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Secretária de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos diz que a pasta tem compromisso com a ação e que sustentabilidade terá de ser uma prática obrigatória da próxima geração

[caption id="attachment_910" align="alignright" width="620"] Leitor contesta incursão do dramaturgo Nelson em questão sociólogica | Foto: Arquivo/Agência Estado[/caption]
Cirlei Araujo
A obra de Nélson Rodrigues é seminal no campo da dramaturgia, mas daí a ser enaltecido como sociólogo/antropólogo a distância é muito grande. Generalista no mínimo e falaciosa ao extremo sua afirmação de que “o brasileiro tem complexo de inferioridade”, pois reduz todos os brasileiros à categoria de seres incapazes de se autoafirmarem, ao certo pelo fato de nosso maior dramaturgo e cronista esportivo se acreditar porta-voz da Nação e se esquecer de que, já naquela época, havia inúmeros brasis. Como se vê, Nelson foi acometido de audaciosa presunção.
Por outro lado, ao menos provoca a discussão e a indignação e nos faz rever e defender alguns conceitos. Acredito que projetar um sentimento de inferioridade de atletas, cronistas e dirigentes, a maioria iletrados à época, foi algo que se difundiu mais pela notoriedade do autor da frase do que da pertinência da afirmação. Não li o livro, mas vejo que o autor não abordou a preação de mulheres indígenas e suas importantes consequências para a formação do gentílico brasileiro.
Outro aspecto não abordado e muito importante era a prática do “cunhadismo” entre os indígenas, consubstanciada no oferecimento de várias esposas ao recém-chegado, geralmente um branco e suas inovações tecnológicas. Enfim, foi baseado na necessidade de braços, e não em preocupações e pruridos raciais, que o Brasil foi construído.
Fosse o brilhante dramaturgo pernambucano um pouquinho mais consciente da importância da multiculturalidade (Gobineau, racista e amicíssimo de Dom Pedro II, que acreditava-se descendente do deus nórdico Odin, não era diferente) e das inúmeras omissões dos nossos pais fundadores (ou “fraudadores”), não teria expressado essa infame frase. Vejo isso como um reflexo das teses de supremacia racial que procuravam destacar mais as diferenças do que as semelhanças entre as pessoas sendo que o país foi formado basicamente por imigrantes e estes foram forçados, preados, voluntários, subvencionados e convencidos (antepassados de Rita Lee).
Se ser um vira-lata é não ter raça definida, é não ter pedigree, a maioria dos brasileiros, que é mestiça, por analogia, também o é, e isso não significa ausência de valor. Por outro lado, é preferível estar disposto a aprender sempre e absorver novos conhecimentos, e isso pressupõe capacidade de autocrítica e certa humildade, que se atribuir um valor que não se tem e irresponsavelmente legar às futuras gerações tragédias e sofrimentos evitáveis como os megalomaníacos governantes costumam fazer.
Em resumo, o fatalismo e racismo do conde Gobineau são criticados por ninguém menos que Tocqueville. Este afirmava que as ideias pessimistas do conde refutavam qualquer esforço de se construir um país, ao afirmar que os destinos dos homens estavam atrelados a uma raça. Esse pensamento conduziria a uma resignação e naturalizava a desigualdade, tornando a ação política dos cidadãos ineficaz ao processo de mudanças, eliminando, assim, a iniciativa individual no terreno dos acontecimentos históricos. Hoje sofremos as consequências disso.
Cirlei Araújo é sargento do Exército.
E-mail: [email protected]
“Hora de mostrar que somos um povo honesto”
Fernando Borgomoni Para o jornalista José Maria e Silva, autor do texto “Estudo da FGV sobre benefícios da Copa não passa de propaganda enganosa” (Jornal Opção 2017): Pense bem, exatamente porque “até os esquimós” sabem que somos o país do carnaval e do futebol, e exatamente porque nós sabemos que temos, como povo e como nação, muitas outras qualidades, mostremos com a perfeita organização desse grande evento que somos um povo “honesto, responsável e laborioso”. Ou você não acredita no povo brasileiro? E-mail: [email protected]“Uma excelente entrevista de Graciliano Ramos”
Gonzalo Armijos “A última entrevista de Graciliano Ramos” (Jornal Opção 1944, caderno Opção Cultural) é excelente. Uma joia! Uma das primeiras obras brasileiras que li ao chegar ao Brasil, no início dos anos 80, foi “Memórias do Cárcere”, do grande escritor alagoano. Nunca vou esquecer. Gonzalo Armijos é filósofo e professor da UFG. E-mail: [email protected]“Guerrilheiros do passado não se converteram à democracia”
Odiombar Rodrigues Sobre o texto, “Estatuto do Desarmamento não contribui para reduzir a violência” (Jornal Opção 1988), da coluna “Contraponto”, de Irapuan Costa Junior, podemos dizer que o estatuto foi uma medida muito “inteligente”, pois, por meio dele, o governo está construindo o caos social que muito interessa aos “revolucionários” bolivarianos e castristas. Quando ele estiver plenamente instalado, um “salvador” tomará o poder em nome do “restabelecimento” da ordem social. Ninguém imagina que os “guerrilheiros” do passado tenham se convertido à democracia. E-mail: [email protected]“Juventude tratada brutalmente”
Fernanda Bento Ainda em tempo sobre a chacina brutal ocorrida no Morro do Mendanha: em toda a imprensa que noticiou esse crime brutal, as vítimas são denominadas mulheres. Só uma observação: apenas uma delas é maior de 18 anos. Foram jovens e adolescentes assassinadas, não mulheres. Mais uma prova de como nossa juventude vem sendo brutalmente tratada. E-mail: [email protected]
Mas não se deve combater o mito guerrilheiro com outro mito — o do Exército salvador da pátria, que, a cada ameaça comunista, é chamado a salvar a democracia a golpes de Estado

