Por Rodrigo Hirose

Projeto é o mais importante em tramitação na casa e participar ativamente dos debates garante visibilidade diante do eleitorado

Ao dizer pessoalmente que não disputará a Prefeitura caso o emedebista tente a reeleição, presidente da Câmara deixa em aberto uma participação na chapa

Desde que o governo federal anunciou que traria brasileiro da China para Anápolis, brasileiros de Wuhan têm sido tratados como os leprosos dos tempos bíblicos

Em reunião realizada na noite de quarta-feira, 5, Marco Antônio Maia, que também preside o clube de futebol da cidade, aceitou o convite do trio tucano

Waldir Soares indicará o vice-prefeito na chapa do Progressistas, colocando um pouco de tempero em uma eleição que parecia definida

Adib Elias, Cairo Sallin, Lissauer Vieira e Vanderlan Cardoso passaram recentemente pelo procedimento que promete fazer nascer novos fios de cabelo

Quando alguém paga 50% do ingresso para entrar em um show ou no cinema, está sendo bancado por outra pessoa que paga a “inteira”
Há frases que, de tão usadas, perdem a força e se transformam em clichê. O paradoxo é que se desgastam exatamente por resumirem em poucas palavras um assunto complexo. “Não existe almoço grátis” é uma delas. Atribuída ao nobel norte-americano Milton Friedman, que lançou em 1975 uma obra com o título There’s no Such Thing as a Free Lunch, a frase, que já havia circulado no comércio e na imprensa do país, resume didaticamente uma das faces da discussão sobre a meia-entrada para estudantes em shows, cinema, museus, etc.
A concessão da meia-entrada, que existe por força de lei federal e possui configurações próprias em vários Estados (sempre no sentido de aumentar e não de restringir), tem um bom motivo. Facilitar o acesso de jovens aos eventos culturais contribui, positivamente, para sua formação. Medidas do tipo existem em muitos países, inclusive os mais desenvolvidos, com características de cada local – em alguns só valem para museus, por exemplo.
Como muitas boas intenções, essa é outra que lota o inferno. Voltando à frase famosa, se não existe almoço grátis, tampouco há meia-entrada. Ela não passa de uma grande ilusão, mesmo para aqueles que têm direito a ela.
Tudo que existe de forma limitada tem um custo. Por isso, qualquer coisa que tenha demanda maior que a oferta ou que seja rara (como trufas brancas) é mais valiosa que as que despertam pouco interesse ou são abundantes (como o chuchu).
Um show artístico, por exemplo, tem um número limitado de ingressos. Quanto mais popular o artista, mais gente tem interesse em assisti-lo. Assim, uma apresentação do Roberto Carlos sempre terá ingresso mais caro que o couvert do cantor do barzinho.
Quando o produtor contrata um artista, leva em conta esse e outros fatores, como aluguel do espaço, taxas e impostos, segurança, energia, Ecad. Com todos esses dados, ele calcula o preço que vai cobrar pela entrada, de forma que banque as despesas e sobre o lucro almejado.
Supondo que esse cálculo precifique o ingresso ideal a R$ 30 e que metade do público seja de estudantes. Para atingir a média de R$ 30, o produtor terá de cobrar R$ 40 a inteira e R$ 20 a meia. Portanto, em relação ao preço ideal, a meia-entrada é só 33% mais em conta – e não 50%, como aparenta –, porcentual que será repassado para quem compra com tarifa cheia.
Assim, quem compra a inteira paga mais caro que poderia e quem compra meia está sendo iludido. Porque o produtor não perde dinheiro com a meia-entrada, ele simplesmente repassa para o público.
Outro problema é a universalização indiscriminada do benefício. Estudantes de renda alta acabam sendo subsidiados por trabalhadores de baixa renda. O garoto ou garota que estuda em uma escola cuja mensalidade é de R$ 1,5 mil, quando vai ao cinema, tem parte de seu lazer bancado pelo entregador de comida por aplicativo que fatura R$ 1 mil por mês (se tiver sorte) que por acaso conseguiu guardar uns caraminguás para assistir a um filme.
O benefício acaba tendo um efeito diverso ao que pretende. Ao longo dos anos, o preço dos ingressos em shows e nos cinemas subiu consideravelmente – é preciso admitir que não apenas por causa da meia-entrada, mas ela tem uma parte que lhe cabe nesse latifúndio. Assim, o estudante de baixa renda segue sem conseguir curtir um filme (especialmente com o fim dos cinemas de rua e concentrações nos shoppings) ou ver seu artista preferido de perto.
É bom lembrar, ainda, a explosão de carteirinhas de estudante falsas que passaram a circular desde que a meia-entrada se universalizou. Qualquer produtor sabe o quanto de gente que está há anos longe do banco da escola dá a carteirada na bilheteria.
Não é o caso de se acabar com a meia-entrada, pois ela tem, sim, uma razão de ser e uma função social. Mas é preciso discutir os critérios, levar em conta as características regionais, definir quem deve e quem não deve ter acesso, qual tipo de produto cultural deve ser abrangido. Falar em “acesso à cultura” soa genérico. Não se tem, por exemplo, meio-livro, meio pacote de Netflix ou meia assinatura do Spotfy – outras formas de se consumir cultura.
P.S: Tal discussão voltou à tona depois de um encontro entre produtores e artistas com o presidente Jair Bolsonaro. Nesse encontro, conforme noticiado, teria havido um pedido ao presidente para acabar com a meia-entrada. Quem participou da reunião nega e diz que houve distorção do que foi dito.
O que não deixou sombra de dúvida, novamente, foi o preconceito e a virulência das redes sociais. Preconceito em relação ao estilo musical dos artistas presentes, o sertanejo universitário, um “case de sucesso” da indústria cultural que deveria ser copiado. Virulência nos ataques baixos de sempre nas redes sociais.

