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Dois terços dos eleitores, 65%, esperam alta da inflação. Outros dois terços, 63%, acreditam que a presidente Dilma Rousseff fez pelo país menos do que esperavam

A confluência entre os escândalos de corrupção, a queda do prestígio da presidente Dilma Rousseff e o ano eleitoral levou o ex Lula a convocar a sucessora para a reunião fechada, em São Paulo, no último dia 4, uma sexta-feira

[caption id="attachment_1783" align="alignleft" width="300"] Otávio Lage: único governador eleito no período militar[/caption]
Jales Naves
As eleições de 1965 em Goiás para governador foram as mais disputadas de todos os tempos e em todas as instâncias, quando os dois principais partidos políticos, que eram rivais, novamente se enfrentaram nas urnas. Do pleito surgiu uma nova liderança: o governador eleito Otávio Lage.
Fazendeiro moderno e inovador, um dos responsáveis pela consolidação da cultura do café na região do Vale do São Patrício e até então desconhecido do mundo político, ele se destacou pela dinâmica administração que realizou em Goianésia —, então uma cidade pequena, inexpressiva —, como prefeito de 1962 a 1965, e também por ser filho do deputado federal Jalles Machado, um dos principais líderes da UDN histórica e que se sobressaiu pela firme atuação como parlamentar, defendendo os interesses de Goiás e lutando contra os aliados de Getúlio Vargas no Estado, em especial o antigo PSD.
Determinado, ousado e com uma mensagem nova, para tirar Goiás de um atraso histórico, que o deixava na lanterna dos Estados brasileiros, ele conquistou o direito de ser candidato pela União Democrática Nacional numa disputa muito acirrada. Venceu na convenção estadual do partido o deputado federal Emival Caiado, considerado favorito, e lutou para ocupar espaço e consolidar sua candidatura com mais três partidos: PTB, PSP e PDC. Foi difícil obter o apoio do governador eleito de forma indireta, marechal Emílio Ribas Júnior, e da cúpula militar, pois, um dia antes da convenção udenista, o presidente da República, marechal Humberto Castello Branco, lançou a candidatura a governador, pelo PSD, do deputado federal Gerson de Castro Costa, conforme registraram os jornais do dia.
Depois de superar os obstáculos e dificuldades que se antepunham e assumindo a liderança desse processo, Otávio Lage soube se impor, consolidar a sua candidatura e, utilizando-se de estratégias de marketing, conquistar o eleitorado, a partir de um mote especial. A crítica da oposição, de ser despreparado para a função por ser “roceiro”, foi utilizada como instrumento dessa mudança: ele chegava às cidades sempre com um chapéu na cabeça e entrava pelas principais ruas montado a cavalo, ou num trator, ou numa carroça, e saía cumprimentando todas as pessoas. Dessa forma, foi se tornando conhecido, divulgando sua plataforma de trabalho, centrada em três eixos — educação, energia e estradas — e firmando seu nome.
Na oposição, que ainda dominava o Estado, simbolizada pela figura do senador Pedro Ludovico, o candidato era o médico e deputado federal José Peixoto da Silveira, um dos principais quadros do PSD, que tinha ocupado as três principais secretarias de Estado (Fazenda, Educação e Saúde), além de ter sido deputado estadual.
A situação era difícil, mas prevaleceu a mensagem desenvolvimentista, a proposta de construção de um novo Goiás a partir dos três eixos, o que realmente aconteceu. E o resultado, favoreceu o candidato da UDN.
Essa observação se torna importante ainda hoje, não só para resgatar o nome e o importante trabalho realizado pelo ex-governador Otávio Lage, como para fazer justiça a um dos mais expressivos governantes de Goiás.
Nos últimos anos, seus netos tiveram de defendê-lo diante de críticas improcedentes, injustas e que não correspondiam à verdade. Eles admiravam o avô pela postura íntegra, pelo comportamento ético e por ser um empreendedor preocupado em unir forças para viabilizar projetos, como a destilaria de álcool, a cogeração de energia a partir do bagaço da cana, o plantio de seringueiras, a inovação tecnológica no campo a partir de sementes certificadas etc.
Quando frequentavam o ensino médio, já se preparando para o vestibular, vários de seus netos tiveram de discutir com os professores de História, que teimavam em dizer que ele tinha sido nomeado governador de Goiás pelos militares. Inclusive, uma questão em vestibular de uma importante instituição de ensino superior, em 2003, tratava desse tema e dessa forma, colocando Otávio Lage como governador nomeado e não eleito em pleito democrático e popular.
Otávio Lage foi, na verdade, o único governador de Goiás eleito no período militar, em pleito direto e com a efetiva participação do eleitor. Um registro que se torna necessário diante da falta de compromisso de professores com a verdade e que atinge uma pessoa que foi, por princípio, um democrata no exercício de suas funções no Executivo goiano, honrando o mandato que cumpriu, mesmo em um período de exceção.
Jales Naves é jornalista e biógrafo de Otávio Lage.
“Um outro ângulo para o ‘roubo’ do papa”

“Friboi sempre participou da política”

“Cadê a reforma política?”

