Por Irapuan Costa Junior

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Marta Suplicy e os erros do PT que ajudou a cometer

Não vamos falar das manifestações do dia 15 de março. Elas falam por si mesmas. Só não ouve quem não quer, como o governo federal e o PT. O pior surdo é o que não quer ouvir.

Marta Suplicy e os erros do PT que ajudou a cometer

O humorista José Simão criou a expressão “revoltados a favor”, para carimbar aqueles que hoje criticam a situação, mas que foram no passado exemplares colaboradores da chegada do PT “et caterva” ao governo. Mais três “revoltados a favor” em evidência: Marta Suplicy, uma das mais fiéis petistas ao longo das décadas, colaboradora de Lula e Dilma em todas as horas, sempre calada quanto às roubalheiras dos “companheiros”, como se elas não existissem. Até ontem, foi ocupante de um ministério petista. Agora critica duramente os “erros do partido”, erros que ajudou a cometer. Nunca criticou a presidente, enquanto esteve pendurada em um ministério. Por que resolveu agora fazê-lo? Por um interesse pessoal não contemplado pela outra senhora, a presidente.

Celso Amorim desmoralizou o Itamaraty

Celso Amorim faz críticas ao Itamaraty, que ele tanto ajudou a desmoralizar por omissão, covardia ou mesmo ação. Deixava-se ultrapassar pelo tosco Marco Aurélio Garcia. Coincidentemente ou não, está sem cargo no mandato atual da governanta.

Perdeu posição e virou crítico de Dilma

Gilberto Carvalho é o terceiro “re­voltado a favor”. Está criticando a presidente, que ele acha estar dialogando pouco com os “movimentos sociais”. Gilbertinho, dizem, fala só o que Lula pensa, e não iria criticar a presidente se o chefão não gostasse. Mas há algo mais. Gilberto tem hoje um bom salário no Conselho do Sesi, que preside. Mas a presidente tirou seu status — logo, tirou sua pose — de ministro.

Ministro da Justiça quer “desarmar a burguesia”

O ministro da Justiça, o acaciano José Eduardo Cardozo, é um persistente adepto do desarmamento do cidadão comum, trabalhador e cumpridor das leis. Diz que é ação para reduzir a criminalidade. Ele, que entende as quatro operações, sabe que não é verdade, ou não teríamos chegado, nos dez anos de vigência do famigerado Estatuto do Desarmamento aos absurdos 56.000 assassinatos anuais. O que se quer mesmo é “desarmar a burguesia”. A menos que ele pense que quem trabalha duro dez horas por dia, enfrenta um trânsito caótico na ida para o trabalho e na sua vinda para casa, ainda consegue sair de madrugada, às escondidas, matar alguém que deve a um traficante, só por diversão, e voltar para casa. Uma sugestão para o ministro Cardozo: uma busca nos acampamentos do MST e na casa de João Pedro Stédile. Fala-se muito em armamentos escondidos por ali ou adjacências. E, afinal, são bandidos que invadem, destroem, incendeiam, e às vezes até matam. Impunemente.

O Estado Islâmico de Stédile

No Iraque, radicais islâmicos, destroem tesouros históricos. Apenas supostamente em nome da religião, pois nenhum credo religioso prega a destruição pura e simples, que não beneficia ninguém. No Brasil, a parte feminina do “Exército de Stédile”, uma espécie de Exército Islâmico nacional, um bando de desordeiras mascaradas, só que sem religião, invade um centro de pesquisas agronômicas em São Paulo, no dia 8 deste mês, e destrói mudas de plantas, resultado de anos de pesquisa na busca de produtividade. Apenas por diversão. Ninguém foi responsabilizado. João Pedro Stédile, nosso Boko Haram, sequer foi chamado para depor.

Vladimir Herzog da Venezuela

[caption id="attachment_31213" align="alignnone" width="620"]Foto: Juan Barreto/AFP Foto: Juan Barreto/AFP[/caption] O governo venezuelano, aquele competente das prateleiras desertas, nos brindou com duas notícias horríveis na semana passada: o opositor de Maduro e ativista de Direitos Hu­manos Rodolfo González morreu na prisão à moda de Vladimir Herzog. Prisão, aliás, onde já se encontram muitos opositores do governo. E Maduro agora independe do Legislativo, que aliás vinha sendo apenas um apêndice supurado do Executivo. O “companheiro bolivariano” vai governar por decreto. Com o apoio dos vizinhos, Brasil inclusive.

Maduro vai invadir os EUA?

