Por Irapuan Costa Junior

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Não há mais como deter a queda da presidente Dilma Rousseff

Marcha da insensatez da petista e de Lula da Silva gerou a marcha da sensatez do país contra seu governo e seus múltiplos equívocos

A diferença crucial entre Lula da Silva e Ernesto Geisel

[caption id="attachment_60781" align="alignright" width="620"]Lula da Silva e Ernesto Geisel: o primeiro tem medo de depor e precisa ser levado à força; o segundo, quando intimado, compareceu ao foro e depôs sobre Paulo Maluf e ex-auxiliares e respondeu a todas as perguntas Lula da Silva e Ernesto Geisel: o primeiro tem medo de depor e precisa ser levado à força; o segundo, quando intimado, compareceu ao foro e depôs sobre Paulo Maluf e ex-auxiliares e respondeu a todas as perguntas[/caption] “Nunca antes na história desse país” um ex-presidente da República demonstrou tanto pavor diante da singela perspectiva de um depoimento perante um delegado ou juiz. Nem tanta vontade de impedir investigações da Polícia Federal. De fato, Lula da Silva, mesmo se intitulando a “viva alma mais honesta que existe”, amaldiçoa um procurador que cumpre seu dever de pedir explicações sobre seus imóveis (ou imóveis não-seus, mas como se fossem), enrolados com dinheiro de origem duvidosa. Foge, desesperadamente, de algo natural: uma oitiva com um juiz, coisa que só mete medo em desonesto. Lula chegou a derrubar um ministro da Justiça, porque ele não “controla” a Polícia Federal, vale dizer, não impede que ela investigue as falcatruas que dele vão se aproximando. Lula acabou depondo coercitivamente, coisa ainda não acontecida “na história deste país”. Algo humilhante para quem tem vergonha na cara. Infelizmente, pelas declarações cínicas que o ex-presidente deu, após ser ouvido pela polícia, não parece ser o caso. Vai aqui um fato esquecido, ou pouco sabido, a título de lição para a “alma honesta”: No governo Geisel estourou em São Paulo um escândalo financeiro, o caso Lutfalla. Tratava-se de empréstimo do BNDES (então BNDE) para uma tecelagem do sogro de Paulo Maluf, chamado Fuad Lutfalla. A tecelagem, devedora do Banco, iria à falência em 1977, com um grande prejuízo, jamais coberto. Um advogado do BNDE, licenciado para disputa de cadeira de deputado na Assembleia paulista, Walter do Amaral, fez em 1975 denúncia pública de tráfico de influência por parte de Maluf na obtenção dos empréstimos e incúria do ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso, na prorrogação dos mesmos. Exibiu documentos internos do banco, que mostravam seu presidente, Marcos Vianna, se posicionando contra renegociações e novos empréstimos a Lutfalla, tecnicamente insolvente, e Reis Veloso ordenando sequência nas negociações e rolagens, sob a alegação de evitar desemprego de mais de um milhar de operários. Walter do Amaral, que mais tarde foi juiz e desembargador federal (hoje aposentado), acabou demitido do BNDE e processado por Maluf. O caso explodiu na imprensa e no Congresso, onde o senador Paulo Brossard, que era um grande orador, fez em maio de 1977 um discurso que foi muito divulgado. Nele, deu minúcias de todo o acontecido, e condenou o mau uso do dinheiro público. A ação de Maluf contra Walter do Amaral, enquanto isso, prosseguía, e o advogado, sentindo-se ameaçado, teve a ideia, já agora em 1983, de indicar o ex-presidente Ernesto Geisel como sua testemunha. Seu raciocínio era simplório. Pretendia apenas prolongar indefinidamente a ação, evitando que a influência de Maluf, tido como homem forte do regime militar, pudesse influir em sua condenação. Nunca um ex-presidente militar iria se sentar perante um juiz, pensava Amaral, até porque o regime ainda continuava, com João Figueiredo na Presidência. Com isso, a ação ficaria para sempre paralisada. Enganava-se, e muito. Ao contrário do que hoje faz Lula, Geisel colocou-se inteiramente à disposição da Justiça. Intimado, compareceu ao foro de Teresópolis e prestou seu depoimento perante o juiz. Respondeu, com a serenidade de quem não deve, logo não se apavora, a todas as perguntas. Não ficaram dúvidas. Não, os empréstimos a Lutfalla não foram concedidos pelo BNDE no seu governo, vinham de anos antes, disse Geisel. Sim, foram feitas renegociações por ordem de Reis Veloso e Mário Simonsen, seus ministros do Planejamento e da Fazenda, respectivamente, e contra parecer de Marcos Vianna, presidente do Banco. Houve, sim, interferência de Maluf, que só cessou quando foi exigido — e negado — que avalizasse o sogro, e desse seus bens em garantia para continuidade dos empréstimos. Que, por isso mesmo, pela interferência desonesta de Maluf, que não assumia sua corresponsabilidade, o BNDE foi orientado a intervir na empresa e liquidá-la. Geisel ateve-se à verdade. Não protegeu ninguém, não ocultou fatos, mesmo que pudessem atingir seus ex-auxiliares, como o ministro Reis Veloso e seu secretário-geral do ministério, Élcio Costa Couto, ou o ministro Mário Henri­que Simonsen. Assumiu todas as suas responsabilidades. Relatou, na íntegra, a ação de Paulo Maluf e de quem mais se envolveu nos fatos. Saiu com a cabeça erguida e o respeito do juiz.

Se assumir o lugar de Dilma, o que Temer fará com Renan Calheiros?

