Resultados do marcador: Editorial

Ao lado da Bolsa Família, o SUS e o Fundeb fazem parte de um Estado do bem-estar social. Por isso o SUS não pode ser privatizado

As pessoas não querem saber de discussões ideológicas e brigas político-eleitorais. Todas querem sobreviver, trabalhar e se divertir

Jair Bolsonaro, Sergio Moro e, até, Fernando Haddad certamente vão disputar o apoio do centro político. Aquele que levá-lo pode ser eleito

Pesquisas mostram que o governador de Goiás mantém sintonia fina com o pensamento dominante da sociedade: ficha limpa é fundamental

Temas cruciais, como o crescimento econômico e a geração de empregos, às vezes têm sido trocados por fofoca disfarçada de zelo com o Erário

Trocando a retórica pela prática, empresas do País começam a perceber que os negros não são “pessoas invisíveis” e devem ser incluídos no mercado e na sociedade

As pesquisas mostram Vanderlan Cardoso, Maguito Vilela e Adriana Accorsi mais bem posicionados. Os dois primeiros têm experiência com gestão
Pesquisas de intenção de voto mostram que os eleitores de Goiânia estão “indecisos”. Mas, como ainda não há campanha eleitoral e os nomes dos candidatos só foram definidos agora, é perfeitamente normal. Os eleitores não têm motivos razoáveis para se definir antes mesmo de os partidos escolherem seus protagonistas. Até alguns dias se pensava que o prefeito Iris Rezende, do MDB, seria candidato à reeleição. De repente, o candidato é outro — Maguito Vilela. A Dra. Cristina Lopes era pré-candidata, mas o PL impediu sua postulação e optou por apoiar o nome do emedebismo. O senador Vanderlan Cardoso, que não era o pré-candidato do PSD — o partido havia optado pelo deputado federal Francisco Júnior —, se tornou, de uma hora para outra, candidato e, surpresa, com o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do partido Democratas. Portanto, se os partidos estavam “indecisos”, por que cobrar “decisão” dos eleitores?
[caption id="attachment_257890" align="aligncenter" width="620"] Pintura de Tommy Ingberg[/caption]
A rigor, o problema desta eleição não é o número de indecisos — sempre foram muitos e, no geral, só decidem em cima da hora, alegando, com certa razão, que têm de cuidar de suas vidas. O problema maior tende a ser outro: a abstenção pode ser a maior da história — em parte por causa da pandemia do novo coronavírus (morreram mais de 136 mil pessoas). Jovens, alegando não ter interesse pela política — decepcionados com a corrupção e a falta de perspectivas —, podem se abster de comparecer às urnas, optando por pagar a multa, que é irrisória. Aqueles que têm mais de 60 anos — alegando que pertencem a algum grupo de risco, notadamente se forem hipertensos, diabéticos, ou se tiverem outras doenças —, também poderão eximir-se de votar.
Entretanto, mesmo com abstenção e com o número de indecisos, há algo a se destacar a partir das pesquisas quantitativas divulgadas (e das qualitativas não divulgadas, mas examinadas por repórteres do Jornal Opção): o eleitor de Goiânia demonstra, ao menos no momento, que quer experimentar aqueles candidatos que são considerados experimentados — Vanderlan Cardoso, Maguito Vilela e Adriana Accorsi, a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT).
Antes de examinar os três, é preciso ressalvar que os eleitores em geral não observam todos os candidatos — escolhem dois ou, no máximo, três nomes e passam a verificar suas propostas e se transmitem credibilidade ao formulá-las. Há a tendência de verificar se os “escolhidos” para exame mais detido têm alguma experiência. Às vezes, candidatos de alta qualidade apresentam programas criativos, com possibilidade de execução, mas os eleitores passam a campanha inteira ignorando-os. Aqui e ali, os eleitores dão oportunidade a algum outsider. Em 2016, na reta final, eleitores começaram a prestar atenção às ideias de Francisco Júnior — que acabou obtendo uma votação razoável. Mas é possível que, com o término da disputa, continuou desconhecido da maioria dos eleitores.
Goiânia tem 14 candidatos a prefeitos, dispostos em ordem alfabética: Adriana Accorsi (PT), Alysson Lima (Solidariedade), Antônio Vieira (PCB), Cristiano Cunha (PV), Elias Vaz (PSB), Fábio Júnior (UP), Gustavo Gayer (DC), Maguito Vilela (MDB), Major Araújo (PSL), Manu Jacob (Psol), Samuel Almeida (Pros), Talles Barreto (PSDB), Vanderlan Cardoso (PSD) e Virmondes Cruvinel (Cidadania). O ideal é que os eleitores afiram o que todos têm a dizer para melhorar a cidade e a qualidade de vida de seus moradores. Mas não é exatamente assim que funciona. O tempo de televisão de Adriana Accorsi, Maguito Vilela, Major Araújo e Vanderlan Cardoso é muito superior aos dos demais candidatos. Alguns mal conseguem se apresentar. Procede que nas redes sociais os postulantes podem se apresentar de modo mais equânime. Ainda assim, nem sempre têm recursos para contratar profissionais qualificados e, por isso, tendem a apresentar-se de forma canhestra. Por causa da pandemia, a campanha de rua — onde a democracia em tese vigora de maneira mais acentuada — não terá a dimensão das campanhas anteriores. Então, não será fácil para quem é desconhecido. Corre-se o risco de, ao término do pleito, se permanecer desconhecido.
