Opção cultural

Encontramos 4839 resultados
Memória e presente nas crônicas de Whisner Fraga

Livro do escritor mineiro traz relatos curiosos ou engraçados, de teor filosófico ou reflexivo, de onde se pode extrair algo de aproveitável, tanto para verificação mais profunda da existência quanto para um riso sem compromisso

Em qualquer lugar e em qualquer circunstância: uma carta de Edward Lear

Contista infantil, ilustrador e um dos grandes poetas do nonsense, escritor inglês do século 19 tem carta inédita em português publicada nesta edição, enviada em maio de 1859, de Roma, ao amigo Chichester Fortescue (parlamentar irlandês)

O lado de cá dos outdoors

"Três Anúncios para um Crime"caiu nas graças da crítica especializada e do público dos principais festivais pelos quais passou; ganhou quatro Globos de Ouro e tem muias chances com o Oscar [caption id="attachment_115010" align="alignnone" width="620"] Frances McDormand, que faz a protagonista Mildred Hayes, é favoritíssima ao Oscar[/caption] Poucos títulos definiram de forma tão eficaz a trama de uma obra como "Three Billboards Outside Ebbing, Missouri" - que se fosse traduzido ao pé da letra, daria em algo como "Três outdoors à beira de Ebbing, Missouri". Aqui no Brasil, o filme mais recente de Martin McDonagh ganhou o rótulo de "Três Anúncios para um Crime" (2017), retirando completamente a essência de estudo de personagens que é essa obra. Logo de cara, "Três Anúncios" caiu nas graças da crítica especializada e do público dos principais festivais pelos quais passou. Estreando no Festival de Toronto sob uma avalanche de aplausos depois de levar o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza, atravessou o tapete vermelho do Globo de Ouro em grande estilo, faturando quatro das seis indicações que recebeu (Melhor Filme de Drama, Melhor Atriz em Filme de Drama, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro). Na categoria de Melhor Diretor, McDonagh perdeu para Guillermo Del Toro, de "A Forma da Água", e em Melhor Trilha Sonora, Alexandre Desplat, também de "A Forma da Água" levou o caneco. O título original funciona bem melhor do que qualquer outro que poderiam inventar porque, a despeito do que possam falar, a trama é bastante simplista: numa modorrenta cidade do Missouri, uma mulher perde a filha em um crime brutal, e após sofrer com a incompetência da polícia local em esclarecer o crime, resolve alugar três outdoors para protestar. O primeiro ato já coloca isso no colo do espectador, porque o que importa é como as coisas vão se transformar a partir da fixação dessas placas. Vivos e mortos Existe muita influência das grandes obras policiais de humor negro no filme de McDonagh. A pergunta "Quem Matou Laura Palmer?", por exemplo, que tangencia a trama de "Twin Peaks", aclamada série de David Lynch, se aplicaria perfeitamente aqui, não só por utilizarem a morte de uma adolescente como ponto de partida. Em ambos, o crime em si não interessa. Não é reconstituído, não está no centro das atenções dos personagens e não serve de gancho para fisgar o telespectador. Os mortos já estão mortos e permanecem apenas como pano de fundo. O que interessa é como os vivos vão se virar - o que, frequentemente, desencadeia situações absurdas, patéticas, cômicas, comoventes e mais um mar sem fim de sensações. Por outro lado, o padrinho maior de "Três Anúncios para um Crime" parece mesmo ser "Fargo", um clássico de 1996 dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen, e que se reforça no trabalho espetacular de atuação de Frances McDormand (que, aliás, é casada com Joel Coen). Neste filme de McDonagh, o tom peculiar dos personagens, a forma de expô-los em todas as suas contradições, nos incidentes e no poder do imprevisível, tudo remete à escrita dos Coen. Parece difícil escolher outra atriz para protagonizá-lo, senão a própria Frances. Por outro