando nenhum arranjo, não. Para mim essa hipótese é muito difícil. Na verdade, ela (a presidente Dilma Rousseff) até já ofereceu. Mas eu vou ter conversas hoje. Depois te ligo”, afirma Lula. Diretor do Instituto Análise, autor de vários livros que analisam a política e o eleitorado brasileiro, Alberto Carlos Almeida tornou-se uma espécie de guru para vários candidatos, aconselhando estratégias e fornecendo base de dados para campanhas eleitorais. Sabemos agora, ele também é um mau conselheiro, além de boca-suja.

O desespero para ter 172 deputados

O número 172 virou uma obsessão para a presidente Dilma Rousseff. Esse é o número de deputados que ela precisa para barrar o impeachment na Câmara dos Deputados. Para isso, o governo iniciou ofensiva para mapear o real apoio nos partidos da base aliada. O “Valor” noticiou que a presidente passou a Semana Santa recebendo presidentes e líderes governistas para pedir apoio, medir o número de dissidentes e prometer atender as demandas de cada partido. Um dos primeiros movimentos foi demitir o deputado George Hilton (Pros-MG) do Ministério do Esporte na quarta-feira, 23. Hilton estava na cota do PRB, que rompeu com o governo na semana passada e se declarou independente, sem anunciar ainda posição sobre o impeachment. Apegado ao cargo, Hilton migrou para o Pros para ficar na "cota pessoal" de Dilma. O problema é que Hilton não garantia nem os votos do Pros -- dos seis deputados, quatro são a favor da saída de Dilma -- e ainda poderia levar o PRB a fechar questão pelo impeachment. O Planalto trabalha para que o partido libere seus 22 deputados para votar como quiserem. Dilma deve colocar um interino ligado ao PCdoB na Pasta até o impeachment e os secretários indicados pelo PRB serão mantidos. Caso o impeachment seja debelado, a sinalização era de que o partido poderia ser reincorporado à vaga. O governo está mapeando o papel e número de votos que outros ministros garantem contra o impeachment. A ideia, afirma um governista, é manter só quem tem apoio partidário e respaldo dos parlamentares. Um dos nomes sob lupa é do ministro do Turismo, Henrique Alves (PMDB), indicado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB). O Planalto avalia que não vale manter um ministro pela ligação com Temer e Cunha, cada vez mais distantes do governo, e que Alves, embora ex-líder do partido e presidente da Câmara, não tem influência entre os deputados da atual legislatura. Até o primo dele, o deputado Walter Alves (PMDB-RN), já se declarou favorável ao rompimento e ao impeachment. "Mas o Henrique é presidente do PMDB no Rio Grande do Norte e tem trabalhado para evitar que o partido aprove o rompimento na reunião do diretório nacional [dia 29]", pondera um governista. "Todos os movimentos nos próximos 15 ou 30 dias são muito sensíveis e terão que ser medidos com todas as suas consequências." Conforme o “Valor”, a avaliação do ministério e as conversas com os partidos avançariam durante o feriado. Dilma, ao lado do ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, tenta consolidar uma base sólida de apoio. Já conversou com PSD, PP e PMDB. Nesta semana, terá conversas com PDT, PR e PCdoB. Segundo apurou o jornal, nestes diálogos, a presidente pede que os dirigentes “falem a verdade” sobre quantos votos seriam contrários ao impeachment. Os números apresentados, contudo, são diferentes dos comentados nos corredores da Câmara. O PP diz ter 20 votos a favor do governo, mas pepistas afirmam que há, no máximo, 10. No PSD, a conta oficial é de que há empate entre os contrários e os favoráveis, mas a maioria está indecisa. Um dos principais líderes da legenda afiança, porém, que 70% da bancada votaria pela troca de governo. O PMDB garante a Dilma de 15 a 20 votos dos 69 possíveis. Três pessoas que participaram das conversas afirmam que não há sugestão de cargos, pagamento de emendas ou outras ofertas que não possam ser comentadas em locais públicos, embora a oposição esteja acusando o governo de “operar” no varejo para cooptar parlamentares.

