Por Rodrigo Hirose

Encontramos 349 resultados
Sem resolver a crise fiscal, governo Caiado tem dificuldade para imprimir estilo próprio

Após sete meses de mandato, gestão do democrata ainda não encontrou caminhos para superar os problemas financeiros e decolar

Goiás tem a segunda pior geração de emprego desde 2004

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados mostram que o Estado criou 2.077 vagas em junho, acima apenas do mesmo mês de 2015

Ao invadir celular de Bolsonaro, hacker ameaça a segurança nacional

Ministério da Justiça revela que, além do ministro Sergio Moro, o presidente também teve o smartphone invadido

O maior pecado de Tabata Amaral é não seguir cegamente a cartilha ideológica

De esperança das esquerdas, deputada do PDT foi rapidamente convertida em traidora por movimentos que se recusam a pensar da caixinha

Brasileiro pagará R$ 3,7 bilhões para partidos fazerem campanha em 2020

Fundo Eleitoral terá aumento de mais de 85% em relação às eleições de 2018, segundo proposta incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias

Ótima notícia: BandNews estreia em agosto em Goiânia

Emissora será a segunda FM dedicada exclusivamente ao jornalismo na capital goiana, com programação nacional e local 24 horas por dia

Mais uma baixa no jornalismo da Rede Globo

Com larga experiência em coberturas de grandes eventos esportivos e de fatos da história recente, repórter pede licença de seis meses

Polícia prende membros do PCC e do Comando Vermelho que disputavam o tráfico em Terezópolis de Goiás

Operação Game Over encontrou, com o grupo de 11 suspeitos, três armas de fogo, 50 munições e porções de maconha e cocaína

Um passeio por Goiânia nos revela uma jovem envelhecendo rápido demais

Capital goiana tem apenas 85 anos de idade, mas enfrenta problemas que a fazem parecer muito mais velha do que realmente é

Com apenas 85 anos de idade, Goiânia é uma criança. Salvador tem 470 anos. São Luís, 406. Belém, 403. Aqui no Centro-Oeste, Cuiabá tem 200 anos e Campo Grande, 119. No Brasil, entre as capitais estaduais, apenas Palmas, com 30 anos, é mais jovem que a capital goiana. Ainda assim, a cidade fundada por Pedro Ludovico em 1933 sofre de sintomas característicos da velhice: artérias entupidas, articulações desgastadas, intervenções cirúrgicas paliativas.

É preciso reconhecer que Goiânia é uma cidade que proporciona aos moradores e visitantes locais de convivência e lazer democráticos. Os parques e atrações turísticas – sim, nós temos – são relativamente fartos e, por serem abertos ou cobrarem ingressos a preços módicos, são acessíveis a quase todos, independentemente do tamanho do bolso.

Um olhar um pouco mais detido, porém, demonstra o quanto esses lugares estão descuidados. Muitos desses espaços estão feios, a acessibilidade a eles não é a ideal e as atrações estão, trocadilho à parte, pouco atrativas.

Nesse sábado, 6, fiz um passeio com a família no Mercado Central. Instalado originalmente no Pathernon Center, na Rua 4, em 1950, o mercado está no local atual, na Rua 3, também no Centro, desde 1986 – a transferência para a sede definitiva ocorreu na gestão do prefeito Daniel Antônio.

Passear pelos seus corredores é uma experiência emotiva e sensorial. Ali, encontram-se produtos típicos das roças goianas (como ovos caipira, queijo, rapadura, doce de leite e outras gostosuras). Há as insuspeitas bancas de raízes e garrafadas. Tem unha-de-gato (boa para cuidar de úlcera, inflamações articulares), barbatimão (cicatrizante), algodãozinho-do-Cerrado (ótimo para infecções do aparelho reprodutor feminino, dizem os mais velhos). Tem ainda uma garrafada chamada Cura Tudo – não sei se cura mesmo, mas as pessoas compram e saem com aquele ar de certeza.