Desculpe-me o leitor pelo realismo nada fantástico. Um impeachment ou renúncia da presidente Dilma Rousseff, no deserto de lideranças que se tornou o Brasil, vai nos levar a uma incógnita. Se o vice-presidente Michel Temer assumir, melhora, não há dúvida. Qualquer coisa é melhor que o PT no governo. O partido (ou a gangue que atende pelo nome do partido) conseguiu juntar num só programa os maiores atrasos ideológicos, a maior incompetência administrativa e o mais deslavado assalto aos dinheiros públicos. Uma combinação inglória, que resulta no desastre econômico, com queda do PIB, desemprego e inflação, no desaparecimento dos serviços públicos, com educação, saúde e segurança aos pedaços, e na degradação social, com a pregação da amoralidade e de turbulenta luta de classes. Temer, que fez parte do governo, embora sempre um tanto marginalizado, terá forças para um saneamento? O que fará, por exemplo, com Renan Calheiros, que já se apresta a abandonar o barco de Dilma? Conseguirá devassar e limpar o BNDES? Caso o im­pe­achment alcance a chapa, e Te­mer também seja impedido, o que nos reserva uma nova eleição? Com essa oposição murcha e in­competente não há muito que se esperar. A diáfana Marina Silva, no fundo, é apenas um Fernando Collor manso, sem programa e sem apoio político. Aécio Neves, na eleição presi­den­cial passada, revelou ao país algo que conseguiu manter escondido até lá: foi mau governador, ou não teria vergonhosamente perdido em seu próprio Estado. Como ser bom governador, aliás, preferindo a doce boemia carioca aos pesados encargos de governar as Minas Gerais? José Serra, não nos iludamos, é apenas uma Dilma que consegue completar raciocínios. Tão atrasado ideologicamente quanto ela, não nos afastaria do bolivarianismo e nem coibiria a selvageria do MST. Tão áspero quanto ela, não tem como reunir e liderar uma equipe de pessoas dignas e competentes, como o Brasil está a pedir. O melhor do PSDB ainda é Geraldo Alckmin, mas teria que se livrar do grande peso do seu partido, uma bola de ferro que arrastaria na Presidência. Estaria sob a influência de Fernando Henrique. Digo sempre que PT e PSDB são farinha do mesmo saco. Ideo­logicamente, não diferem muito. Por sorte ou astúcia, Fernando Henrique conseguiu passar incólume pelas indagações sobre os custos de sua reeleição e mistérios de suas privatizações. Por sorte ou oportunismo, assumiu a autoria do Plano Real, em que não acreditava, e que lhe foi imposto, quase à força, por Itamar Franco e se transformou no seu grande trunfo, a ponto de ocultar o mérito de Itamar (que morreu sentido com isso). Fernando Henrique sempre poupou Lula e Dilma, e o fez por afinidade ideológica, não por qualquer afinidade pessoal, que esta não existe. Foi sempre alvejado por ambos, merecida ou imerecidamente; e sua esposa, essa com toda certeza imerecidamente, foi alvo, como se viu, de um dossiê saído do gabinete civil de Lula, chefiado por Dilma, de uma sordidez sem limites. Fernando Henrique abortou o impeachment de Lula no mensalão; elogia Dilma nos momentos mais críticos de seu sofrível governo. Dizia meses atrás: “Lula é um líder popular. Não devemos quebrar esse símbolo”, convenientemente esquecido de toda a roubalheira. E para não buscarmos fatos distantes, na ida de Lula, coercitivamente, a depoimento na Polícia Federal, uma das poucas vozes de protesto foi a de Fernando Henrique, não pessoalmente, que seria demasiada desfaçatez, depois do que fez o PT com ele no caso da amante Miriam Dutra, dias atrás. Mas através de seu fantoche, seu ex-ministro da Justiça José Gregori, que criticou publicamente a ação do juiz Sérgio Moro e a classificou de exagerada. Quem conhece José Gregori, sabe que ele deve sua biografia à condescendência de Fernando Henri­que para com amizade que unia as suas respectivas famílias, e não aos seus discutíveis méritos. A probabilidade de Gregori fazer esta declaração sem a aquiescência (ou sem ser a mando) de FHC beira a probabilidade de ganhar um prêmio de loteria.

MST e CUT querem matar a democracia

Os fascistas italianos tinham os “camisas negras”; os nazistas os “camisas pardas”, ou SA; a esquerda revolucionária brasileira tem os “camisas vermelhas” do MST, da CUT e da UNE. Estes últimos, que invadiram e depredaram as instalações do Grupo Jaime Câmara, são idênticos aos outros, no método, que é a violência, e no objetivo, que é matar a democracia. Prove o contrário, quem puder.

Max Hasting relata histórias “miúdas” da Segunda Guerra Mundial que outros historiadores ignoram

O brilhante pesquisador britânico registra histórias de bravura de soldados, oficiais e pessoas comuns, não apenas as decisões dos governantes e dos generais

Há indícios em excesso sobre ligação de Lula com o tríplex no Guarujá e o sítio em Atibaia

