Opção cultural

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Jack Kerouac, o anarquismo místico e a densidade da análise de Claudio Willer

O livro “Os Rebeldes: Geração Beat e Anarquismo Místico” contém uma história imperdível e definidora do que foi a contracultura no século 20  

Poeta representa o Estado de Goiás em Festival reconhecido pela Unesco

Evento será realizado dia 16 de outubro e contará com a participação virtual de artistas dos 26 estados brasileiros e Distrito Federal, como Alice Spíndola, de Goiás

Dois amigos, uma doença grave e lições para uma vida toda

Bateia, do médico e escritor Rômulo P. Alvim, propõe aos leitores reflexões a partir da história entre um médico e seu paciente que logo irá partir

O poeta Altino Caixeta de Castro e a coroa de sonetos

É poeta múltiplo pela variedade temática e de fontes impulsionadoras da sua obra poética e também pelas diversas experiências da forma poemática que executou

A literatura vibrante e densa do escritor japonês Haruki Murakami

Premiado autor japonês cria atmosferas fantásticas, de mistério e realidade, absorvendo o leitor

O Enigma das Ondas, por Rodrigo Garcia Lopes

Rodrigo Garcia Lopes publica seu sétimo livro de poemas, O Enigma das Ondas, pela editora Iluminuras

A vida mentirosa dos adultos traz de volta a Nápoles de Elena Ferrante e seus personagens apaixonantes

Ao narrar os difíceis anos da adolescência de Giovanna e a descoberta de uma tia irascível, o romance da italiana reúne todos os ingredientes capazes de cativar o leitor

Autoconhecimento: uma regra de ouro da vida

Há quem os critique, há quem os ame; eles já me resgataram do fundo poço e lhes sou grata: os livros de autoajuda. Acredito no “querer é poder” junto com o “querer é agir para poder”.

As texturas da impermanência no filme “Estou Pensando em Acabar com Tudo”, de Charlie Kaufman

O mais recente trabalho de Charlie Kaufman como diretor é sua consagração artística e um dos mais interessantes filmes da temporada

Gabriel Nascente ou a libertação da metáfora  

O fazer poético do escritor goiano é marcado por uma preocupação existencial extravasada por um lirismo não muito comum na literatura brasileira

Quino: “um revolucionário sem armas”

Professor de Literatura ressalta como o criador de Mafalda soube traduzir os anseios da humanidade em imagens e palavras

García Márquez: de como contar histórias é só contar história, desde que seja boa…

Uma idosa treina seu cãozinho para ir ao cemitério com ela todos os dias, pois teme que ninguém vá render-lhe homenagens ou lembrar-se dela depois de sua morte

Lista completa dos ganhadores do Jaburu 2020

Entre os ganhadores estão Lêda Selma, Gyovana Carneiro, Fernando Costa Filho, Iuri Moreno, Edney Antunes

Goiano ganha prêmio de literatura da Livraria Lello de Porto, Portugal

Márcio Cruzeiro tem 56 anos, é funcionário da Universidade Federal de Goiás e é goiano de Piracanjuba

A pandemia da internet é mais perigosa do que a pandemia do coronavírus

Não engulo a maquinaria monomaníaca da civilização tecnológica e financeira. Sou apaixonadamente conectado ao passado. Reconstruí-lo, não sei Gabriel Nascente A angústia originária do pecado de Adão é angústia inocente, tanto quanto — penso eu —, o pecado do primeiro homem (segundo a fábula teológica) também é inocente. Visto que o paraíso pode ser uma invenção puramente bíblica; e que, portanto, é controverso. Uma vez que o tálamo carnal que deu origem à espécie humana, ainda permanece encoberto de mistérios. É um enigma. Pois se o pecado original foi a primeira cópula da espécie humana, então deduz-se que toda a humanidade é pecadora. Ora, se o verbo deu luz à palavra, antropologicamente a carne é a origem da vida. [caption id="attachment_285960" align="aligncenter" width="464"] Pintura de Ticiano| Foto: Reprodução[/caption] Em sufoco de dúvidas, perguntem a Santo Agostinho, e depois ao dinamarquês Sören Kierkegaard, e ainda a Camus, o quê significa isto? Menos a mim, que sempre fui um doidivana metafísico, um estoico apaixonado. E só acredito na inocência da luz, na dignidade das estrelas e na engenharia artesanal das abelhas. Se a natureza é Deus, estou dentro, mesmo que a vida nos seja tão somente uma embarcação de palha, soprada pelo suspiro de algum deus desocupado. O que vivemos é uma esperança sem Deus, de sonhos que se tornaram angústias, abrindo crises espirituais terríveis em nossas vidas de hóspedes deste mundo, asfixiados. Os animais estão desaparecendo, os oceanos se transformando em gigantescas latrinas de lixo industrial; a água cada vez mais escassa em seus mananciais de finitudes; e as florestas se reduzindo a cemitérios de cinzas. Isto tudo me obceca. É odioso. E crava espinhos em minha alma. A realidade nos mostra claramente que já nos afundamos a pique. E que só nos resta erguermos um brinde às vazias ilusões de estarmos vivos. Porque o simples fato de estarmos vivos já é triunfo de todos os milagres. Eu sou uma espécie de gente muitíssimo rara neste planeta. Quero dizer: reconhecidamente em desuso; isto é: não engulo a maquinaria monomaníaca da civilização tecnológica e financeira. Sou apaixonadamente conectado ao passado. Reconstruí-lo, não sei. É loucura. Mas é dentro dele que estão os meus fantasmas, nitidamente vivos, como se fossem tambores ruflando no armazém das minhas lembranças. Estúrdio! As duas maiores pandemias que invadiram a humanidade, nesta virada de milênio, são desastrosamente a Internet e a Covid-19. Nossos herdeiros sofrerão, no cérebro, o impacto desses avanços em níveis destruidores. Penso eu que o coronavírus, por exemplo, não é biológico, é resto de bomba atômica, bactéria nuclear capaz de destruir a própria eternidade. Morrerá o tempo, mas a desgraça desta epidemia, não. Calma, minha gente! A internet é apenas uma cirrose eletrônica, contendo tudo de letal e maléfico armazenado na metodologia de seu labirinto. E tê-la, em nosso cotidiano, é tê-la como uma doença mental, nos conduzindo fatalmente à terrível alienação do vício. Daqui a pouco a humanidade não saberá mais usar as pernas nem a boca. Pois, ao desconectá-la dos computadores e dos celulares, caímos na mais nefasta das solidões, de volta à angústia de estamos sozinhos dentro de nós mesmos. Conclusão: a pandemia da internet é mais perigosa do que a pandemia do coronavírus. Pense nisto. Gabriel Nascente é cronista do Jornal Opção.