Por Redação

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A guerra contra o que não se pode matar e leituras para enclausurados

Que tal a leitura de livros de Wesley Peres, Jack Kerouac e Joseph Conrad? E um filme de Francis Ford Coppola baseado em "Coração das Trevas"?

O errático Bolsonaro, que não se sente acossado pelo real, não parece angustiado

As falas do presidente revelam, sobretudo sobre o coronavírus, que para ele é muito difícil ter, propriamente falando, um vínculo com qualquer verdade

Da inutilidade da filosofia à utilidade da ignorância em tempos de pandemia

Após corte no financiamento das ciências básicas e humanas, filósofo responde a pergunta: Para que serve a filosofia? Por que financiamos humanidades?

Romance de Raquel de Oliveira narra a vida da mulher que se tornou rainha do tráfico na Rocinha

A narrativa é eletrizante, não dá para desgrudar os olhos das páginas do livro, à espera do desfecho. Um retrato nu e cru da realidade das comunidades cariocas

Precisamos dar voz ao autismo

Por Bárbara Carvalho No fim de 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU), definiu todo dia 2 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Essa data foi criada com o intuito de aumentar os esforços globais e promover assim, uma maior compreensão sobre a condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) inclui diversas síndromes marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo. A ocorrência de casos de autismo tem crescido de forma bastante significativa em todo o mundo durante as últimas décadas. Em abril de 2018 o Centro de Controle e Prevenção de Doenças - Center for Disesse Control and Prevention (CDC) - dos Estados Unidos divulgou a atualização dos números do Transtorno do Espectro do Autismo que gira em torno de 1 para cada 59 crianças. O número anterior era de 1 para cada 68. O transtorno do espectro autista pode limitar significativamente a capacidade de um indivíduo para realizar atividades diárias e participar da sociedade. Muitas vezes influencia negativamente as conquistas educacionais e sociais da pessoa, bem como oportunidades de emprego. Enquanto alguns indivíduos com TEA são capazes de viver de forma independente, outros têm graves incapacidades e exigem cuidados e apoio ao longo da vida. Pessoas com transtorno do espectro autista são muitas vezes sujeitas ao estigma e à discriminação, incluindo menores oportunidades de acesso à saúde, educação e de se engajarem e participarem de suas comunidades. Essas pessoas têm os mesmos problemas de saúde que afetam a população em geral. Além disso, podem ter necessidades de cuidados de saúde específicas relacionadas com o TEA e outros transtornos mentais coexistentes. Podem ser mais vulneráveis ao desenvolvimento de condições crônicas não-transmissíveis devido a fatores comportamentais de risco, como inatividade física e preferência por dietas mais pobres. Além disso, correm maior risco de violência, lesões e abuso. Indivíduos com TEA precisam de serviços de saúde acessíveis para as necessidades gerais de cuidados de saúde assim como o resto da população, incluindo promoção e prevenção da saúde e tratamento de doenças agudas e crônicas. No entanto, têm taxas mais altas de necessidades de saúde negligenciadas em comparação com a população em geral. Elas também são mais vulneráveis durante emergências humanitárias. Um obstáculo frequente é o conhecimento insuficiente sobre o transtorno do espectro autista e as ideias equivocadas que partem dos profissionais de saúde. Precisamos da conscientização e inclusão. O autismo tem se tornado cada vez mais comum. Precisamos dar voz ao autismo.

Startup brasileira prepara para lançar teste rápido para coronavírus

O valor previsto para ser cobrado pelo exame é de 130 reais, mas a empresa avalia condições para diminuir o custo e tornar o serviço mais acessível

Trompetista que tocou com Miles Davis morre devido ao coronavírus

Wallace Roney tinha 59 anos. Mesmo tendo trabalhado com um mestre, como Davis, o músico tinha seu próprio percurso

Fecomércio pede ao Governo mais prazos, crédito e parcelamento de impostos

Presidente da entidade, Marcelo Baiocchi, acredita que medidas podem amenizar impacto da pandemia do coronavírus na economia