“Francisco pode promover uma ruptura radical”
P. C. Albuquerque Até para um leigo protestante como eu, que acompanha, de longe, as ações e posturas do papa Francisco, fica evidente que ele está em rota de colisão com os interesses da alta cúpula vaticanista. O Vaticano é uma cidade-Estado, um ente híbrido composto por duas naturezas: uma política (estatal) e outra religiosa (Igreja). A impressão que se tem é de que o papa fez uma opção pelo aspecto Igreja, deixando para um plano secundário o aspecto político. Pode-se, diante disso, vislumbrar uma ruptura radical dentro desse panorama dividido, tendo por um lado os que não abrem mão do status quo e, por outro, os “seguidores”' de Francisco. Para muitos, isso é improvável, mas não é impossível. E-mail: [email protected]“Duas frases de Chico Ludovico”
Natanry L. Osorio Ao Jornal Opção nossa gratidão pela justa homenagem ao grande mestre Chico Ludovico (edição 2022), extraordinário homem, médico que exercia a medicina como missão e verdadeiro sacerdócio. Chico era um sábio e nunca me esqueço de duas coisas que dele ouvia: “Deixe seus filhos pisarem na terra, o que não mata engorda.” Outra foi aos 40 anos. Tinha grande dúvida se deveria fazer cirurgia de mioma com retirada do útero e ele me disse: “Naty (forma de ser tratada em família), para mim depois dos 40, quando uma mulher como você, que já tem cinco filhos não quer mais outros, o útero passa a ter duas funções: porta-bebê e porta-câncer.”. De imediato autorizei a cirurgia, feita com maestria por ele, meu primo, padrinho de casamento e grande amigo. Nunca me arrependi. Que o Senhor o tenha na anta glória. E-mail: [email protected]“Hora de nos aprofundarmos sobre as questões tecnológicas”
Hélio Augusto Abreu O texto “Marco Civil da Internet tenta pôr ordem naquilo que se esvai pelo ar” (Jornal Opção 2022) é muito interessante e instigante. Faz-nos pensar nas estratégias adotadas pelo governo com relação a simplesmente atender a um apelo tecnológico momentâneo ou nos aprofundarmos realmente em um estudo para chegarmos a elaboração série de medidas que nos colocam na vanguarda tecnológica que possa se moldar de acordo com as inovações. E-mail: [email protected]“Resenha à altura de Vargas Llosa”
Maria Helena Coutinho Excelente a resenha “Mario Vargas Llosa mostra que a cultura está a serviço do espetáculo” (Jornal Opção 2020, caderno Opção Cultural). O autor, Salatiel Soares Correia, vai além do conhecimento da obra do escritor peruano. É realmente culto. E-mail: [email protected]“Bakunin, abnegado defensor das classes oprimidas”
Nestor Máquino Parabéns a Carlos Russo Jr. e ao Jornal Opção pela boa matéria “Bakunin: agitador, internacionalista, libertário e antiautoritário” (caderno Opção Cultural, edição 2021). Bakunin é, sem dúvidas, o principal expoente do socialismo anarquista e um dos mais injustiçados teóricos das ciências sociais. Isso sem contar que foi um dos maiores exemplos de abnegação e firmeza na defesa dos interesses das classes trabalhadoras e oprimidas. E-mail: [email protected]“Parabéns por não distorcer a história”
Álvaro Freire Parabéns ao jornalista Marcos Nunes Carreiro por seus artigos, sempre cheio de lucidez e isenção. Venho acompanhando seus artigos e me surpreendo positivamente a cada um que vejo. Parabéns por não distorcer a história, como faz a maioria dos grandes meios de comunicação, de maneira que não se conheça a verdadeira história de nosso País. Uma mentira contada várias vezes acaba como verdade. E isso não é por acaso: é tudo arquitetado e planejado. E-mail: [email protected]“Com medo de viver”
Thyrza Flores Sem entender tamanha violência dos últimos tempos. Pedi a Deus mais tempo e me vejo com medo de viver.
O irmão do governador Marconi Perillo (PSDB), Antônio Pires Perillo, é um dos 36 denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por possível envolvimento em esquema de contratação de servidores fantasmas na Assembleia Legislativa e Câmara Municipal de Goiânia

Escrito em parceria com o jornalista americano Brian Winter, o livro de memórias “O Improvável Presidente do Brasil” narra a vida e o legado de um dos personagens mais importantes da história do Brasil republicano, o presidente Fernando Henrique Cardoso

Em “Noé”, Darren Aronofsky insere várias camadas dramáticas por meio de personagens coadjuvantes tornando a clássica história bíblica complexa e subversiva

Enzo ainda tava machucado. Dois anos de relação e a noiva o largou por causa de um empregado do pai, bom de lábia, mau caráter e interesseiro

Dizem que os olhos são as janelas da alma. Mas como agir quando intempéries, como ciclones, devastam nossa cidade mental e a destroem sem chances de reconstrução?

