Por Euler de França Belém
O deputado federal do PSDB afirma que, além de desintegradas, as oposições só têm projeto de poder, mas não para fazer o Estado avançar
O tucano-chefe teria desautorizado tratativas com Ronaldo Caiado a respeito de candidatura a senador
Deputado federal do PP diz que deve eleito porque montou a maior estrutura de sua história política
O prefeito e o ex-prefeito de Luziânia eram adversários ferrenhos, mas decidiram irmanar-se para a construção de palanques únicos para o tucano-chefe no entorno de Brasília

Se Jeovalter Correia, que conhece a máquina pública, especialmente em nível de Estado, não resolver o pepinoduto da Prefeitura de Goiânia, que tem uma dívida quase mas não incontornável, ninguém mais resolverá. Mas é preciso ter um pouco de paciência e entender que não se resolve um problema gigante — embora mais conjuntural (uma dívida de mais de 300 milhões de reais) do que estrutural — de um dia para o outro. O prefeito Paulo Garcia (PT) não pode transformar a Secretaria de Finanças numa máquina de moer técnicos que, embora capazes, não são mágicos. Dário Campos e Reinaldo Barreto, secretário anteriores, são competentes e seriíssimos, mas não são prestidigitadores. Eles alinham-se com os métodos modernos e discretos de Jeovalter Correia.
A queda de Caio Peixoto, que falava muito e trabalhava pouco, foi positiva para a gestão do prefeito Paulo Garcia. Primeiro, porque ele é desagregador e torna os ambientes onde “trabalha” insuportáveis. Segundo, é um homem do passado, e, como tal, não entende como funciona a gestão pública moderna. Ele “parou” no tempo. É o líder número um da vanguarda do atraso.
A Primeira Guerra Mundial está completando 100 anos e, por isso, as editoras brasileiras estão publicando excelentes livros, como os de Max Hastings e Nial Ferguson. Sai agora “Os Sonâmbulos — Como Eclodiu a Primeira Guerra Mundial” (Companhia das Letras, 680 páginas, tradução de Berilo Vargas e Laura Motta), do historiador Christopher Clark, professor de Cambridge.
A seguir leia a sinopse fornecida pela editora:
“O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando e de sua mulher pelo separatista bósnio Gavrilo Princip foi certamente um dos atos individuais de maior repercussão da história moderna. Atentado terrorista de eficiência impressionante, que ao final atingiu todos os seus objetivos — liberou a Bósnia da dominação dos Habsburgo e criou uma Sérvia forte —, culminou ainda na queda de quatro grandes impérios, na morte de milhões de homens e na efetiva destruição de uma ordem mundial. O que fez uma Europa aparentemente próspera e pacífica tão vulnerável ao impacto desse crime? Baseado em vasta pesquisa e documentos inéditos, o professor da Universidade de Cambridge Christopher Clark procura reconstruir esse contexto, esclarecendo, enfim, um dos momentos mais controvertidos e mal compreendidos da história. Numa narrativa transbordante de ação, Clark propõe uma nova abordagem do primeiro conflito bélico a assumir dimensões globais. Em vez de narrar estratégias militares, batalhas ou atrocidades do front, escolhe esmiuçar a complexa rede de eventos, interesses e frágeis equilíbrios de força que levou um grupo de líderes políticos, em geral bem intencionados, a decisões desastrosas, que culminaram numa guerra de violência inaudita. Sem perder de perspectiva a história de longa duração, Clark acompanha, a partir dos centros nervosos de decisão em Viena, Berlim, São Petersburgo, Paris, Londres e Belgrado, quase minuto a minuto, os eventos-chave para a eclosão do conflito, e compõe um panorama das leituras equivocadas e sinais mal compreendidos que em poucas semanas detonou o conflito.”Leio com prazer o livro “Do Jeito Que Vi” (144 páginas), do repórter Montezuma Cruz. Trata-se de uma obra notável, muito bem escrita. Seu forte? O autor é acima de tudo um repórter brilhante, atento aos fatos e às filigranas que muitos, no afã de explicitar o “principal”, não percebem. Suas histórias ficam maiores porque são contadas com razão e sensibilidade.

O professor Francisco Maldonado atacou o nacionalismo basco, “que descreveu como ‘câncer da nação’, que precisava ser curado com o bisturi do fascismo”, conta o historiador Antony Beevor, em A Batalha pela Espanha (Editora Record, 711 páginas). Alguém soltou o grito de guerra da Legião Estrangeira: “!Viva la muerte!” Millan Astray deu o mesmo grito.