Lava Jato passa a limpo o Brasil

Operação completou dois anos na semana passada, com saldo de 93 condenações e R$ 2,9 bilhões recuperados aos cofres públicos [caption id="attachment_33665" align="aligncenter" width="620"]Sérgio Moro: no encalço dos corruptos, juiz federal vira alvo de campanha difamatória dos petistas | Foto: Fabio Pozzebom / Fotos Públicas Sérgio Moro: no encalço dos corruptos, juiz federal vira alvo de campanha difamatória dos petistas | Foto: Fabio Pozzebom / Fotos Públicas[/caption] Na quinta-feira, 17, a operação Lava Jato fez aniversário de dois anos. Não é unanimidade, claro. Não gostam dela os que estão sob investigação, correndo o risco de serem condenados, e mais um monte de gente que já foi condenada. Também não gosta dela — e aí é impressionante — o governo federal do PT. Impressionante porque era justamente o PT, antes de tomar o poder, que vivia gritando por punição aos corruptos. No poder, com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigando corrupção, o PT caiu na rede. Já há petistas presos e outros na iminência de prisão, como o ex-presidente Lula da Silva. A Operação Lava Jato é um marco na história do Brasil. No trabalho destaca-se o juiz federal do Paraná Sérgio Moro. Ele não é um herói solitário. A ação da Lava Jato tem dezenas de delegados e agentes da PF, promotores e juízes. Não por acaso, Moro é alvo da fúria dos petistas, que promovem uma sórdida campanha de desqualificação, com deslavadas mentiras sobre sua atividade profissional e vida pessoal. No dia do aniversário da Ope­ração Lava Jato, o G1 Paraná publicou uma extensa reportagem com o ba­lanço da maior investigação realizada no País. Os números são im­pressionantes, como 990 anos em penas acumuladas, 134 mandados de prisão expedidos, 93 condenações criminais e R$ 2,9 bilhões recuperados para os cofres públicos. Segue um resumo. As investigações começaram em um posto de gasolina de Brasília e chegaram à Praça dos Três Poderes, também em Brasília. Doleiros, operadores financeiros, deputados, senadores e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva integram a lista de investigados. A operação também já investigou empresas com atuação no Brasil e no exterior e seus executivos, além de ex-diretores da Petrobrás. As condenações mais recentes ocorreram no dia 8 de março, quando executivos e ex-funcionários da maior empreiteira do Brasil, a Ode­brecht, foram considerados culpados por crimes como corrupção, organização criminosa e lavagem de di­nhei­ro. Presidente afastado da empresa, Marcelo Odebrecht foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão. As investigações da Lava Jato são divididas em três etapas. A primeira delas apurou crimes financeiros praticados por organizações criminosas lideradas por doleiros. Na sequência o foco esteve em atos de corrupção e lavagem de di­nheiro praticados no âmbito da Petrobrás. As propinas pagas no esquema somam, pelo menos, R$ 6,2 bilhões. Na fase atual, as investigações focam outros órgãos públicos federais, como o Ministério do Planejamento, Eletronuclear e Caixa Econômica Federal. Na 24ª fase da operação, os procuradores apontaram suspeitas de irregularidades em pagamentos feitos para o Instituto Lula e uma empresa de palestras do ex-presidente. Também foram levantadas suspeitas de que um sítio em Atibaia (SP) e um tríplex no Gua­rujá, no litoral paulista, são propriedades de Lula, mas no nome de laranjas. A nomeação de Lula como ministro chefe da Casa Civil foi claramente uma manobra para dar foro privilegiado ao ex-presidente. As investigações sobre Lula devem sair da primeira instância e passarem à competência da Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável pelos casos que envolvem autoridades com foro privilegiado. Os prejuízos estimados com o esquema de corrupção, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), chegam a R$ 29 bilhões. A Polícia Federal (PF), no entanto, estima que esse valor pode chegar a R$ 42 bilhões. A força-tarefa já pediu o ressarcimento de R$ 21,8 bilhões. Deste montante, foi recuperado até o momento R$ 2,9 bilhões, sendo que réus de processos criminais tiveram R$ 2,4 bilhões em bens bloqueados. Trinta e sete ações penais foram propostas contra 179 pessoas, além de 6 ações de improbidade administrativa contra 49 pessoas - 33 físicas e 16 jurídicas. As 93 condenações criminais, incluindo casos de pessoas condenadas mais de uma vez, somam 990 anos e sete meses de prisão. Nas investigações foram executados 484 mandados de busca e apreensão, 117 de condução coercitiva e 134 de prisão - destes são 64 preventivas e 70 temporárias. Segundo o MPF, 8% dos 179 acusados estão presos preventivamente, e 3% deles estão presos ainda sem condenação. Os acordos de delação premiada foram um dos mecanismos que contribuiu para o avanço das investigações da Lava Jato. Já foram firmados 49 desses acordos, sendo 5 com pessoas jurídicas e 44 com pessoas físicas - deste total, 40 são públicos e os demais são sigilosos. Dois terços destes acordos foram feitos com os colaboradores soltos. Também contribuíram para as investigações os acordos de cooperação internacional, possibilitando a obtenção de provas, bloqueio e repatriação de recursos. Foram 97 pedidos de cooperação ativos para 28 países, e mais 11 passivos com 11 países.