[caption id="attachment_58700" align="alignright" width="620"]Lula da Silva assegura que não é dono de tríplex de luxo no Guarujá e de sítio em Atibaia, mas as evidências, cada vez maiores, parecem contrariar o ex-presidente da República Lula da Silva assegura que não é dono de tríplex de luxo no Guarujá e de sítio em Atibaia, mas as evidências, cada vez maiores, parecem contrariar o ex-presidente da República[/caption] Há uma lei física, chamada Lei dos Gran­des Números, que diz: a probabilidade de um evento tende para seu real acontecimento quando o número de repetições é muito grande. Exemplificando, se lançamos uma moeda, a possibilidade de dar cara (ou de dar coroa) é de 50%. Com um número pequeno de lançamentos, dois, por exemplo, é normal não termos uma cara e uma coroa. Poderão ocorrer duas caras ou duas coroas, embora não esteja excluído o acontecimento de uma cara e uma coroa. Mas se fizermos 2 milhões de lançamentos, teremos muito aproximadamente 1 milhão de caras e 1 milhão de coroas, ou seja, o acontecido (cara ou coroa) será praticamente igual à probabilidade de 50%. Há, no meio social, uma lei assemelhada: se indícios apontam uma realidade, mesmo que negada, a possibilidade de sua comprovação cresce com o número de indícios presentes. É essa lei que orienta os trabalhos de investigação policial, por exemplo. Ou o diagnóstico de enfermidades, outro exemplo. À medida que o número de indícios cresce, mais e mais se cristaliza uma realidade, mesmo que oculta de maneira deliberada ou não. Na recente discussão sobre um apartamento de três andares em Guarujá e um sítio em Atibaia, a afirmação de Lula de que não pertencem a ele não resiste a uma aplicação da Lei dos Grandes Nú­me­ros. Não falamos, é claro, da propriedade formal desses imóveis. Eles estão, indiscutivelmente, em nome de terceiros, e basta uma visita aos cartórios para comprová-lo. Um parece estar em nome da construtora OAS — o apartamento — e outro em nome de Fernando Bittar, um sócio de Lulinha, filho mais velho do ex-presidente. Mas os indícios de que Lula é ou era mesmo o dono de um e de outro surgem em assustadora (para ele) progressão. Vamos ao tríplex: um indício fortíssimo vem de uma revelação do próprio Lula: a de que havia uma quota, de propriedade de sua mulher, Marisa Letícia, correspondente a um apartamento, naquele mesmo edifício. Poderia então ser outro apartamento, que não aquele, tão falado, pois a opção do quotista por uma determinada unidade era obrigatória e tinha data fixa para ser exercida, data expirada anos atrás. Mas os indícios apontam no sentido inverso, e são vários, começando com o fato de que no caso citado não surgiu a devida opção por qualquer unidade. Foi o tríplex do Edifício Solaris que Marisa Letícia visitou e cujas obras fiscalizou, mais de uma vez, recebida com flores pela construtora e acompanhada de um dos filhos. Foi ali que esteve Lula, escoltado por um alto executivo da OAS, que — outro indício — está terminando justamente esse prédio, enquanto vários outros, pertencentes a pobres bancários lesados pela cooperativa dirigida por João Vaccari, ficaram por terminar. Foi ali que a OAS gastou quase 800 mil reais em acabamento, que incluiu até elevador privativo. Os indícios vão crescendo, em número e força — e até a desistência do imóvel, após a celeuma despertada na imprensa, não deixa de ser um deles. Sítio de Atibaia [caption id="attachment_58698" align="alignright" width="620"]Reprodução Reprodução[/caption] Com o sítio de Atibaia ocorre algo semelhante — ou pior. Mais indícios se acumulam. Também ali a OAS está presente: doando a mobília do local. E não é uma mobília qualquer. Custou R$ 180 mil. Outra empresa (como a OAS enrolada no petrolão), a Odebrecht, bancou uma reforma, que só em compras custou R$ 500 mil, segundo a dona de uma loja de material de construção. Indícios e mais indícios. Um engenheiro da Odebrecht foi responsável pelas obras, e diz que exerceu seu mister de graça, e nas férias, a pedido de um amigo. Não se lembrava do nome do amigo, quando indagado por um repórter. Horrível indício. A Odebrecht, apesar das evidências, nega participação nas obras. Indícios cada vez mais estranhos. Há ainda indícios que se ligam: as mobílias do sítio e do tríplex foram compradas na mesma loja, pela mesma OAS, e parte paga com dinheiro vivo. Além disso, funcionários da loja foram orientados a não fazer comentários, e as notas foram emitidas em nome de Fernando Bittar. Fraudulento indício! O instalador das cozinhas não pode ter acesso ao sítio, para as medidas dos armários. Teve que se contentar com as plantas do projeto de reforma. Inusitado, logo outro indício. Marisa Letícia comprou um barco para o sítio. Não é mais um indício? A família ali passou fins de semana, mais de uma centena de vezes. A mão de obra das reformas, ao que parece, veio do amigo José Carlos Bumlai (segundo-amigão de Lula), preso, também, por envolvimento no petrolão. O arquiteto que confeccionou os projetos teria sido pago por Bumlai. Ao menos é ligado a ele. E vão surgindo mais e mais indícios. A escritura do sítio foi passada no escritório de Roberto Teixeira, o primeiro-amigão de Lula, mas, ao que consta, não é amigo do dono formal. Nenhuma explicação válida surgiu até agora, mas indícios brotam um após outro. Lula nada fala, talvez por nada ter a dizer. Ou tema que, dizendo algo, forneça mais algum indício. O porta-voz lulista, cada vez mais suspeito, é o Instituto Lula, mas, como institutos não falam, há que se presumir que a voz seja de algum amigão entre os ali homiziados, Paulo Okamoto, quase que certamente. Outros são o pretenso beato Gilberto Carvalho, de fidelidade canina ao ex-presidente, e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (cria política de Lula). O instituto Lula só responde aos questionamentos da imprensa com evasivas, o que no fundo traduz-se em mais indícios. Gilberto Carvalho admite a reforma pelas empreiteiras, ao menos no sítio de Atibaia, que considera “a coisa mais normal do mundo”, e repisa que a propriedade não é de Lula, mas de Bittar. Na prática tenta transformar o que era um indício — benefício de uma empreiteira envolvida no petrolão a um ex-presidente ou mesmo presidente, pois Lula ainda estava no governo quando as obras já estavam em andamento — em um fato banal. Mas a banalidade é falsa. Empreiteiras não dão presentes desse valor (próximo a 1 milhão de reais), a não ser a quem lhes devolva no futuro ou lhes adiantou no passado vantagens múltiplas do valor que concederam. E Lula, os indícios pululam (sem trocadilho), foi um grande beneficiador de empreiteiras, aqui no Brasil e lá fora, cortesias que fez com nosso chapéu, principalmente com verbas do BNDES. Duas delas, Odebrecht e OAS surgem como “doadoras” de obras no tríplex e no sítio famosos. Indícios, indícios e mais indícios, alimento suficiente para a Lei dos Grandes Números. Luiz Marinho acha corriqueiro que alguém, mesmo que “apenas” sócio de Lulinha, vá até o escritório do amigo do peito de Lula (que já emprestou casa para ele), Roberto Teixeira, passar uma escritura de um sítio. Por que não num cartório qualquer? Ou isso não é mais um indício? Acha ainda natural alguém entregar uma chave a Lula e dizer que use o imóvel pelo resto de sua vida como se seu fosse. Como se isso ocorresse no dia a dia das pessoas. Quando não chama ao diálogo coisas semelhantes, e tão condenáveis quanto, como Fernando Henrique mendigando — ou achacando, sabe-se lá — banqueiros para montar o instituto que tem seu nome e alimenta sua vaidade. Como se uma malandragem justificasse outra, dando assim mais um indício de que algo errado, muito errado, ocorre com esses imóveis incríveis, fantásticos, extraordinários, como diria um programa televisivo da extinta rede Manchete nos anos 1990. Lula destruiu provas abdicando do tríplex, antes de para lá se mudar. Alega que tinha apenas uma quota e não o apartamento que preparava, com a mulher, para ocupar. Escapa jurídica mas não moralmente do apartamento. Mas não tem escapatória para a continuada fruição do sítio. Nem para as fabulosas doações das empreiteiras sujas no petrolão para seu conforto naquela propriedade. Resta-lhe rezar. Mas não sua jaculatória de devoção: “Eu não sabia”. l

