Dilma Rousseff propõe governança global da internet para reduzir domínio dos EUA

16 abril 2014 às 13h58
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Espionada e grampeada pelo governo dos Estados Unidos, a presidente Dilma Rousseff vai propor, em encontro com líderes mundiais, em São Paulo, no dia 23 de abril, a governança global da internet. Devem participar do encontro representantes dos Estados Unidos, da China, da Rússia e da União Europeia.
Dilma Rousseff sugere a redução do peso dos governos na regulação mundial, com o objetivo de garantir mais privacidade aos usuários. No momento, os Estados Unidos mantêm controle quase absoluto daquilo que é exposto na internet.
O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina, disse, em entrevista ao “Estadão”, que a tese do governo brasileiro, próxima do que pensa a chanceler alemã Angela Merkel, será apresentada na Conferência Net Mundial. A “governança da internet não pode ser feita por governos”, frisou o ministro. Ele disse ao jornal paulistano que “Dilma defenderá a adoção de ‘normas comuns’ entre os países para estabelecer diretrizes básicas, como o registro de nomes, domínios e endereços IPs. Hoje, este processo é concentrado pela ICANN, uma entidade sem fins lucrativos que, no entanto, trabalha para o governo dos Estados Unidos, onde é responsável por essas normas. Uma das ideias defendidas por técnicos envolvidos com a NET Mundial é que entidades como ICANN tenham um desempenho semelhante ao IETF, uma comunidade internacional aberta, que cuida da internet do ponto de vista técnico, identificando problemas de funcionamento e desenvolvendo soluções”.
“Não existe uma institucionalidade mundial para regular o comportamento dos cidadãos em todos os países, cada um tem que ter o seu, mas precisamos construir um senso comum”, frisou Campolina. “Ficar do jeito que está levará à barbárie. Estamos iniciando um processo irreversível.”