Presos preventivamente: Marcelo Bahia Odebrecht, Márcio Faria da Silva, Rogério Santos de Araújo, José Dirceu de Oliveira e Silva, José Carlos Costa Marques Bumlai, Renato de Souza Duque, Jorge Luiz Zelada, Pedro da Silva Correa de Oliveira Andrade Neto, André Luiz Vargas Ilário, João Augusto Rezende Henriques, João Luiz Argolo dos Santos, João Vaccari Neto, Iara Galdino da Silva e Nelma Mitsue Penasso Kodama.Delatores da Lava Jato: São delatores da Lava Jato: Paulo Roberto Costa, Shanni Azevedo Costa Bachmann, Marici da Silva Azevedo Costa, Márcio Lewcowicz, Humberto Sampaio de Mesquita, Arianna Azevedo Costa Bachmann, Luccas Pace Júnior, Alberto Youssef, Júlio Camargo, Augusto Ribeiro de Mendonça, Pedro Barusco, Rafael Ângulo Lopez, Shinko Nakandakari, Luis Fernando Nakandakari, Fernanda Nakandakari, Eduardo Leite, Dalton Avancini, João Procópio e Maria Cristina Mazzei, Ricardo Pessoa, Rodrigo Morales, Roberto Trombeta, Milton Pascowitch, José Adolfo Pascowitch, Hamylton Padilha, Mário Góes, Victor Colavitti, Eduardo Musa, João Carlos de Medeiros Ferraz, Fernando Horneaux de Moura, Fernando Soares, Ricardo Pernambuco, Ricardo Pernambuco Júnior, Alexandre Romano, João Bernardi Filho, Salim Schahin, Agosthilde Mônaco de Carvalho, Nestor Cerveró, Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, além das empresas SOG Óleo e Gás e a Camargo Corrêa.

Petrobrás já recuperou R$ 230 milhões

Em nota à imprensa, a Petrobrás divulgou que vem adotando medidas jurídicas contra pessoas jurídicas e físicas que causaram danos financeiros e à imagem da empresa. Estas ações estão sendo alinhadas com as autoridades públicas para maior efetividade. Segundo a empresa, a companhia recuperou R$ 230 milhões por meio dos acordos de colaboração premiada de pessoas físicas com o Ministério Público Federal (MPF). A área de Governança também reforçou os treinamentos de compliance para os integrantes do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva da Petrobras, além de gerentes executivos e de presidentes de outras subsidiárias. Até o fim de 2016, a meta é treinar 100% dos empregados da Petrobras por diversos meios, inclusive e-learning. Também foram implementadas mudanças no Conselho de Administração, incluindo os novos Comitês de Assessora­mento do Conselho de Admi­nistração. A Petrobras implantou um novo Canal de Denúncia independente, além de redefinir o processo de escolha do Auditor e do Ouvidor Geral.

A voz rouca das ruas mete medo

Tamanho das manifestações deste domingo pode selar definitivamente o fim de um governo que na prática já acabou há meses

O governo erra cada vez mais

Nomeação de um ministro que não poderia ocupar o cargo mostra que se aprofunda a fragilidade política da gestão de Dilma Rousseff

O marqueteiro da corrupção

João Santana diz não saber a origem de pelo menos US$ 7,5 milhões —cerca de R$ 30 milhões – que foram depositados em sua conta

Lula não depõe porque não dá conta de se defender

Manobra para não ter de prestar depoimento a promotor indica que o ex-presidente não tem respostas para as perguntas que lhe serão feitas

36 anos e se tornou sinônimo de corrupção

Lula chama de “adversidades” os escândalos que ele e o PT vêm protagonizando há anos, como o mensalão e os investigados nas Operações Lava Jato e Zelotes

Se Lula for preso, como seria sua candidatura em 2018?