Seis fatos da era petista no poder que provocam estranhamento

Estranheza 1 [caption id="attachment_54952" align="aligncenter" width="620"]Foto: Lula Marques / Agência PT Foto: Lula Marques / Agência PT[/caption] A Procuradoria-Geral da República — que tem sido muito expedita no levantar indícios, colher provas (no exterior, inclusive e principalmente) e representar contra Eduardo Cunha (PMDB), o presidente da Câmara dos Deputados — anda a passo de lesma quando se trata do presidente do Senado, o notório Renan Calheiros (PMDB). E o Supremo Tribunal Federal acalenta há três anos, sem julgá-lo, o processo contra Renan que o fez renunciar à presidência do Senado para salvar o mandato, em 2007. O jornalista Josias de Souza, da UOL, que teve acesso a esse processo, fez no seu blog, dias atrás, um relato que não deixa dúvidas: as provas são por demais concretas para que Renan possa passar incólume através delas. Mas o calhamaço, que dormiu por meses nas gavetas do ministro Ricardo Lewandowski, agora cochila, também por meses, na mesa do ministro Edson Fachin. Rapaz de sorte, esse Renan Calheiros. Ou muito esperto. Estranheza 2 mais_medicos_treinamento Onde anda a valentia do Ministério Publico do Trabalho? Os promotores e procuradores do MPT contam-se às centenas. Estão espalhados por esse Brasil todo. Também por todo o Brasil estão espalhados os médicos cubanos, já lá se vão quase três anos. Contam-se também às centenas (ou milhares). Todos os promotores e procuradores do trabalho sabem, embora possam até fingir que não, que esses pobres profissionais aqui estão na mais degradante condição de servidão, pois ela não só é material, com o confisco de quase todo seu salário pelo governo brasileiro e pela ditadura cubana, como também moral, pois acrescida das restrições de deslocamento e contato com outras pessoas, da vigilância policial cubana (mesmo aqui no Brasil) e da manutenção de parentes reféns na ilha dos irmãos Castro. Dessas centenas de bravos promotores e procuradores apenas um, Sebastião Vieira Caixeta, teve a coragem de levantar a voz contra os desmandos. Os demais compõem as centenas silenciosas perante o governo, que não têm a coragem de enfrentar. São bocas sem voz, penas sem tinta, para cumprir o dever funcional, cívico e moral. Neste mesmo instante, o MPT move intensa campanha contra shopping centers para que construam creches para os filhos de seus lojistas, dever de que esses centros comerciais tentam fugir. Louvável, porém muito mais louvável seria estender a mão para esses escravizados médicos cubanos, que longe de sua pátria e separados à força de suas famílias, estão cuidando da saúde da parte pobre da população brasileira, enquanto são roubados pelo governo desse mesmo país a que servem com sacrifício. Estranheza 3 [caption id="attachment_57607" align="aligncenter" width="620"]Rio de Janeiro- RJ- Brasil- 01/03/2015- O bolo de aniversário dos 450 anos do Rio. Ele foi montado na Rua da Carioca, no centro, com 450 metros de extensão, e distribuído com a população. Na foto, o prefeito, Eduardo Paes e o governador, Luiz Fernando Pezão. (Tomaz Silva/Agência Brasil) Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil[/caption] Há certa condescendência da imprensa, uma quase cumplicidade, com os governos cariocas, do Estado e da cidade. É tão caótico o panorama da saúde pública no Rio de Janeiro, que pede medidas de exceção. As poucas notícias que filtram já são o bastante para que se avalie a falta de médicos, de enfermeiros, de ambulatórios, de leitos, de medicamentos, de aparelhos, de insumos os mais simples, como luvas e seringas. Mas o Rio continua festivo, gastando nas comemorações tradicionais, como réveillon e carnaval, como se tudo estivesse dentro da normalidade. É um problema nacional, alguns dirão. Não é, pois é muito menos grave em São Paulo e Santa Catarina, por exemplo. O problema nasce mesmo é da desonestidade e da incompetência. Se por um lado existem os profissionais desonestos que faltam aos plantões ou atendem com desleixo os mais necessitados, existem por outro lado os conscientes, que vêm alertando os governos para o agravamento da situação, sem que sejam ouvidos. No ano passado, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro denunciou publicamente o estado de calamidade da saúde pública carioca. Não era novidade, e pouco ou nada foi feito. Nos anos anteriores, Ministério da Saúde e IBGE publicaram estatísticas mostrando que o Rio de Janeiro estava em último lugar na Federação em aplicação de recursos na saúde pública. O ápice da inconsequência veio no final do ano passado e começo deste ano, com unidades de emergência de portas fechadas por impossibilidade de atendimento, como vimos nas televisões, incapazes de esconder a situação, tão grave ela é. Estranheza 4 [caption id="attachment_42927" align="aligncenter" width="620"] Foto: Roberto Stuckert / Instituto Lula Foto: Roberto Stuckert / Instituto Lula[/caption] Num Brasil sacudido por escândalos gigantescos no campo da corrupção, paira um interrogador silêncio sobre uma sigla: BNDES. O volume de dinheiro, de certa forma subsidiado, que saiu do banco para duas finalidades pelo menos suspeitas (financiamento de obras no exterior para empreiteiras ligadas a Lula e empréstimos a empresários “companheiros”), é muito grande. Em alguns casos, o governo cercou essas operações de um injustificado segredo. Em outros, somou-se à entrega fácil de dinheiro público a governos e ditaduras com duvidosa capacidade de pagamento, um lobby dentro do governo para adjudicação das obras financiadas a empresas que retribuíram pelo menos com contratações de palestras de Lula por cachês fabulosos. Uma CPI do Congresso nunca inspira confiança, e as autoridades que investigam o petrolão, talvez para não perder o foco, não enviaram ainda as equipes da Polícia Federal para uma boa busca no Banco e nos beneficiados. Alguém duvida que se trate de um belo filão, para quem procura casos puníveis por corrupção? Estranheza 5 [caption id="attachment_55386" align="aligncenter" width="620"]Foto: reprodução / Facebook Foto: reprodução / Facebook[/caption] O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é incorrigível. Vítima preferencial do PT, de quem vem sofrendo os piores ataques e as mais graves acusações desde o primeiro governo Lula, sempre protege o partido adversário, ainda que em meio aos escândalos da Petrobrás e adjacências. Salvou Lula do im­peachment à época do mensalão, atendendo a pungente pedido do mesmo, levado por Marcio Thomaz Bastos. Já fez declarações favoráveis a Dilma Rousseff, atestando sua honestidade e colocando dúvidas sobre a validade do impeachment. Na semana passada foi mais uma vez contra seu próprio partido, o PSDB, defendendo o PT. Como se sabe o PSDB cogita de um pedido de extinção do PT por ter recebido dinheiro do exterior (Cuba ou Angola), o que foi revelado nas delações premiadas e constitui crime passível de anulação de registro partidário. Fernando Henrique discordou publicamente da medida, na semana passada, alegando que o PT deve, sim, continuar existindo. Muitos estranham essa posição, mas ela é coerente com a crença de esquerda professada por FHC, e defendida pelo Foro de São Paulo. Elos da mesma corrente ideológica, Lula e FHC. Ou como dizem, com sua sabedoria baseada na prática nossos matutos, farinha do mesmo saco. Estranheza 6 [caption id="attachment_57603" align="aligncenter" width="620"]black-blocs-fotos-publicas Fotos Públicas[/caption] Os inquéritos abertos para apurar crimes dos black blocs, que em 2013 e 2014 promoveram monumental quebra-quebra principalmente em São Paulo, estão encerrados sem denunciar ninguém. Descarada impunidade, completa incompetência da polícia e do Ministério Público. Se não há culpados, quem depredou lojas, bancos e prédios públicos? Quem incendiou veículos? Quem agrediu e feriu policiais e repórteres? Quem andava mascarado para não ser reconhecido, e por que o fazia? Não à toa, o Movimento Passe Livre (MPL), organização que defende o absurdo do transporte gratuito, como se isso fosse possível, se apoia hoje nesses desordeiros impunes.