Crônica da volta

Por Alisson Azevedo Mantive esta coluna no jornal Opção entre 2011 e 2015, com regularidade quase espartana. Parei porque deixei de ver graça e propósito na minha própria escrita. Numa palavra, parei porque perdi a mão. Generoso, o jornal manteve minha coluna na nuvem, o que, se por um lado me embalava o ego, desafiava meu senso de responsabilidade por tantas crônicas que escrevi e que preferiria não ter escrito. Ou, por outra, por tantas crônicas que poderia escrever e... Agora preferia não fazê-lo. Felizmente, crônica não faz falta. Trata-se de um gênero menor da literatura, cultivado por um escritor menor ainda. Não, não é falsa modéstia nem autoestima em baixa, como diz uma amiga. Sou um escritor menor na medida em que escrevo pouco, tanto em quantidade como em extensão: só escrevo crônicas, parcas e curtas. E nestes dias não está fácil ser cronista. Otto Lara Resende cunhou para si uma definição que vale pra todo cronista que se preze, ainda que, como eu, não tenha a verve nem a genialidade do mineiro. Otto se dizia um “especialista em generalidades”. Mas num mundo de especialistas em tudo, e em que quase tudo são generalidades banais, qual será mesmo o lugar do cronista? Foi nessas datadas reflexões existenciais que em 2015 eu me perdi. Quando veio o golpeachment de 16 – aquele impeachment com cara de golpe, ou golpe com cara de impeachment --, trabalhava em Brasília e tive muita vontade de voltar a escrever, agora na pele de um cronista engajado e de esquerda. Mas, embora de esquerda, nunca consegui acreditar em literatura engajada. Depois veio o Temer, com a dona Marcela em casa e os agrobrothers da Friboi na garagem, e eu quase escrevi um tratado sobre a deletéria influência de uma singular dupla sertaneja goiana na política nacional: Wesley e Joesley. Mas achei de péssimo gosto e tive medo que o Euler Belém – meu mestre e editor de quem quase sempre discordo --, censurasse minha crônica por razões estéticas, o que aliás nunca fez por razão alguma. Meu censor era eu mesmo. Ai, a praga da autocensura! Depois desse episódio, e com a ascensão da vanguarda antiliterária bolsonariana, passei a invejar vivamente a obscura categoria dos escribas de fake news verossímeis, de memes irados e de twits corrosivos. De novo planejei voltar a escrever, mas fui atropelado por um “golden shower” de carnaval. Enquanto isso Lula foi preso, gritaram Lula Livre até na Globo e ele foi solto –, e continua dividindo opiniões. (Prometi a mim mesmo ser isentão nesse assunto, e passar longe da gasta palavra “polêmica”.) Falando em isentão, Quando o juiz Sérgio Moro virou ministro do Bolsonaro minha mão coçou de novo. Cogitei escrever um tratado de direito -- e de direita -- sobre a imparcialidade dos magistrados ou sua discreta e pouco judiciosa militância política. Mas o ministro Gilmar Mendes foi tão cirúrgico em suas críticas a Moro que tive vergonha de minhas veleidades de jurista chinfrim. Gilmar é o gênio da raça! Depois vieram os vazamentos do Intercept e tudo se acertou. Nunca mais, never more, o pra sempre sempre acaba. Tudo isso pra me convencer que esse negócio de cronista já era. Escrever fora para mim um arroubo de juventude. E como diz o Riobaldo, herói rosiano de “Grande sertão: veredas” --, “mocidade é tarefa para mais tarde se desmentir”. Mas nada melhor que o ócio pra reativar um negócio. A quarentena, o medo de morrer ou a simples falta do que fazer reavivaram em mim a vontade de escrever. A quarentena para mim é especialmente opressiva. Crônica e patologicamente avesso à disciplina, preciso dos grilhões da rotina pra me atar à realidade e não cair no vagabundo canto de sereia pirata numa cidade sem mar -- e agora também sem bar. Preciso acordar, ler o jornal, ir ao Pilates, ir ao trabalho... Agora o Pilates está indefinidamente suspenso. O trabalho, pra mim, é tão remoto quanto o foi, na minha mocidade, a musa inacessível. Mas esse é assunto – o trabalho, não mais a musa –, pra próxima crônica. Por hora sobra o jornal, que ecoa a pandemia e seus contrários, ambos potencialmente letais. Fico em casa, sem trégua ou visitas. Cego de nascença – como sabem sobejamente os raros leitores da fase heróica desta coluna --, uso as mãos para tudo o que faço. Inclusive para andar na rua e em ambientes maiores que a minha casa. Para nós cegos, a bengala é a ponta do dedo indicador tocando o chão. Isso é literal, e em tempos de Covid-19 nos coloca em situação de vulnerabilidade. Existe até manifestação da ONU nesse sentido, extensiva às pessoas com deficiência de modo geral. Daí meu medo de morrer. Quer dizer, em tempos de pandemia o demasiado humano medo de morrer vira precaução, mas no meu caso e de meus colegas de cegueira esse medo é potencializado pelo involuntariamente abusivo uso das mãos. O medo agora paralisa os sensatos – e os que podem parar. Então vem a falta. Na quarentena, a falta do que fazer é eufemismo para uma falta que é bem maior e demasiado humana. Ela vive quase sempre oculta e agora vem à tona, elevada ao paroxismo: a falta do convívio, do trabalho, da autoridade eficaz, do toque, da igreja, do boteco – mais a ameaça do fim do mundo, pelo menos esse que conhecemos --, tudo isso amplifica aquela sensação de incompletude com a qual, uns mais, outros menos, todos nascemos, e que sempre foi tão minha companheira. Por isso volto a escrever neste espaço: para com esta fugaz coluna tentar em vão preencher uma impreenchível lacuna: a da falta de sempre. A da falta que ora nos imobiliza, mas que também é a falta que nos move em direção à vida. E apesar dos negacionistas de sempre, eu fecho com Vinicius: “a vida tem sempre razão”.