As tradicionais empadas do Mercado Central, na Rua 3 | Foto: Rodrigo Hirose / Jornal Opção

Qual a melhor empada?

No Mercado Central, encontram-se panelas de alumínio batido, panelas de ferro (inigualáveis para fazer um bom risoto do Cerrado), peças para fogão (trempas e chapas). Carne de porco, de cordeiro, de capivara. E as imperdíveis empadas do Mário e do Alberto – uma disputa que tem torcida mais acirrada do que Vila Nova x Goiás para saber qual é a melhor.

Além das iguarias, as bandas têm história. Muitos dos comerciantes estão ali há anos, alguns desde a fundação, ainda no Pathernon Center. Com pouco apoio do poder público, são eles que se viram. A manutenção tem sido feita graças à arrecadação do estacionamento.

A maior ajuda da Prefeitura vinha de forma indireta: havia um restaurante popular no terceiro piso, fechado em 2017. Com preço módico (R$ 1), o local atraía cerca de 1 mil pessoas por dia. Movimento que se transformava em venda para os lojistas. Além disso, o terceiro andar está fechado desde então. Movimento menor, lojas fechadas, espaço público desperdiçado.

O Mercado Central é apenas um dos exemplos do envelhecimento precoce de Goiânia. Mesmo os parques, que fazem a fama da capital em outros Estados, já viveram dias melhores. Uma caminhada rápida no Parque Flamboyant, por exemplo, é o suficiente para revelar brinquedos em más condições, gramado descuidado, lixo espalhado – aí, boa parte da culpa é do próprio cidadão pois, faça-se justiça, há lixeiras disponíveis.

Balanço no Parque Flamboyant: alguns brinquedos precisam de manutenção | Foto: Rodrigo Hirose / Jornal Opção

Sem contar as ruas ao redor do parque. Com o adensamento desenfreado e a construção de verdadeiros arranha-céus, muita da água oriunda da drenagem continua escorrendo pelas vias esburacadas. Talvez não exista um local em Goiânia onde a relação do IPTU com o retorno em serviço público seja tão desfavorável ao contribuinte. Certamente, o imposto pago pelos moradores desses prédios de alto padrão não é nada módico.

Outro parque que já viveu dias melhores é o Marcos Veiga Jardim, anexo ao Autódromo Internacional de Goiânia, que é de responsabilidade do Governo do Estado. As pragas tomaram conta de boa parte dos jardins e, para realizar a limpeza, é preciso sacrificar flores e plantas ornamentais. Nas laterais da pista de corrida, o mato dá sempre as cartas. Há alguns meses, os próprios comerciantes e usuários do parque fizeram um mutirão de limpeza. As coisas melhoraram, mas é inegável que o espaço já foi muito mais agradável aos olhos.

Parque Marcos Veiga Jardim: o lugar já foi bem mais bonito | Foto: Rodrigo Hirose / Jornal Opção

Muito bem localizado, em pleno Setor Oeste, o Bosque dos Buritis é outro exemplo de como o que poderia ser excelente se limita ao aceitável. Ele é o mais antigo de Goiânia, por ter nascido junto da capital. A área verde, um verdadeiro pulmão no âmago da cidade, foi invadido pela Assembleia Legislativa na virada dos anos 1950 para os anos 1960, por obra do governador Ary Valadão

Sigamos o passeio até o Zoológico de Goiânia. Antes de mais nada, para muita gente o local já deveria ter fechado há muito tempo. Não sou da turma que tem ojeriza aos zoos, mas compreendo as restrições.

Lago das Rosas, ao lado do Zoológico: críticas no Trip Advisor | Foto: Rodrigo Hirose / Jornal Opção

No caso da capital goiana, centenas de pessoas o procuram nos fins de semana. É uma opção barata de lazer, apenas R$ 5 o ingresso. Basta uma olhadinha no site Trip Advisor para notar quais são as queixas dos visitantes: manutenção precária, plantel carente.