Nicolas Maduro promoveu um exercício de “manobras militares” na Venezuela com 80.000 militares e 20.000 “milicianos bolivarianos”. Obama que se cuide: Maduro pode estar pensando em invadir os EUA. Se Hugo Chávez, transformado em passarinho piar em seu ouvido, então...

Reféns da ditadura de Cuba e o “Menos” Médicos

O Ministério Público do Trabalho é um acabado exemplo de um rebanho acovardado — com raríssimas exceções — perante governo federal e PT. Descobre trabalho escravo até na Companhia Vale do Rio Doce, mas é incapaz de adotar uma providência sequer para proteger os médicos cubanos da expropriação de seu salário por Havana e da truculência da polícia cubana que age livremente — pasmemo-nos todos — aqui dentro do país. Reportagem da “Folha de S. Paulo” do dia 17 deste mês, das jornalistas Cláudia Collucci e Camila Turtelli, feita em Agudos (SP), mostra a ação da vice-ministra da Saúde de Cuba, Estela Cristina Morales, usando a polícia política da ditadura cubana para obrigar aqueles profissionais a enviar de volta a Cuba os filhos menores que trouxeram para o Brasil. Por quê? Porque é preciso que eles fiquem lá em Cuba, como reféns da ditadura dos irmãos Castro, como garantia para que os médicos se comportem: não comentem as misérias do regime cubano, não falem mal dos ditadores, não reclamem dos salários que lhes estão sendo roubados, não tentem se asilar por aqui ou algures.

A prepotência da presidente Dilma Rousseff

No dia seguinte às passeatas, ministros falaram sandices. No dia subsequente foi a vez da presidente. Falou em humildade, quando sua linguagem corporal só dizia da prepotência. Falou em reforma política, que os manifestantes não pediram. Falou em medidas contra a corrupção, mas deu a entender que seriam medidas legislativas. Não precisamos de mais leis, precisamos apenas que não nos roubem metodicamente, como se faz agora. Precisamos que não aparelhem os tribunais superiores, porque enquanto o fizerem, petistas ficarão soltos, mesmo quando outros companheiros ocasionais forem presos, como no mensalão. A presidente falou das manifestações de sexta feira, 13 (CUT, UNE, MST), montadas com dinheiro público para respaldá-la e das de domingo, 15, para pedir sua saída e o fim da corrupção, como se fossem a mesma coisa. Não são. Falou de seu passado, afirmando que lutou contra a ditadura, em benefício da democracia. Não é verdade. Sabemos que o fez na tentativa de trazer para cá o regime cubano. E falou no direito de expressão, como se para ela fosse um valor a ser preservado. Não é. Sabemos do esforço que fazem seu governo e seu partido para arrolhar a imprensa e apoiar ditaduras, como a de Cuba e agora, da Venezuela, onde ninguém pode questionar o governo, sob pena de cadeia ou coisa pior.

Sucessora no Sarah Kubitschek rejeitou proposta milionária do Qatar

[caption id="attachment_27466" align="aligncenter" width="620"]Lúcia Willadino Braga: disposição para servir o paciente com qualidade e eficiência  Lúcia Willadino Braga: disposição para servir o paciente com qualidade e eficiência[/caption] Aloysio Campos da Paz deixa uma herdeira profissional: a coautora de seu livro “Método Sarah de Rea­bi­­litação Baseada na Família”, a neuropsicóloga, música (e hoje presidente do Sarah), Lúcia Willadino Braga. Ela, que entrou na existência do hospital (melhor dizer dos hospitais Sarah Kubitschek) despretensiosamente, imbuiu-se, com o passar dos anos, do espírito de dedicação, sacerdócio, inovação e profissionalismo de Aloysio Campos da Paz. Acabou, naturalmente, por simples gravidade, tornando-se sua substituta e sucessora. A revista “Veja” de 23 de maio do ano passado traz uma reportagem sobre a cientista. Entre outros fatos, reporta que ela teve oferta milionária do Qatar para se mudar para o emirado e lá trabalhar. Possivelmente ganharia dez vezes o que percebe no Sarah. Não quis trocar o prazer e a devoção profissionais pela fortuna, tal como fizera Aloysio no início de sua carreira. Rendemos nossas homenagens a ela. O Sarah é hoje mais difundido pelo tratamento perfeito que deu a famosos, como o músico Herbert Viana, o escritor Jorge Amado, ou o humorista Millôr Fernandes. Minis­tros, senadores, deputados e autoridades várias experimentaram seu tratamento e falam maravilhas. Mas para Aloysio eles não fo­ram di­ferentes dos outros milhares de a­nô­nimos que provaram os mes­mos cui­dados, pelos mesmos profissionais, com o mesmo respeito e com o mesmo carinho. Quan­do morre e dei­xa uma lição clara, que cabe aos que ficam aprender e praticar, Aloy­sio Campos da Paz cumpriu sua missão na Terra, exemplarmente. Espe­ra­mos que seu comportamento sirva, e­fetivamente, de lição e que o percebam os que têm responsabilidade na saúde pública. Podemos, sim, ter uma saúde de primeiro mundo, desde que exista dedicação, honestidade e vergonha na cara. Essa, a lição que Aloysio mostrou de sobra.