O filósofo basco Miguel de Unamuno, reitor da Universidade de Salamanca, levantou-se e, com sua voz baixa, rebateu: “Todos vocês esperam as minhas palavras. Vocês me conhecem e sabem que sou incapaz de ficar em silêncio. Às vezes o silêncio é mentir. Pois o silêncio pode ser interpretado como concordância. Quero comentar o discurso, se é que se pode chamá-lo assim, do professor Maldonado. Vamos deixar de lado a afronta pessoal implícita na explosão súbita de vitupérios contra os bascos e catalães. Eu mesmo, claro, nasci em Bilbao. O bispo, quer queira ou não, é catalão, de Barcelona. Bem agora ouvi um grito necrófilo e sem sentido: ‘Viva a morte!’ E eu, que passei a vida criando paradoxos, devo dizer-lhes, com autoridade de especialista, que este paradoxo estranhíssimo me é repulsivo. O general Millán Astray é um aleijado [havia perdido um braço e era cego de um olho]. Vamos dizê-lo sem rodeios. É um aleijado de guerra. Cervantes também era.
“Infelizmente há aleijados demais na Espanha hoje em dia. E logo haverá mais ainda se Deus não vier em nosso auxílio. Dói-me pensar que o general Millán Astray deva ditar o padrão da psicologia de massas. Um aleijado sem a grandeza de Cervantes tende a buscar consolo calamitoso provocando mutilação à sua volta. O general Millán Astray gostaria de recriar a Espanha, uma criação negativa à sua própria imagem e semelhança; por essa razão, deseja ver a Espanha aleijada, como sem querer deixou claro”.
Irritado, o general gritou: “Muera la inteligência! Viva la muerte!” Falangistas sacaram pistolas e o guarda-costas de Millán Astray apontou sua submetralhadora para a cabeça de Unamuno. Mesmo assim, o filósofo reagiu: “Este é o templo do intelecto e sou eu o sumo sacerdote. É o senhor que profana este recinto sagrado. O senhor vencerá, porque tem força bruta mais que suficiente. Mas não convencerá. Pois para convencer precisará do que lhe falta: a razão e o direito em sua luta. Considero inútil exortar o senhor a pensar na Espanha”.
Ao término de sua réplica, Unamuno disse: “Consegui”. Os falanquistas queriam linchá-lo, mas a presença da mulher de Franco conteve os agressores. Franco disse que o filósofo deveria ter sido fuzilado. “Isso não foi feito por causa da fama internacional do filósofo e da reação causada no exterior pelo assassinato de Lorca. Mas Unamuno morreu seis semanas depois, deprimido e amaldiçoado como ‘vermelho’ e traidor por aqueles que pensou eram seus amigos”, relata Antony Beevor.
Jornais e revistas contribuem para divulgar, fortalecer e cristalizar dogmas criados pela ciência. Quantas reportagens as pessoas leram, nos últimos anos, garantindo que vinho é “bom” para o coração, para uma vida mais longa e saudável? Dezenas, centenas. Pois agora uma pesquisa da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, divulgada pela revista “Visão”, de Portugal, sugere que o vinho não é o elixir da saúde e, portanto, da juventude. “O resveratrol dietético de dietas ocidentais não tem influência substancial sobre as doenças cardiovasculares, o câncer ou a longevidade em idosos residentes na comunidade”, revela o estudo do cientista Richard Semba. “Este estudo vem contrariar as pesquisas com animais, que sugeriam que o resveratrol, um polifenol também encontrado em algumas raízes de plantas asiáticas assim como em amendoins e frutas, pode ter efeitos benéficos na saúde”, assinala a “Visão”. Os resultados não foram comprovados em humanos, mas, como registra a revista, “o mercado de suplementos de resveratrol” fatura “30 milhões de dólares por ano”. Já “o estudo mais recente foi baseado nos níveis de resveratrol da urina de cerca de 800 pessoas em duas pequenas aldeias em Toscana, Itália. Os pesquisadores mediram a urina das pessoas para detectarem sinais de resveratrol, verificando se os níveis estavam ou não a contribuir para a melhoria da saúde da população. 34% das pessoas que fizeram parte da pesquisa morreram e os pesquisadores não encontraram uma correlação entre os níveis inicias de mortalidade e de resveratrol nem ligações entre os níveis de resveratrol e o desenvolvimento de câncer ou doenças cardíacas”. Não se trata de transformar a imprensa no mordomo da hora. Mas jornalistas ficam iguais baratas tontas, registrando pesquisas que são modificadas por pesquisas. A solução? Sempre deixar um pouco de dúvida e ser menos afirmativo quando o assunto for saúde.
Letícia Borges começou a escrever a coluna “Língua e Letras”, no jornal digital “A Redação”. “A coluna vai ser sobre o uso da língua no cotidiano. Não vai ser técnica nem didática. Vou falar sobre a adequação da linguagem ao meio, como se comunicar profissionalmente e o português na internet”, afirma a jornalista. Os textos terão o formato de crônica.
Letícia publica em agosto o livro “A Língua Camaleoa”.
Nilson Gomes, um dos mais polêmicos e ferinos jornalistas de Goiás, vai lançar um jornal-torpedo. Será um veículo popular, mas de matiz político. O pré-candidato a governador pelo PMDB, Júnior Friboi, pode esperar bombas atômicas em forma de textos críticos, duríssimos.