Por ter uma localização tão privilegiada, o zoo merecia um carinho especial da Prefeitura. Atualmente, o espaço é muito mais agradável para quem faz corrida na pista em seu perímetro que para quem gosta realmente de ver animais. Mas,  mesmo os atletas pedem por mais segurança.

Serra Dourada

Estádio Serra Dourada: palco de grande emoções está decadente | Foto: Rodrigo Hirose / Jornal Opção

Outro cartão postal goianiense abandonado pelo poder público é o Estádio Serra Dourada. Aos 44 anos de idade, o gigante do Cerrado recebeu em seus gramados craques como Zico e Maradona. Recebeu shows memoráveis, como o do beatle Paul MacCartney. Foi sede de jogos históricos, como Flamengo e Atlético Mineiro pela Libertadores da América em 1981. Foi ali que vivi algumas das maiores emoções da minha vida, nos clássicos entre Vila Nova e Goiás – e, certamente, milhares de pessoas já sentiram o mesmo em suas arquibancadas.

Hoje, contudo, o Serra, como é carinhosamente chamado pelos torcedores, está entre os piores estádios do Brasil. O local é desconfortável, os banheiros sempre em péssimas condições, as bilheterias e catracas estão no século 20 e nunca foi instalado um placar decente. A última reforma, que foi uma espécie de maquiagem, teve de ser bancada por um ente privado: o Goiás Esporte Clube.

Goiânia ainda preserva parte de seu frescor. Mas, envelhece antes da hora. Entre as pessoas, a maturidade, se lhes rouba o viço, ao menos traz a sabedoria. Façamos nossa parte para que, no caso da capital, o avançar da idade também a torne mais sábia – sob pena de termos apenas os ônus e nenhum bônus do passar dos anos.

Goiás deixa de economizar R$ 11 bilhões sem reforma, R$ 1,9 bilhão só com PMs e bombeiros

Exclusão de policiais militares e bombeiros está no relatório aprovado na Comissão Especial da Câmara; texto segue agora para o plenário

Regime de Recuperação Fiscal dá fôlego, mas sufoca o governo

Programa permite que governo adie pagamento da dívida com a União, mas prevê medidas que impactam o funcionalismo e o setor produtivo

Caiado e Roller (à esq.): governo joga forte na Assembleia para aprovar a adesão ao RRF | Foto: Francisco Costa

A aprovação da Assembleia Legislativa à adesão de Goiás ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que deve ocorrer nesta semana, chega com seis meses de atraso, mas dará fôlego ao governador Ronaldo Caiado (DEM) até o final do ano. Ao permitir a suspensão do pagamento de dívidas por um semestre, no montante de R$ 1,2 bilhão, a medida diminui o risco de atraso no pagamento do funcionalismo (ameaça cada vez mais concreta a cada mês, desde o início do ano) e melhora o fluxo de caixa. Mas o remédio amargo, para usar as palavras do presidente da Alego, Lissauer Vieira (PSB) tem uma série de efeitos colaterais e não garante a cura do enfermo.

De cara, o sinal verdade dos deputados permitirá que o governo deixe de pagar dívidas com bancos oficiais, como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica e Banco do Brasil, e com a União. O valor é de aproximadamente R$ 200 milhões por mês. A partir de então, Goiás ganha seis meses para cumprir as exigências da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para ingresso definitivo no Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

O acordo com a Assembleia foi costurado após a concessão de liminar pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Medes e só foi fechado no final da semana. Na quinta-feira, 27, os secretários Cristiane Schimidt, da Economia, e Ernesto Roller, de Governo, foram pessoalmente para o corpo a corpo.

A pressa era para que os parlamentares votem o texto antes do recesso parlamentar de julho, pois, ao contrário, a decisão ficaria para agosto. Para conseguir o apoio, o governo teve de ceder e incluir uma emenda que obriga que a Assembleia aprove cada passo do ajuste que o governo terá de tomar para se enquadrar no RRF. “Somente no segundo semestre é que se há de debater às quais o Estado deve aderir para se adequar às exigências do Tesouro Nacional”, disse o líder do governo, Bruno Peixoto.