lado, a direção do longa não é nada mais do que competente. Plana em significados, esmera-se em passar a mensagem do roteiro de forma direta, sem muita malandragem. Não há o que se comparar com o requinte de Lynch ou a urgência disfarçada dos Coen - ambos inspirações com uma marca autoral mais profunda. Obviamente que a direção não se restringe a aspectos de fotografia, mas fica a sensação de que o roteiro é muito mais forte do que a direção em si. Spoiler Aliás, um olhar mais detido sobre o tão elogiado roteiro revela inúmeros furos, contradições, diálogos desnecessários e saídas fáceis, evidenciando que a sua intenção não foi especificamente o modo de contar a estória, mas sim a profundidade dos personagens. (E aqui, alguns spoilers que comprovam esse argumento - se você ainda não assistiu ao filme, recomendo que pule para o próximo parágrafo: [1] Os outdoors alugados por Mildred Hayes, além de servirem de pressão em cima do xerife, estão no local onde Angela Hayes foi morta, numa estrada de pouco movimento. No decorrer do filme, entretanto, a estrada apresenta um movimento imensamente maior, com trânsito constante, repórteres, funcionários e a própria polícia, o que esvazia um pouco o significado das placas. [2] Em que pese não terem relação direta entre si, o círculo de personagens parece muito restrito. Vítimas e agressores se topam o tempo todo, tudo o que acontece na cidade está ligado a Mildred, ao xerife Willoughby ou ao policial Dixon. Ebbing, Missouri, é na verdade quatro ou cinco pessoas. [3] As variações no tom do roteiro o fazem perder o foco. O xerife Willoughby, por exemplo, sai de uma figura suspeita e cínica, no início do filme, a um mestre sábio onisciente, quando passa a enviar cartas a seus pupilos. James, o anão, vira uma figura patética simplesmente por ser anão. Charles, o ex-marido, passa de uma interessante e incômoda verruga no mundo sentimental de Mildred para um alívio cômico de sessão da tarde. [4] A cena do suco de laranja, no hospital, é um carrossel de emoções baratas, ridículas e desnecessárias. Enfim. Ao final, todos esses aspectos viram uma tentativa meio frustrada de emular o clima dos filmes dos irmãos Coen, tirando a energia que o roteiro poderia conseguir por si só). Favorita ao Oscar [caption id="attachment_115011" align="alignnone" width="620"] Numa cidadezinha do Missouri, uma mulher perde a filha em um crime brutal; após a polícia não esclarecer o crime, ela resolve alugar três outdoors para protestar[/caption] O forte do filme, sem dúvida nenhuma, são os personagens. Estruturados em diversas camadas, apresentam uma profundidade interessantíssima responsável por carregar o filme nas costas. Frances, que faz a protagonista Mildred Hayes, é favoritíssima ao Oscar (vale lembrar que a Academia, até a presente data, nem divulgou ainda seus indicados!), com toda a justiça do mundo. Woody Harrelson também passa a credibilidade de sempre com seu xerife condenado (pelo destino, por Mildred e pelo espectador). E Sam Rockwell fecha a tríade com o famigerado policial Jason Dixon, um verdadeiro pacote de defeitos humanos mimado pela mãe, mas que ainda assim consegue nos despertar certa compaixão no fechar da conta. Créditos ao McDonagh roteirista. Há ainda espaço para personagens secundários muito bons, como o ex-marido Charlie (John Hawkes), o carente James (Peter Dinklage, de Game of Thrones) e o tótem moral Abercrombie (Clarke Peters) - todos com suas aparições menores, mas fundamentais. No frigir dos ovos, o filme é sobre raiva, e até onde ela pode mover alguém respaldado por objetivos fortes. Ou sobre a raiva como autoflagelação por uma culpa insuportavelmente grande. Ou sobre raiva como sintoma de uma impotência, diante da autoestima baixa. Não interessa. Porque os outdoors - muito mais sintomas do que causas - continuarão gritando do lado de fora de Ebbing, Missouri.

