Por Redação

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Deputados querem barrar concurso público na Assembleia Legislativa

[caption id="attachment_78267" align="alignleft" width="620"](no alto) José Bonifácio, Zé Roberto, Toinho Andrade, Cleiton Cardoso e Junior Evangelista; (acima) Luana Ribeiro, Eli Borges, Valderez Castelo Branco, Mauto Carlesse e Eduardo Bonagura: eles não querem concurso (no alto) José Bonifácio, Zé Roberto, Toinho Andrade, Cleiton Cardoso e Junior Evangelista; (acima) Luana Ribeiro, Eli Borges, Valderez Castelo Branco, Mauto Carlesse e Eduardo Bonagura: eles não querem concurso[/caption] Dock Júnior As inscrições para o concurso da Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins foram abertas na quarta-feira, 19, e se encerrarão no dia 13 de novembro. O edital está disponível no endereço eletrônico www.funrio.org.br, da Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Assistência (Funrio), instituição escolhida para realizar a seleção. No total, serão oferecidas 66 vagas para nível médio, técnico especializado e superior, e 54 vagas para cadastro de reserva. Em outro edital publicado, são oferecidas cinco vagas para o cargo de procurador jurídico. As provas estão marcadas para o dia 18 de dezembro e poderão ser feitas em Palmas, Araguaína e Gurupi. O concurso terá validade de dois anos. Para os cargos de nível médio e técnico especializado será realizada somente a prova objetiva com 40 questões de português, Regimento Interno da Assembleia Legislativa e conhecimentos específicos de cada área. Já para o nível superior, estão previstas provas objetiva, discursiva e de títulos. De acordo com a Comissão do Concurso, a conclusão do certame está prevista para janeiro, e a posse dos aprovados ocorrerá durante o primeiro semestre de 2017. A Presidência da Casa tem interesse de renovar o quadro de servidores. Para isso, iniciou um estudo em agosto do ano passado, e, com base nele, realizou o Plano de Aposentadoria Incentivada (PAI) dos servidores com mais tempo de Casa. Essas vacâncias e as acumuladas ao longo dos anos tornaram urgente a necessidade de preenchimento dos cargos. Apesar da despesa para a realização do certame não ter sido prevista no orçamento de 2016, o concurso não trará custo adicional para o Parlamento, pois será financiado com o dinheiro das inscrições pago pelos próprios candidatos. Sobre o impacto orçamentário gerado com as novas nomeações a partir do próximo ano, a Assembleia continuará no limite prudencial, pois as vagas a serem ocupadas já existem. O Ministério Público do Estado do Tocantins já havia recomendado ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Osires Damaso (PSC), para que promovesse a deflagração de concurso de provas e títulos destinado ao provimento de cargos no âmbito do quadro funcional da Assembleia Legislativa, visto que não há concurso público na Casa desde 2006. “Há uma enorme disparidade para com o reduzido quadro de servidores efetivos, contrariando o entendimento perfilado pelo Supremo Tribunal Federal”, registra a recomendação do promotor de Justiça, Edson Azambuja. O procurador citou ainda a Constituição, ao considerar o concurso público como “porta mais legítima e imparcial para o ingresso no serviço público, devendo a administração buscar o cumprimento fiel dos princípios regentes da administração pública, como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e igualdade”. Ocorre que grande parte dos excelentíssimos parlamentares não gostaram da ideia de realizar um concurso público para dar provimento aos cargos. O deputado José Bonifácio (PR) apresentou na quarta-feira, 19, um projeto de decreto legislativo que propõe a suspensão do concurso da Assembleia Legislativa e o cancelamento do edital. A matéria recebeu a assinatura de 10 parlamentares – José Bonifácio, Zé Roberto (PT), Toinho Andrade (PSD), Cleiton Cardoso (PSL), Junior Evangelista (PSC), Luana Ribeiro (PDT), Eli Borges (Pros), Valderez Castelo Branco (PP), Mauto Carlesse (PHS) e Eduardo Bonagura (PPS) – e foi imediatamente encaminhada pelo presidente da Casa de Leis, Osires Damaso, para a análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Justificou o autor do decreto, Bonifácio: “Esse edital está cheio de vícios, estamos no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não justifica um assistente administrativo ganhar inicialmente mais de R$ 5mil”. Após esse episódio, os chamados “concurseiros de plantão” bombardearam esses parlamentares nas redes sociais. Alegam os candidatos às vagas do concurso que os deputados estão se valendo de um instrumento procrastinatório que – a bem da verdade – tem intenção de inviabilizar a realização do certame. A justificativa? Os deputados estariam interessados em continuar nomeando seus asseclas e protegidos nos referidos cargos, sem ter que submetê-los ao certame público. A atitude dos parlamentares no caso foi recebida de forma bastante impopular pela população tocantinense. Contudo, o fato é que as eleições municipais já passaram e não há mais interesse — pelo menos por enquanto — em agradar a opinião pública.