Em março de 1964 tudo — até o presidente, culposamente — contribuía para o clima de conspiração no Brasil e no mundo. O que havia de pretextos para que o povo saísse às ruas naquele mês faltou 50 anos depois, transformando manifestação em patacoada

Recentemente o psicanalista e colunista da “Folha de S. Paulo” Contardo Calligaris escreveu com uma lucidez lacerante como falta ao Brasil um projeto de país, já que ainda só experimentamos projetos de poder ou de governos

Divisão entre adeptos de Iris Rezende e de Júnior Friboi já assume contornos dramáticos e a primeira grande consequência deve ser a perda do aliado PT no primeiro turno

Brasil vai utilizar esquema que ainda está em teste em países como México, Suíça e Colômbia. Campanha nacional pretende imunizar meninas de 11 a 13 anos do vírus que é o principal causador de câncer de colo de útero, o quarto que mais mata no País

Parceria entre Sebrae-GO e Seduc beneficia alunos e professores com o Programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos

Gestão cumpre outro compromisso de campanha e prefeito pede envolvimento de pais e professores para o sucesso dos alunos

Crime de grande repercussão ocorrido em outubro de 2013 em Goiânia será julgado nos próximos dias. Para tirá-lo da pena por roubo seguido de morte, advogado tentará convencer juiz de que assaltante matou para não ser atropelado

A animação do mercado financeiro com a queda de Dilma pode estimular a alternativa Lula no PT, o que representa um risco para a oposição

[caption id="attachment_869" align="alignright" width="620"] Economista Luiz Carlos de Barros: “PT de Lula era um fera domada” | Foto: Revista da espm[/caption]
Em 2002, a cotação livre do dólar no mercado financeiro iniciou o ano a R$ 2,60. Em outubro, mês da eleição presidencial, a venda do dólar chegou a R$ 4,00, a mais alta cotação que já recebeu durante os 20 anos do Plano Real, criado em 1994.
Era o efeito Lula, o pavor do mercado face ao favoritismo do candidato do PT na sucessão do tucano FHC, que artificialmente manteve a igualdade entre o valor do dólar e o do real até a adoção do câmbio flutuante em janeiro de 1999, três meses depois da reeleição de Fernando Henrique a presidente. Livre, o dólar chegou R$ 2,16 em março.
Hoje, o mercado aprendeu a conviver com o PT de Lula, não o da presidente Dilma. O consultor de empresas Luiz Carlos Mendonça de Barros, um símbolo do BNDES na era FHC, compara o PT do ex-presidente a uma fera domada, mas apresenta ressalva quanto à sucessora:
— Em 2002, o mercado tinha medo do discurso do Lula, que era agressivo contra a moeda e socialista. Hoje, não tem nada disso, todo mundo aprendeu a conviver com o PT, que, como diz um amigo meu, é uma fera domada.
Porém, a presidente ainda é uma ameaça às empresas depois de três anos na chefia do Planalto. “O mercado tem uma clara aversão ao modo de atuar da Dilma, mas não tem nada a ver com 2002”, informa Mendonça de Barros que o maior receio do mercado é a reeleição da presidente sem mudança na orientação econômica.
Por tudo isso, Dilma passou a adotar suas cautelas junto ao mercado em época de campanha pela reeleição. Ela rompeu a semana passada com apenas um compromisso em sua agenda naquela segunda-feira. Reuniu-se no Planalto com um primeiro time de banqueiros, que entrou e saiu em silêncio.
A própria agenda registrava laconicamente que Dilma receberia o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, na companhia de outros representantes da entidade. Dilma esqueceu o escândalo da Petrobrás e entregou-se à conversa com os banqueiros, sem saber que a agência internacional Standard & Poor’s (S&P) aumentou a nota de risco brasileiro.
Docemente, a presidente perguntou aos bancos o que deveria fazer para resgatar a credibilidade do governo junto ao mercado de investidores. Ouviu as sugestões elementares que sempre escuta: ser austera na responsabilidade com as contas públicas, ser realista em relação ao preço dos combustíveis e conversar sempre com todo o mercado privado.
Inquieto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega (PT), quis saber, então, como controlar a inflação sem conter os preços relacionados ao petróleo. Escutou dos bancos o mesmo conselho que o governo sempre ouve quando conversa além de seu aparelho de Estado: gastar menos para controlar o déficit fiscal com realismo.
Quando a reunião terminou, a presidente soube do relatório da S&P — ela confia mais em sua habilidade diplomática pessoal do que no profissionalismo do Itamaraty, que acompanhou os passos de uma missão da agência de riscos que esteve no país na semana anterior. O relatório repete o diagnóstico dos bancos, além de advertir sobre fantasias na contabilidade e gastos com objetivos eleitorais.
Os banqueiros, que não dormem de touca, também se interessaram pela missão da S&P, que, inclusive avaliaria bancos públicos e privados. No dia seguinte, a agência divulgou que rebaixou também a confiança num elenco de 14 instituições financeiras, a começar pelo Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste.
As outras dez instituições estão na área privada: HSBC, Itaú Unibanco, Bradesco, Itaú BBA, Citibank, Santander, Sul América, Sul América Companhia Nacional de Seguros e Allianz Global. Além disso, a agência comunicou que colocou em observação negativa a atuação de outras instituições, com atenção especial nas que transacionam com bancos oficiais.