Bruno Peixoto, líder do governo: medidas concretas só no segundo semestre | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

A adesão ao RRF garante uma série de outros “privilégios” ao Estado, em relação àqueles que estão fora do regime. Entre eles, a suspensão do pagamento de parcelas de dívidas administradas pelo Tesouro Nacional por até 36 meses; suspensão de requisitos legais para a contratação de novos empréstimos; prorrogação do prazo para adequação dos limites de gastos com pessoal; suspensão da comprovação de pagamentos de tributos para receber transferências voluntárias da União; antecipação de receitas oriundas de privatizações; crédito para programas de demissão voluntária; entre outros.

A expectativa do governo de Goiás, além da economia imediata de R$ 1,2 bilhão, é obter empréstimos que podem chegar a R$ 3 bilhões. Todo esse montante se somaria à dívida consolidada do Estado, que atualmente é de R$ 19 bilhões – ou seja, seria um acréscimo de 15%.

Para entrar no Regime de Recuperação Fiscal, contudo, o Estado tem de dar contrapartidas; muitas delas, duras. A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) exige sete medidas e impõe 14 vedações aos participantes. Entre as medidas estão a privatização de empresas estatais dos setores financeiro, de energia, saneamento e gás; a redução de incentivos fiscais em até 10%; e a criação de um teto de limite de gastos.

O capítulo das vedações é ainda mais complexo. Os Estados ficam impedidos de conceder reajustes aos servidores acima do que prevê a data-base; criação de cargos e mudanças na estrutura funcional que implique no aumento de despesas; realização de concursos públicos; admissão ou criação de cargos; contratação de publicidade que não seja de utilidade pública; entre outras. Tais medidas não atingem apenas o Poder Executivo, mas toda a estrutura estatal, como Judiciário, Ministério Público e tribunais de contas.

O cumprimento das regras deverá ser acompanhado por um Conselho de Supervisão Fiscal, ligado ao Ministério da Economia. O conselho será formado por um representante do ministério, um do Tribunal de Contas da União e um do Estado e tem de produzir relatórios mensais de prestação de contas.

Jeovalter Correia: "A adesão ao Regime de Recuperação Fiscal é um tiro no pé" | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção

 “O estado fica engessado por um Conselho de Supervisão do RRF nomeado pelo Presidente da República. A gestão do Estado seria terceirizada para o Conselho, de tão amplos os seus poderes”, explica o consultor em Gestão Pública Jeovalter Correia.

O Governo de Goiás ainda não definiu quais são as medidas que vai tomar para enquadrar-se ao RRF. Na sexta-feira, o secretário de Governo, Ernesto Roller, afirmou que o Estado está falido e que a simples adesão já permite que se possa fazer alguns empréstimos. “Claro que outras medidas ainda precisam ser efetivadas”, disse. “[O RRF] é fundamental para o Estado de Goiás que está com um déficit gravíssimo vindo do outro mandato e com um enorme desequilíbrio fiscal”.

O discurso do secretário, porém, sinaliza que os tempos serão bicudos. “Não celebramos a entrada no RRF. O ideal era que nada disso fosse necessário, mas, à vista da irresponsabilidade praticada nos últimos anos em Goiás, não há outra alternativa”, disse. A secretária Cristiane Schmidt não se pronunciou. Procurada, a assessoria de comunicação da Secretaria da Economia informou que ela se posicionará posteriormente.

Até agora, apenas o Rio de Janeiro aderiu ao RRF

Lançado em 2017 pelo governo federal, o Regime de Recuperação Fiscal tem, até agora, a adesão apenas do Rio de Janeiro. De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), além do Rio, só o Rio Grande do Sul e Minas Gerais reuniam os critérios para ingresso. Os gaúchos chegaram a dar início ao processo, mas não concluíram.