Mais de 1,6 mil certidões de dívida ativa são protestadas pelo governo

Dock Júnior A Secretaria de Estado da Fazenda enviou para cartório 1.672 Certidões de Dívida Ativa (CDA). Os débitos inscritos são de até R$ 10 mil, gerados entre agosto de 2015 e setembro de 2016. O montante da dívida é estimado em R$ 6 milhões. As certidões de pessoas físicas e jurídicas são referentes às dívidas de ICMS e débitos não tributários, que são multas de outros órgãos como: Procon, Naturatins, Vigilância Sanitária, entre outros. De acordo com o secretário de Estado da Fazenda, Paulo Antenor, a medida visa recuperar os débitos fiscais e adequar o contribuinte à legislação tributária. “A Sefaz está trabalhando com força total para recuperar essas dívidas e alertamos, aos contribuintes, para que procurem estar em dia com suas obrigações com o fisco”, enfatizou. A inclusão na dívida ativa ocorre quando o contribuinte não paga os débitos e todos os recursos no processo foram esgotados na Sefaz. Quem está em situação irregular com os cofres públicos deve procurar o cartório de protestos para quitar a dívida com o Estado.

Senador Ataídes comemora aprovação de recursos para educação

[caption id="attachment_47732" align="alignleft" width="620"]Ataídes Oliveira: acusação a Lula na tribuna do Senado já no ano passado | Foto: Waldemir Barreto Ataídes Oliveira| Foto: Waldemir Barreto[/caption] Dock Júnior O Congresso Nacional aprovou na terça-feira, 18, projeto de lei que libera R$ 702,5 milhões para o Fundo de Financiamento Estudantil e mais R$ 400,9 milhões para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). São mais de R$ 1,121 bilhão em investimentos. O senador Ataídes Oliveira (PSDB) comemorou a decisão e não deixou de criticar a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Os estudantes não podem pagar a conta da irresponsabilidade do PT, que quase quebrou o Fies depois da farra eleitoral para garantir as eleições de Dilma Rousseff”, comentou o parlamentar. Ele destacou que, segundo os cálculos da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), mais de 2 milhões de alunos estão em situação irregular por conta dos atrasos no pagamento do Fies. Ataídes Oliveira afirmou que o governo Dilma multiplicou os gastos do programa de forma inconsequente, inviabilizando-o. “Entre 2013 e 2014 os gastos com o Fies cresceram 1.476%. Essa conta estourou, evidentemente, em quem mais precisava dos benefícios, ou seja, nos milhões de jovens carentes que tinham no Fies uma oportunidade única de inclusão no ensino superior”, criticou o senador. Já o deputado federal Irajá Abreu (PSD) argumentou que com a aprovação do Projeto de Lei 8/2016, que libera crédito para atender os universitários, as instituições de ensino superior terão como regularizar os alunos e aceitar os novos que entrarão após o Enem 2016. “O pagamento do Fies às instituições de ensino superior está atrasado e existem quase 2 milhões de alunos em situação irregular. Agora, nossos estudantes poderão estudar sem esta preocupação”, declarou o parlamentar.

Comissão especial vai tratar da reforma do ensino médio

Dock Junior Na quarta-feira, 19, a comissão especial mista que irá analisar a Medida Provisória 746/2016, que trata da reforma do Ensino Médio, foi instalada. A deputada Professora Dorinha (DEM) foi nomeada membro titular da comissão. A MP cria a Política de Fomento à Implantação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Para isso, eleva a carga horária mínima anual, progressivamente, das atuais 800 horas para 1,4 mil horas. Entre as mudanças contidas no texto, está a flexibilização do currículo a partir dos interesses do próprio aluno e das especificidades de cada rede de ensino no Brasil. A parlamentar tocantinense disse que quer abrir espaço para debates sobre a MP, pois é necessário ouvir diferentes entidades, as escolas, os professores e os alunos. “A nossa tarefa é construir uma proposta de reforma e alteração do ensino médio que seja necessária e possível de ser construída para o País. De longe o ensino médio é o nosso maior desafio no que diz respeito à educação.” Ela lembrou ainda que pretende realizar um seminário sobre o tema no Tocantins e uma audiência pública na Comissão de Educação da Câmara. Os requerimentos estão previstos para serem apreciados pela Comissão de Educação nesta semana. “Pedimos que a sociedade se envolva e participe dos debates, nos ajudem a construir um texto que não seja excludente e que dê a real oportunidade de aprendizagem” conclamou.