Na eleição deste ano, examinando pelo quadro do momento, a impressão que se tem — o leitor deve notar que o Editorial expressa dúvidas — é que os eleitores estão observando mais atentamente três candidatos, Adriana Accorsi, Maguito Vilela e Vanderlan Cardoso. Não temos uma resposta precisa, mas vamos expressar uma ideia, que carecerá de verificação adiante.
Dos candidatos, Adriana Accorsi, Maguito Vilela e Vanderlan Cardoso são os mais conhecidos (é provável que Elias Vaz também seja) e por isso estejam aparecendo como mais bem avaliados. Examinemos os três (nossa escolha não desmerece os demais candidatos, que têm qualidades. O nível dos postulantes é, na disputa deste ano, alto. Alguém podem desmerecer, por exemplo, Major Araújo, Elias Vaz, Samuel Almeida, Talles Barreto e Virmondes Cruvinel, para citar apenas cinco? Não, é claro).
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Adriana Accorsi: candidata do PT a prefeita de Goiânia | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Adriana Accorsi, do PT
Primeiro, Adriana Accorsi. A deputada estadual pertence ao PT, uma legenda com imenso desgaste. Talvez, ao menos na capital, a parlamentar esteja se tornando, de eleição para eleição, maior do que o partido. Talvez. Porque, mesmo desgastado, o petismo não está morto e sepultado. A política é delegada de polícia, com recall positivo, e é filha de Darci Accorsi (o criador do belo Parque Vaca Brava, na confluência dos setores Bueno e Nova Suíça), que foi prefeito de Goiânia. Há, portanto, uma identidade com a cidade. Frise-se que já foi candidata a prefeita e é uma deputada da capital. Sua honradez não é questionada. Duas pesquisas mostram a jovem em segundo e terceiro lugar. Numa delas está na frente de Maguito Vilela e atrás apenas de Vanderlan Cardoso. A tendência, até pela estrutura menor, é que fique atrás tanto de Vanderlan Cardoso quanto de Maguito Vilela. A tendência — enfatize-se. Por vezes, políticos petistas cometem o equívoco de “falar” exclusivamente para os setores corporativos, ignorando os reclames da sociedade. Com Adriana Accorsi, é diferente. Ela não deixa de dialogar com as corporações, mas apresenta-se para o debate com a sociedade e com segmentos organizados. A deputada parece ter uma visão mais ampla da representação política — que deve ser, necessariamente, inclusiva — do que a maioria dos petistas. Sua moderação também parece agradar o eleitorado.Maguito Vilela, do MDB
Segundo, Maguito Vilela. O candidato do MDB foi vereador em Jataí, deputado, vice-governador, governador, senador, vice-presidente do Banco do Brasil e prefeito de Aparecida de Goiânia. Trata-se de um currículo político e administrativo irretocável e não há notícia que de que tenha se enriquecido às custas do Erário. [caption id="attachment_133601" align="aligncenter" width="620"]
Vanderlan Cardoso, do PSD
Terceiro, Vanderlan Cardoso. Talvez seja mais fácil ir a Marte do que ser empresário no Brasil. A missão de se tornar empresário e de sobreviver como empresário deveria ser considerada heroica. O líder do PSD começou pequeno, como muitos, e cresceu às custas de uma gestão tão eficiente quanto espartana e uma vontade indômita. Sua empresa, a Cicopal, é um símbolo de eficiência — numa economia frequentemente instável, com regras voláteis e impostos escorchantes. Depois de organizar os negócios, Vanderlan Cardoso percebeu que a política, se feita de maneira republicana, pode ser transformadora. Por isso se candidatou a prefeito de Senador Canedo, próspera cidade do Entorno de Goiânia. Ao fim de sua gestão, o município era outro — deixara de ser uma espécie de “bairro” abandonado da capital e se modernizara. Primeiro, limpou as ruas e áreas públicas e reestruturou o setor urbano. Deu cara de cidade a uma cidade que parecia uma filha rejeitada da principal cidade do Estado. Segundo, criou uma política de atração de empreendimentos geradores de empregos. Aos poucos, Senador Canedo se tornou uma referência. [caption id="attachment_233660" align="aligncenter" width="620"]


