Resultados do marcador: Literatura

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“As Mulheres de Tijucopapo” como metáfora interessante do presente

Livro de Marilene Felinto, de 1984, mostra como as mulheres enfrentam o passado para se redescobrirem mais fortes, em sua identidade feminina

Os cem anos de “Tropas e Boiadas” e o banquete de palavras em sua homenagem

Série de conferências aprecia o único livro de Hugo de Carvalho Ramos publicado em vida, em 1917, com o objetivo de mostrar a importância atual do escritor goiano, morto em 1921, aos 26 anos

Antônio Torres é redescoberto em Portugal

“Essa Terra”, “O Cachorro e o Lobo” e ”Pelo Fundo da Agulha”, trilogia que tematiza o deslocamento geográfico, temporal e psicológico de seus protagonistas, são publicados por editora portuguesa

Tradução é a arte de naufragar com dignidade e nobreza

[caption id="attachment_111965" align="alignleft" width="620"] Para Lucchesi, o tradutor, entre duas línguas, é “animal bifronte, exilado de uma terceira, marcado pelo não lugar, em círculo de incerta adequação, de que se torna prisioneiro”[/caption] Dirce Waltrick do Amarante Especial para o Jornal Opção A proposta do livro “Palavras de Escritor – Tradutor: Marco Lucchesi” (Escritório do Livro, 184 páginas), organizado por Andréia Guerini, Karine Simoni e Walter Carlos Costa, todos professores do primeiro Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução a ser criado no Brasil, na Uni­versidade Federal de Santa Catarina, é discutir o conceito de tradução a partir de um diálogo com o escritor e tradutor Marco Lucchesi, escritor, membro da Academia Brasileira de Letras e tradutor de literatura italiana, alemã, russa etc. Antes de entrar propriamente no tema da tradução, Lucchesi é convidado pelos organizadores a revisitar seu passado, numa espécie de arqueologia que busca explorar os vestígios culturais do escritor. As memórias de Lucchesi, filho de italianos, mas nascido no Brasil em 1963 e vivendo entre duas línguas e duas culturas, são cercadas de citações literárias: lembra da avó, que lhe narrava “Orlando Furioso” (Ateliê Editorial, 660 páginas, tradução de Pedro Garcez Ghirardi), poema épico de Ludovico Ariosto; do pai, que lhe recitava cantos da “Divina Comédia”, de Dante Alighieri; e da mãe, que amava poesia e tocava piano. Aos 18 anos, questionou a au­sência de disciplinas como arte, literatura ou filosofia nas aulas do curso de História, que frequentou na Universidade Federal Flumi­nense, na década de 1980, que, apesar dos excelentes professores, co­mo frisa em seu depoimento, parecia só tratar de balancetes e gráficos. São as línguas, contudo, as grandes protagonistas de sua história pessoal. Lucchesi estudou francês, russo, esperanto, alemão etc. e via nas línguas uma forma de aproximação com o outro, com a cultura do outro, necessária, antes de mais nada, ao menino, filho único, que precisava ampliar a ponte que, como ele diz, “vai de mim ao outro”. Potência criativa A respeito do exercício da tradução, Lucchesi começou cedo, traduzindo cartas de primos e tios, além das óperas, estudadas no colégio durante o antigo ensino médio. Por ser bilíngue, lembra que “a translação de palavras, significantes e sinais se tornou praticamente automática”. Mas, na tradução literária, logo percebeu que o tradutor não é “apenas um operador neutro, movendo maciços blocos semânticos e sintáticos a partir da taxionomia vocabular”. Afastada, segundo Lucchesi, a “primitiva esperança de simples comutação de palavras, tomadas como primas ou irmãs distantes” e, portanto, a ideia de tradução como equivalente, ela passa a apresentar-se como potência criativa. Torna-se, então, diz o tradutor, “necessário rever o papel subjetivo da tradução, da imaginação e da sensibilidade [...], em que a aproximação entre culturas já não atenda a um maquinismo vazio, limitado ao dicionário e a uma lógica fuzzy, mas a um gesto cultural, impregnado de rumores, estranhamentos e fortes desvios normativos [...]”. No seu processo de tradução, Lucchesi conta que se vê “cercado por mil dicionários e retortas, tradutor-boticário, experimentando sais, fórmulas e palavras, com destempero e melancolia”. Ele seria uma espécie de tradutor manipulador, de que fala o estudioso francês Cyril Aslanov, que se encontra num “laboratório linguístico localizado na terra de ninguém entre a língua-fonte e a língua-alvo”, um lugar onde o público não pode penetrar. Mas é a melancolia que parece ganhar destaque na reflexão do escritor acerca da atividade da tradução, que ele vê como “a arte de naufragar com dignidade e nobreza — e sobreviver ao mar profundo, aos saberes e dissabores corsários [...]”, ou “nomadismo obstinado”. Para Lucchesi, o tradutor, entre duas línguas, é “animal bifronte, exilado de uma terceira, marcado pelo não lugar, em círculo de incerta adequação, de que se torna prisioneiro”. E também antes de mais nada “um leitor à procura de uma voz”. Voz que o escritor irlandês Samuel Beckett procurou incessantemente não só quando escrevia ora em inglês ora em francês, mas quando se traduzia ora numa língua ora noutra e que está registrada em toda sua obra ficcional. Dirce Waltrick do Amarante organizou e traduziu “Conversando com Varejeiras Azuis” (Iluminuras), uma antologia em prosa e verso do escritor inglês Edward Lear.