Justiça suspende pagamentos a empresas investigadas em ação da PF

Dock Júnior A Justiça Federal determinou na quarta-feira, 19, que o governo do Estado e o Banco do Brasil (BB) suspendam imediatamente os pagamentos à Empresa Projetos Engenharia (Epeng), que também ficou impossibilitada de contratar com administração pública. A decisão é resultado da Operação Ápia, da Polícia Federal. As outras empresas envolvidas já receberam a determinação, quais sejam: EHL, CSN, MLV, CCM, Barra Grande e JM Terraplanagem. A Operação Ápia deflagrada no dia 13 passado investiga desvios de recursos públicos em obras de pavimentação e terraplanagem no Tocantins em 2014. Segundo informações repassadas pela Polícia Federal em coletiva de imprensa, as empresas se aproveitavam da inexecução de serviços contratados, que mesmo assim eram pagos. A PF afirma que havia revezamento nas vitórias das licitações entre as construtoras. Do total de de R$ 1,2 bilhão levantados entre as administrações dos ex-governadores Si­queira Campos e Sandoval Cardoso (SD) por meio de empréstimo na Áustria e do Banco Nacional do Desen­volvimento Social (BNDES), intermediado pelo Banco do Brasil, calcula-se que o prejuízo aos cofres públicos foi de cerca de R$ 200 milhões. O esquema passava ainda pelos servidores da Agência de Máquinas e Trans­portes (Agetrans), responsáveis por fraudar licitações por meio de concorrências públicas fraudadas, restringindo o caráter competitivo.

Vereadores de Palmas voltam ao trabalho

[caption id="attachment_69819" align="alignleft" width="620"]Câmara Municipal de Palmas | Foto: reprodução / Facebook Câmara Municipal de Palmas | Foto: reprodução / Facebook[/caption] Dock Júnior  Na quarta-feira, 19, a pauta foi destrancada na Câmara de Palmas destrancou após a presidência convocar uma série de sessões extraordinárias para apreciar um projeto de lei (PL) e as duas medidas provisórias. Todas foram aprovadas. A pauta da Casa de Leis da capital estava travada desde o dia 16 de setembro. O trancamento foi resultado do processo eleitoral, que ocupou a agenda dos vereadores que buscavam a reeleição ou outros cargos público em disputa. Entre as matérias apreciadas, foi aprovado o projeto de lei complementar, de autoria do Executivo, que define a regularização de lotes habitacionais no Lago Sul, Aureny III, Arse 131 e Arse 132. “As regiões destacadas no projeto de lei são locais carentes. O Lago Sul, por exemplo, região de um grande número habitacional, possui muitas residências sem regularização, condição essa que será modificada”, comentou na ocasião o vereador Major Negreiros (PSB). Outro tema debatido foi o projeto de lei, de autoria de Rogério Freitas (PMDB), que dispõe sobre a publicação no portal da transparência dos nomes dos servidores municipais que atuam junto a administração pública direta e indireta. A matéria tramita nas comissões e está atualmente na de políticas públicas sociais. O projeto de lei que travava a ordem do dia da Câmara de Palmas por mais de um mês alterava o Conselho de Desen­volvimento Econômico. A matéria retira alguns representantes da sociedade organizada, como as federações, que não podem estar presentes em nível municipal. Outro texto que trancou a pauta era a medida provisória que regulamentava o pagamento de gratificações aos servidores da saúde, por uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), que defende que a concessão seja regida por lei, e não decretos, como vinha fazendo a Prefeitura de Palmas. Por fim, a outra MP que impedia o seguimento das votações, visava regular o remanejamento financeiro do fundo de saúde para pagar folha dos servidores da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) e que também foi aprovada pelos vereadores.

