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Quem acessa o site da Fnac (há uma ótima livraria no Chiado, em Lisboa, nas proximidades da Praça Luís de Camões) vê que um dos lançamentos destacados é “Holocausto Brasileiro”, da jornalista brasileira Daniela Arbex. O livro saiu, este mês, em Portugal pela Editora Guerra & Paz (256 páginas).
Eis a síntese que está no site da Fnac: “Um pungente retrato de abandono e horror. Um genocídio que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas. Milhares de crianças, mulheres e homens foram violentamente torturados e mortos, no Brasil, no hospital de doenças mentais de Colônia, em Barbacena, fundado em 1903. A maioria foi internada sem diagnóstico de doença mental: eram meninas violadas que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos, mulheres que os maridos não queriam mais, alcoólicos, prostitutas. Ou simplesmente seres humanos em profunda tristeza. Sem documentos, sem roupa e sem destino, tornaram-se filhos de ninguém. Em ‘Holocausto Brasileiro’, a premiada jornalista de investigação Daniela Arbex resgata do esquecimento esta chocante e macabra história do século XX brasileiro: um genocídio feito pelas mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população, que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas.”
No site da Bertrand, outra ótima livraria de Portugal, o livro ainda não recebeu nenhuma menção.
Não deixa de ser interessante que um dos maiores best-sellers do Brasil, nos últimos anos, seja um livro de alta qualidade, resultado de uma pesquisa rigorosa que, aos poucos, começa a obter repercussão internacional. Escrever bem é obrigação, claro. Mas vale o registro de que, além de escrever bem, Daniela Arbex é autora de um texto elegante (o que não quer dizer pomposo), fluente, preciso e de grande clareza. Trata-se de uma obra-prima do jornalismo brasileiro. Fosse americana, a repórter teria faturado o Pulitzer.
O repórter Marcos Nunes Carreiro foi o primeiro colocado no 1º Prêmio UEG de Jornalismo, na categoria "Jornalismo Impresso". A reportagem premiada foi publicada na edição 2006 do Jornal Opção e pode ser lida aqui. A entrega do prêmio será realizada na quarta-feira, 16, no Palácio da Música, no Centro Cultural Oscar Niemeyer durante o Jubileu de Cristal da UEG, evento que comemora os 15 anos da universidade.
Há algum tempo, quando se perguntava: “Qual é o melhor jornal americano?”, os leitores, hesitantes, às vezes citavam o “New York Times”, o “Washington Post” e, mais raro, o “Wall Street Journal”. Agora, um quarto jornal certamente será citado entre os três — o “The Guardian”. Bem, o “Guardian” é inglês. Certo, é. Mas faz sucesso nos Estados Unidos o “Guardian” digital, que, com uma equipe pequena mas competente, publicou as principais denúncias de Edward Snowden, o jovem que pôs a nu a espionagem da NSA, agência de espionagem americana, e do GCHQ, agência de espionagem inglesa. Na segunda-feira, 14, coroando o trabalho do jornalismo que não se agacha ante o poder, a Universidade Columbia anunciou os vencedores do Pulitzer 2014, o mais importante prêmio de jornalismo do país de Thomas Jefferson e Abraham Lincoln. Pelas reportagens-denúncias que divulgaram, de maneira independente e resistindo às pressões dos poderosos de dois países, EUA e Inglaterra, a partir dos arquivos de Snowden — que provaram que as agências NSA e GCHQ espionaram todo o mundo —, o “Guardian” e o “Washington Post” dividiram o prêmio principal, Serviço Público. O “Boston Globe” ganhou o Pulitzer na categoria “Breaking News” (“Últimas Notícias”). O jornal fez a melhor cobertura do ataque terrorista à maratona de Boston, em abril de 2013. Chris Hamby levou o prêmio de Jornalismo Investigativo, do Centro de Integridade Pública. A reportagem premiada denunciou “a negligência de médicos e advogados em processos de mineradores com problemas respiratórios contra suas empresas”, registra o portal da revista “Imprensa”. Na categoria Reportagem Explicativa, Eli Saslow, do “Post”, foi o vencedor. A matéria apresenta a pobreza da América Latina. Na categoria Reportagem Local, Will Hobson e Michael La Forgia, do “Tampa Bay Times”, um jornal de bairro, são os vencedores. Eles investigaram a “oferta de casas populares para moradores de rua na Flórida”, conta o Portal Imprensa. David Philipps, do “The Gazette, faturou o Pulitzer na categoria Reportagem Nacional com reportagem sobre como são tratados os veteranos de guerra dos Estados Unidos. Jacon e Szep e Andrew R. C. Marshall, da agência Reuters, com reportagem a respeito da minoria muçulmana em Myanmar, faturaram o prêmio na categoria Internacional. Não houve ganhador na categoria Melhor Escrita. O que não deixa de ser surpreendente, pois há publicações americanas de qualidade, como a revista “New Yorker”, que primam pela qualidade escrita. Josh Haner, do “New York Times”, levou o prêmio na categoria Melhor Fotografia. Josh fez uma “série sobre a recuperação de uma vítima do ataque terrorista na maratona de Boston”. Nos Estados Unidos, mais do que em alguns países, o trabalho do repórter fotográfico é muito respeitado, mas, quando um jornal do porte do “Times” ganha o Pulitzer apenas nesta categoria, a redação costuma ficar agastada. É sinal de desprestígio. Outras premiações do Pulitzer: Stephen Henderson, do “Detroit Free Press” (Comentarista); Inga Saffron, do “Philadelphia Inquirer” (Crítica); a equipe do jornal “The Oregonian” (Editorial); Kevin Siers, do “The Charlotte Observer” (Chargista); e Tyler Hicks, do “New York Times”, na cobertura de uma chacina no Quênia (Fotografia Factual).
As revelações são do doutor em história Hugo Studart

Repórter do “The Guardian”, baseado em documentos divulgados pelo norte-americano, revela que, na internet e ao telefone, todos nós estamos nus, à mercê de potências tecnológicas e experts em espionagem como Estados Unidos e Inglaterra
[caption id="attachment_1724" align="alignleft" width="300"] Livro mostra que as pessoas, mesmo as comuns, são espionadas diariamente, tanto na internet quanto nas suas ligações telefônicas. O novo Grande Irmão, que espreita, deixaria George Orwell, autor de “1984”, estupefato[/caption]
“No fim das contas, nada é sagrado, exceto a integridade da própria consciência.”
Ralph Waldo Emerson,
“Ensaios”
Você envia um e-mail altamente secreto para um amigo ou fonte. Depois, no in box do Facebook, faz comentários calientes para uma possível namorada ou paquera. Ao telefone, fixo ou celular, faz comentários, pertinentes ou não, sobre determinada autoridade. Por fim, faz uma consulta inofensiva no Google ou no Yahoo sobre Osama bin Laden e a Al-Qaeda. Tudo secretíssimo. Pois não é bem assim. As conversas podem estar sendo monitoradas nacional ou internacionalmente. Os arquivos de Edward Joseph Snowden, 30 anos, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA), a maior e mais secreta agência de inteligência dos Estados Unidos, sugerem que não há (mais) inocência e liberdade em nenhum país. Num pacto faustiano, duas agências de espionagem, a americana NSA e a inglesa Government Communications Headquarters (GCHQ), com apoio de seus governos, decidiram conhecer tudo (ou quase) aquilo que pensam os indivíduos, desde os mais importantes, como Angela Merkel, chanceler da Alemanha, e Dilma Rousseff, presidente do Brasil, àqueles que não têm poder para fazer mal algum. Digamos assim: se quiserem, a NSA e o GCHQ têm condições de ouvir o que dizem e o que escrevem o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Podem igualmente mapear seus auxiliares mais próximos. Fizeram isto com Dilma e seus principais assessores. “Mesmo que não esteja fazendo nada de errado, você está sendo observado e gravado”, assegura Snowden.
A história de Snowden é bastante conhecida. Mas quem quiser uma síntese de qualidade nada perde se ler o livro “Os Arquivos Snowden — A História Secreta do Homem Mais Procurado do Mundo” (Leya, 279 páginas, tradução de Bruno Correia e Alice Klesck), de Luke Harding, repórter do jornal inglês “The Guardian”.
Snowden era um tranquilo e brilhante administrador de sistemas da NSA — na verdade, de uma empresa terceirizada —, depois de ter passado pela CIA e por outra agência. Não havia feito curso superior, mas era uma craque em tecnologia de informação. De repente, descobriu aquilo que parecia normal à maioria dos colegas: o governo dos Estados Unidos, por meio da NSA, havia decidido conhecer as “profundezas” do que dizem os homens: “a agência tinha se afastado de sua missão original de recolhimento da inteligência sobre o exterior. Agora coletava dados sobre todos”. A observação eletrônica em massa chocou-o.