Enrolado em casos de corrupção, possibilidade de o ex-presidente ir para a cadeia aumenta a cada dia

PSDB contra PMDB: é esse o quadro

Haverá bons candidatos de outros partidos, claro, mas a configuração política vai apontando para uma polarização entre as duas maiores siglas na disputa pela Prefeitura de Goiânia

Dilma foge da realidade mais uma vez

Ao se dizer “estarrecida” com relatório do FMI sobre o Brasil, presidente finge não saber que o governo dela é que empurra a economia para o abismo

Lula está com medo de ser preso

Ex-presidente vê o cerco se apertar nas investigações da Lava Jato e contrata advogado criminalista para reforçar sua defesa

“BR Distribuidora foi loteada entre Collor e PT”

Senador Fernando Collor (PTB-AL) destaca sua absolvição, pelo Supremo Tribunal Federal, em processo no qual foi acusado dos crimes de peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica no período em que ele era presidente da República Senador Fernando Collor (PTB-AL) destaca sua absolvição, pelo Supremo Tribunal Federal, em processo no qual foi acusado dos crimes de peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica no período em que ele era presidente da República | Foto: Agência Senado Cézar Santos

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse na semana passada que Lula da Silva, em seu governo, deu ao senador Fernando Collor (PTB-AL) “ascendência” sobre a BR Distribuidora, subsidiária da Petro­brás, por volta de 2009, “em troca de apoio político à base governista no Congresso Nacional”. A ser verdade, lembra a arquitetura do mensalão, o esquema que José Dirceu montou para compra apoio de parlamentares no primeiro governo de Lula. Segundo Janot, na BR Distribui­dora, foi criada ao menos entre 2010 e 2014 “uma organização criminosa preordenada principalmente ao desvio de recursos públicos em proveito particular, à corrupção de agentes públicos e à lavagem de dinheiro”. Noticiou a “Folha” que as afirmações de Janot integram a denúncia protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado federal Vander Loubet (PT-MS). O caso está sob análise do ministro Teori Zavascki, que deve decidir, sem prazo, se acolhe ou rejeita a denúncia. Lula não é alvo da acusação da Procuradoria. O jornal registra que Janot não descreveu a origem de sua conclusão sobre o papel de Lula na distribuição de cargos da BR, mas o ex-diretor da Petrobrás e da BR Nestor Cerveró disse em delação premiada que Lula havia “concedido influência política” sobre a BR a Collor. Na denúncia, o procurador-geral escreveu que Collor nomeou os responsáveis pela diretoria de Rede de Postos de Serviços da BR, Luiz Claudio Caseira Sanches, e pela diretoria de Operações e Logística, José Zonis. Segundo Janot, as duas diretorias ocupadas por indicados de Collor “serviram de base para o pa­ga­mento de propina ao parlamentar”. O procurador também afirmou que quando “parte da BR foi entregue ao senador” Collor, a Presidência era ocupada por Lula, e por isso outra parte da estatal foi “reservada” ao PT, que indicou Cerveró para a diretoria financeira e serviços. A Procuradoria já denunciou Collor ao STF pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, inclusive, por suspeita de desvios na BR. De acordo com os investigadores, o grupo do ex-senador teria recebido R$ 26 milhões em suposta propina do esquema de corrupção. Na reportagem da “Folha”, o Instituto Lula afirmou rebate que Lula tenha sido responsável pela indicação do ex-diretor da Pe­trobrás Nestor Cerveró a uma diretoria da BR Distribuidora e que nunca tratou “com qualquer pessoa sobre supostos empréstimos ao PT”. Sobre as afirmações de Janot em denúncia contra o deputado Vander Loubet (PT-MS), o instituto informou que não iria se manifestar. A defesa de Fernando Collor informou que são “falsas” as acusações de que usou influência política para obter vantagem da BR Dis­tribuidora. Afirmou que suas relações “com instituições públicas sempre se deram exclusivamente em caráter institucional, no desempenho da função de senador da República e na defesa dos interesses do Estado de Alagoas, tudo no legítimo exercício da representação parlamentar”. [caption id="attachment_56490" align="alignnone" width="620"]Nestor Cerveró diz que foi nomeado por Lula num esquema que Rodrigo Janot denuncia no Supremo Tribunal Federal como formação de organização criminosa | Fotos: Lula Marques/Agência Brasil e Wilson Dias/Agência Brasil Nestor Cerveró diz que foi nomeado por Lula num esquema que Rodrigo Janot denuncia no Supremo Tribunal Federal como formação de organização criminosa | Fotos: Lula Marques/Agência Brasil e Wilson Dias/Agência Brasil[/caption] Negócio bom A propósito, a jornalista Eliane Cantanhêde abre seu artigo no jornal “Es­ta­dão”, na sexta-feira, 15, com a seguinte frase: “Pre­cisa-se criar, urgentemente, uma comissão multidisciplinar, com policiais, procuradores, advogados, cientistas políticos, economistas, matemáticos, gestores públicos e, claro, psiquiatras, para a sociedade brasileira tentar entender a incrível relação entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.” Vem o segundo parágrafo: “Em 28 de junho, perguntou-se exatamente neste espaço por que raios a UTC teria doado R$ 20 milhões para Collor, duas décadas depois do impeachment. Afora o detalhe de que foi mais ainda que R$ 20 milhões, a nova pergunta é por que diabos Lula teria dado de presente para Collor uma estatal preciosa como a BR Distribuidora. Nem Freud explica.” Na sequência, Cantanhêde registra: “Collor é de Alagoas, Estado pequeno com apenas nove dos 513 deputados federais, e é do PTB, partido que é o oitavo da Câmara, tinha 18 deputados em 2014 e elegeu 25. Detalhe: nenhum dos eleitos por Alagoas é do partido. En­tão, fica difícil compre­ender, com base na po­lítica e na aritmética, o que Lula tanto pretendia lucrar ao entregar a BR para Collor. Certamente, não eram votos no Congresso, ou só votos no Congresso”. Alguns parágrafos adiante: “Há, portanto, algum motivo para o presente de Lula para Cerveró, mas nada explica, à luz do dia e da lógica, que ele tenha jogado a subsidiária da Petrobrás no colo de Collor (sem trocadilho, por favor). É um mistério.” Eliane não é ingênua e é sabedora de que não há mistério. Quem conhece Lula e Collor sabe que os dois não fazem nada que não seja bom. Para eles.