O diálogo na tradição da poesia mística

O escritor e professor carioca Marco Lucchesi veio a Goiânia para lançar sua tradução de “Moradas”, de Angelus Silesius, e proferiu uma pequena palestra sobre o poético e a busca pelo diálogo, muito em falta nos dias de hoje

A força das palavras de James Baldwin

Escritor americano, negro e gay numa sociedade racista e homofóbica, foi um dos mais sagazes de seu tempo; sua literatura mostrou engajamento, mas foi além

Érico Nogueira: “a palavra desocultante” da poesia

Sabe o cronista estar diante de um grande, mas sequer sabe tirar da poética deste escritor no vigor criativo da sua quarentena de anos o sumo do saber acumulado

Arquiteta lança livro sobre Attilio Corrêa Lima em Goiânia

Em "O itinerário pioneiro do urbanista Attilio Corrêa Lima", Anamaria Diniz conta a trajetória do arquiteto urbanista que planejou a capital

Lúcio Cardoso: em busca do arcanjo rebelde

Escritor mineiro ainda não teve trazidos à tona o conhecimento aprofundado e o amplo debate de sua vida e obra; até hoje, na véspera dos 50 anos de sua morte, críticos e pesquisadores preferem apropriar-se do autor para defenderem suas próprias teses

Três traduções do romance “O Mestre e Margarida”, do escritor russo Mikhail Bulgákov: a primeira feita a partir do inglês e as duas últimas do original russo
Editora lança “O Mestre e Margarida”, com tradução do russo de Irineu Franco Perpétuo

É um dos grandes lançamentos de 2017: a obra-prima de Mikhail Bulgakóv

Peregrina, um poema de Rosy Cardoso

A artista plástica vem provando saber moldar bem as palavras em versos, e o que era antes uma promessa de poeta concretiza-se; dá pra ver o exercício formal de sua arte, sua força expressiva