Detran combate fraudes na emissão de CNHs

Dock Júnior O Departamento Estadual de Trânsito do Tocantins (Detran-TO) está apurando possíveis casos de utilização de documentação falsificada para solicitar a emissão de Carteira Nacional de Habilitação (CNH). De acordo com os investigadores, dois casos já foram comprovados e cinco passam por apuração. Os dois casos de falsificação de documentos foram comprovados quando os verdadeiros titulares dos prontuários de CNH buscaram pelo serviço de renovação do documento junto aos Detrans dos Estados onde residem, e foram informados de que os prontuários haviam sido transferidos para o Tocantins. Ao alegarem que nunca tinham pedido a transferência de jurisdição, os condutores solicitaram a apuração dos fatos. Os Detrans entraram em contato com o Detran do Tocantins e, assim, o Núcleo de Inteligência do órgão começou a levantar informações sobre o caso, constatando a falsificação de RGs (documento de identidade), bem como a identificação dos autores. O Detran aguarda a finalização dos processos, para tomar, administrativamente, as medidas necessárias.

Estado ajuda municípios a decretar estado de emergência

[caption id="attachment_78271" align="alignleft" width="620"]Prefeito de Taipas, Joaquim Azevedo: elogios à iniciativa do governo Prefeito de Taipas, Joaquim Azevedo: elogios à iniciativa do governo[/caption] Dock Júnior Cinco municípios do sudeste tocantinense encaminharam solicitação de estado de emergência à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, contudo, apenas Arraias teve a situação de emergência de estiagem publicada no Diário Oficial da União (DOU). Por tal razão, o governo do Tocantins tomou a iniciativa de assessorar os municípios de Arraias, Taipas, Conceição do Tocantins, Santa Rosa e Paranã no preenchimento do Plano Detalhado de Resposta (PDR), documento que se destina ao registro e à formalização das demandas necessárias para a complementação das ações de resposta a desastres, como socorro e assistência às vítimas, e restabelecimento de serviços essenciais das comunidades. O formulário a ser preenchido pelos gestores municipais deve conter as ações que pretendem executar com os recursos financeiros federais do Ministério da Integração Nacional, bem como a justificativa de cada ação especificando os recursos necessários, suas etapas, quantidades, prazos para execução e valores. O vice-prefeito de Conceição do Tocantins, Edson Fernandes de Deus, ressaltou que a iniciativa governamental vem ao encontro da necessidade, porque os municípios são carentes de recursos humanos especializados e de equipamento na gestão ambiental. “A consequência dessa falta de informação é a possível falta de reconhecimento do estado de emergência com uma estiagem que cada vez mais assola a população, principalmente, os menos favorecidos”, completou. Prefeito de Taipas, Joaquim Carlos Azevedo elogiou a iniciativa de assessoramento aos municípios, uma vez que considera que o processo para decretar estado de emergência é muito burocrático.

“Vaga em creche deve ser preferencialmente para famílias carentes, e não para classe média”

Eleita vereadora em Palmas pelo SD com 1.784 votos, servidora pública promete mandato com priorização para as questões sociais

Leia Brasileiros, uma plataforma de produção literária ao alcance de todos

Já com quase dois mil seguidores, o projeto, idealizado por jovem catarinense, visa formar uma rede que inteire o vasto acervo de textos da literatura brasileira

O amor de Goethe pelo Brasil

A cidade alemã de Weimar, na Turíngia, foi sede do Encontro Econômico Brasil-Alemanha. Nela, um dos maiores poetas de língua alemã, Johann Goethe, viveu boa parte da sua vida, e foi onde também faleceu. O artigo abaixo é, muito mais que boas-vindas ao Encontro, um retrato da paixão do alemão pelo Brasil e da proximidade entre os países, ainda que milhas e milhas distantes.

“Quero governar Uruaçu sem deixar de ser um cidadão comum”

Tucano conseguiu vitória em sua segunda tentativa de chegar ao comando municipal e pretende firmar parcerias com deputados e governos para superar momento de crise financeira

“A eleição acabou. Agora é hora de nos unirmos pelo bem de Jataí”

Eleito prefeito depois de enfrentar poderio financeiro da campanha do adversário, vereador tucano diz que seu sucesso vem do fato de ter sabido captar o que queria a população jataiense