Leituras de verão (1) Sob o sol do Nordeste, “Os olhos do deserto”

Diante da promessa de sol e mar, o cronista se propõe a aproveitar a quinzena desta temporada de verão, na companhia da família e de uma leitura desobrigada

Imortalizada no The Cranberries, Dolores O’Riordan voltava à música com nova banda

Sem lançar um disco inteiro de canções inéditas desde 2012, grupo mais conhecido da cantora irlandesa, que vivia de raros shows, deu espaço a novidades no fim de sua vida

Attilio Corrêa Lima é analisado a partir de cartas ao pai

Anamaria Diniz, que já havia trabalhado em sua pesquisa de mestrado com os arquivos sobre o projeto que fundou Goiânia, publica livro que se debruça sobre o mundo de formação do arquiteto

Três curtas brasileiros em Berlim

Competição internacional deste ano privilegia filmes que tratam a realidade diretamente e contribuem assim de maneira ativa para a atual compreensão social e política

Livro de Ismail Xavier entra na casa dos 40 em boa forma

Publicado originalmente em 1978, “Sétima Arte: um Culto Moderno” avança no tempo como obra importante para situar a transformação histórica do cinema e sua realidade atual

Lady Bird, qual é a hora de voar?

Produzido por mulheres que fortaleceram sua luta pela valorização do gênero nesta segunda década do século 21, filme é um belo recorte sobre o amadurecimento adolescente nos anos 2000

João Filho: o talento, a coragem e a transcendência do mundo

– O que dizer do poeta João (Fernandez) Filho e deste seu “Auto da romaria”? Bem, tenhamos como pressuposto: João Filho é poeta que deve marcar seu nome na história da poesia brasileira do século XXI. Seu lugar não está reservado apenas entre os poetas católicos, mas, com certeza entre os grandes da poesia de nossa época. E o que me leva a fazer tal aposta?

No mundo dos mortos, a Pixar celebra a vida em um de seus melhores filmes

Ganhador do Globo de Ouro 2018 de melhor animação, “Viva - a Vida É uma Festa!” foi feito com muito capricho, num esmero técnico inédito até para as produções da produtora americana [caption id="attachment_114364" align="alignnone" width="620"] Miguel Rivera é um garoto mexicano aspirante a músico, que precisa enfrentar os dogmas familiares para ir atrás de seu sonho[/caption] Os Estúdios Pixar parecem nunca errar. Filme após filme, se firmam cada vez mais como um modelo técnico e sentimental a ser seguido, sabendo explorar temas delicados de forma inteligente e divertida. O resultado é o respeito extremo com seu público-alvo - as crianças -, sem excluir aqueles responsáveis por levá-las às salas de cinema: os adultos. Com “Viva - a Vida É uma Festa!”, que acaba de ganhar o Globo de Ouro 2018 de Melhor Animação, a companhia se superou uma vez mais. Dirigido por Lee Unkrich (o nome por trás do emocionante “Toy Story 3”, de 2010, e Adrian Molina, o filme conta a história de Miguel Rivera, um garoto aspirante a músico que precisa enfrentar os dogmas familiares para ir atrás de seu sonho. Mas os Rivera rejeitam a música em todas as suas expressões, impondo ao garoto obediência à continuidade do sugestivo ofício de sapateiro, passado de geração a geração. Sapatos para quem precisa manter os pés no chão - ou para quem não consegue alçar vôo, pregaria o teólogo da Libertação Leonardo Boff. Trata-se de uma animação, não nos esqueçamos disso. Existem personagens caricatos, momentos pastelões e até o toque musical característico das produções Disney/Pixar, tudo em busca de fisgar o público infantil. Mas tudo feito com muito capricho, num esmero técnico inédito até para as produções da empresa. As texturas, cenários, iluminação e a ação em geral estão melhores do que nunca! A personagem de Inez (no original, ela chama-se “Coco”, diminutivo de "Socorro"), bisavó de Miguel, por exemplo, é de uma perfeição estética fascinante. Experiência renovadora Como toda produção Pixar, a temática é profunda. Miguel é um garoto absolutamente comum, com uma avó superprotetora (hoje em dia, dir-se-ia "helicóptero") e a impotência diante da imposição superior. E, como já é comum em roteiros da Pixar ou da Disney, o ponto de virada para o segundo ato vem com a revolta do protagonista - foi assim também em “Toy Story” (1995), “Procurando Nemo” (2003), “Valente” (2012), “Divertida Mente” (2015), “Moana” (2016). Aquela chutada de balde que rompe com o status quo e permite a experiência renovadora. A rebeldia necessária que impulsiona o sujeito para o mundo e dá aquela provocada em seu superego. Aliás, interessante perceber essa intenção camuflada que a Pixar utiliza ao trazer temas universais para universos tão peculiares: a paternidade discutida em “Procurando Nemo” e “Monstros S/A”, a formação da identidade coletiva e individual em “Toy Story” e “Os Incríveis” (2004), a família e a memória em “Up - Altas Aventuras” (2009) e agora nesse belíssimo “Viva - a Vida É uma Festa!”. Tudo isso sem nunca subestimar a inteligência de seu espectador (aliás, em um certo diálogo, o personagem Hector, de “Viva”, chega a dizer que está tomando cuidado com o que fala, pois existe criança ouvindo, em uma piada de duplo sentido perceptível apenas para os adultos da sala). Memória e respeito [caption id="attachment_114365" align="alignleft" width="300"] Filme é um dos mais emocionantes já produzidos pela Pixar, utilizando-se da morte como veículo para discutir a memória e a família[/caption] O fato é que “Viva” consegue ser um dos filmes mais emocionantes já produzidos pela Pixar, ao utilizar-se da morte como veículo para discutir a memória e a família. Tudo contextualizado com o “Dia de los muertos”, uma data significativa para os mexicanos. Aliás, é bom dizer que foram necessários mais de três anos de pesquisas para o roteiro ficar pronto, numa demonstração singular de respeito às tradições e culturas do México - algo pouco comum a Hollywood, acostumada, em geral, com humilhações ou exageros ao retratar países estrangeiros. O respeito na tela é tocante. A parte musical do filme também impressiona, com canções belíssimas. Aliás, o filme também concorreu ao Globo de Ouro como Melhor Canção original com a música “Remember Me” ("Lembre de Mim"), que perdeu para o tema do filme “O Rei do Show” (“This Is Me”). Em todo caso, pode-se dizer que “Remember Me” é a canção-tema mais marcante desde “Let it Go”, e deverá faturar alguns prêmios. As adaptações das canções no filme são muito bem feitas ao português (aliás, outro aspecto que a Disney e a Pixar sempre priorizaram em seus filmes). Impossível não sair do cinema cantando. “Viva - a Vida É uma Festa!” é daqueles raros filmes que, de uma forma muito natural, te carregam no colo durante todo o tempo de exibição, deixando-te com certo aconchego no coração ao voltar pra casa. Não há quem não se lembre, emocionado, de um ente querido que já se foi, ou de uma criança que acaba de chegar à família. O escritor Amós Oz, certa feita, disse que estaremos no mundo só até o dia em que morrer a última pessoa a se lembrar de nós. Carregando essa premissa, “Viva” deixa essa missão a todos os que se importam: estar vivo é também manter viva a memória dos que você ama, dos que compõem sua identidade.