Gomes e sua equipe, que está sendo montada, não vão brincar em serviço, segundo uma fonte. “Será pau puro”, afirma o tucano. Até sexta-feira, 16, o nome do jornal não havia sido decidido. Falam em ‘O Arrocha’, mas parece que avaliaram como hermético. Deve ser algo mais simples e direto.
Diz o ditado popular: “Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Parece perfeito, não é? Nem tanto.
Leia o que diz Millôr Fernandes, o filósofo do humor: “Quero ver dizer isto sem usar palavra nenhuma”.

Formado na França e nos Estados Unidos, o especialista diz que a desigualdade está aumentando em todo o mundo, que trabalhadores com altos salários são capitalistas e recomenda mais impostos para reduzir a pobreza
Os liberais americanos estão em pé de guerra contra Thomas Piketty, autor do livro “O Capital no Século 21”. No Brasil, notadamente em publicações como a revista “Veja”, os liberais rejeitam o economista francês como se fosse um marxista, e não um reformador pró-capitalismo. “Qualquer um que recomende 80% de taxação sobre os mais ricos terá sempre os aplausos dos marxistas do mundo todo”, afirma Rodrigo Constantino, autor do livro “Esquerda Caviar”, no artigo “O mercado deve ser escravo da democracia?”, publicado na revista. Para o economista brasileiro, o problema não é o capitalismo liberal, e sim o capitalismo patrimonialista, ou o capitalismo de laços, ou o capitalismo de Estado. “O inimigo é o capitalismo de Estado, o excesso de intervenção estatal na economia, os subsídios, os privilégios, as barreiras protecionistas, as taxas de juros manipuladas e artificialmente reduzidas, impostos excessivos, complexos e altamente progressivos, aquilo que gente como [Paul] Krugman costuma defender. A saída é o capitalismo liberal clássico.” Rodrigo Constantino não leu o livro e, como eu, o comenta a partir de resenhas, como uma do colega Eurípedes Alcântara, editor da “Veja”. Alcântara diz que o livro de Piketty “deseja atacar mais os ricos do que ajudar os pobres. (...) A desigualdade não é invenção capitalista. Ela foi mais profunda e cruel nas eras que precederam o capitalismo”. Rodrigo Constantino conta que o filósofo Mário Guerreiro afirma “que por trás de toda ideia absurda há um francês”. Mas o articulista da revista elogia Tocqueville, Bastiat, Jean-François Revel, Guy Sorman, Alain Peyreffite, Raymond Aron. [relacionadas artigos="4301"] O sociólogo Marcelo Medeiros, professor da UnB, apresenta críticas menos radicais do que as de Rodrigo Constantino e Alcântara, ainda que seja favorável à argumentação básica de Piketty — de que a desigualdade social está se ampliando e a concentração de riqueza está aumentando e que uma tributação mais alta e progressiva é necessária para manter ou recriar sociedades menos injustas. “A desigualdade global passa ao largo do debate do livro. O autor francês não é capaz de dar a devida atenção às pesquisas que revelam uma desigualdade entre países, tão ou mais importante que a desigualdade dentro dos países. (...) A tributação de um país retém os tributos dentro desse país e, portanto, não faz nada — ao menos diretamente — para reduzir a desigualdade entre os países. Ao tributar os ricos, o governo americano estaria tributando lucros que foram obtidos em outros países e trazidos aos Estados Unidos. Com isso, reduziria a desigualdade em seu próprio país, mas não no mundo”. A crítica de Medeiros talvez seja outra radicalização, também, mas à esquerda. Não é contra Piketty; tenta, apenas, ampliar sua teoria, apresentando uma dificuldade e uma alternativa crítica. Talvez num laivo weberiano, Medeiros avalia que o livro de Piketty “subestima a importância de se comandar a economia por meio da política e das instituições”, o que Marx, que concedia um peso decisivo à estrutura, chamava de superestrutura. O crítico sugere que, politicamente, o economista francês é comportado — tese com a qual não concorda, por exemplo, Rodrigo Constantino. “A proposta que faz para o problema da desigualdade está centrada na esfera da distribuição — tributos —, e não na esfera da produção — regulação direta.” O professor da UnB e pesquisador do Ipea afirma que Joseph Stiglitz é mais radical do que Piketty. “Tributos são uma ferramenta importante de controle da desigualdade na economia, mas o foco em tributos é muito pouco para quem escreve algo com as pretensões de grandeza de Piketty”, pontua Medeiros. O que o doutor brasileiro quer, então? Uma substituição do modo de produção capitalista? Não parece, mas ele próprio não esclarece, ao menos não inteiramente, o que propõe como alternativa à tese de Piketty. Na opinião de Medeiros, Piketty “é bom para identificar o problema, mas não para encaminhar soluções”. É provável que o economista vai estender suas análises a um segundo volume...
A pesquisadora Jung Chang lança livro que conta a história de Cixi, a concubina que assumiu o poder e abriu a China para o Ocidente. A ideologia comunista e Taiwan a transformaram numa “renegada”