Com a bomba nas mãos, Snowden decidiu agir: procurou Glenn Greenwald, colunista do “Guardian” baseado no Brasil, e a documentarista Laura Poitras, ambos americanos. Depois de colher dados explosivos, o jovem fugiu para Hong Kong, onde se encontrou com o hesitante Greenwald e a confiante Poitras. Levou para a Ásia quatro laptops “fortemente criptografados”, com “documentos retirados dos servidores internos da NSA e do GCHQ”. Tratava-se do “maior vazamento de inteligência da História”.
Harding, baseado nos arquivos revelados por Snowden, frisa que, “em conjunto com o GCHQ, a NSA tinha ligado secretamente interceptadores de dados aos cabos de fibra ótica submarinos que circundam o globo. Isso permitiu que os EUA e o Reino Unido tivessem acesso à maior parte das comunicações mundiais”. A Justiça, acionada pelo governo americano, obrigava as empresas a se abrirem para a NSA. Obrigava nem é o termo preciso. “Praticamente todo o Vale do Silício estava envolvido com a NSA. Google [quarto a liberar informações para a NSA] Microsoft [primeira a fornecer dados à agência americana], Facebook [quinto a divulgar dados], até mesmo a Apple, de Steve Jobs” colaboraram com a agência de espionagem. “A NSA alegava ter ‘acesso direto’ aos servidores das gigantes da tecnologia.” Também colaboraram PalTalk, YouTube, Skype, Yahoo e AOL.
O inglês George Orwell, autor de uma distopia clássica, “1984”, imaginou alguma coisa, mas localizada, sobre o controle da informação e vigilância dos indivíduos (o Big Brother), mas certamente ficaria estupefato com as revelações sobre o que pretendia (e talvez ainda pretenda) a NSA: “coletar tudo, de todos, em todos os lugares, e armazenar por prazo indefinido”. Seria, observa Harding, “a extirpação da privacidade”. A internet havia sido sequestrada. Ou permanece.
Por que, exatamente, Snowden decidiu revelar os bastidores da espionagem americana e inglesa? No relato a Greenwald, registrado por Harding, o ex-agente disse “que não queria viver em um mundo onde ‘tudo que digo, tudo que faço, todos com quem converso, toda expressão de criatividade, amor ou amizade estejam sendo gravados’”.
Como uma documentação tão extensa saiu dos arquivos herméticos da NSA? Tudo indica que em pen-drives. Para um gênio de T. I., tudo parece mais fácil, e Snowden tinha acesso remoto aos arquivos. Em dezembro de 2012, quando entrou em contato, Snowden sugeriu a Greenwald “que instalasse o programa PGP de criptografia em seu laptop. Depois de instalado, o programa permite que as duas pessoas troquem mensagens pela internet de forma criptografada. Se utilizado corretamente, o PGP garante privacidade”. Greenwald relutava e Snowden disse: “Não posso acreditar que você não instalou”. Aí, para chegar ao então colunista do “Guardian”, Snowden aproximou-se de Poitras, que, como conhecia criptografia, foi mais receptiva.
Snowden decidiu abordar um colunista e uma documentarista críticos do establishment porque não confiava no jornalismo americano. Ele disse a um repórter do “New York Times”: “Depois do 11 de Setembro, muitos dos veículos mais importantes dos EUA abdicaram de seu papel como verificadores do poder — a responsabilidade jornalística de desafiar os excessos do governo —, por medo de serem vistos como antipatriotas e, assim, punidos no mercado durante o período de nacionalismo exacerbado”. Poitras, na visão de Snowden, assumira “a missão mais perigosa que um jornalista pode receber — relatar os malfeitos secretos do governo mais poderoso do mundo”.
À desconfiada Poitras, Snowden enviou “uma bomba”. Contou que tinha cópia da Política Presidencial com a Diretiva 20, “um documento de sigilo absoluto, com 18 páginas, expedido em outubro de 2012. O documento dizia que Obama havia secretamente pedido aos seus funcionários sêniores da segurança nacional e da inteligência que elaborassem uma lista de alvos potenciais para ataques cibernéticos americanos no exterior. Não de defesa, mas de ataque. A agência estava colocando escuta em cabos de fibra ótica, interceptando pontos de telefonia e grampeando em escala global”. Poitras quase desmaiou.