A burocracia brasileira é mais kafkiana do que Kafka

A principal função do Estado no Brasil parece ser tolher a liberdade do indivíduo e dificultar sua vida e seus negócios

A história do engenheiro goiano que foi decisivo na construção de Brasília

Goiano de Vianópolis foi um dos técnicos que contribuíram para arrancar Brasília do papel e criar uma cidade bonita. Depois, foi professor da UnB

Os bancos estatais também pedalaram

Questionados pelo ministro Joaquim Levy, que alertou o Banco Central, BNDES, Caixa Econômica, Banco do Brasil e Banco da Amazônia tiveram que refazer sua contabilidade e corrigir seu patrimônio líquido (para baixo), informou a “Folha de S. Paulo”. BNDES encurtou seu patrimônio de 66 bilhões para 35 bilhões de reais. A Caixa teve que encurtar o seu em 36 bilhões, o Banco do Brasil em 8 bilhões e o Banco da Amazônia em 1 bilhão. Um “furinho” contábil de 80 bilhões. Quase nada. Por falar em BNDES, quando saberemos o que na verdade ocorreu nas combinações do governo petista com as ditaduras como Cuba e Angola, envolvendo empreiteiros já denunciados em outros esquemas, obras entregues de mão beijada, e o próprio BNDES? Quando serão esclarecidos esses possíveis desvios de recursos que tanta falta fazem nas escolas, nos hospitais, na segurança pública e na infraestrutura dos brasileiros, tanto mais necessitados quanto mais sacrificados no pagar seus impostos?

Pena que o CNJ não investigue o Supremo

O que informa o jornalista Augusto Nunes, da revista “Veja”, exibindo a filmagem, inclusive, parece muito sério: o ministro Barroso, na célebre sessão do Supremo que analisou o rito do processo de impeachment, teria enganado seu colega Teori Zavascki e omitido trecho de artigo do Regimento Interno da Câmara sobre as votações secretas naquela casa. A omissão por sua vez teria influenciado indevidamente o voto dos colegas. A ser assim, o ministro Barroso teria cometido grave falta. Pena que os atos do Supremo não sejam passíveis de exame pelo Conselho Nacional de Justiça.