O silêncio a que se recolheu a presidente Dilma Rousseff não permite que se avalie como reagirá à queda de seu prestígio junto aos eleitores apurada pela pesquisa do Ibope revelada na quinta

A cada dia, a imprensa apresenta informações que desconstroem a base de falas do governo para explicar o que se passa na Petrobrás

[caption id="attachment_850" align="alignleft" width="300"] José Mariano Beltrame: secretário do Rio de Janeiro ignora que a violência caiu em São Paulo porque lá o governo prende mais marginais | Foto: André Dusek/Agência Estado[/caption]
Considero uma jactância, uma presunção, usar o célebre “eu não disse?”, quando se comprova uma nossa afirmação da qual a maioria discordava. Mas vou cometer esse pecado, ao menos uma vez. Sempre combati nestas linhas o tom grandiloquente com que governos e imprensa se referiam às Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) cariocas. Os leitores se lembram. Houve uma intensa louvação da medida. José Mariano Beltrame, o secretário da Segurança que a implantou no Rio de Janeiro, chegou a ser lembrado para o Prêmio Nobel da Paz! Seria o primeiro brasileiro a recebê-lo.
Nunca acreditei, pela lógica, que uma operação, por mais ruidosa que seja, diminua a criminalidade, se não retira de circulação os criminosos irrecuperáveis que são ou deveriam ser o seu alvo. Prisão, e não estardalhaço, é o que impede um marginal de cometer crimes. As UPPs nunca prendiam — apenas migravam traficantes para outras favelas ou estabeleciam com eles um pacto não escrito de convivência, pelo qual drogas continuavam a ser comercializadas nos mesmos volumes, e em alguns casos até mais tranquilamente, desde que armas não fossem exibidas ali nas proximidades das UPPs e tiroteios entre gangues cessassem. Um ganho diminuto para tanto gasto e barulho. Fui criticado.
Um leitor, com quem me encontrei em um evento, chegou a afirmar que eu depreciava a única ação de envergadura que o poder público desenvolvia contra o crime. O que ocorre agora com as UPPs? Sequer coíbem mais a guerra entre facções do tráfico ou a presença de criminosos armados, que atacam e destroem as instalações dessas unidades e ferem ou matam policiais.
Policiais das UPPs não podem fazer patrulhas, pois são cercados nas favelas e postos em fuga. As UPPs estão acuadas. De que valem? Cinco dessas unidades foram incendiadas em Manguinhos, só numa semana, em março agora. E vamos aos números da criminalidade no Rio, que teoricamente despencariam com as UPPs: de 2012 para 2013 houve um crescimento de 20% tanto no número de assassinatos quanto no de roubos, na “Cidade Maravilhosa”. Os crimes de morte saltaram de 4.081 para 4.761 (quase 30 mortes para 100 mil habitantes) e os roubos de 49.560 para 60.796. O próprio José Mariano Beltrame concordou que os investimentos sociais, por si sós, não resolvem a questão. Não disse, mas pensou na necessidade das prisões — que não fez — para diminuir o crime. São Paulo, que a imprensa ligada ao governo federal tenta tachar de tão ou mais criminalizado que o Rio, prende o dobro, não faz estardalhaço e tem índice de assassinatos quase três vezes menor.