Resultados do marcador: Editorial

Não se deve transformar o funcionalismo em vilão de um processo em que é vítima e sujeito. Mas a sociedade precisa decidir se está certo deslocar a maior parte dos recursos de todos para pagamento de salários de alguns

O Ministério Público, por intermédio do promotor de justiça Juliano de Barros, cobra que a Construtora Consciente refaça o Estudo de Impacto de Vizinhança. O primeiro EIV contém assinaturas supostamente falsificadas

O Movimento Brasil Central pode fortalecer uma região e contribuir para bancar um candidato a presidente da República. É do Centro-Oeste quase 30% da produção agropecuária do país

Adensamento? Sim, mas com planejamento, com o objetivo de beneficiar a sociedade, e não apenas grupos econômicos. Uma cidade não pode ter poderes paralelos
Criticar o governo e até sugerir impeachment são formas democráticas de expor insatisfação e de buscar novos caminhos para o país. Até quando o país terá de se sacrificar para manter a petista-chefe Rousseff no poder?
Iris Rezende deve ser candidato a prefeito de Goiânia com o objetivo de, se eleito, montar estrutura para Ronaldo Caiado. Aí rompe com o PT. Marconi Perillo prepara José Eliton, desde já, para apresentá-lo como renovação e gestor eficiente

A presidente da República comete uma gafe ao comparar ação por impeachment com golpe. O impedimento é uma ação democrática. Em 1992, com a queda de Fernando Collor, a economia estabilizou e voltou a crescer

A Polícia Federal quer investigar as ações do presidente Lula referentes ao petrolão. Queda de Dilma Rousseff pode “atropelar” o vice-presidente Michel Temer

A morte do menino de 3 anos, que chocou o mundo, indica que a Europa deve criar uma política humanitária para receber aqueles que escapam de países africanos e asiátic

Os brasileiros são céticos, mas o Brasil está melhorando. O rigor da lei para todos indica isto. O fortalecimento das instituições — que estão acima dos indivíduos, inclusive dos poderosos — é uma vitória da democracia

A oposição pode e, se quiser, deve torcer contra a permanência do PT no poder. Mas torcer contra o governo é o mesmo que apostar em aumento da inflação e do desemprego

Há uma operação em curso para destruir Lula, com o objetivo de arrancar o PT do poder? Não se sabe. Mas é preciso entender que a “eliminação” de Lula pode não significar que a arcaica elite política — Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Romero Jucá, Jader Barbalho — vai sair de cena

Em um país em que, apesar de progressos, as coisas continuam a caminhar muito mais de acordo com personagens do que com as instituições, o juiz da Operação Lava Jato não pode se dar o “privilégio” de errar o peso de sua mão, como a imprensa, de forma infeliz, acaba fazendo

O histórico encontro com o papa deve servir para o prefeito se revigorar na convicção de fazer o que deve ser feito para o futuro e a sobrevivência da capital