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Edward Snowden, um jovem de 30 anos, que teve a coragem de enfrentar a máquina de moer gente da espionagem americana e inglesa e denunciar que autoridades e pessoas comuns são espionadas diariamente | Foto: Divulgação[/caption]
Greenwald e Poitras finalmente concordaram que Snowden era sério. O primeiro acionou a editora do “Guardian” nos EUA, Janine Gibson, que decidiu enviar para Hong Kong, com os outros dois, o experimentado repórter Ewen MacAskill.
Um dos programas revelados por Snowden, o Stellar Wind, da NSA, tinha quatro alvos operacionais: comunicações e metadados telefônicos, comunicações (como e-mails e pesquisas na web) e metadados de internet. O programa começou a ser operado em 4 de outubro de 2001, no governo de George W. Bush. “O Stellar Wind parece ter contado com o apoio entusiástico das principais empresas de telefonia e provedores de serviços de internet. (...) ‘Parceiros do setor privado’ começaram a fornecer para a agência conteúdo de telefone e internet do exterior em outubro de 2001.” Um dos provedores de serviços, não nominado, deu uma sugestão à NSA: no lugar de pedir, deveria usar a Justiça para obter os dados – o que legalizava a ação de espionagem. Por meio do tribunal secreto da Fisa, obteve-se autorização judicial para se buscar os dados, sob a camuflagem de “prestação de registros de negócios” (artigo 215 do Patriotic Act — contra o terrorismo). No Congresso, o senador Obama contribuiu para a aprovação da legislação. Em 2007, candidato a presidente, disse: “Nada mais de escutas telefônicas ilegais de cidadãos americanos”.
Pressões infrutíferas
Aos atônitos Greenwald, Poitras e MacAskill, no quarto de um hotel de Hong Kong, Snowden explicou que a NSA “era capaz de transformar um celular em um microfone e dispositivo de rastreamento”. MacAskill, que pretendia gravar os diálogos, jogou o celular fora. Prevenido, “quando inseria senhas no computador”, Snowden “colocava um capuz na cabeça e acima do laptop — um tipo de cobertura gigante —, para que as senhas não pudessem ser capturadas por câmeras escondidas”. Aparentemente, Snowden não pensou em ganhar dinheiro com a denúncia de que as agências de espionagem haviam “confiscado a internet”. O experiente MacAskill garante que se trata de um idealista e, mesmo, patriota. Quer mais uma internet livre do que destruir os Estados Unidos. Quando o jornalista do “Guardian” quis saber sobre a agência inglesa, Snowden alarmou-o: “O GCHQ é pior que a NSA. É ainda mais intrusivo”. [caption id="attachment_1721" align="alignleft" width="620"]

Dos 31 mandados de prisão temporária e preventiva cumpridos, 15 pessoas permanecem presas. Dois suspeitos seguem foragidos
[caption id="attachment_1720" align="alignright" width="764"] Doleiro Alberto Yousseff, preso pela Operação Lava-Jato e apontado como chefe do grupo[/caption]
Os relatórios finais da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, foram concluídos na última terça-feira (16/4), final do prazo legal. Quarenta e seis pessoas foram indiciadas por formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro nacional. Entre os indiciados estão o doleiro Alberto Yousseff e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
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Outros dois doleiros também foram indiciados, mas suas identidades estão sendo mantidas sob sigilo pela PF, sendo que nos próximos dias poderão ser apresentados complementos aos relatórios finais com base em estudo do material apreendido. Há possibilidade de investigações autônomas dos crimes de corrupção ativa e passiva, sonegação fiscal, desvio de recursos públicos, sonegação fiscal e fraude em licitação.
A Operação Lava-Jato foi deflagrada em 17 de março após investigações que chegaram a um esquema ilegal que movimentou R$ 10 milhões. Segundo a PF, o grupo, liderado por Alberto Yousseff, também praticou os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisa. O cumprimento dos mandados de prisão e de busca e apreensão foram divididos em duas etapas, sendo que a segunda ocorreu no último dia 11. Na ocasião o alvo foram contratos intermediados por Paulo Roberto Costa enquanto funcionário da Petrobras. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede da estatal no Rio de Janeiro.
