Reportagens

Iniciativa da gestão municipal, que inclui a criação de um polo industrial, favorece a geração de renda. Estimativa é de que possa produzir 5 mil empregos para a cidade

Na política do Brasil, quem caminha sozinho dificilmente sobrevive. É preciso ter turma, ou gangue
[caption id="attachment_40741" align="alignright" width="620"] Ex-prefeito de Anápolis Ernani de Paula: um exemplo de solitário que foi engolido pelos lobos[/caption]
Henrique Morgantini
Especial para o Jornal Opção
A política brasileira é um imenso beco escuro, daqueles mal iluminados de filme noir. Ninguém entra neles, na política ou num beco assim, sozinho. Na política do Brasil só sobrevive quem anda de galera. De turma. De gangue. Os fatos inexoravelmente mostram isto. Quem caminha sozinho – e não falamos aqui de nenhum heroísmo – dificilmente conseguirá ter vida longa caso queira colocar a cabeça “pra fora e acima da manada”.
Os exemplos são diversos, mas pelo menos três deles são emblemáticos. Não por acaso, tem inscrições nas diferentes esferas de poder. Vamos a eles, começando pelo que pode ser o exemplo-fundador do que podemos já chamar de “Teoria do Beco Escuro”.
Fernando Collor de Mello não somente foi vítima do beco como, depois disso, aprendeu a lição e fez sua inscrição no grupo de lobinhos do Senado brasileiro. É, hoje, um benemérito.
Enquanto presidente da República, desafiou máfias disfarçadas de conglomerados empresariais multinacionais e aplicou mudanças racionais e ousadas na vida do brasileiro.
Quem se recorda do discurso das “carroças” nas quais o brasileiro andava e chamava de carro sabe do que estamos falando. Se houve abertura de mercado e valorização do produto mediante concorrência, Collor tem participação direta nisto.
E sua liberdade para tanto foi justamente não ter compromissos mais profundos com ninguém. Tinha de fazer, achava que devia fazer e fez. O que Collor certamente não conseguiu medir foi o contragolpe destes diversos grupos atingidos, oriundos de outras esferas tanto políticas como da sociedade. Dois destes golpes foram claros: a mídia brasileira patrocinada e o Congresso Nacional.
Collor não recebia deputados, senadores, dizia a quem quisesse ouvir – quase sempre longe da antessala presidencial – que não tinha que dar nada a ninguém. Era um “caçador de marajás” e como todo bom lobo solitário andava sozinho pelas planícies e planaltos da política nacional. Santo, não era. Do contrário, era portador de um esquema até então inédito pelo volume de caixa dois. Não foi Collor quem inaugurou o esquema, mas foi a partir dele que descobriu-se o quanto campanhas são um negócio rentável no esquema de patrocínio à vista para pagamento a prazo.
Da Era Collor até os dias hoje, coisas piores já aconteceram. Mas Collor andava sozinho na política. Colecionava desafetos e inimizades próprias da sua arrogância no trato diário. Foi se isolando cada vez mais até que ficou sem qualquer base de sustentação no parlamento brasileiro. A Presidência havia se tornado uma imensa e poderosa ilha, mas com a apenas um general, enquanto estava cercada pelo Congresso Nacional, formado por centenas de soldados canibais prontos para invadi-la, saqueá-la.
Hoje, mais de 23 anos depois, Collor está de novo em meio a uma confusão com suspeitas de corrupção. O cenário – que ironia – é o mesmo: a Casa da Dinda. A antiga residência oficial é, hoje, um depósito de carros de extremo luxo, todos apreendidos pelo circo de holofotes e câmeras da Lava Jato. Onde antes havia uma fatídica Fiat Elba, hoje deu lugar a uma Ferrari, uma Lamborghini e uma Porsche. Os tempos definitivamente são outros.
Acontece que, também diferentemente dos idos de 1992, Collor hoje já não está sozinho. Aprendeu que naquele beco escuro ele não entra mais sozinho. Aprendeu a andar de galera porque é sua turma que o ajuda na hora do aperto. Bastou a notícia da operação e a mesa diretora do Senado manifestou-se pedindo explicações, rechaçando e esvaziando a Lava Jato. Tudo para blindar Collor e outros pares que podem – quem sabe? – também entrar no circo do juiz Sérgio Moro e cia.
Colocar a situação nesta perspectiva deixa tudo muito complicado, afinal, defender a postura do Senado é proteger Collor, mas apoiar a condução da Lava Jato com estas operações hollywoodianas é igualmente um exercício de pueril e ingênua burrice. Outra lição na política brasileira: não importa qual lado você escolher, dificilmente ele será o lado puramente certo.
Todo certo tem um podre em se tratando deste assunto.
Em tempo: Collor é reincidente nas suspeitas, mas insinuar que o dinheiro que pagou pelos três carros vem de propinas e desvios é uma brutal estupidez. Afinal, Collor e sua família têm em suas propriedades, entre outras coisas, uma afiliada da Globo nas Alagoas. São ricos de doer. Mas ser rico não significar ser honesto com dinheiro público.