Dilma Rousseff não quer perceber o óbvio ululante: pode até não cair, mas não está governando o país

O fato indiscutível é que o Brasil já pagou um preço deveras elevado pelos sonhos ideológicos, pela incompetência e pela corrupção dos anos petistas. Precisamos de um basta. Legal e constitucional, mas que não tarde

Impeachment de Dilma Rousseff pode contribuir para o país se recuperar moral e economicamente

[caption id="attachment_53697" align="alignright" width="620"]Dilma Rousseff: por que não investigar com rigor os fundos de pensão? Porque será mais um escândalo na cota do petistmo Dilma Rousseff: por que não investigar com rigor os fundos de pensão? Porque será mais um escândalo na cota do petistmo[/caption] É revoltante o argumento usado por muitos (Fer­nan­do Henri­que Car­do­so inclusive) para de­fender Dilma Rousseff e seu mal­fadado mandato (que parece ter ter­minado sem mesmo ter começado). O mantra de que Dilma Rousseff é honesta, e não se apropriou do dinheiro público, ao contrário de outros petistas (como José Dirceu), é uma cínica afirmação ideológica das esquerdas para evitar um impeachment. Levar bilhões de dólares de dinheiro público para Cuba, por exemplo, sabendo tratar-se do mais suado dinheiro do trabalhador brasileiro, ciente de que esse dinheiro faz falta na mesa de muitos lutadores pobres e honestos, que é muitas vezes subtraído da educação de seus filhos ou da saúde de seus pais, torna a presidente tão culpada quanto Paulo Roberto Costa ou Renato Duque, dois notórios envolvidos no escândalo da Petrobrás. Desvio de dinheiro público de suas reais finalidades — o retorno em benefícios para o povo que o confiou ao governo — será sempre criminoso, qualquer que seja a finalidade do desvio. O bolso em que foi parar, de um ladrão ou de um ditador, pouco importa. Se a candidatura de Lula da Silva era democraticamente aceitável, dado sua conhecida trajetória no movimento sindical e na política, a de Dilma Rousseff desde o início ins­pirava cautela. Novata, com carreira política inexistente, pouco se sabia dela, e esse pou­co não era lá muito recomendável. Per­tencera a um movimento terrorista e quando alardeava que lutara por uma democracia contra uma ditadura estava mentindo desbragadamente, pois estava a serviço do regime cubano, que desejava, com todas as suas forças, estender sobre o Brasil. Lutava a favor de uma ditadura contra um regime militar forte, mas que só mesmo com uma distorção ideológica cínica poderíamos classificar de ditatorial. Dilma Rousseff estava mentindo quando alardeava portar um diploma de doutorado que nunca existiu. Exibia uma arrogância e um destempero que, hoje se sabe, tinha uma serventia: esconder a insegurança que acompanha a incompetência de quem foi além do que era capaz. O resultado está à vista e há muito tempo: a presidente não pode fazer um pronunciamento que não seja escrito (por alguém mais) pois não sabe terminar um raciocínio apenas começado. Não consegue encadear um pensamento e traduzi-lo em palavras. Tornou-se a rainha dos anacolutos. Se abandonada com seus malformados e incompletos raciocínios, Dilma Rousseff é capaz de saldar a caxirola (aquela castanhola inventada pelo músico Carlinhos Brown para a copa do mundo, e que não vingou), ver o cachorro oculto atrás da criança, descobrir a mulher sapiens, dobrar a meta inexistente, saudar a mandioca e combiná-la com o milho, além de armazenar o vento. Mas isso não é o pior. O pior é se julgar entendida em energia e querer baixar por decreto a conta da luz e com isso levar o caos ao setor elétrico; é se julgar sábia em economia e provocar uma recessão no país e uma inflação na moeda; é ver, por omissão ou incompetência se institucionalizar a corrupção em seu governo; é contemplar, por uma política equivocada de segurança e direitos humanos, uma mortandade igual à de Paris dos atentados do mês passado, acontecer, a cada dia no Brasil. O PT é um partido único. Conseguiu a proeza de ter dois tesoureiros (Delúbio Soares e Vaccari), um ex-presidente (José Genoino), um ocupante do mais importante posto do Executivo — a chefia da Casa Civil (José Dirceu) —, um ex-presidente da Câmara dos Deputados (João Paulo Cunha) e um líder do seu governo no Senado (Delcídio do Amaral) como companheiros de cadeia por corrupção, além de outras figuras graúdas também presas ou processadas. Acredito ser um recorde mundial, difícil de ser batido no futuro. E esse pessoal continua entrincheirado no governo, a despeito de toda sua corrupção, incompetência e desvio ideológico. A cada dia, mais afundam o país. E os chefes supremos nunca sabem de nada. A compra da refinaria de Pasadena, pela Pe­trobrás, com seu prejuízo bilionário aos brasileiros, deve ainda ter muitos — e grandes — desdobramentos. Internamente, na quase certa delação premiada de Nestor Cerveró e na muito possível de Delcídio do Amaral, que se sente, com razão, abandonado pelos “companheiros”. Externa­mente, nos processos que correm nas cortes americanas, onde dificilmente Dilma se sairá isenta, como presidente que era do Conselho da Petrobrás que aprovou e assinou a toque de caixa a desventurada compra, sabendo ou não das falcatruas ali escondidas. É impressionante, como algumas figuras conseguem passar pelas malhas das investigações dos últimos escândalos. Lula e seus familiares, apesar do que se publicou, pouco ou na­da foram incomodados. E não faltam motivos para incômodo: Sítio reformado pela OAS em Atibaia, apartamento tríplex decorado pela Andrade Gutierrez em São Bernardo do Campo, palestras pagas a preços de Prê­mio Nobel pela Odebrecht mundo afora. Em­presas enroladas, todas, na Lava Jato. E os rebentos Lulinha e Luiz Cláudio com as fortunas crescendo como os rios na enchente em períodos de muita chuva. O que me faz lembrar um meu vizinho de fazenda, de poucas letras, mas muita vivência e suas comparações com a natureza, que me dizia, falando de um prefeito que enriquecera rapidamente, de maneira suspeita, ainda no exercício do mandato: “Doutor, o sr. já viu enchente com água limpa?”. Duas instituições que pedem uma devassa: BNDES e Trans­pe­tro. Até agora, em que pese os muitos indícios de desvios, um e outra permanecem mais ou menos preservados. O BNDES é o grande responsável por pelo menos dois fatos que pedem esclarecimentos e talvez punições: a entrega de grandes somas a grupos internos escolhidos pela cúpula política, os chamados “campeões nacionais” e que deram com os burros n’água, como Eike Batista e Sete Brasil; e os vultosos financiamentos a governos estrangeiros com pouca ou nenhuma capacidade de pagamento, quase sempre periclitantes ditaduras ou semiditaduras. Nesse último caso com o agravante de serem os recursos destinados a obras entregues sem licitação a empresas amigas da mesma cúpula política. E foram essas empresas que financiaram campanhas eleitorais ou fizeram grossos favores às autoridades do governo federal. Fundos de pensão Já a Transpetro, embora muitas notícias e mesmo denúncias tenham vindo a público, não mereceu até agora uma ação da Procuradoria-Geral da República. Sabe-se que foi presidida por um preposto do notório presidente do Senado, Renan Calheiros, durante anos, e que foi afastado a contragosto por exigência dos auditores independentes PricewaterhouseCoopers. Pertencente ao conglomerado Petrobrás, sendo uma de suas principais subsidiárias, estaria imune à onda de corrupção que varreu nossa maior empresa e quase a levou à falência? Não é o que dizem os jornais, e o procurador-geral Rodrigo Janot nada diz. Se BNDES e Transpetro pedem investigação, o que dizer dos fundos de pensão? Se tomarmos apenas quatro fundos ligados a instituições governamentais (Previ, do Banco do Brasil; Petros, da Petrobrás; Funcef, da Caixa Econômica Federal, e Postalis, dos Correios) veremos que movimentam mais de 300 bilhões. Deveriam beneficiar mais de 1 milhão de funcionários que para eles contribuem com parcela razoável de seus salários. Administrados na sua maioria por petistas ligados aos governos Lula e Dilma, têm sido apontados como ninhos de corrupção e incompetência, e suspeitos de prejudicar seus associados — os funcionários cuja aposentadoria deveriam complementar. Um exemplo é o Postalis, que no ano passado apresentou um déficit de 5,5 bilhões de reais, em boa parte explicados pela aplicação de seus recursos em títulos venezuelanos e argentinos, além de papéis das empresas de Eike Batista, num momento em que essas economias correm pela sarjeta. O Petros foi tomador de participação na Sete Brasil, hoje beirando a falência. O Funcef também amarga um rombo de 5,5 bilhões de reais, do mesmo tamanho do buraco do Postalis, embora não se saiba publicamente o que o originou; e recentemente, o senador Aloysio Nunes, líder do PSDB, acusou o Previ de abrigar um rombo de nada menos que 7 bilhões de reais. Esses déficits obrigam os funcionários a pesados descontos complementares em seus salários, anos a fio, para recompor as reservas desses fundos. As tentativas recentes para criação de uma CPI dos fundos de pensão têm esbarrado numa feroz tentativa do governo de impedir que sejam criadas, e quando criadas, de impedir que investiguem. Faz sentido: quem deve, teme.