Deputado federal diz que mais oito prefeitos devem ir para o partido, mas que ele deseja renovar a bancada de vereadores no Estado

As tragédias causadas pelas chuvas em Belo Horizonte, somadas aos problemas já existentes na capital goiana, alertam para a necessidade de se repensar a cidade

Nome de Marco Antônio Maia ganha força depois que sondagens à ex-deputada Mara Naves não evoluíram, mas ele ainda não se decidiu
Deputado disputa com o presidente da sigla, Cristiano Cunha, a indicação para ser o nome que vai disputar a sucessão de Iris Rezende

Deputado emedebista não tem adversários para a vaga no Tribunal de Contas dos Municípios, que será indicada pela Assembleia Legislativa
[caption id="attachment_177246" align="alignnone" width="620"] Humberto Aidar: na espera da aposentadoria de Nilo Resende | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption]
Na Assembleia Legislativa, já é dada como certa a ida de Humberto Aidar (MDB) para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), possibilidade que ganhou força no final do ano passado, conforme adiantado nesta coluna. O emedebista tem apoio de boa parte dos deputados e não deve encontrar resistência dos demais. E angariou ganhou muitos pontos no Palácio das Esmeraldas na condução dos incentivos fiscais.
A avaliação é que Aidar conseguiu enfraquecer o discurso dos empresários que eram contrários à revisão das renúncias, que em Goiás chegam à estratosférica cifra de R$ 8 bilhões. Ao mesmo tempo, sua ação não assustou possíveis novos investidores. Ou seja: conduziu os trabalhos na dose certa.
A indicação do emedebista, agora, só depende da aposentadoria do conselheiro Nilo Resende, que pode ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano. A vaga de seu substituto é da Assembleia Legislativa e não haverá disputa em torno dela.

Senador Álvaro Dias não desistiu do passe do colega goiano, a quem daria carta branca em troca do apoio para a presidência do Senado