Estou falando que é difícil ter lado.
Exemplo mais próximo
Enfim, outro exemplo, mais nosso e mais recente, é o do ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM). Foi pego em conversas com Carlos Cachoeira combinando leis, acertos, influências, vinhos e recebendo presentes de casamento. Foi cassado pelos próprios pares. Ocupando seu mesmo espaço político, está o também goiano Ronaldo Caiado – também do mesmo partido – que foi protagonista de curiosa reportagem da “Folha de S. Paulo” na qual estaria empregando funcionários de seu gabinete no Senado para trabalhar em suas empresas e negócios do meio rural. Uma reportagem bastante ampla, cuidadosa. Mas que ninguém levou adiante. Não foi para o “Fantástico”, pra lugar nenhum.
Assim como ninguém sequer levantou a hipótese de Caiado ser ao menos investigado numa Comissão de Ética ou algo parecido. Ficou tudo por isto mesmo. A diferença? À sua época, Torres era um dos senadores mais silenciosamente odiados pelos colegas de Câmara Alta. Não tinha papas na língua e apontava o dedo a todos aqueles que aprontavam alguma coisa, incluindo os grandes, os decanos, nomes da mais alta corte das sombras da política nacional. Ao ser flagrado num negócio esquisito de papo de Nextel (longe de ser um medo “vacilo” e igualmente longe de ser a pior coisa já vista na política brasileira) toda esta sociedade secreta tratou de levar Demóstenes à fogueira.
Caiado, com a história mal explicada da “Folha”, flana com sua habitual fúria de mentirinha, pelo Senado. Vive ao lado de nomes fortes como Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Aécio Neves (PSDB-MG) e Agripino Maia (DEM-RN). Nele, é mais difícil tocar.
Por fim, um exemplo à anapolina. Todos se lembram do ex-prefeito de Anápolis Ernani de Paula. Ernani foi uma espécie de Collor in vitro, resumido à cidade de Anápolis. Chegou paparicado sob a luz da novidade e venceu as eleições pagando do próprio bolso suas contas.
Aterrissou no gabinete municipal em 2001 sem uma dívida, seja com políticos, seja com empresários. Era o momento de, novato e neófito, fazer o seu grupo a partir do seu poder, como um planeta cuja sua volta gravitam satélites. Tinha à frente duas opções: seguir como o ex-presidente Collor, desafiando a tudo e a todos, ou como o também recém-empossado Marconi Perillo que fez um trabalho exemplar de bastidores para trazer para si uma base adversa. Afinal em 1998, só ele venceu as eleições, o resto ainda era da Era Irista, portanto, sua oposição.
Ernani seguiu a primeira. Comprou brigas que a cidade de Anápolis precisava ter e outras tantas desnecessárias. Destratou e maltratou políticos e decanos, empresários e outros bandidinhos – é preciso que se diga. Acontece que eles, todos eles, nunca andavam sozinhos. Todos tinham a sua gangue. E vociferando uma espécie Sabedoria Ancestral das Antas, todos se coligaram sob a máxima do “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”.
E então as forças antagônicas se uniram culminando numa cassação circense e até hoje bastante patética na Câmara Municipal de Anápolis. O legado de Ernani de Paula, que sonhou ser governador, se transformou num caso de estudo sobre “Como não fazer inimigos quando se entra sozinho na Política”. Ernani igualmente como os casos anteriores não era santo, ainda não é. Mas ao verificar os motivos da sua cassação em comparação com as notícias que circundam o nosso cotidiano – e que não dão em nada – só nos mostra que o beco escuro está cada vez mais perigoso para quem anda só. E cada vez mais seguro para quem tem sua turma.
Semana passada o mesmo Ernani, mais experiente e com algumas lições aprendidas debaixo de paulada, escreveu em seu blog pessoal alguns artigos sobre a política goiana. Ressaltou o trabalho de seu antigo algoz na cassação, Marconi Perillo, na tentativa de se tornar candidato a presidente e, ainda, falou sobre as chances reais de Jayme Rincón (PSDB), da Agetop, e Vanderlan Cardoso (PSB), de serem fortes candidatos à Prefeitura de Goiânia.
Informações dão conta que teria recebido ligações tanto de Vanderlan, agradecendo a menção, quanto do próprio governador, que pessoalmente confessou ser um ávido leitor de sua página na internet e aproveitou para parabenizá-lo pela análise e agradecer a citação.
E então vem a lição final do Beco Escuro. Esta só se aprende depois de passar sozinho e apanhar até desfalecer. A lição é a mesma que se aprende em algumas passagens do genial “O Poderoso Chefão”, de Coppola, e diz: não é nada pessoal, são apenas negócios.
Sem ressentimentos, por favor.
E esta semelhança, infelizmente, não parece ser só uma coincidência.

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