Obstruir estrada é crime, se feita por caminhoneiro. É manifestação social se feita pela esquerda

[caption id="attachment_52193" align="alignright" width="620"]O governo do PT, ao financiar o Porto de Mariel, está bancando o crescimento e o desenvolvimento de Cuba. Já os portos brasileiros estão superlotados | Divulgação O governo do PT, ao financiar o Porto de Mariel, está bancando o crescimento
e o desenvolvimento de Cuba. Já os portos brasileiros estão superlotados | Divulgação[/caption] A greve dos caminhoneiros provocou uma reação do governo federal. Destrambelhada, como sempre. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que consegue desagradar até seus companheiros de partido (é voz corrente que Lula pede sua cabeça), determinou à Polícia Rodoviária Federal liberar as estradas, usando da força, se necessário, contra os motoristas; e o governo editou a Medida Provisória 699 para multar pesadamente os grevistas. Multa escorchante, que pode ficar próxima dos 12 mil reais para quem participou da paralisação, algo significativo para quem trabalha de verdade, e não ganha dinheiro fácil em cargo comissionado por indicação partidária. A presidente Dilma Rousseff, no Rio de Janeiro, em um desses eventos meio secretos, os únicos a que comparece, e a que apenas podem ter acesso plateias amestradas (ou a vaia é certa), pontificou: “É crime obstruir estradas”. Observe-se que essas intimidações e medidas coercitivas são dirigidas aos caminhoneiros, integrantes de uma classe trabalhadora, que paga impostos, que enfrenta o descaso do governo nas estradas esburacadas e sem sinalização, no combustível caro e de má qualidade, nos portos obsoletos (pois o dinheiro foi modernizar porto cubano), nos assaltos de estrada que a polícia não coíbe e a que um motorista não pode reagir por não poder conduzir uma arma. Nenhum leitor vai se recordar de medida ou condenação parecida quando os desocupados e desordeiros do MST obstruíram ruas ou estradas, invadiram fazendas, prédios públicos ou laboratórios de pesquisa. Obstrução de estrada é crime, se feita por trabalhador. É manifestação social se feita por turbulentos de esquerda, quase sempre financiados com dinheiro público. Cada vez mais, com o governo Dilma, o PT mostra sua face autoritária, concorde com sua base marxista, assim como o de Lula havia mostrado a face corrupta do partido, avançando com apetite na coisa pública. Quanto mais rápido nos livrarmos dessa turma, mais tempo teremos para a reconstrução do país.