Criador do Sarah Kubitschek colocou medicina e paciente acima de questiúnculas político-corporativistas

Criador do Sarah Kubitschek colocou medicina e paciente acima de questiúnculas político-corporativistas

Estatuto do Desarmamento desagradou médico que criou excelência em ortopedia

Aloysio Campos da Paz era um apaixonado colecionador de armas, e um atirador ocasional. Aborreceu-se muito com a edição do Estatuto do Desar­mamento, que colocava as armas das pessoas de bem, como ele, na mira de um controle absurdo, de uma burocracia insuportável, que os criminosos nunca experimentaram. Evitava polemizar sobre o assunto pois tinha amizades em todos os partidos e facções, inclusive as mais radicais de esquerda, para os quais o tal estatuto é um instrumento da luta de classes, e que consegue, a despeito da vontade popular, “desarmar a burguesia”.

Dilma Rousseff ficou indignada com morte na Indonésia mas não lamenta mortes no Brasil

[caption id="attachment_26957" align="alignright" width="300"]Marco Archer: o traficante morreu na Indonésia | Foto: Reuters Marco Archer: o traficante morreu na Indonésia | Foto: Reuters[/caption] Estaria, como diz a piada recente, tão perdida a presidente Dilma Rousseff no governo quanto fica o ex-presidente Lula em uma biblioteca? Tão ou mais perdida, ao que parece. As opções erradas parecem ser o norte preferencial de Dilma Rousseff. Dois exemplos da semana passada vieram demonstrar esse teorema. Em primeiro lugar, a presidente anunciou a suspensão de uma viagem a Davos, na Suíça, onde se realiza o Fórum Econômico Mundial. Trocou-a por uma ida a La Paz, para assistir à posse do camarada Evo Morales em mais um dos seus muitos mandatos desempenhados ou a desempenhar pelos tempos afora, ninguém sabe até quando. Em Davos, a presidente teria a oportunidade de tranquilizar investidores e atrair capitais para a combalida economia brasileira. Bastaria exibir Joaquim Levy como garantia, e afirmar que contratos não seriam quebrados nem o governo faria travessuras econômicas nesse seu segundo mandato. Foi o que seu criador, Lula da Silva, fez com sucesso. Mas não. A presidente considerou que seria “grosseria” não comparecer à posse de Evo. Que por sinal não foi nem um pouco refinado quando invadiu à força as instalações bolivianas da Petrobrás, delas tomou posse, e, ao que se sabe, por elas nada pagou. Como também não deixou Evo Morales de ser grosseiro ao incentivar o plantio de coca em nossas fronteiras e fazer vista grossa ao contrabando de drogas para o Brasil. Outra atitude presidencial com que, em um raciocínio linear, fica difícil concordar, diz respeito à execução, na Indonésia, do traficante brasileiro Marco Archer Cardoso, no último 17 de janeiro. A pena capital, a única que impede qualquer tipo de reparação nos casos de erro judiciário, e que ofende a fundo a nossa mentalidade cristã, não é, felizmente, aplicada (ao menos institucionalmente) no Brasil. Mas o é na Indonésia e em vários outros países. Quem, como Archer, resolve arrostá-la, e é preso, é um meio suicida. Com um agravante: segundo alguns jornais, Archer havia por várias vezes feito o tráfico de cocaína para Bali, antes de ser preso, em 2003. Então, não era só um meio suicida; era um praticante compulsivo de roleta russa. As probabilidades jogavam, pela mão dele mesmo, contra sua vida. Além disso, todo seu processo, pelo que se sabe, seguiu os trâmites legais da Indonésia. Não houve cerceamento de defesa, e todas as instâncias judiciárias foram percorridas, até chegar ao amargo final. Amargo, mas absolutamente legal. Archer cometeu um crime político, um crime de opinião? Não, evidentemente. Seu crime foi comum, e é muito grave em qualquer país (talvez menos, infelizmente, no Brasil). Gera consequências, criando dependentes, o que por sua vez gera outros crimes, de morte inclusive, como muito bem sabemos por aqui. Concordamos com todos os esforços feitos por Lula, Dilma e o Itamaraty para salvar o brasileiro do pelotão de fuzilamento, e enviá-lo talvez à prisão perpétua. Era um dever, até porque não adotamos a pena de morte, e ela nos repugna. Mas fez-se o possível. Talvez até um pouco mais que isso, com o telefonema, que já se sabia inútil e desgastante, de Dilma para o presidente indonésio Joko Widodo. Mas a “indignação” expressada por Dilma no fato consumado está um tanto fora do lugar. Não cabe a ela revisar uma sentença da justiça da Indonésia, ainda mais contra um crime suficientemente provado e confesso. Nem convocar o embaixador brasileiro na Indonésia, uma retaliação desnecessária, saída da cabeça tosca de Marco Aurélio Garcia, ao que parece. E o que é pior, muito pior: Dilma não se mostrou jamais indignada com as mortes que têm como origem no Brasil o tráfico de drogas. São traficantes matando traficantes; ou traficantes matando usuários ou ainda traficantes matando policiais e vice versa; são usuários drogados matando em assaltos trabalhadores incapazes de se defender porque o governo da presidente os desarmou. A presidente encontraria todo ano, se quisesse, mais de 50 mil razões para “ficar indignada”. Bastaria olhar para os que são executados aqui no Brasil, em grande parte por colegas de Archer no pior comércio que o diabo já soube inventar. Mas até hoje não vimos a presidente acometida, por isso, de indignação. Nem mesmo de tristeza.