“Sombras sobre a terra”: a primeira tradução do romance da alma uruguaia

Obra considerada como marco fundamental na literatura do Uruguai permaneceu desconhecida a outros idiomas por anos, mas agora ganha tradução em língua portuguesa [caption id="attachment_77117" align="alignleft" width="314"]Francisco “Paco” Espínola: autor do romance que marcou a literatura uruguaia pode agora ser lido em língua portuguesa e, talvez, conhecido por mais leitores que não os de língua espanhola | Foto: Divulgação Francisco “Paco” Espínola: autor do romance que marcou a literatura uruguaia pode agora ser lido em língua portuguesa e, talvez, conhecido por mais leitores que não os de língua espanhola | Foto: Divulgação[/caption] ADELTO GONÇALVES Especial para o Jornal Opção Embora seja dono de obra considerada um marco fundamental na literatura uruguaia do século XX, Francisco (Paco) Espínola (1901-1973) continuava inédito em outros idiomas. Esse estranho e inexplicável silêncio, porém, acaba de ser rompido com a publicação de seu romance “Som­bras sobre a terra” (1933) pela editora Letra Selvagem, de Taubaté-SP, em tradução de Erorci Santana, com texto de “orelhas” do crítico e poeta Ronaldo Cagiano. Além de no­ta do editor, o livro traz prefácio do crítico uruguaio Leonardo Garet, professor do Instituto de Estudos Superiores e do Instituto de Filosofia, Ciências e Letras, de Montevidéu, e a reprodução do prefácio da terceira edição, de 1966, publicada pelo Centro dos Estudantes de Direito de Monte­vidéu, escrito pelo crítico, historiador e ensaísta uruguaio (nascido na Argentina) Alberto Zum Felde (1889-1976). Garet deixa claro, em seu prefácio, que foi com dor que constatou que em “América Latina en su literatura” (México, Siglo Veintiuno, 1972), obra de quase 500 páginas coordenada por César Fernández Moreno que conta com a participação de 27 colaboradores, adotada também no curso de Le­tras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da U­niversidade de São Paulo (USP), não há uma citação do nome de Espínola. Só César Aira o reconhece em seu Diccionario de autores latino-americanos (Buenos Aires, Emecé, 2001). E, no entanto, “Sombras sobre a terra” não fica a dever a outros romances paradigmáticos da literatura hispano-americana, como “Junta-cadáveres”, do também uruguaio Juan Carlos Onetti (1909-1994), “Os passos perdidos”, do cubano Alejo Carpentier (1904-1980), “Pantaleão e as visitadoras”, do peruano Mario Vargas Llosa, “O obscuro pássaro da noite”, de José Donoso (1925-1996), e “Trópico enamorado”, do boliviano Augusto Céspedes (1906-1997), outra obra nunca publicada no Brasil, embora tenha o porto de Santos como um de seus cenários. O romance teve sua edição de estreia em 1933, em Montevidéu, e ga­nhou segunda edição em 1939, em Buenos Aires. Seguiram-se mais uma e­dição em 1966 e outra em 2001 (Clá­sicos Uruguayos), que inclui vários estudos preliminares, a propósito dos cem anos de nascimento do escritor. A edição brasileira surge a­gora depois que o editor Nicode­mos Sena “descobriu” na livraria de al­farrábios El Galeón, na zona central de Montevidéu, um exemplar de 1966, indicado por seu proprietário, Roberto Cataldo, para quem naquele romance “está a alma uruguaia”. O livro [caption id="attachment_77119" align="alignright" width="180"]Episódico, o romance de Espínola aborda um mundo às avessas | Foto: Divulgação Episódico, o romance de Espínola aborda um mundo às avessas | Foto: Divulgação[/caption] “Sombras sobre a noite”, como se percebe pelo título, é um daqueles romances ligados ao (sub)mundo noturno e seus notívagos, na linhagem de “Agonia da noite”, de Jorge Amado (1912-2001) e outros poucos na literatura brasileira. A exemplo de seus congêneres hispano-americanos, aborda as relações humanas nas casas noturnas e nos prostíbulos. O protagonista, de nome Juan Carlos, é um órfão de pai assassinado e mãe vítima de tuberculose, que vive num imenso e solitário casarão aos cuidados da negra Basília e cresce no Baixo, el Bajo, como é conhecida a zona do baixo meretrício nas cidades latino-americanas, em meio a prostitutas, cafetões e outros seres marginalizados. Foi num prostíbulo que o jovem Juan Carlos encontrou refúgio e compreensão, além de iniciar-se nas artes do amor. Autobiográfico, o romance não tem, praticamente, um enredo que se possa seguir de fio a pavio, mas é formado por episódios que antes constituem flagrantes do modo de vida