Mesmo se Maguito Vilela for eleito prefeito de Goiânia, o governador conseguiu tomar do MDB seu principal aliado, Vanderlan Cardoso

A disputa pelo apoio do governador Ronaldo Caiado mostra como a eleição pela prefeitura da capital resulta da “estadualização” da política municipal

A preocupação do gestor e político Ronaldo Caiado é colocar os recursos públicos a serviço de todos os goianos
O parlamentar pode ser criticado, mas também merece respeito. O uso do chapéu e sua fala caipira não são motivos para chacota

O PSL vai apostar na candidatura do Major Araújo e o PSB deve bancar Elias Vaz. Francisco Júnior pode ser aposta do PSD e do PP

Iris Rezende, Maguito Vilela, Elias Vaz, Wilder Morais, Zacharias Calil, Adriana Accorsi, Major Araújo, Francisco Júnior, Bruno Peixoto, José Vitti, Talles Barreto, Cristina Lopes e Marcelo Baiocchi: nomes cotados para a disputa da Prefeitura de Goiânia | Foto: arquivo
Daqui a um ano e um mês (no início de abril de 2020) quem quiser disputar cargo eletivo — prefeito e vereador —, se estiver ocupando cargos públicos, terá de desincompatibilizar-se. A eleição acontecerá daqui a um ano e sete meses. Parece muito tempo, mas não é. Tanto que as articulações políticas já começaram e estão de vento em popa. Possíveis candidatos estão conversando com marqueteiros e alguns deles já encomendam pesquisas qualitativas e quantitativas.
Os políticos sabem que a próxima eleição, a de 2020, pode contribuir para reforçar seus poderes ou abrir espaços novas alianças — tendo em vista as eleições de governador em 2022 e 2026. Como fará 70 anos em 25 de setembro deste ano — nasceu em 1949 —, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), não terá muito tempo para disputas do Executivo, em termos estaduais. Poderá disputar a reeleição em 2022 e, se vencer, terminaria o governo com 77 anos (poucos certamente terão a longevidade política de Iris Rezende, hoje com 85 anos). Depois, poderia disputar o Senado. Portanto, pós-Ronaldo Caiado, haverá um “vazio” na política de Goiás. Por isso, com perspicácia, o presidente do MDB, Daniel Vilela, está se colocando como “oposicionista”, com a evidente intenção de ocupar o espaço “do” PSDB, no momento semi-nocauteado pelo resultado das eleições de 2018.
O futuro é uma incógnita, não se sabe como será, mas quem articula e dialoga agora tende a criar um futuro mais palatável para si e seus pares. O MDB, apesar dos salamaleques, está dividido entre duas forças: a de Iris Rezende, com seu aliado Adib Elias — que perdeu força ao não conseguir nomear aliados para cargos de proa no governo de Ronaldo Caiado, o que contribuiu para ampliar a força interna de Daniel Vilela —, e a dos Vilelas, Maguito e seu filho, Daniel. Para consumo externo, Iris Rezende afirma que não vai disputar a reeleição, em 2020. Para consumo interno, afirma que, se conseguir realizar algumas obras — como a conclusão da Avenida Leste-Oeste, alguns viadutos e recapear a maioria das ruas —, vai postular seu quinto mandato de prefeito de Goiânia. Maguito Vilela quer ser candidato a prefeito de Goiânia, e hoje é mais popular do que o decano emedebista. Mas já avisou que, se Iris Rezende for candidato, não coloca seu nome.
Por que o irismo prefere bancar Iris Rezende, sob risco de derrota, dado o desgaste de sua administração, a apoiar Maguito Vilela ou Daniel Vilela para prefeito? Porque o irismo se tornou caiadista e não quer fortalecer Daniel Vilela, que está se tornando o principal adversário do governo de Ronaldo Caiado e poderá se tornar seu mais aguerrido rival no pleito de 2022 — capitaneando uma ampla coligação, que pode reunir MDB, PP, PSB, PTB, PR, PT e até o PSDB.