Maria Valéria Rezende vence o Prêmio São Paulo

[caption id="attachment_109378" align="aligncenter" width="620"] Maria Valéria Rezende, escritora paulista que já amealhou dois prêmios
importantes com seu romance “Outros cantos” | Foto: Adriano Franco[/caption] A escritora paulista Maria Valéria Rezende, radicada na Paraíba, ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura, em cerimônia realizada na noite de segunda-feira (6/11). Além do reconhecimento de uma autora que está na estrada há algumas décadas, ela tem 72 anos, a premiação em dinheiro é a maior entre as láureas brasileiras, R$ 200 mil. Maria Valéria foi laureada com o romance “Outros cantos”, que já havia ganhado o prêmio cubano Casa de las Américas, na categoria Literatura Brasileira. No São Paulo, ela concorreu com nomes fortes nessa temporada, como Silviano Santiago, que já papou o Jabuti, na categoria Romance, e espera o resultado de Livro do Ano, do mesmo prêmio, e está entre os finalistas do Oceanos (antigo Portugal Telecom), com “Machado”. Bernardo Carvalho, finalista do Oceanos com “Simpatia pelo demônio”, também concorria ao Prêmio São Paulo, que ainda outorgou o Melhor Romance de autor estreante ao “A instrução da noite”, de Maurício de Almeida, e o Melhor Romance de autor estreante acima dos 40 anos ao “Céus e terra”, de Franklin Carvalho. Os dois embolsarão, cada um, R$ 100 mil. Nada mal. Vale lembrar que a vencedora do Prêmio São Paulo do ano passado foi outra mulher, outra paulista, Beatriz Bracher, com “ Anatomia do Paraíso”. Beatriz é uma das fundadoras da renomada Editora 34 e já se revelou grande prosista, desde seu romance de estreia “Azul e dura”, de 2002. Goncourt Também ontem, em Paris, o escritor francês Éric Vuillard, pouco conhecido no Brasil, foi laureado com o prêmio mais importante da França, e um dos mais pomposos do mundo literário, o Goncourt. Saiu-se vencedor com o romance “L'ordre du jour” (A ordem do dia, em tradução livre). O livro de Vuillard narra a ascensão de Hitler ao poder na década de 1930, com o apoio da alta burguesia alemã, principalmente a elite do setor industrial, que fortaleceu a construção de armamentos do Nazismo. O valor em dinheiro do Goncourt é simbólico. São apenas 10 euros. Mas o prestígio que o autor ganha depois dele é incomensurável, catapultando-o ao lugar de best-seller.