No início do ano, Goiás foi barrado pela STN, que considerou que o Estado não atendia os critérios. Após o não dos técnicos, o governador Ronaldo Caiado (DEM) buscou alternativas, como o ingresso no Plano de Equilíbrio Fiscal (PEF) e a possibilidade de que governos estaduais tivessem acesso a 30% dos recursos dos fundos constitucionais. Contudo, apesar dos acenos do Planalto, as duas medidas nunca saíram do papel.

Assim, Caiado insistiu no RRF até obter a limiar do ministro Gilmar Mendes que autorizou a entrada do Estado. A Advocacia-Geral da União ainda estuda se irá entrar com recurso contra a decisão do ministro.

“O Estado do Rio implantou o RRF e até o hoje os resultados são tímidos. O Estado está às voltas com um programa de ajuste fiscal doloroso com resultados desastrosos para a população”, analisa o consultor em Gestão Pública Jeovalter Correia.

Na última semana, o governador fluminense, Wilson Witzel, entregou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a proposta de prorrogação do regime por mais dois anos. Na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da crise fiscal investiga o aumento da dívida consolidada do Estado após o ingresso no Regime de Recuperação Fiscal.

Jeovalter Correia vê o ingresso de Goiás com receio. “O Regime de Recuperação Fiscal está para os Estados como a Recuperação Judicial para empresas privadas. Nesse sentido, quem vai vender ou negociar com um Estado que está falido? Quem vai empreender em Goiás, sabendo que o Estado não tem condições de investir na infraestrutura necessária para viabilizar o empreendimento por algum tempo?”, questiona.

Segundo o consultor, a adesão ao programa torna o Estado menos atrativo para os negócios e impacta no risco de crédito, o que aumentaria os custos desses empréstimos. “Em resumo, a adesão ao RRF é um tiro no pé”, diz.

Além disso, se o remédio amargo alivia alguns sintomas imediatamente, não controla a doença a longo prazo. “O ideal seria o Governo do Estado fazer o dever de casa para resolver os seus problemas de custeio e buscar financiamento para investimentos. Não vejo o menor sentido tomar empréstimos para pagar despesas de pessoal e custeio da máquina. Isso não tem sustentabilidade fiscal”, avalia Jeovalter.

Funcionalismo e setor produtivo esperam por medidas

Enquanto o governo estadual não divulga as medidas que efetivamente serão tomadas, setores que serão diretamente envolvidos vivem a expectativa pelo que virá. “Os servidores, mais uma vez, pagarão o pato”, acredita o presidente do Sindipúblico, Nylo Sérgio.

O temor do sindicalista é que benefícios como quinquênio e licença-prêmio, por exemplo, sejam extintos. Além disso, ganhos salariais reais ficam praticamente descartados. De fato, uma das exigências do Regime de Recuperação Fiscal é que as reposições salariais se limitem à data-base. “Caso seja necessário, buscaremos ações judiciais e manifestações. Os servidores estão cansados, não aceitamos mais sermos os culpados por tudo. Já arcamos com a maior taxa previdenciária do Brasil (14,25%), recentemente houve o reajuste do Ipasgo (21%) e agora mais essa”, desabafa.

Nylo Sérgio, do Sindipúblico: "Mais uma vez o servidor vai pagar o pato" | Foto: Divulgação

Em entrevista ao Jornal Opção, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, disse que não acredita que o governo mexerá novamente nos incentivos fiscais – uma das exigências do RRF é o corte de 10% nos incentivos e benefícios. Segundo ele, o governador Ronaldo Caiado informou ao setor que o projeto que chegou à Assembleia se limita a autorizar o Estado a entrar no regime. Mabel confia, também, na manutenção dos contratos relacionados ao Fomentar e ao Produzir. “O que pode haver são interferências em contratos feitos por meio de créditos outorgados, por exemplo”, explicou.