Combate a terrorismo por terra é muito mais eficaz

A experiência militar, desde o século passado, demonstrou que é limitado o poder da Força Aérea, quando isolado, como efeito decisivo numa guerra. É importantíssima, essa força, quando atua em combinação com as demais, principalmente com a força terrestre. Os bombardeios na verdade resultam dispendiosos para quem bombardeia e para quem é atacado. Se prejudicam a atividade econômica do oponente, raramente conseguem anulá-la, se não se conjugam com outras forças em contato direto com o inimigo. Quanto à destruição de efetivos, mais limitados se mostram estes ataques, pois tropas no solo têm inúmeras maneiras de se proteger de ataques pura e simplesmente aéreos, que, além disso, fazem vítimas civis. As “pedradas” que as forças aéreas dos EUA, da Rússia e de outros países têm dirigido ao Estado Islâmico não eliminam sua organização e poder de fogo, como demonstram os ataques de Paris. São mais medidas para efeito interno em seus países (os governantes querem mostrar aos governados que estariam agindo) do que ações para erradicar o Isis. Ou se faz uma guerra de ocupação no território sírio e em outros territórios dominados por ele ou teremos que conviver com ataques isolados infindáveis. O ataque por terra é mais difícil, mais desgastante, gera perda de vidas, mas é a única possibilidade de acabar com o grupo terrorista. A menos que se leve a sério o delírio diplomático de Marco Aurélio Garcia e Dilma Rousseff levado pela presidente à Assembleia Geral da ONU: dialogar com os fanáticos degoladores e homens-bomba, em vez de combatê-los.

Fatos que comprometem Lula da Silva

[caption id="attachment_52195" align="alignright" width="620"]Lula da Silva, ex-presidente: a sua situação é cada vez mais complicada | Lula Marques/ Agência PT Lula da Silva, ex-presidente: a sua situação é cada vez mais complicada | Lula Marques/ Agência PT[/caption] Dois fatos deixam o ex-presidente Lula ainda mais envolvido nos escândalos de corrupção dos governos petistas. O primeiro deles está na revista “Época” da semana passada: o filho mais novo de Lula, Luís Cláudio, em depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 4, saiu-se muito mal: não conseguiu explicar de maneira razoável e crível as razões do pagamento de 2,5 milhões de reais que recebeu da empresa Marcondes & Mautoni, investigada na Operação Zelotes, por lobby na obtenção de vantagens fiscais, ao que tudo indica fraudulentas, para montadoras de veículos. Outro está na “Folha de S. Paulo” do dia 16 deste mês: em delação premiada, o empresário paulista Salim Schain conta intrincada e milionária história de avanço no dinheiro público envolvendo Lula da Silva, seu amigão José Carlos Bumlai (a única pessoa credenciada a entrar no Palácio do Planalto sem bater na porta, quando Lula era presidente) e o notório Delúbio Soares. O banco Schain, em 2004, após encontro entre Schain, Delúbio e Bumlai, fez ao último um empréstimo de R$ 12 milhões, na verdade destinado ao PT. O empréstimo — anormal em volume para pessoa física — não só chamou a atenção do Banco Central, como não foi pago. Surgiu então a negociação: Schain conseguiria, via Bumlai-Lula, um contrato com a Petrobrás para operar o navio-sonda Vitória 10.000 (contrato de 1,6 bilhão), e perdoaria a dívida PT-Bumlai. Ao que tudo indica, todas as promessas foram cumpridas, pois Schain conseguiu o contrato (com todas as evidências de superfaturamento) e a dívida, já multiplicada pelas multas, juros, custas e correções não foi paga. E nem investigaram ainda o primogênito Lulinha.

Joaquim Levy se tornou personagem do conto A Enxada, de Bernardo Élis

[caption id="attachment_52194" align="alignright" width="300"]Joaquim Levy é o Supriano da realidade econômica do Brasil sob o Lulopetismo | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Joaquim Levy é o Supriano da realidade econômica do Brasil sob o Lulopetismo | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil[/caption] Tenho grande simpatia por Joaquim Levy. É um homem sério em um meio de gatunos e velhacos, tentando trabalhar por um fim maior. Vendo sua labuta inglória, não posso deixar de pensar no conto “A Enxada”, de Bernardo Élis. Como o personagem Supriano, de Bernardo Élis, Joaquim Levy está empenhado em cumprir corretamente a obrigação que assumiu. Supriano deve plantar uma roça de arroz, como pagamento de uma dívida, para o capitão Elpídio, ignorante, truculento e poderoso patrão. Mas ele não tem uma enxada, e o patrão não lhe fornece uma. Como então plantar? Também não a consegue com ninguém da sua circunstância, e o final do conto é trágico. Joaquim Levy tem por tarefa o arranjo de uma economia em frangalhos, mas não conta com o apoio de sua truculenta e atabalhoada patroa, Dilma Rousseff, autora da devastação. Seu apoio também que não seria de grande valia, nessas alturas. Também não consegue ferramentas com o partido que lhe deve suporte, o PT, ou qualquer outro da base aliada. Congresso e governo lhe são hostis. A Supriano resta a tarefa impossível de plantar uma roça com as mãos. A Joaquim Levy a de colocar nos trilhos uma economia devastada pela incompetência petista sem leis que lhe permitam sequer equilibrar um orçamento. E tem contra si ainda um governo que não cessa a gastança. Supriano enlouquecido é abatido pelo fuzil de um soldado pau-mandado. Joaquim Levy está sendo ceifado por um Lula ansioso por preencher sua vaga com o amigo Henrique Meireles. Governo petista não é lugar para gente séria, que pensa no país, numa economia sadia, num serviço republicano e honesto. Saia desse ambiente que nada tem a ver consigo, Joaquim Levy!