Opção cultural

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Quem imaginaria que a maior ameaça ao ator consagrado seria um comediante nada estimado pelos bem-pensantes?
Enquanto grande parte dos espectadores do cinema apostava, em meados de outubro, que o Oscar de melhor ator seria de Joaquin Phoenix, pelo filme “Coringa”, uma outra parte esperava, desconfiada, pela promessa de atuação de Adam Sandler, em seu novo filme, “Joias Brutas”. No início de dezembro, o comediante conhecido por comédias, como “O Paizão”, “A Herança de Mr. Deeds” e “Click” – dentre outros do gênero – conquistou reconhecimento pelo National Board Review como melhor ator, consolidando aí seu caminho pelos ladrilhos dourados rumo ao mais popular prêmio do cinema.
[caption id="attachment_228837" align="aligncenter" width="620"] Adam Sandler e Joaquin Phoenix: disputa pelo Oscar| Foto: Reproduções[/caption]
Não que Sandler jamais tenha interpretado um personagem mais intenso e dramático, porque já o vimos flertar diversas vezes com uma atuação mais inflamada. Isso ocorreu em “Embriagados de Amor” ou “Reine Sobre Mim”. Ele tem lá seu pezinho no drama.
Seu papel em “Joias Brutas” não é sequer algo tão fora do que já conhecemos do ator. Na sua performance, reconhecemos aquela velha personagem inconveniente, de voz estridente e verborrágica em Howard Ratner. No filme, ele é um joalheiro popular em sua região e um viciado em apostas. Um homem de negócios disposto a enriquecer às custas de escolhas questionáveis. Um homem de palavra duvidável, decisões trágicas e uma ambição incontrolável.
“Joias Brutas” é uma película dos irmãos Josh e Ben Safdie, que descobriram sua especialidade: criar histórias que estressam. O espectador não sente conforto e não pode ser distraído pelos filmes dos irmãos. Pelo contrário, a intenção é chamar a atenção e cutucar aquela ansiedade presa na parede do pâncreas.
A trilha sonora tem o volume nas alturas. Os primeiros minutos poderiam ser confundidos com “Blade Runner”, de gênero completamente diferente. Daniel Lopatin, responsável pela produção sonora do longa-metragem, escolheu um tema oitentista, delineado por notas de teclado e loops eletrônicos. Parece que um ciborgue vai entrar em cena a qualquer momento, mas isso não acontece.
Combinado aos sons espaciais e futuristas, os diretores criam diálogos atropelados entre as personagens, que falam alto ou aos berros. Alguém está sempre nervoso, as cenas são sempre de conflitos. Nenhum personagem aguarda o outro terminar de falar para começar, sem falar nos barulhos de campainha, batidas de martelo em uma porta, vidro estilhaçando. A intenção é criar exatamente tensão e impaciência no expectador. Assim, o longa entrega o que promete.
“Joias Brutas” tem previsão de estreia na Netflix no dia 31 de janeiro, no Brasil. Nos Estados Unidos, o filme foi lançado nos cinemas e teve estreia no dia 25 de dezembro, sob distribuição da A24. Alcançou em sua primeira noite uma renda US$ 5,9 milhões e deu a A24 um recorde. Que a concorrência pela estatueta da Academia não é fácil, todos sabem. Quem imaginaria que a maior ameaça de Joaquin Phoenix seria Adam Sandler, um comediante subestimado?

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O Newspaper The Option entrevistou Matheus Diniz, criador do perfil que conquistou um milhão de seguidores traduzindo expressões brasileiras para o inglês literalmente
[caption id="attachment_225967" align="alignnone" width="620"] A criação de Matheus Diniz foi à Times Square, Manhattan | Foto: Cortesia / Acervo Pessoal[/caption]
Em novembro de 2018, o designer gráfico Matheus Diniz se preparava para uma prova de inglês, requisito para tirar um certificado de proficiência. Com o idioma na cabeça, lhe ocorreu fazer uma brincadeira em seu Twitter. Ele publicou em seu perfil pessoal uma tradução literal da expressão “A jiripoca vai piar” ou “Tirar o cavalinho da chuva” (hoje, nem ele se lembra qual foi sua primeira publicação): “the jiripoca is going to pewpew”, or maybe, “take your little horse out of the rain”.
Em pouco tempo, a postagem viralizou, atingindo centenas de milhares de compartilhamentos. Matheus Diniz, que havia concluído uma pós-graduação em Marketing Digital e queria aplicar o que aprendera na prática, resolveu montar o perfil Greengo Dictionary como uma experiência. Criou uma identidade visual e um padrão para as publicações que imitam verbetes de dicionário inglês-português.
Por vezes, as expressões se tornam nonsense no inglês ao pé da letra – “give your jumps” para “dá seus pulos”; ou resultam em neologismos, como “fridayed” para “sextou”; ou criam absurdos gramaticais, como a tradução de “hoje tem” para “today have.” O estilo de humor ressoou nas redes sociais, fazendo o father of the donkeys ultrapassar um milhão de seguidores através de todas suas redes sociais em cerca de apenas um ano.
“A grande maioria dos seguidores é brasileira”, diz Matheus Diniz, “mas sempre recebo mensagens de gringos, ou brasileiros que mostram a página para amigos gringos. Me mandam vídeos ensinando estrangeiros a falar expressões brasileiras e entrando na brincadeira. Alguns até aprendem algumas coisas com isso.”
Matheus Diniz diz que tenta ler todas as mensagens que recebe, em busca de ideias para publicações, e que atualmente tem um banco de dados com mais de seiscentas ideias. “Além disso, meu cérebro ficou treinado; estou constantemente procurando por expressões brasileiras curiosas”. Com 900 mil seguidores apenas no Instagram, as sugestões não são poucas, mas afirma que a interação com seus seguidores é uma das mais importantes características do perfil.
Entretanto, talvez a maior confirmação do sucesso da página tenha vindo três semanas atrás. No dia 18 de novembro, o Greengo Dictionary fez o seguinte post: “Fomos convidados pela @stonepagamentos para criar frases que representassem o universo empreendedor do Brasil na avenida mais visitada de Manhattan: A TIMES SQUARE!”
De uma maneira natural, Matheus Diniz fez uma transição impossível para a maioria de páginas de memes na internet. Além da fintech Stone Pagamentos, o Greengo já fez parcerias comerciais com posts patrocinados por rede de presentes e decoração, rede de restaurantes fastfood, canal de tevê, loja de smartphones, marca de vodka, marca de maquiagem, pizzaria, montadora de automóveis, time de futebol e muitos outros.
“As marcas demonstram interesse e chegam com algumas ideias, eu complemento com as minhas”, afirma Matheus Diniz. “Tomo muito cuidado para manter o conteúdo engraçado. Eu não posso simplesmente divulgar um produto. O post tem de provocar interação. Na internet, já somos bombardeados o tempo todo por publicidade, eu não posso violar as pessoas jogando mais propaganda neste espaço.” Apesar da variedade de parcerias, o conteúdo dos posts têm regularidade e é difícil saber quais foram patrocinados.
Quanto ao futuro, Matheus Diniz afirma que o que tem mais lhe empolgado recentemente é a materialização do trabalho – produtos engraçados, estampados com as frases do perfil. “Quero expandir porque vi que tem potencial para outros produtos e sei que está fazendo muito sucesso”, diz ele.

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