Ministro “sem noção” torce para meninas contraírem zika

[caption id="attachment_56482" align="alignnone" width="620"]Ministro da Saúde, Marcelo Castro: fazedor de frases lamentáveis (Valter Campanato/Agência Brasil) Ministro da Saúde, Marcelo Castro: fazedor de frases lamentáveis (Valter Campanato/Agência Brasil)[/caption] Cézar Santos Uma das piores pragas do nosso sistema político é o arranjo que prefeitos, governadores e presidentes fazem para abrigar aliados em postos-chave na administração pública. Ministérios, secretarias federais, estaduais e municipais, entre outros cargos importantes, são dados a quem não tem a mínima condição de ocupá-los. Tudo em nome da “governabilidade”. Não é por outra razão que o ministério de Dilma Rousseff é um dos mais medíocres da história da República. É por essa razão que o governo Dilma Rousseff é um dos piores da nossa história. A inépcia da chefe está refletida na ruindade de seus auxiliares, cujo nível é de se lastimar. Deu mostra dessa inaptidão para o importante cargo que ocupa Marcelo Castro, deputado federal pelo PMDB do Piauí, que está ministro da Saúde, para infortúnio dos brasileiros, principalmente do mais pobres, que dependem mais de boas políticas para a área. Na quarta-feira, 13, Castro disse que torce para que mulheres sejam contaminadas com o vírus zika antes de atingirem a idade fértil, pois, desta forma, ficariam imunes à doença sem a necessidade da vacina. “Não vamos vacinar 200 milhões de brasileiros. Vamos dar para as pessoas em período fértil. E vamos torcer para que mulheres antes de entrar no período fértil, peguem a zika, para ficarem imunizadas pelo próprio mosquito. Aí não precisa de vacina”, disse o ministro. A afirmação foi feita durante o anúncio de pesquisas para a criação de uma vacina contra o zika ainda no primeiro semestre deste ano. O vírus está associado a mais de 3.500 casos de microcefalia em bebês em todo o País. O fato de o ministro ter dito a besteira em tom de brincadeira não é atenuante. Marcelo Castro é metido a espirituoso. Acha-se trocadilhista, fazedor de frases de efeito. Mas ele mostra é ser mesmo um fazedor de frases asnáticas. Quando foi nomeado, em outubro, ao defender a recriação da CPMF disse que a população “não vai nem sentir” o impacto do novo tributo e que a sociedade estaria disposta a fazer esse “sacrifício” para ter mais qualidade na saúde. Gênio! Como se os brasileiros já não pagassem uma das mais absurdas cargas tributárias do mundo. No mês seguinte, o trocadilhista do Piauí, ao ser questionado sobre os cuidados que devem ser adotados para gravidez em razão do aumento de casos de microcefalia no país, Marcelo Castro saiu-se com essa: — Sexo é para amadores, gravidez é para profissionais.