daqueles que transitam por aquele mundo às avessas. As prostitutas, porém, são extremamente humanas e mesmo aqueles que vivem do suor de suas mulheres no ofício que é considerado o mais antigo do mundo não são apresentados como seres cruéis ou vis, mas como “namorados” ou apenas “rapazes” enamorados de suas amantes. Não se pense também que o leitor aqui irá encontrar cenas tórridas ou eróticas. Pelo contrário. Haverá de perceber certo desencanto em cenas no bar de um prostíbulo em que há sempre um cantante de tangos, milongas e estilos (típica composição uruguaia para ser acompanhada ao violão) a lamentar a fatalidade daquela vida à margem, um purgatório para a entrada no paraíso que só virá com a morte. Por trás desse romance poético, ainda que realista, perpassa, porém, um sentimento de solidariedade com os menos favorecidos, os deserdados da terra. O autor Francisco Espínola nasceu, em San José de Mayo, a 4 de outubro de 1901. Era, portanto, maragato, como todo aquele que nasce no pequeno departamento de San José, que fica às margens do Rio da Prata e na área metropolitana de Montevidéu. O termo maragato aqui também tem a ver com os nossos maragatos, os sulistas que deram início à Revolução Fede­ra­lista no Rio Grande do Sul, em 1893, contra os chimangos, os legalistas. Eram chamados de maragatos não só por causa do lenço vermelho que traziam ao pescoço, mas porque vinham do exílio no Uruguai, exatamente na região de San José, que fora colonizada por espanhóis procedentes da comarca espanhola de Maragatería, na província de León. Espínola nasceu no seio de uma família de tradição blanca, ou seja, ligada ao Partido Blanco, de inspiração conservadora, cujo ideário, aparentemente, seguiu pelo menos até 1962, quando se filiou ao Partido Comunista Uruguaio. Foi professor e crítico literário e teatral. Combateu a ditadura de Gabriel Terra (1873-1942), advogado que ocupou a presidência da república uruguaia de 1931 e 1938. Alto dirigente do Partido Colorado, igualmente de ideário conservador, Terra liderou um golpe de estado em 1933, com o apoio do exército. Durante seu governo, colocou na prisão muitos adversários políticos, inclusive vários professores, como Espínola. Preso em 1935, Espínola seria felicitado na prisão por alguns de seus algozes, que haviam tido a oportunidade de ler Sombras sobre a terra. Sua estréia literária deu-se em 1926 com o livro de contos “Raza ciega”, no qual o crítico uruguaio Alberto Zum Felde viu similitudes com “Crime e castigo”, de Fiódor Dostoiévski (1821-1881). Escreveu ainda “Saltoncito” (1930), relato para crianças; “El rapto y otros cuentos” (1950); “Milón o el ser del circo” (1954), ensaio sobre estética; e “Don Juan el Zorro” (1968), três fragmentos de romance. Escreveu também peças de teatro. Em 1961, foi distinguido com o Grande Prêmio Nacional de Literatura do Ministério de Instrução Pública do Uruguai. No artigo “El Bajo maragato cruza fronteras”, publicado no semanário Busqueda, de Mon­tevidéu, de 19 de fevereiro de 2015, a jornalista Silvana Tanzi, a propósito da então presumível publicação do romance no Brasil pela editora Letra Selvagem, traça um perfil de Espínola com a ajuda de um artigo de Alfredo Mario Ferreiro (1899-1959), em que este poeta dizia que o escritor fazia parte de uma geração que “vivia em ritmo lento e podia passar horas conversando no boliche”. Segundo Ferreiro, Espí­nola vestia-se sempre de preto com uma gravata e colarinho quebrado e engomado, usado em camisas destinadas a trajes formais como o smoking. “Dias houve em que Espínola falou pelo espaço de oito ou dez horas. E parecia um minuto”, recordou Ferreira, que era seu amigo. Espínola morreu durante a madrugada de 27 de julho de 1973, por coincidência dia em que ocorreu o golpe de Estado liderado pelo presidente Juan María Bor­da­berry (1928-2011), que instaurou um regime de exceção que duraria até 28 de fevereiro de 1985. Na­que­la manhã, os uruguaios acordaram ao som de marchas militares que eram tocadas nas emissoras de rádio, prenunciando um período de muitas perseguições, torturas e assassinatos de opositores à ditadura. l Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela USP e autor de “Os vira-latas da madrugada” (2015), entre outros.

Ouvidoria do Estado registra mais de 3 mil demandas da população em setembro

Relatório da controladoria contabiliza 27 mil manifestações em 2016. Nível de satisfação do usuário é de 74%