Já o presidente da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), Otávio Lage Filho, disse ao Jornal Opção que o setor realiza uma série de estudos sobre o impacto do RRF no setor. “Depois desses estudos, vamos conversar [com o governo]”, afirmou.

Cena de pai e filha afogados repete a tragédia do menino sírio Alan

Oscar e Valeria tentavam chegar aos Estados Unidos e, como eles, há mais de 70 milhões de pessoas no mundo sem um lugar para chamar de lar

Há cenas de uma tristeza tão concreta que parece ser possível tocá-la, sentir o cheiro e o gosto amargo, notar o tom cinzento. Uma imagem assim circulou o mundo nos últimos dias: Oscar Ramirez e a filha Valeria, de El Salvador, inertes, à margem do Rio Grande, no México. O objetivo era chegar aos Estados Unidos, com a família.

O registro foi feito pela jornalista Júlia Le Duc. Segundo a imprensa local, Oscar havia deixado a menina na margem e voltava para buscar a esposa. Assustada, Valeria, que faria dois anos em julho, saltou de volta às águas. O pai tentou socorrê-la, mas ambos terminaram afogados.

A foto de ambos lembra outra, de 2015. Naquele ano, o corpo do menino Alan, de três anos, chegou à praia de Bodrum, na Turquia, levado pelas ondas.  De bruços, camiseta vermelha e bermuda azul, o garoto sírio tornou-se símbolo da tragédia humanitária naquela região, que leva milhares de refugiados a buscar abrigo em países europeus.

O drama dos sem-pátria é a maior crise humanitária atual. Segundo a o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o número de deslocados rompeu, pela primeira vez na história, a marca de 70 milhões de pessoas. O órgão acompanha os dados desde 1950 – portanto, sob os escombros da Segunda Guerra.

Conflitos armados, opressão sexual, crise econômica

Para se ter uma dimensão do problema, é como se toda a população da França e da Irlanda, juntas, tivesse de sair de casa. Dentro dessa massa, estão 25,9 milhões de refugiados (aqueles, como Óscar, Valeria e Alan, que deixam seus países de origem), 3,5 milhões de solicitantes de refúgio e 41,4 milhões de descolados internos. O Ministério da Justiça reconhece 10,5 mil refugiados em território brasileiro – número que é expressivamente maior, pois a maior parte deles escapa das contagens oficiais e da burocracia estatal.

Os motivos que levam uma pessoa a pedir refúgio são variados. O mais comum são os conflitos armados. É assim, por exemplo, na Síria. Estima-se que mais de 12 milhões de sírios tiveram de deixar suas casas desde o início da guerra civil, que recentemente completou oito anos. Desde então, opositores ao regime de Bashar al-Assad travam uma guerra sangrenta que já matou mais de 500 mil pessoas.

Há ainda os refugiados impulsionados por questões econômicas. Atualmente, a vizinha Venezuela é o maior exemplo. Em apenas seis anos, o governo Nicolás Maduro mergulhou o país em uma crise econômica e social que inclui perseguições políticas e fome. De acordo com a ONU, são 3,4 milhões de venezuelanos refugiados por vários países.

Por fim, existem ainda aqueles que se refugiam por causa da orientação sexual. Só no Brasil, entre 2010 e 2016, 369 pessoas solicitam refúgio por essa questão. Normalmente, são LGBTIs que viviam em países que criminalizam a homossexualidade, como a Nigéria, maior “exportador” de refugiados em busca de liberdade sexual para o Brasil.

Além das consequências óbvias (perda do que se tem, rompimento de laços familiares e de amizade, as dificuldades de adaptação em uma nova nação), o refugiado convive com problemas menos evidentes, de cunho emocional.

Debret retratou o flagelamento dos escravos brasileiros / Ilustração: Viagem pitoresca e histórica ao Brasil - Ed. Itatiaia

Banzo matava os escravos brasileiros

Um poema do parnasiano Raimundo Correia, escrito no final do século 19, dá pistas de quão profunda pode ser a dor de quem deixa involuntariamente a terra natal. “Vai com a sombra crescendo o vulto enorme/ Do baobá…/ E cresce na alma o vulto de uma tristeza, imensa, imensamente…”.