“Três Anúncios para um Crime” é o grande vencedor do Globo de Ouro 2018

Diretores e atores de renome ficaram para trás, como Steven Spielberg, Meryl Streep, Tom Hanks e Ridley Scott, na primeira grande festa do cinema do ano [caption id="attachment_114329" align="alignnone" width="620"] Frances McDormand (Globo de Ouro de Melhor Atriz em 2018) contracena com Woody Harrelson, no filme “Três Anúncios para um Crime”, o grande vencedor | Foto: Divulgação[/caption] Com quatro prêmios conquistados (Melhor Filme de Drama, Melhor Ator Coadjuvante - Sam Rockwell –, Melhor Atriz – Frances McDormand –, e Melhor Roteiro – Martin McDonagh, que também dirigiu o filme), “Três Anúncios Para Um Crime” saiu-se o grande vencedor da noite na festa do Globo de Ouro 2018, em Los Angeles, Estados Unidos. O evento é realizado pela Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood. “Três Anúncios Para Um Crime” é um filme policial de humor negro que conta a história de uma mãe (Frances McDormand) em busca de justiça pelo assassinato brutal da filha. “A Forma da Água”, do mexicano Guillermo del Toro, sobre mulher que tenta salvar uma criatura fantástica de laboratório, que está sendo maltratada e servindo de experiência por uma base secreta do governo americano, na década de 1960, tinha sete indicações, e só levou dois prêmios. O filme poderia ser chamado de perdedor, não fosse a vitória de Guillermo del Toro como Melhor Diretor, além de ganhar o Prêmio de Melhor Trilha Sonora, com Alexandre Desplat. Del Toro agora faz parte de uma importantíssima trinca de diretores mexicanos que levaram o troféu do Globo de Ouro para casa. Para fechar o trio com chave de ouro, del Toro precisa fazer como seus outros dois compatriotas, Alfonso Cuarón (“Gravidade”, 2014) e Alejandro González Iñárritu (“O Regresso”, 2016), que venceriam o Oscar logo em seguida. Mas para isso, será preciso esperar até o dia 23 de janeiro para confirmar sua provável indicação, e depois vencer os concorrentes. Outro filme que merece atenção é “Lady Bird – A Hora de Voar”, que também levou dois prêmios, na categoria Musical ou Comédia: Melhor Filme e Melhor Atriz (Saoirse Ronan). Alegrias e decepções De uma lista de 22 filmes com indicações, sete foram premiados na noite de ontem. Os demais vencedores foram Gary Oldman (Melhor Ator de Drama em “O Destino de uma Nação”), James Franco (Melhor Ator de Musical ou Comédia em “Artista do Desastre”) e Allison Janney (Melhor Atriz Coadjuvante em “Eu, Tonya”). O filme “O Rei do Show” venceu na categoria Melhor Canção Original (This Is Me). Mas houve decepções sobre grandes estrelas que voltaram para casa com as mãos abanando, como Christopher Nolan (“Dunkirk”), Steven Spielberg, Meryl Streep e Tom Hanks (“The Post - A Guerra Secreta”), Ridley Scott (“Todo o Dinheiro do Mundo”), Daniel Day-Lewis (“Trama Fantasma”) e Denzel Washington (“Roman J Israel, Esq”). Outras categorias “Viva - A Vida é Uma Festa”, da Pixar, com direção de Lee Unkrich, venceu o Globo de Ouro como Melhor Animação. E o filme alemão “Em Pedaços”, dirigido por Fatih Akin, ganhou o Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, com a história de uma mulher que decide vingar a morte do marido (ex-traficante de drogas, que acabara de sair da cadeia) e do filho, mortos por um grupo de neonazistas. O evento também possui prêmios destinados aos produtos da Televisão e serviços de streaming, como séries, minisséries e filmes para TV. A apresentadora de TV, atriz, produtora e showwoman, Oprah Winfrey, de 63 anos, recebeu o Prêmio Especial Cecil B. DeMille. Em seu discurso, ela lembrou da infância pobre, da mãe que sofria violência doméstica, da influência positiva que teve ao ver Sidney Poitier ganhando o Oscar em 1964, quando ela era ainda uma menina. E dedicou o prêmio às garotinhas e mulheres que estivessem lhe assistindo naquele momento. Oprah Winfrey finalizou seu discurso falando do grande basta que vem sendo repetido contra todo tipo de violência contra a mulher, não só em relação aos casos de assédio que dobrou Hollywood no final do ano passado. “Este ano, somos a história, não só na indústria do entretenimento, mas uma história que transcende isso. Esta noite vai para as mulheres que suportaram anos de abusos e violência, porque elas, como minha mãe, tinham contas pra pagar e sonhos para correr atrás”, disse Oprah. “Histórias de violência contra as mulheres são muitas, cujos autores nunca pagaram por isso. Mas os tempos são outros. O tempo para a barbárie acabou. Time’s up”, finalizou a apresentadora, sob aplausos.