O saldo das duas etapas contabiliza 25 veículos apreendidos, centenas de joias e obras de arte apreendidas e que ficarão em custódia do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Um total de R$ 6 milhões em espécie foi apreendido. Foram cumpridos 19 mandados de prisão preventiva e 12 de temporária, sendo que 15 pessoas permanecem detidas e duas seguem foragidas. Cento e cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
Categoria, sob o comando do Sinpol e da Ugopoci, alega que o governo estaria tentando uma manobra ao apresentar projeto de lei que condiciona reajuste à arrecadação do Estado
Presidente nacional do PMDB afirma que o ex-prefeito, sempre que procurado para falar sobre as eleições de 2014, dizia que não sairia candidato

[caption id="attachment_1711" align="alignleft" width="620"] Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, presidente da Rússia: o primeiro quer Edward Snowden (no centro da montagem) preso e o segundo mantém o delator americano como prisioneiro da Rússia | Foto montagem/Jornal Opção[/caption]
Escapando dos longos e, às vezes, mortais tentáculos dos americanos e dos ingleses, Edward Joseph Snowden está na Rússia — “exilado”, para alguns, “prisioneiro”, para outros. No livro “Os Arquivos Snowden — A História Secreta do Homem Mais Procurado do Mundo” (Leya, 279 páginas, tradução de Bruno Correia e Alice Klesck), Luke Harding, repórter do “The Guardian”, tenta explicar como o ex-funcionário da CIA e da NSA, agências de espionagem dos Estados Unidos, deixou Hong Kong e chegou ao país presidido por Vladimir Putin, ex-chefão da KGB, agora FSB.
Julian Assange, editor-chefe do WikiLeaks — Harding tem uma certa má vontade com o australiano topetudo —, entra no jogo quando se trata da fuga de Snowden. “Snowden havia considerado vazar seus arquivos da NSA para Assange”, mas optou, por uma questão de segurança, pelo “Guardian”. O chefe do WikiLeaks está sob vigília permanente tanto da espionagem dos Estados Unidos quanto da inglesa. A serviço de Assange, Sarah Harrison foi despachada para Hong Kong, com “com documentos de salvo-conduto válidos para o Equador”. Snowden preferia a Islândia, mas o Equador parecia mais seguro. “De quem teria sido a ideia para que Snowden fosse para Moscou? Essa é a pergunta de 1 milhão de rublos”, diz Harding. Depois, assinala que “o itinerário de Snowden parece ter o dedo de Assange”. Este “alegou crédito pessoal por toda a operação de resgate. Disse que o WikiLeaks tinha pago pela passagem aérea de Snowden. Que, durante sua estadia em Hong Kong, a organização provera consultoria legal a Snowden”. Não fica claro o motivo da irritação de Harding com Assange. Talvez a arrogância deste seja a causa da implicância.
O líder do WikiLeaks trabalha para o programa “Rússia Today”. Harding sugere que “a missão do canal”, de Putin, “é acusar o Ocidente de hipocrisia, enquanto se mantém mudo quanto às falhas russas”. Acompanhado de Harrison, Snowden deixou Hong Kong em 23 de junho de 2013, num voo da Aeroflot, com destino a Moscou. Os Estados Unidos tentaram evitar a fuga, mas as autoridades de Hong Kong liberaram Snowden. A China, por intermédio do noticiário Xinhua, atacou: “Os Estados Unidos, que há tanto tempo vêm tentando se fazer de inocentes e vítimas de ataques cibernéticos, acabaram sendo o maior vilão da nossa era”.
Ao chegar a Moscou, Snowden ficou retido inicialmente no aeroporto, vigiado pelo Serviço Federal de Segurança (FSB). Snowden “era um presente” para Putin, na visão de Harding. “Apresentava a oportunidade perfeita para que o Kremlin enfatizasse o que Washington interpretava como critérios duplos quando se tratava de direitos humanos, bisbilhotagem do Estado e extradição.”
O presidente Barack Obama implorou à Rússia que lhe entregasse Snowden. Putin rejeitou, alegando que “não havia qualquer acordo bilateral com os EUA”, registra Harding. Avaliando que Snowden poderia sair da Rússia, o governo americano pressionou alguns países. O presidente do Equador, Rafael Correa, revogou o salvo-conduto que havia sido concedido a Snowden em Hong Kong.
Na Rússia, Snowden partiu para o ataque, revelando que, quando trabalhava para a NSA, “tinha a possibilidade de captar e ler” as comunicações das pessoas, “sem qualquer autorização da lei”. O americano revelou que a NSA captava e lia comunicações de milhões de indivíduos, autoridades ou não, em qualquer lugar do mundo. “As comunicações de qualquer pessoa, a qualquer hora. Isso é o poder de mudar o destino das pessoas”, acrescentou. Indicou que a Justiça americana servia aos serviços de espionagem, quando obrigava empresas, como Google, Facebook, Apple, a fornecerem informações de seus usuários.
