Por Cezar Santos

[caption id="attachment_56057" align="alignnone" width="620"] Ator Paulo Betti: consciência de militante amortecida
Ator Otávio Augusto: resposta à proposta indecorosa[/caption]
Cézar Santos
Atores vivem no mundo da lua, pode-se dizer. Eles saem do mundo real para assumir outras personalidades que vivem na ficção. Tão melhor é o ator/atriz que consegue fazer essa fuga da forma mais perfeita. Mas, depois da novela, do filme e do teatro, é necessário a volta ao mundo real.
Há um outro problema com atores e intelectuais. Como têm a grande visibilidade proporcionado pela constante aparição na imprensa, alguns deles se tomam por importantes, acham-se a “consciência da raça”, para usar uma expressão meio batida. E desandam a opinar sobre tudo, na crença de que têm uma infabilidade que os torna especiais.
O ator global Paulo Betti, um petista de consciência e de carteirinha, é um desses seres que se acham iluminados. E, como tal, por ser “cheio de luz”, parece se recusar a voltar à realidade depois que interpreta seus papéis na TV e no cinema. Só uma mente no mundo da lua poderia fazer a proposta que ele fez.
A proposta de Betti foi no sentido de ajudar o governo de seu partido a superar o buraco fiscal. A sugestão, que repercutiu nas redes sociais, é inusitada: uma “vaquinha” para tapar o rombo. A proposta foi divulgada no blog de Ancelmo Gois, do jornal “O Globo”, no finalzinho de 2015, e gerou bastante polêmica.
Depois da divulgação da “vaquinha”, o ator tentou se explicar, “brincando meio a sério”, ao colunista: “cada um dá o que pode. Pessoas físicas ou jurídicas. Fazemos superávit. Unimos a nação. Recuperamos a confiança do mercado internacional. Como fiz campanha da Dilma, farei um depósito de valor bom! Creio que Chico Buarque e outros farão o mesmo. Nos livramos desse problema chato de caixa e vamos nos divertir com outras coisas”, afirmou.
Como se vê, uma proposta do “balacobaco”, como diziam os antigos. Como a maior parte desse rombo, estimado em 117 bilhões de reais (ou 2,03% do PIB) foi provocado por roubo, corrupção, propinagem, Paulo Betti quer que os brasileiros reponham o dinheiro que seus amigos petistas no governo surrupiaram.
Menos mal que outro ator reagiu à altura, provando que a ribalta não é ocupada apenas por idiotas. O também global Otávio Augusto apresentou uma contraproposta. “Que tal você usar toda a sua influência de eleitor e cabo eleitoral de Dilma para tentar convencer a turma do mensalão, da Lava-Jato, da Petrobrás, empreiteiras etc. a devolver o que surrupiaram do Estado e de nós? Penso que seria melhor do que fazer ‘vaquinhas’ e CPMFs para pagar com nossos salários estas roubalheiras”, questionou Augusto.
A resposta é perfeita.
Talvez Paulo Betti não tenha se dado conta. Mas o governo do PT dele já está tentando realizar essa vaquinha que ele sugere. O nome é CPMF.
Quem faz uma proposta dessa prova que a mente introjetou totalmente a corrupção e a má gestão que o PT vem cometendo nestes 13 anos. Para Paulo Betti, o roubo nem precisa ser explicado e muito menos investigado e os responsáveis punidos. O ator acha normal o rombo, daí sugerir a “vaquinha”, como a dizer “ah, sempre se roubou, não faz mal que o PT roube também”.
É esse o cidadão que se acha iluminado.
[caption id="attachment_56054" align="alignnone" width="620"] Lula da Silva se reúne com Dilma Rousseff e manda parar a briga entre Palácio do Planalto e PT para não piorar a crise | Foto Cristiano Mariz
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Cézar Santos
O agravamento da crise causada pelos últimos confrontos entre o Palácio do Planto e o PT fez o ex-presidente Lula da Silva entrar em campo. No início da semana passada, Lula se reuniu com a presidente Dilma Rousseff, além do ministro Jaques Wagner (Casa Civil) e o presidente do PT, Rui Falcão. Ele pediu que Planalto e partido diminuam as rusgas e evitem o enfrentamento público para que o mal-estar não contamine ainda mais a crise no País.
A entrada de Lula em cena se deu depois de uma entrevista de Wagner à “Folha de S.Paulo”, em que disse que o PT se lambuzou no poder ao reproduzir práticas da velha política, como o financiamento privado de campanhas eleitorais. Dirigentes petistas reagiram com irritação ao ministro. O ex-ministro da Justiça Tarso Genro — que parece acreditar ser a consciência moral do partido e, portanto, o único com estofo para fazer alguma autocrítica —, o presidente do PT-SP, Emidio de Souza, e outros dirigentes da sigla criticaram Wagner publicamente por sua fala.
Aliados até dizem que Lula sabe e estimula que o PT cobre o governo, principalmente por mudanças na política econômica, que também ele considera fundamentais para a recuperação da popularidade da presidente. Mas, raposa política como é, o ex-presidente não acha “construtivo” que integrantes do governo e do partido troquem farpas públicas.
O jornal registrou que Lula discutiu com Dilma possíveis mudanças na política econômica do governo que, segundo ele, precisam contar com a baixa dos juros para estimular a linha de crédito para investimentos e priorizar a construção civil, para geração de empregos.
Lula foi um dos principais entusiastas da substituição do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, a quem responsabilizava por fazer apenas acenos ao mercado. Lula queria Henrique Meirelles no cargo, mas acabou concordando com a nomeação de Nelson Barbosa, que estava no Planejamento.
A cúpula petista defende uma “guinada à esquerda” da política econômica de Dilma, mas tem reclamado nos bastidores de que a presidente está “enrolando”. Os dirigentes acreditam que Dilma vai continuar bancando uma política de aceno ao mercado. Eles têm criticado a reforma da Previdência proposta por Barbosa e defendida pelo governo. Por sinal, nos últimos dias, Dilma pessoalmente vocalizou apoio à bandeira do aumento da idade mínima para aposentadoria.

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