O que há de semelhante e de diferente no afundamento dos navios Lusitânia e Athenia

[gallery columns="2" size="medium" ids="26355,26356"] O RMS Lusitânia foi um famoso navio de passageiros inglês, lançado ao mar em 1907. Era, juntamente com seu irmão o RMS Mauretânia, equivalente, na época, em tamanho e luxo, ao Titanic, que surgiria cinco anos depois. O Lusitânia era um enorme navio: deslocava 44 mil toneladas (o Titanic deslocaria 46 mil), e, com o Mauretânia, fora construído para superar os navios alemães de passageiros, seus maiores concorrentes de então. O Lusitânia teve vida curta: foi afundado, em 7 de maio de 1915, por um submarino alemão, o U-20, próximo a Liverpool, na costa inglesa. O navio havia saído de Nova York para a Inglaterra no dia 1º de maio, em meio a rumores de que poderia ser afundado pelos alemães. Havia, aliás, mais que rumores, e os fatos, até hoje, não estão bem esclarecidos. A Primeira Guerra Mundial havia estourado em agosto de 1914, isto é, poucos meses antes de Lusitânia partir de Nova York para Liverpool, com seus 2 mil passageiros, muitos deles norte-americanos. Como os EUA mantinham-se neutros na guerra, embora a neutralidade fosse forçada — os americanos não escondiam sua torcida pelos ingleses contra os alemães e sinalizavam que poderiam entrar no conflito — duvidava-se que os alemães pudessem torpedear um navio de passageiros, matar americanos e dar aos EUA o pretexto para rompimento da neutralidade. Mas o governo do Kaiser já tinha informações de que navios de passageiros ingleses transportavam material de guerra dissimulado dos EUA para a Inglaterra e ameaçavam afundar esses navios. Um aviso fora mesmo lançado nos jornais americanos pelo governo alemão para que passageiros evitassem o trajeto que faria o Lusitânia, pois ele cruzava a zona dos combates no mar, e poderia ser afundado. Atingido por dois torpedos, o Lusitânia teve morte fulminante: Em 18 minutos foi a pique, antes que os seus 22 botes salva-vidas pudessem ser baixados. Apenas um terço deles pôde ser utilizado, e cerca de 1.200 passageiros morreram, entre eles mais de uma centena de americanos. Dizem as intrigas, e mais que elas reportagens, documentos e constatações que o Lusitânia levava material de guerra; que o presidente americano Woodrow Wilson sabia do perigo que o navio corria, mas julgava um afundamento como o do Lusitânia decisivo para a opinião pública forçar a entrada dos EUA na guerra, e por isso não procurou suspender a viagem ou proteger o navio; que o almirantado britânico sabia da presença do U-20 na rota do navio, que deliberadamente evitou protegê-lo pelo cruzador Juno, que também se encontrava na área e deixou de enviar contratorpedeiros para escoltá-lo; e que o almirantado britânico, como o presidente Wilson, julgava que um afundamento que matasse americanos acabaria forçando a entrada dos EUA na guerra. Poucas luzes se fizeram sobre o mistério, mas sabe-se fora de dúvida que o Lusitânia transportava milhões de cartuchos para fuzis e metralhadoras de fábrica americana Remington para os ingleses. A descoberta se deu quando o empresário americano Greeg Bemis, na década de 1990, explorando os destroços do Lusitânia, que havia adquirido, encontrou a carga. E sem dúvida, com a retumbante notícia do ataque e afundamento na imprensa americana, a opinião pública se manifestou pela entrada dos EUA na guerra, o que acabou acontecendo menos de dois anos depois. Segunda Guerra