Snowden, ao contrário do inglês Kim Philby, não é um traidor, pois não havia, ao menos inicialmente, entregue documentos para potências adversárias. Ele havia repassado documentos para o “Guardian”, que os publicou de maneira escrupulosa, para não prejudicar os Estados Unidos e a Inglaterra. Porém, “para ter proteção e apoio” — corre risco de vida —, se tornou “dependente do Kremlin e de suas nebulosas agências de espionagem”. Putin está usando Snowden “para constranger Washington, adversário de Moscou até hoje”. Seus protetores são agentes da FSB.
Snowden garante que não deu informações ao governo de Putin. “Eu nunca dei nenhuma informação a qualquer governo e eles nunca tiraram nada dos meus laptops”, garante o americano intranquilo. Numa carta para o ex-senador Gordon Humphrey, o delator disse: “Eu não forneci qualquer informação que pudesse prejudicar nosso povo — sejam agentes ou não — e não tenho intenção de fazê-lo”.
Espionagem comunista
Putin e a FSB protegem Snowden e atacam os Estados Unidos, o “mal” do ponto de vista dos russos. Mas o que Putin faz na Rússia não é diferente do que faz o país dirigido por Obama. “O sistema russo de interceptação nacional remota é denominado Sorm. O Sorm-2 intercepta o tráfego de internet e o Sorm-3 coleta dados de todas as comunicações, incluindo conteúdos e gravações, e os mantêm armazenados por longo prazo”, relata Harding. Na terra do novo czar não há nenhum mecanismo de supervisão. “Na Rússia, os agentes da FSB também precisavam [como nos Estados Unidos] de uma ordem judicial para interceptar as comunicações de um alvo.” Porém, “uma vez que a possuíam, não precisavam mostrar o mandado a ninguém. Os provedores de telecomunicações não eram informados. (...) A agência de espionagem liga para um controlador especial, na sede da FSB, que está conectado a um cabo protegido, ligado diretamente ao dispositivo da Sorm, instalado em sua rede ISP. Esse sistema é captado por todo o país: em cada cidade russa há cabeamento subterrâneo protegido que conecta o departamento local da FSB a todos os provedores da região. O resultado é que a FSB pode interceptar o tráfego de e-mail de ativistas de oposição e de outros ‘inimigos’, sem supervisão”, denuncia Harding. Depois de 39 dias no aeroporto, em 1º de agosto de 2013, Snowden deixou o aeroporto de Moscou. O governo russo concedeu-lhe asilo temporário. Harding acredita que tenha se tornado “prisioneiro da FSB”.Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os alemães não queriam mais saber do grande irmão Hitler, com sua Gestapo. Eles estão sempre com a pulga atrás da orelha quando se trata de espionagem. “Documentos de Snowden, vazados em 2013, revelavam que a NSA espionava intensamente a Alemanha, superando o nível de intromissão da Stasi [polícia da Alemanha Oriental] em muitos aspectos. Por dez anos a agência grampeou o telefone de Angela Merkel, chanceler alemã, a personalidade política mais poderosa da Europa”, revela o jornalista Luke Harding, no livro “Os Arquivos Snowden”. “A NSA rotineiramente colhia comunicações de milhões de alemães.” Ante a gravidade da espionagem, que eliminava a privacidade das autoridades públicas e das pessoas comuns, o intelectual alemão Hans Magnus Enzensberger chegou a falar numa “transição para uma sociedade pós-democrática”. Nas ruas, os alemães expuseram “banners que diziam ‘NãObama’, ‘1984 é agora’”. O fato de a NSA ter grampeado o telefone de Merkel deixou os alemães aterrados. “Merkel ficou lívida quando soube”, garante Harding. “A NSA manteve o telefone de Merkel grampeado a partir de 2002, durante o primeiro mandato de George W. Bush. Merkel tinha um número pessoal e outro do escritório; a agência havia grampeado o pessoal. (...) A espionagem prosseguiu até poucas semanas antes da visita de Obama a Berlim, em junho de 2013”. Em 2009, especialistas alemães, para tentar evitar grampos, deram a Merkel um smartphone criptografado. Não adiantou. A NSA continuou “ouvindo” a líder alemã. O arquivo de Snowden revela que a NSA espionou a França maciçamente. Em trinta dias, entre 2012 e 2013, “a NSA interceptou dados de 70,3 milhões de chamadas telefônicas francesas”. A Noruega, país pacífico, e a Itália foram espionadas pela agência americana. O país de Obama, por meio da NSA, havia criado o que os europeus passaram a chamar de planeta “Big Brother”. Os documentos indicam que a NSA, que deveria zelar pela segurança nacional, “estava hackeando pelo menos 35 líderes mundiais”. A presidente Dilma Rousseff teve suas mensagens vasculhadas pelos espiões dos Estados Unidos. Devido ao Pré-Sal, a NSA também investigou, via o programa secreto de codinome Blackpearl, a rede privada virtual da Petrobrás. Harding chama isso de “espionagem industrial” — e feita pelo Estado, o americano. Harding sugere que, diante da escalada global da grampolândia, os Estados Unidos têm “aminimigos”. O alemão Claus Arndt resume o mundo atual: “Teoricamente, somos soberanos. Na prática, não”. Os Estados Unidos, com Bush e Obama, nunca se julgaram tão donos do mundo como nos últimos anos.