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Série instiga ao tratar do aparecimento de um salvador, visto com esperança e descrédito pelas pessoas em tempos de redes sociais
As três grandes religiões monoteístas (por ordem cronológica: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo) somam, juntas, quase 4 bilhões de pessoas, praticamente a metade da população mundial. Todas têm uma mesma raiz, o patriarca Abraão (por isso, são chamadas de regiões abraâmicas), mas, ao longo de milênios, as divergências, que fomentaram guerras e perseguições, acabaram por esconder os muitos pontos de contato entre elas, além da origem única.
Ainda que existam distâncias aparentemente incontornáveis entre essas três tradições, a própria concepção de Deus único, que as une, é revolucionária, pois surgiu em meio a um caldo cultural exclusivamente politeísta. Entre as crenças mútuas de judeus, cristãos e muçulmanos, está a espera por um messias, que chegará no fim dos tempos para redimir o homem e instaurar a era da paz no mundo.
Cada uma delas, porém, tem sua própria maneira de enxergar esse messias. Para os cristãos, por exemplo, haverá o retorno de Jesus. Entre os judeus, a vinda do Mashiach, da linha de David (como a de Jesus no cristianismo) se dará junto da reconstrução do templo. Na visão de alguns segmentos islâmicos, especialmente entre os xiitas, que são minoria, haverá uma batalha final entre o falso profeta Al-Dajjal e o profeta Mahdi que, auxiliado por Isa (Jesus), sairá vencedor.
Outra semelhança é que a chegada desses messias é precedida de muitas tribulações. O homem estará entregue à ganância, à violência, ao orgulho e à luxúria. O planeta estará enfrentando ondas de furacões, terremotos e tsunamis. Em resumo, parecerá que o mal, enfim, estará prestes a triunfar.
É em um cenário assim que temos as primeiras imagens de Messiah, série que estreou na Netflix em janeiro e que causou polêmica em vários países, especialmente aqueles em que o Islã é maioria (a obra foi acusada de tratar os muçulmanos de forma preconceituosa e desrespeitosa, especialmente por supostamente liga-los ao terrorismo). Al Massih (Mehdi Dehbi) surge em Damasco, Síria, quando a cidade está prestes a ser invadida pelo Estado Islâmico. Uma multidão o ouve e, quando o ataque inicia, uma tempestade de areia toma conta do lugar. Al Massih continua sua pregação e, após dia de tempestade ininterrupta, o Estado Islâmico desiste da batalha. Isso basta para que dezenas de pessoas acreditem ter presenciado um milagre e passem a segui-lo.
Do oriente médio, Al Massih surge em uma pequena cidade no Texas, Estados Unidos, devastada por um furacão. Ali, a família de um pastor batista e os moradores presenciarão outra cena milagrosa. Assim, é a vez de cristãos ocidentais apontarem o homem como o aguardado messias. Mais uma vez, ele atrai milhares de pessoas.
A série escorrega no que pretende ser um thriller investigativo. Estão ali velhos clichês, como agentes dedicados integralmente ao trabalho e, consequentemente, com vidas pessoais destroçadas. Também não ficam de fora as exibições de capacidade investigativa dos vários órgãos de segurança norte-americanos (como CIA e FBI) e as rusgas entre os membros de cada um deles. Não falta, ainda, um toque de feminismo e do politicamente correto.
Mas essas são falhas que não estragam o que realmente importa: a premissa poderosa levantada pelos produtores Mark Burnett e Roma Downey, casal cristão responsável pela série A Bíblia, também disponível na Netflix. Afinal, como cada um de nós reagiria se o esperado messias chegasse hoje? Como seria a cobertura na imprensa? Como agiriam os grandes líderes mundiais, religiosos ou políticos? E as redes sociais, bombariam?
Messiah especula sobre todos esses olhares e não entrega respostas prontas – deixando aberta a janela para uma segunda temporada. E não é preciso ter uma imaginação muito fértil para antever algumas reações, de tão óbvias. Há o religioso que oscila entre a esperança cega e o ceticismo. Há o que vê no advento a oportunidade de angariar ainda mais prestígio. Há os que o considerem louco, revolucionário, terrorista, charlatão. Há pessoas que descobrem, ou reencontram, a fé. Há, ainda, as que tratem encontram nela maneiras de prosperar financeiramente.
Em meio a todas essas possibilidades, um sentimento une os personagens. Ao fim, aparentemente são aqueles que nada esperavam que encontram no messias uma possibilidade de redenção. Aos que projetaram nele a solução para as angústias e porta de saída para seus labirintos pessoais, resta a decepção. Ao menos na primeira temporada.