O poeta se referia ao banzo (nome do soneto): um sentimento de saudade e melancolia tão grande que chegava a matar os africanos escravizados no Brasil. Além da própria condição de traficado, o banzo era agravado pelos maus-tratos na senzala.

Talvez a história de refugiados mais conhecida, ao menos no ocidente, seja a dos hebreus. O relato bíblico do Antigo Testamento e os registros históricos contam a trajetória de um povo que há milênios busca a sua terra prometida. O exílio na Babilônia, Pérsia e Egito impregnou a condição dos hebreus a ponto de ainda hoje o Estado de Israel conviver com essa carga.

As lembranças históricas contextualizam a situação dos atuais refugiados. São pessoas sem lar, expulsas de seus países e, muitas vezes, recebidas com desprezo, desconfiança e raiva onde buscam abrigo.

Um caso recente desse repúdio a esse tipo de imigrante ocorreu no ano passado aqui mesmo, no Brasil – que normalmente recebe com sorrisos largos aqueles que vêm com dinheiro no bolso. Em agosto do ano passado, assistimos à infame cena de brasileiros expulsando e colocando fogo em barracas de venezuelanos em Pacaraima (RR). Para completar o roteiro de horror, sob os versos do Hino Nacional. Uma vergonha.

Xenofobia no Velho Continente

Na Europa, muitos cidadãos receberam os refugiados às pedradas. A xenofobia atingiu níveis alarmantes no Velho Continente. Em uma análise desapaixonada, é possível compreender o que anaboliza esse sentimento: o medo do estrangeiro que, devido às condições, é enxergado como ameaça ao bem estar social – especialmente em períodos de letargia econômica; nos tempos de bonança, ele é bem vindo, pois se dispõe a trabalhos aos quais os demais não se submetem.

Mário Quintana escreveu que quem faz um poema salva um afogado. Para Óscar, Valeria e Alan, o que ficou foi apenas uma página em branco.

Sobre o assunto, a jornalista Elisama Ximenes escreveu um texto tocante no Jornal Opção.

Sindipúblico cobra governo por falta de cronograma de pagamento

Segundo o presidente da entidade, servidores não foram informados sobre quando será paga a folha de junho nem o remanescente de dezembro

Nylo Sérgio, presidente do Sindipúblico. Foto: Divulgação

O telefone do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás (Sindipúblico) não parou de tocar durante todo o dia nesta sexta-feira, 28. De acordo com o presidente da entidade, Nylo Sérgio Nogueira Júnior, eram servidores do governo em busca de uma informação: quando sairá o pagamento do salário referente a junho. Sem resposta do governo, o sindicato não pode, até agora, dar a resposta esperada.

“Não temos um cronograma oficial de pagamento. O governador do Estado [Ronaldo Caiado] não está cumprindo com sua palavra”, diz Nylo Sérgio. O sindicalista lembra que havia o compromisso do governo de pagar ao menos parte dos servidores no mês trabalhado, além de divulgação da data de pagamento integral da folha e dos salários de dezembro que ainda não foram pagos. “O Sindipúblico repudia mais uma vez a falta de compromisso do governo com o servidor”, afirma.

Nylo Sérgio cobra, ainda, o cumprimento da data-base, que teria de incidir na folha de maio, portanto, teria de ter sido quitada no dia 10 de junho. De acordo com a legislação, a data-base tem de cobrir, anualmente, as perdas inflacionárias. “Já entramos com medida judicial para garantir esse direito. Mas, até agora, o governo não se posicionou”, critica o presidente do Sindipúblico.

O Jornal Opção entrou em contato com a Secretaria da Economia por diversas vezes nesta sexta-feira, em busca de informações sobre o cronograma de pagamento. Mas, até o momento, não obteve qualquer esclarecimento.