Espionada e grampeada pelo governo dos Estados Unidos, a presidente Dilma Rousseff vai propor, em encontro com líderes mundiais, em São Paulo, no dia 23 de abril, a governança global da internet. Devem participar do encontro representantes dos Estados Unidos, da China, da Rússia e da União Europeia. Dilma Rousseff sugere a redução do peso dos governos na regulação mundial, com o objetivo de garantir mais privacidade aos usuários. No momento, os Estados Unidos mantêm controle quase absoluto daquilo que é exposto na internet. O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina, disse, em entrevista ao “Estadão”, que a tese do governo brasileiro, próxima do que pensa a chanceler alemã Angela Merkel, será apresentada na Conferência Net Mundial. A “governança da internet não pode ser feita por governos”, frisou o ministro. Ele disse ao jornal paulistano que “Dilma defenderá a adoção de ‘normas comuns’ entre os países para estabelecer diretrizes básicas, como o registro de nomes, domínios e endereços IPs. Hoje, este processo é concentrado pela ICANN, uma entidade sem fins lucrativos que, no entanto, trabalha para o governo dos Estados Unidos, onde é responsável por essas normas. Uma das ideias defendidas por técnicos envolvidos com a NET Mundial é que entidades como ICANN tenham um desempenho semelhante ao IETF, uma comunidade internacional aberta, que cuida da internet do ponto de vista técnico, identificando problemas de funcionamento e desenvolvendo soluções”. “Não existe uma institucionalidade mundial para regular o comportamento dos cidadãos em todos os países, cada um tem que ter o seu, mas precisamos construir um senso comum”, frisou Campolina. “Ficar do jeito que está levará à barbárie. Estamos iniciando um processo irreversível.”

[caption id="attachment_1703" align="alignleft" width="270"] Rachel Sheherazade: PSOL e PC do B querem substitui-la no SBT por uma companheira ou por um profissional insosso? É provável[/caption]
A apresentadora do SBT Rachel Sheherazade não é uma jornalista das mais notáveis. É das mais comuns, mas tem coragem de se posicionar, ao enfrentar as patrulhas ideológicas de esquerdistas radicais, incrustados no PSOL e no PC do B. Segundo a profissional, os dois partidos trabalham, evidentemente de maneira antidemocrática, para suspender a concessão do SBT e a publicidade estatal dirigida à rede. “Onde eles pensam que estão? Em Cuba? Na Venezuela? Ainda bem que acima da fúria censora há uma Constituição que garante o livre pensar e o trabalho livre da imprensa”, afirma Sheherazade.
Quem discorda de Sheherazade, como os comunistas, no lugar de tomar-lhe o emprego, devem criticar suas ideias e posições políticas, se necessário, com a maior crueza possível. Pedir sua cabeça ou tentar tomar a concessão do SBT são comportamentos antidemocráticos.
A velha técnica de espalhar boatos para verificar se se tornam fatos nem sempre funciona. Espalharam na internet, de maneira organizada, que o SBT havia demitido ou, noutros “comunicados”, que demitiria Sheherazade. A jornalista teria sugerido que seus dias na TV estavam “contados”. “Nunca disse isso. Acho temerária essa prática de basear informações em fontes não confiáveis”, defendeu-se.