O Athenia, que naquele dia 3 de setembro de 1939 navegava próximo à costa da Irlanda, não era um navio do porte do Lusitânia, nem em luxo nem em tamanho. Fazia ainda o percurso inverso deste, quando fora afundado duas dúzias de anos antes. Mas algumas semelhanças haviam de juntar suas duas histórias de naufrágio. O Athenia, que deslocava 13.500 toneladas, 30% apenas do que deslocava seu colega de infortúnio, levava cerca da metade dos passageiros do Lusitânia, 1.100 embarcados, a maioria dos quais constituída de americanos e canadenses, que haviam veraneado na Europa e voltavam para casa. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) havia estourado não a poucos meses, mas a poucas horas. Doze horas desde a declaração britânica de guerra à Ale­manha, para maior precisão. Foi quando um submarino alemão, o U-30, disparou quatro torpedos contra o barco, acertando um deles. Foi o bastante para afundá-lo, embora não tão rápido como havia ocorrido com o Lusitânia no início da Primeira Guerra. Se o Lusitânia mergulhou em 18 minutos apenas, e o socorro aos náufragos foi descoordenado e demorado, o Athenia demoraria 12 horas para ir a pique, o que permitiu o salvamento da maioria dos passageiros e tripulantes, por um socorro pronto e bastante organizado. Mesmo assim, 112 pessoas morreram no ataque, o que deixou americanos e canadenses chocados. Afinal, tratava-se de um navio de passageiros, desarmado. Nenhum aviso prévio havia sido enviado e existia, na marinha alemã, pelo menos até então, a proibição de ataque a navios de linha. O comandante do submarino, o capitão Lemp, não demorou a descobrir que cometera um erro, no seu afã de mostrar serviço na guerra que começava, quando pensava ter no seu periscópio um navio de carga e não de passageiros. Fez os devidos registros no seu livro de bordo, regressou à base e apresentou-se ao almirante Karl Doenitz, chefe da marinha alemã, para penitenciar-se. Mas o chanceler alemão Bismarck tinha um aforismo famoso, “nunca se mente tanto quanto antes das eleições, durante as guerras e depois das caçadas”, e a segunda parte do aforismo seria comprovada naquele episódio do início da guerra (tanto quanto nós brasileiros comprovamos a primeira parte nas últimas eleições). Informado o governo nazista do acontecido, o ministro da Propa­gan­da, Joseph Goebbels, proibiu Do­enitz de se desculpar pelo ocorrido, informou à imprensa que o afundamento do navio era uma conspiração de Winston Churchill para trazer os EUA à guerra, e que o acontecido era resultado de uma bomba-relógio colocada no porão do Athenia pelo almirantado britânico. E que jamais um submarino alemão havia estado por perto do Athenia. O capitão Lemp teve que trocar as páginas de seu diário de bordo, e Doenitz teve que manter o caso secreto. Lemp, infelizmente, morreu durante a guerra, e não pôde prestar depoimento ao fim dela, esclarecendo o afundamento. Que, de qualquer forma, o incidente não teve, na opinião pública americana, a retumbância que teve o afundamento do Lusitânia, na Primeira Guerra. Os EUA entrariam mais tarde na luta, por outros motivos.  

Militares saíram ricos do governo? E os petistas?

Pergunta maldosa (e de difícil resposta): o que é mais improvável encontrar: um militar que tenha saído rico do governo ou um petista que tenha saído pobre?

Desarmamento

Pensata: defender o desarmamento é afirmar que todas as febres do mundo serão curadas se destruirmos os termômetros.