Se a capital fosse compactada no padrão de Buenos Aires, todos os goianienses poderiam viver (bem) em uma área oito vezes menor do que a do município atual. Mas tem muita gente interessada é em “espalhar” ainda mais a população da cidade. Isso não pode acontecer
Conjunto Vera Cruz, região oeste de Goiânia, construído na década de 80; Setor Madre Germana 2, na saída sudoeste, datado dos anos 90; Residencial Orlando de Morais, região norte, dos anos 2000; e Jardins do Cerrado, também região oeste, consolidado na segunda década do século. Em comum, entre todos esses bairros residenciais, o fato de terem sido erguidos, cada um à sua época, em loteamentos a quilômetros de distância da então última zona habitada da cidade. Na época em que “nasceram”, por assim dizer, tanto Vera Cruz como Madre Germana eram totalmente isolados de qualquer bairro. Eram vizinhos do nada. Do mato e do nada. Da mesma forma com que ocorre hoje com Orlando de Morais e Jardins do Cerrado, ainda separados do perímetro urbano.
São apenas alguns dos muitos exemplos. Observando o que vai se sucedendo, parece que tudo é apenas sinal do progresso e do crescimento de Goiânia: afinal, é a metrópole avançando, “os equipamentos públicos chegando de forma integral aos mais longínquos recônditos da periferia” — uma frase rebuscada, que certamente ficaria muito bonita em qualquer discurso de político, para dizer que os habitantes daquele local escanteado pelo poder finalmente estavam tendo acesso, de fato, à cidade.
Para ter ideia da falta de dignidade da situação, somente agora os dois últimos bairros citados no primeiro parágrafo estão sendo pavimentados, na nova leva de obras tocada pela Prefeitura. Foram anos ou até mais de década esperando para ganhar as mesmas condições de infraestrutura de que os demais habitantes da cidade já usufruíam. Tudo mascarado pelo “sonho da casa própria”, como se ter uma moradia fosse algo que desse salvaguarda à negligência dos demais direitos.
Não é o caso de falar de um pretenso populismo de programas assistenciais, como o Minha Casa Minha Vida, mas de se questionar: “dar” a residência — na verdade, facilitar a aquisição, com valor financiado com juros bem mais módicos do que os cobrados pelo sistema convencional — absolve um detentor de mandato de buscar praticar uma política pública que inclua de modo efetivo aquele contingente no seio da cidade?
A resposta é não. E um “não” ainda maior na atual gestão de Goiânia. Ora, se todo o plano de governo que conduziu Paulo Garcia (PT) à reeleição gira em torno do slogan de campanha “cidade sustentável”, nada mais óbvio do que fazer as tomadas de decisões caminharem nesse rumo. Nesse sentido, é bom observar que o Paço dá sinais de que não vai permitir o surgimento de outros casos similares de confinamento de moradores em um canto qualquer da cidade, disfarçados sob o nome bonito de “expansão urbana”. Pelo menos foi o que indicou Paulo César Pereira, titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável (Semdus), em recente reportagem do Jornal Opção (edição 2085).
Questionado sobre a movimentação de certos setores por mais uma expansão urbana na capital, Paulo César respondeu de forma categórica: “Não é uma pauta prioritária para a Prefeitura.” E completou: “Embora não queira entrar no mérito do que foi aprovado para parcelamentos como Jardins do Cerrado e Orlando de Morais, é correto citá-los como exemplos negativos para apontar preocupações com relação à expansão urbana sem critérios técnicos.”
A Prefeitura pode não querer, mas há setores fortes da sociedade, economicamente falando, que querem porque querem. Nenhum tão interessado quanto o ramo imobiliário. E nenhum poder é mais vulnerável à influência dos donos de construtoras e incorporadoras do que o Legislativo. Afinal, basta olhar a prestação de contas de campanha dos vereadores para perceber que boa parte da Câmara de Goiânia foi eleita com uma ajuda substancial do dinheiro desse pessoal. É hoje, com certeza, o lobby mais forte dentro da Casa.
É um assunto de base técnica, mas é fácil políticos fazerem com que ele ganhe formato populista: se a Prefeitura fincar o pé e bancar um veto a um projeto de criação de novas áreas habitáveis (expansão urbana, no fundo, é isso e nada mais), sofre o desgaste de “impedir o pobre de ter casa própria”. Na verdade, a questão meramente funcional — a teoria da cidade compacta e da facilidade de acesso à infraestrutura — não sensibiliza a população.
Infelizmente, poderia se dizer. A área do município de Goiânia é bastante extensa: são 789 quilômetros quadrados (km²), quase quatro vezes mais do que, por exemplo, a superfície do distrito de Buenos Aires, que tem 202 km². Mas vejamos o mais importante: a densidade demográfica de uma e de outra. Enquanto a capital portenha tem 14,8 mil habitantes/km², o índice para Goiânia é de 1,9 mil habitantes/km². Mas a área goianiense é quase o o quádruplo, argumentariam alguns. Então, para ficar justa a conta, basta multiplicar por quatro a densidade de Goiânia: quatro vezes 1,9 mil resulta em 7,6 mil habitantes/km². Ou seja, levando em conta a densidade de Buenos Aires (14,8 mil), chegamos à conclusão de que, mesmo que toda a população goiana fosse concentrada numa área igual à da capital argentina, esse espaço urbano seria ocupado somente pela metade, no máximo.
Em outras palavras: pelo padrão de compactação de Buenos Aires — e várias outras cidades poderiam ser aqui colocadas como (bons) exemplos —, a população da capital poderia viver muito bem (e melhor) em uma área de pouco mais de 100 km². Quase oito vezes menos do que a superfície total do município. E com acesso muito mais facilitado a transporte, escolas, hospitais, repartições e postos de atendimento.
O “espraiamento” da capital, portanto, não é o ideal. Os goianienses não vivem em uma cidade compacta. Isso gera custos altíssimos, inclusive de manutenção, que poderiam ser economizados e reinvestidos na própria cidade.
Pior: se os goianienses já não vivem hoje em uma cidade compacta, sob diversos pretextos — todos tecnicamente pouco embasados e visando interesses nada coletivos —, querem torná-la ainda mais espalhada. É um crime contra o cidadão, de duas maneiras: jogam-no longe de tudo e o obrigam a pagar impostos para sustentar esse déficit de qualidade de vida.
Mais urgente do que promover qualquer nova expansão urbana, a Câmara de Goiânia deve se preocupar em fazer o que for possível para aproveitar os vazios urbanos da capital. São pelo menos 100 mil lotes vagos por especulação imobiliária, e que acabam servindo para aumentar os índices de violência urbana e exclusão social. Uma boa medida seria agilizar a aplicação do imposto progressivo — que, curiosa e sintomaticamente, não “anda”. É isso que precisa ser feito. Se, pelo contrário, houver o atendimento da sanha por nova expansão, só restará, por Goiânia, tocar um tango argentino. l