Na Espanha, salvar uma pessoa é visto como uma vitória

A parte bonita desta pandemia é a união de uma nação, a compreensão e entendimento e o acato de cada lei aplicada. Salvar vidas é crucial

Espanhola-catalã diz que será preciso repensar as coisas ou marchar para o abismo

O indivíduo comporta-se como criança mimada brincando no parque e, quando a natureza o repreende, não leva a sério. Leva-se uma “bolada”, mas logo se esquece

A Gripe Espanhola matou de 17 a 50 milhões de pessoas e abalou o mundo

Não se sabe com precisão em qual país a doença surgiu. Fala-se na China, na Espanha e nos Estados Unidos

Saramago prova que as histórias para crianças devem ser leitura obrigatória para adultos

“A Maior Flor do Mundo” convida o adulto a deixar de ser adulto por um tempo e recuperar o menino perdido dentro de todos Soninha dos Santos Especial para o Jornal Opção Certo dia, passando a mão pelas prateiras de uma livraria, na parte dedicada a crianças, um nome me chamou a atenção: José Saramago. Depois, retirei o livro da estante e prestei atenção à capa: uma criança no canto inferior, do lado esquerdo, olhando para o alto, sem antes seguir a direção de uma fita métrica medindo o que parece ser a haste de um bambu. Toda a ilustração segue assim, misturando técnicas que João Caetano demonstra conhecer muito bem e, o mais interessante, depois do susto, perceber que tudo foi, milimetricamente pensado, para compor o texto de Saramago, Nobel de Literatura. José Saramago inicia seu belíssimo texto afirmando que “as histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças, sendo pequenas, sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas”. Então, o mestre se queixa dizendo que tem pena de si mesmo por nunca ter aprendido essas palavras. Mal sabe ele que, com tais palavras iniciais, qualquer criança se mostraria interessada pelo texto, pois suas palavras iniciais são um convite ao desconhecido, à leitura de um texto diferente do que até então lhes é apresentado. Se a ele, como diz, falta paciência para escolher palavras, à criança não falta curiosidade, vontade de conhecer o novo e reinar sobre ele. O tempo todo, durante a narrativa poética por excelência, Saramago pede desculpas e, por isso mesmo, o leitor quer ir adiante, ver onde vai dar todos os seus questionamentos e todas as suas incertezas. Quer ganha nesse embate é o leitor, brindado, página por página, por um texto forte, leve e que nos remete à mais tenra memória da infância. À memória das histórias e dos causos. À memória da poesia que perdemos ao crescer. Saramago nos convida a buscar, com o menino anônimo da história, essa flor, a maior do mundo, a flor da nossa consciência humana, em tempos onde a humanidade está cada vez mais distante dela mesma. “A Maior Flor do Mundo”, de José Saramago (Companhia das Letrinhas), nos convida para deixarmos de ser adultos por um tempo e recuperar o menino perdido dentro de todos nós: aquele menino que procura incansavelmente, a maior flor do mundo. Fica a dica. Você só tem a ganhar com a leitura desse livro. Soninha Santos é professora de literatura infantil e juvenil. https://youtu.be/YUJ7cDSuS1U