O deputado estadual Bruno Peixoto corre por fora e, se Iris Rezende não disputar e os Vilelas guardarem forças para 2022, vai colocar seu nome na ribalta. Mas sabe que a má gestão do emedebista pode derrotá-lo. O prefeito da capital pode se tornar o Marconi Perillo de 2020 — quer dizer, o alvo a ser atingido e batido.
O PSDB está baleado, mas não morto. Digamos que Marconi Perillo seja absolvido no processo que o levou momentaneamente à prisão, pouco depois da eleição de 2018, e que, até 2020, o governo de Ronaldo Caiado não deslanche. O tucano poderá se apresentar como candidato? Pode. O mais provável é que não dispute, dado o desgaste. Mas a possibilidade não pode ser descartada. Há alternativas, como Talles Barreto e Cristina Lopes.
Pode pintar alguma surpresa na disputa, como o presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi. Não tem desgaste e venceu na iniciativa privada à revela da política. Quem não gostaria de filiá-lo?
O PSD fechou questão e vai bancar Francisco Júnior. Mas o ás Vilmar Rocha sabe que, numa disputa pela Prefeitura de Goiânia — que é quase um governo do Estado —, não há possibilidade de se ganhar sozinho. Por isso, Francisco Júnior e Vilmar Rocha estão conversando tanto com Maguito Vilela e Daniel Vilela quanto com o senador Vanderlan Cardoso (PP) e com o ex-ministro Alexandre Baldy. Sozinho, sem alianças, o deputado federal será, pela segunda vez, sparring dos candidatos com mais musculatura política.
O PP é a principal incógnita. Seu principal nome na capital, Vanderlan Cardoso, está dizendo que prefere ficar em Brasília. Com razão, pois ganhou oito anos do eleitor para representá-lo no Senado. Há quem acredite que Alexandre Baldy pode renunciar à política nacional para ser candidato em Goiânia. Pode até ser, mas não seria inteligente. O mais provável é que o jovem político, hoje secretário de João Doria no governo de São Paulo, está se cacifando para 2022 — para disputar o Senado ou governo. O mais provável é que o pepismo feche alguma aliança em 2020 tendo em vista o jogo eleitoral de 2022. Aí poderia apoiar tanto Francisco Júnior quanto Elias Vaz, do PSB. O problema de Elias Vaz é que seu principal aliado, o senador Jorge Kajuru, se tornou inimigo, mais do que adversário, de Vanderlan Cardoso.
Bancado por Jorge Kajuru — pesquisas indicam que é forte para a prefeitura, mas o senador não quer disputar —, Elias Vaz passa a ser um candidato consistente. Mas, para cargo executivo, é preciso fazer alianças, não basta o apoio do polêmico senador (que, hoje, tem a resistência dos evangélicos). Num primeiro momento, Elias Vaz aproximou-se da vereadora Cristina Lopes, uma campeã em ética, mas não em votos. Mas, como continua no PSDB, é rejeitada por Jorge Kajuru.
Governos não costumam eleger prefeitos em Goiânia. Mas o governador Ronaldo Caiado vai lançar um candidato na capital, independentemente do posicionamento de Iris Rezende. Como pesquisas, ao menos as atuais, sinalizam que as chances do prefeito são próximas de zero, Ronaldo Caiado tende a bancar um candidato. O nome mais cotado é o do ex-senador Wilder Morais, secretário da Indústria do governo de Goiás. O deputado federal Zacharias Calil, dadas a popularidade e a fama de honesto, também é cotado. Os dois políticos pertencem ao DEM do governador. José Vitti, se se filiar ao DEM, também é cotado.
O PT deve bancar, pela segunda vez, a deputada estadual Adriana Accorsi. As chances de ganhar são mínimas, mas mantém o PT e a parlamentar no jogo político.
Não se deve subestimar o deputado Major Araújo, do PSL. Por dois motivos. Primeiro, por seu agressivo discurso pró-segurança pública e anticorrupção. Segundo, por ter o apoio do deputado federal Delegado Waldir Soares e do presidente Jair Bolsonaro.
O PPS pode bancar o jovem deputado estadual Virmondes Cruvinel. Ele tem discurso e é agregador.

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