Três clássicos livros de Direito que ajudam a entender as leis da atualidade

Apesar de escritas em séculos passados, obras de grandes pensadores europeus moldaram e ajudam a compreender o mundo em que vivemos hoje Vinicius Mendes Especial para o Jornal Opção Mergulhado em uma crise política e social há dois anos em diversas dimensões – da sua classe governante ao seu sistema penitenciário, das relações entre os cidadãos e do funcionamento do Estado –, o Brasil de hoje pode ser interpretado a partir de alguns autores clássicos de livros de Direito que tentaram solucionar essas questões por meio das leis. Mais do que o Brasil, o contexto mundial vive um cenário parecido: nos Estados Unidos, membros de grupos defensores da supremacia branca mostraram suas faces no início de agosto na cidade de Charlottesville, em Virgínia, gerando reações em todo o mundo. Na Europa, a crise de refugiados de países do Oriente Médio também levantou um debate sobre os limites de aceitação de imigrantes no continente – influenciando até eleições presidenciais, casos da França e da Holanda. Na geopolítica, os conflitos retóricos se acentuaram entre os EUA e seus rivais atuais: a Venezuela e a Coreia do Norte, que chegou a ameaçar o país ocidental de ataques militares. “Os argumentos desses autores, se bem que foram atualizados, criticados ou potencializados a partir de novas interpretações, são fundamentais para ajudar na compreensão do país e do mundo em que vivemos hoje”, conta o professor Aldo Fornazier, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp). A seguir, o Jornal Opção conta brevemente a obra de cada um deles: Do Contrato Social (Jean-Jacques Rousseau, 1762) Livro que serviu como base para aqueles que promoveriam a Revolução Francesa, no final do século 18, Do Contrato Social, do suíço Jean-Jacques Rousseau, era um trecho de um grande livro jamais terminado e que se chamaria Instituições Políticas. No seu argumento, Rousseau usa as concepções de estado de natureza do inglês Thomas Hobbes em Leviatã, de 1651, para argumentar que, ao contrário do que se defendia até então, o homem não precisava se submeter a um Estado por ser "mau". Era a sociedade que o tornava ruim – e, não à toa, sua frase mais famosa se tornou a que resume esse pensamento: “O homem nasce livre, mas a sociedade o corrompe”. O "contrato social" é um acordo entre os indivíduos que, baseados na "vontade geral", isto é, no desejo de todos os membros em formarem uma sociedade, elevam um Estado para desenvolver as leis que melhor entendem. Assim, as pessoas obedecem apenas a si mesmas, pois são construtoras de suas próprias regras. Essa é a maior liberdade possível ao ser humano dentro da vida social, porque remete ao estado de natureza, quando as leis também eram feitas pelos próprios homens. Do Contrato Social se tornou o principal argumento dos republicanos contra as monarquias europeias, que ainda dominavam o continente quando foi publicado. Trinta anos depois de seu lançamento, ele ajudou a eclodir a Revolução Francesa, que destituiu o Rei Luís XVI e inaugurou o que muitos consideram o modelo democrático do Estado atual. O Espírito das Leis (Alexis de Montesquieu, 1748) O francês Alexis de Montesquieu, assim como Rousseau, é considerado um clássico da filosofia jurídica e, portanto, um autor obrigatório para todos que estudam Direito. Sua obra principal, O Espírito das Leis, de 1748, é um grande tratado no qual tentou analisar as diferentes formas de governo existentes por meio das essências de ideias, povos e leis. Assim como faria O Contrato Social, o livro de Montesquieu estabeleceu uma percepção positiva em torno do Estado republicano e negativa à monarquia, modelo de Estado que dominava quase todos os povos da Europa na época, notadamente a França e os reinos da Itália. Para ele, a essência da república era o "amor à pátria", porque todos os membros da sociedade republicana trabalham para o coletivo, não para si mesmos ou para um rei. O Espírito das Leis acabou se tornando famoso pela divisão de poderes que propõe e que, para Montesquieu, garante maior liberdade ao cidadão: um governo em que as responsabilidades são distribuídas de forma equilibrada entre os poderes responsáveis por administrar a sociedade. Os primeiros a colocar em prática essa proposta foram os Estados Unidos, em 1789, após sua guerra pela independência da Grã-Bretanha. Hoje, a maioria das nações do mundo também adota o modelo de Montesquieu. Para o professor Álvaro de Vita, chefe do Departamento de Ciência Política da USP, Montesquieu produziu uma teoria da liberdade política que pode ser ligada ao liberalismo. "Pode-se dizer que ele foi um dos fundadores da ideia liberal, a corrente do pensamento voltada para a liberdade individual do homem em detrimento dos poderes coercitivos do governo", diz. Dos Delitos e das Penas (Cesare Beccaria, 1764) Já influenciado por Rousseau e Montesquieu, o filósofo italiano Cesare Beccaria publicou, na segunda metade do século 18, Dos Delitos e das Penas, que estabelecia uma nova forma de punir os criminosos da sociedade. O livro é até hoje a base de muitos códigos penais pelo mundo. Considerado um dos primeiros humanistas, ele escreveu que os castigos aos infratores de uma sociedade com base na vingança coletiva, como eram os suplícios da Idade Média e que continuaram naquele período histórico, acabam por ser maiores do que os próprios atos infracionais. O Estado seria mais justo se os julgasse com base na razão e no sentimento. Beccaria se amparou no conceito de contrato social de Rousseau para argumentar que o criminoso não é alguém que deixa a associação de cidadãos e, assim, pode ser punido à margem dela, e sim um indivíduo que não se adaptou às normas estabelecidas, mas que pode retornar a elas a partir de algumas disposições. Apesar disso, Beccaria não negou que, em alguns casos, penas mais duras deveriam ser aplicadas, como a de morte e a prisão perpétua: tudo dependia do grau de ofensa à sociedade. Suas ideias influenciaram os estudos e argumentos de autores contemporâneos, como o sociólogo francês Émile Durkheim.

A desilusão romântica segundo Philip Roth

Em "O Professor do Desejo", o sumiço da atração carnal confere à história narrada um clima de inadequação com as normas sociais revelado num pathos deveras trágico

Quem foi o filósofo que escreveu um dos livros de direito mais importantes da história?

Autor de Dos delitos e das penas, Cesare Beccaria foi responsável por reformas em quase todos os códigos penais do mundo