Bolsonaro tem relação com demissões de Villa e Paulo Henrique Amorim e do pedido de demissão de Sheherazade?

Record coloca âncora do Domingo Espetacular na geladeira, enquanto a apresentadora do SBT Brasil tornou-se alvo do empresário Luciano Hang

Rache Sheherazade, Paulo Henrique Amorim e Marco Antonio Villa | Fotos: Divulgação

Os dias estão complicados para o jornalismo brasileiro. Alvo de críticas tanto da esquerda (que chama a Globo e outros grandes veículos de golpistas), quanto da direita (para quem os mesmos veículos são comunistas), a imprensa tem registrado baixas, motivadas por questões financeiras ou interesses políticos, e pedidos de cabeça.

Nesta segunda-feira, 24, a Record confirmou o afastamento do apresentador Paulo Henrique Amorim da apresentação do Domingo Espetacular. O jornalista estava há quase 15 anos à frente da revista eletrônica da emissora.

Em nota oficial, a TV do bispo Edir Macedo informou que, a partir do próximo domingo, o Domingo Espetacular será apresentado por Patrícia Costa e Eduardo Ribeiro. “As mudanças fazem parte da reformulação do jornalismo da TV Record”, diz a nota.

Dono do blog Conversa Afiada, Paulo Henrique Amorim defende a tese de que a ex-presidente Dilma Rousseff foi vítima de um golpe e é um crítico da Lava Jato e da condenação do ex-presidente Lula, bem antes do escândalo da Vaza Jato.

Nos últimos meses, PHA tem atacado duramente o governo Bolsonaro. Daí surge o boato de que o afastamento do profissional, que permanecerá na geladeira “à disposição para novos projetos”, tem relação com o Palácio do Alvorada – a emissora tem tido uma posição simpática ao atual presidente.

Paulo Henrique Amorim também teve seus problemas internos e externos. Há dois anos, foi acusado de assédio moral pelas colegas Janine Borba, Patrícia Costa e Thalita Oliveira. Em 2013, PHA foi condenado por injúria racial, em um processo movido pelo apresentador Heraldo Pereira, hoje na Globonews. No Conversa Afiada, Amorim afirmara que Pereira era um “negro de alma branca” e que nunca havia revelado nada além de ser “negro e de origem humilde”.

Cabeça à prêmio

Quem também tem enfrentado problemas nos últimos dias é a apresentadora do SBT Brasil, Rachel Sheherazade. Em uma postagem no Twitter, o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, pediu a cabeça da jornalista. Ao comentar demissões na emissora, Hang escreveu: “O jornalismo da grande mídia está todo contaminado com ideologias comunistas que destroem o nosso Brasil. Parabéns, Silvio Santos. Somos fruto do que plantamos no passado. O povo quer mudanças. Ainda falta mais gente para você demitir. Rachel é uma delas”, ‘sugeriu’ Hang em postagem no microblog.

Sheherazade respondeu na mesma rede social. E prometeu processar o empresário. Até o momento, Sílvio Santos não deu sinais de que atenderá ao pedido de um dos anunciantes da emissora.

Por fim, na segunda-feira o historiador Marco Antonio Villa anunciou sua demissão da Jovem Pan. Segundo o autor de “Ditadura à brasileira”, Villa disse que decidiu não voltar à rádio após ter sido afastado por 30 dias. “Não tinha mais nem condições de voltar a trabalhar lá. Senti que não havia mais clima depois de me darem uma quase punição”, afirmou em entrevista ao UOL.

Por coincidência, ou não, os três têm em comum o fato de serem críticos ao governo Bolsonaro. Villa e Sheherazade (a segunda mais que o primeiro) são, ou eram, inclusive, ídolos da direita de Twitter. Hoje, são chamados de “comunistas”.

Desinteligente, Goiânia ignora o novo e permanece no século 20

Passou da hora de a capital goiana ter gestores, para usar um termo da moda, disruptivos. Só assim para ela se transformar em uma cidade inteligente