Morre Carlos Heitor Cony, escritor carioca, membro da Academia Brasileira de Letras

Jornalista, romancista, cronista, homem culto, Cony estava internado em um hospital no Rio de janeiro; a causa da morte foi falência múltipla de órgãos [caption id="attachment_114266" align="alignnone" width="620"] Carlos Heitor Cony (1926-2018): dono de um senso crítico aguçado, escritor deixa um legado intelectual raro | Foto: Divulgação[/caption] O escritor carioca Carlos Heitor Cony morreu no final da noite de sexta-feira, aos 91 anos, no Rio de Janeiro. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos. Cony era dono de um senso crítico aguçado. Qualquer crítica que fizesse, fosse sobre um político de direita ou de esquerda, por exemplo, era uma grande lição. Membro do Conselho Editorial do jornal “Folha de S. Paulo”, autor de vários romances e incontáveis textos de opinião, Cony deixa um legado intelectual raro. Durante muito tempo, ele escreveu diariamente uma coluna na “Folha”, em que falava de tudo, desde política e cultura, aos temas mais chãos e ligados à memória cotidiana, como sua cachorrinha, que o inspirou a escrever o romance “Quase Memória”. Livros de ficção como “O Ventre”, “Pessach – A Travessia”, “Informação ao Crucificado”, e jornalísticos ou biográficos como “Ato e Fato - O Som e a Fúria de Que Se Viu no Golpe de 1964” e “JK e a Ditadura”, são exemplos da herança que ele deixa à memória brasileira. Em 2016, a Editora Nova Fronteira publicou uma caixa com alguns de seus livros. Uma das frases que Cony mais repetiu em sua vida é um contrassenso ao seu estado na infância. “É verdade que o senhor demorou para falar?”, perguntavam-lhe. “Fui mudo até os cinco anos. O pessoal pensava que eu era retardo. Mas é que eu não tinha nada a dizer, a verdade é essa. Até os cinco anos, eu não tinha nada a dizer”, respondia o escritor. Essa afirmação já faz parte do Cony adulto e entusiasta do cinismo e da ironia. Cony não só demorou a falar, como tinha a língua presa e era disléxico. Ele trocava as letras, até os 15 anos. Aeroporto, por exemplo, ele dizia arieporto. Por causa disso, passou a escrever bilhetes para a mãe e pregá-los na porta da geladeira. Depois foi estudar num seminário, para ser padre, de onde saiu culto e ateu.

“As Mulheres de Tijucopapo” como metáfora interessante do presente

Livro de Marilene Felinto, de 1984, mostra como as mulheres enfrentam o passado para se redescobrirem mais fortes, em sua identidade feminina

Vencedores do Globo de Ouro são anunciados nesta noite

Para os cinéfilos brasileiros, que apreciam os bons filmes de Hollywood, o charme do evento é muito mais por servir de prévia do Oscar