holocausto livroQuem acessa o site da Fnac (há uma ótima livraria no Chiado, em Lisboa, nas proximidades da Praça Luís de Camões) vê que um dos lançamentos destacados é “Holocausto Brasileiro”, da jornalista brasileira Daniela Arbex. O livro saiu, este mês, em Portugal pela Editora Guerra & Paz (256 páginas).

Eis a síntese que está no site da Fnac: “Um pungente retrato de abandono e horror. Um genocídio que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas. Milhares de crianças, mulheres e homens foram violentamente torturados e mortos, no Brasil, no hospital de doenças mentais de Colônia, em Barbacena, fundado em 1903. A maioria foi internada sem diagnóstico de doença mental: eram meninas violadas que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos, mulheres que os maridos não queriam mais, alcoólicos, prostitutas. Ou simplesmente seres humanos em profunda tristeza. Sem documentos, sem roupa e sem destino, tornaram-se filhos de ninguém. Em ‘Holocausto Brasileiro’, a premiada jornalista de investigação Daniela Arbex resgata do esquecimento esta chocante e macabra história do século XX brasileiro: um genocídio feito pelas mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população, que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas.”

No site da Bertrand, outra ótima livraria de Portugal, o livro ainda não recebeu nenhuma menção.

Não deixa de ser interessante que um dos maiores best-sellers do Brasil, nos últimos anos, seja um livro de alta qualidade, resultado de uma pesquisa rigorosa que, aos poucos, começa a obter repercussão internacional. Escrever bem é obrigação, claro. Mas vale o registro de que, além de escrever bem, Daniela Arbex é autora de um texto elegante (o que não quer dizer pomposo), fluente, preciso e de grande clareza. Trata-se de uma obra-prima do jornalismo brasileiro. Fosse americana, a repórter teria faturado o Pulitzer.