Recomenda-se aos cientistas brasileiros que inventem o risômetro. Assim, toda vez que adquirir o “Pop”, ou se for ler na internet — missão impossível às vezes até para quem é assinante —, o leitor deve colocar o risômetro na boca e pode começar a rir. Na semana passada, o diário goiano “revelou” que a presidente Dilma Rousseff estava “grávida”, recentemente disse que o coronel Brilhante Ustra combateu a Guerrilha do Araguaia (o que é falso), “elegeu” Thiago Peixoto a vereador (o jovem é deputado federal), confundiu Milton Campos com Milton Alves, trocou iminente com eminente.
No sábado, 12, o jornal continuou o festival de erros que assola sua redação, como se o espírito do Febeapá estivesse “reencarnando” nos computadores dos repórteres. O “Pop” publicou a reportagem “Ex-miss Goiás é absolvida” e cometeu erros primários. Quem leu a reportagem de Thiago Burigato, do Jornal Opção Online, foi informado que Luana Nadejda Jaime foi absolvida da acusação de ter assassinado Gilvânia Lima de Oliveira e que o nome de seu advogado é Pedro Sérgio dos Santos, diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás e doutor em Direito pela prestigiosa Universidade Federal de Pernambuco. Agora, se o leitor consultou o “Pop”, ficou “sabendo” que outra pessoa foi absolvida — uma sra. de nome Luana “Madedja” Jaime. Quem fez sua defesa foi o advogado Pedro “Henrique” dos Santos — que, obviamente, não existe, exceto nas páginas do “Pop”.
Ao comentar os erros, um juiz disse: “Que tal julgar o ‘Pop’ no Tribunal da Língua Portuguesa?” Nem tanto...
Pouco dadas a firulas acadêmicas e discussões filosóficas, Suzana Singer talvez tenha sido uma das “ombudsmen” (termo impróprio para mulheres, mas é assim que o jornal paulistano usa) mais rigorosas da “Folha de S. Paulo” (o mais polêmico talvez tenha sido Caio Túlio Costa), ao lado de Marcelo Leite (possivelmente, o que fazia uma crítica mais técnica). Ela sempre aponta duramente os erros da “Folha de S. Paulo”, mas reconhecendo os acertos com largueza de visão. Singer será substituída na sexta-feira, 25, pela jornalista Vera Guimarães, secretária-assistente de Redação de Semanais. Curiosidade: os dois portais que deram a notícia, o Portal da Revista Imprensa (publicou em primeira mão, na semana passada) e o Portal dos Jornalistas, não publicaram nenhuma fotografia da nova ombudsman. Procurei na internet, inclusive no site da “Folha”, e não encontrei nenhuma foto. Vera Guimarães, ao que parece, é discreta. Singer será a nova editora de Treinamento do jornal — cargo certamente ideal para quem foi ombudsman.