O tiro das esquerdas parece ter saído pela culatra: telespectadores, longe de apoiaram sua censura, passaram a defender a “volta” de Sheherazade. Na verdade, ela havia saído de férias e retorna na segunda-feira, 14. “Fico comovida com a manifestação dos internautas em meu favor, em favor da liberdade de expressão e da imprensa livre. Quando o sindicato dos jornalistas se cala, o povo fala”, disse a apresentadora à revista “Veja São Paulo”.
As críticas de Sheherazade são erradas? Não. São apenas diferentes das ideias das esquerdas. Na democracia, que todos em tese querem e exigem, é preciso aprender a conviver com as diferenças de opinião, sem tentar excluir a do PSOL, a do PC do B e a de Sheherazade.
Os sites mais relevantes de Goiás deram, antes dos jornais diários, a notícia de que o Ministério Público denunciou 36 pessoas envolvidas na Operação Poltergeist. Na sexta-feira, 11, o “Pop” publicou como manchete da primeira página: “Poltergeist — 36 são denunciados por esquema de funcionários fantasmas”. O jornal acrescentou, no subtítulo: “Na lista estão [o] deputado Messac, [o] vereador Divino e Toninho Perillo, irmão do governador”. Na página 10, com os títulos de “Operação Poltergeist — MP denuncia 36 por esquema”, “Ação envolve membro da OAB” e “Irmão de Marconi indicou fantasmas, aponta MP”, as repórteres Gabriela Lima e Fabiana Pulcineli contaram a história detalhadamente, sem esconder nada da denúncia do MP. O “Pop” publicou a lista com os nomes de todos os 36 denunciados no esquema de desvio de “verba pública para contratação de funcionários fantasmas na Câmara” Municipal de Goiânia e na Assembleia Legislativa. Na primeira página, “O Hoje” não deu ao assunto a manchete principal — optando por discutir o pacto do transporte coletivo feito entre governo do Estado, prefeituras e empresas —, mas publicou uma chamada, informando que Antônio Pires Perillo, o Toninho, é irmão do governador. Na página 5, na matéria “Poltergeist: irmão de Marconi é denunciado”, a repórter Lênia Soares deu ampla cobertura ao fato. O jornal também listou os 36 denunciados. O “Diário da Manhã” publicou nove manchetes na edição de sexta-feira, 11, mas nenhuma sobre o caso. O jornal não publicou nenhuma linha nas suas páginas internas sobre a denúncia do Ministério Público — nem mesmo nas colunas. Como o jornal não explicitou sua decisão editorial, não se sabe o que ocorreu. Mas esconder um fato não significa que ele não exista. Quando se tenta camuflar um fato mais ele se apresenta forte. E, nos tempos de internet, não dá mais para pensar ou acreditar que é possível esconder alguma coisa. Aqui e ali, as notícias explodem, às vezes alcançando repercussão nacional e, mesmo, internacional. Certo mesmo fez o governador Marconi Perillo, que, ao ser perguntado sobre a denúncia do Ministério Público, disse que a lei serve para todos e que ao irmão cabe apresentar sua defesa. Uma posição, mais do que inteligente, correta — de respeito às leis e às instituições.
A presidente Dilma Rousseff e o PTB decidiram: o senador Gim Argello, do Distrito Federal, deveria ser indicado para o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União. Estava tudo acertado. Faltava apenas a aprovação do Senado, que seria concedida sem problema algum. Aí entrou a imprensa, no caso a “Folha de S. Paulo”, alertando que o petebista responde a ações na Justiça. O resultado é que Argello não vai mais para o TCU, mas continua no Senado. Isto sugere que o Senado é pior do que o TCU? Não. Indica que se está cumprindo a lei, quer dizer, Argello precisa ser condenado em definitivo.
O deputado federal André Vargas (PT-PR) não é mais vice-presidente da Câmara dos Deputados. Renunciou. Suspeito de associação com o doleiro Alberto Yousseff, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal, Vargas está sob pressão do PT para renunciar ao mandato. Para não prejudicar as campanhas da presidente Dilma Rousseff e da senadora Gleisi Hoffmann, no Paraná, onde vai disputar o governo do Estado. O que precipitou a queda de André Vargas? Reportagens do jornal “Folha de S. Paulo”, que mostrou que o deputado viajou em avião do doleiro, e da revista “Veja”, que, com gravações, mostrou que a ligação entre os dois é profunda e envolve, lógico, dinheiro, muito dinheiro. Politicamente, André Vargas está “morto”. Por isso, apesar da resistência inicial, deverá renunciar. Se não o fizer, e se for cassado pela Câmara dos Deputados, o parlamentar ficará inelegível até 2023.