Quem acessa o site da Fnac (há uma ótima livraria no Chiado, em Lisboa, nas proximidades da Praça Luís de Camões) vê que um dos lançamentos destacados é “Holocausto Brasileiro”, da jornalista brasileira Daniela Arbex. O livro saiu, este mês, em Portugal pela Editora Guerra & Paz (256 páginas).
Eis a síntese que está no site da Fnac: “Um pungente retrato de abandono e horror. Um genocídio que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas. Milhares de crianças, mulheres e homens foram violentamente torturados e mortos, no Brasil, no hospital de doenças mentais de Colônia, em Barbacena, fundado em 1903. A maioria foi internada sem diagnóstico de doença mental: eram meninas violadas que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos, mulheres que os maridos não queriam mais, alcoólicos, prostitutas. Ou simplesmente seres humanos em profunda tristeza. Sem documentos, sem roupa e sem destino, tornaram-se filhos de ninguém. Em ‘Holocausto Brasileiro’, a premiada jornalista de investigação Daniela Arbex resgata do esquecimento esta chocante e macabra história do século XX brasileiro: um genocídio feito pelas mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população, que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas.”
No site da Bertrand, outra ótima livraria de Portugal, o livro ainda não recebeu nenhuma menção.
Não deixa de ser interessante que um dos maiores best-sellers do Brasil, nos últimos anos, seja um livro de alta qualidade, resultado de uma pesquisa rigorosa que, aos poucos, começa a obter repercussão internacional. Escrever bem é obrigação, claro. Mas vale o registro de que, além de escrever bem, Daniela Arbex é autora de um texto elegante (o que não quer dizer pomposo), fluente, preciso e de grande clareza. Trata-se de uma obra-prima do jornalismo brasileiro. Fosse americana, a repórter teria faturado o Pulitzer.
O repórter Marcos Nunes Carreiro foi o primeiro colocado no 1º Prêmio UEG de Jornalismo, na categoria "Jornalismo Impresso". A reportagem premiada foi publicada na edição 2006 do Jornal Opção e pode ser lida aqui. A entrega do prêmio será realizada na quarta-feira, 16, no Palácio da Música, no Centro Cultural Oscar Niemeyer durante o Jubileu de Cristal da UEG, evento que comemora os 15 anos da universidade.
Há algum tempo, quando se perguntava: “Qual é o melhor jornal americano?”, os leitores, hesitantes, às vezes citavam o “New York Times”, o “Washington Post” e, mais raro, o “Wall Street Journal”. Agora, um quarto jornal certamente será citado entre os três — o “The Guardian”. Bem, o “Guardian” é inglês. Certo, é. Mas faz sucesso nos Estados Unidos o “Guardian” digital, que, com uma equipe pequena mas competente, publicou as principais denúncias de Edward Snowden, o jovem que pôs a nu a espionagem da NSA, agência de espionagem americana, e do GCHQ, agência de espionagem inglesa. Na segunda-feira, 14, coroando o trabalho do jornalismo que não se agacha ante o poder, a Universidade Columbia anunciou os vencedores do Pulitzer 2014, o mais importante prêmio de jornalismo do país de Thomas Jefferson e Abraham Lincoln. Pelas reportagens-denúncias que divulgaram, de maneira independente e resistindo às pressões dos poderosos de dois países, EUA e Inglaterra, a partir dos arquivos de Snowden — que provaram que as agências NSA e GCHQ espionaram todo o mundo —, o “Guardian” e o “Washington Post” dividiram o prêmio principal, Serviço Público. O “Boston Globe” ganhou o Pulitzer na categoria “Breaking News” (“Últimas Notícias”). O jornal fez a melhor cobertura do ataque terrorista à maratona de Boston, em abril de 2013. Chris Hamby levou o prêmio de Jornalismo Investigativo, do Centro de Integridade Pública. A reportagem premiada denunciou “a negligência de médicos e advogados em processos de mineradores com problemas respiratórios contra suas empresas”, registra o portal da revista “Imprensa”. Na categoria Reportagem Explicativa, Eli Saslow, do “Post”, foi o vencedor. A matéria apresenta a pobreza da América Latina. Na categoria Reportagem Local, Will Hobson e Michael La Forgia, do “Tampa Bay Times”, um jornal de bairro, são os vencedores. Eles investigaram a “oferta de casas populares para moradores de rua na Flórida”, conta o Portal Imprensa. David Philipps, do “The Gazette, faturou o Pulitzer na categoria Reportagem Nacional com reportagem sobre como são tratados os veteranos de guerra dos Estados Unidos. Jacon e Szep e Andrew R. C. Marshall, da agência Reuters, com reportagem a respeito da minoria muçulmana em Myanmar, faturaram o prêmio na categoria Internacional. Não houve ganhador na categoria Melhor Escrita. O que não deixa de ser surpreendente, pois há publicações americanas de qualidade, como a revista “New Yorker”, que primam pela qualidade escrita. Josh Haner, do “New York Times”, levou o prêmio na categoria Melhor Fotografia. Josh fez uma “série sobre a recuperação de uma vítima do ataque terrorista na maratona de Boston”. Nos Estados Unidos, mais do que em alguns países, o trabalho do repórter fotográfico é muito respeitado, mas, quando um jornal do porte do “Times” ganha o Pulitzer apenas nesta categoria, a redação costuma ficar agastada. É sinal de desprestígio. Outras premiações do Pulitzer: Stephen Henderson, do “Detroit Free Press” (Comentarista); Inga Saffron, do “Philadelphia Inquirer” (Crítica); a equipe do jornal “The Oregonian” (Editorial); Kevin Siers, do “The Charlotte Observer” (Chargista); e Tyler Hicks, do “New York Times”, na cobertura de uma chacina no Quênia (Fotografia Factual).
As revelações são do doutor em história Hugo Studart