Diretores e atores de renome ficaram para trás, como Steven Spielberg, Meryl Streep, Tom Hanks e Ridley Scott, na primeira grande festa do cinema do ano

Frances McDormand (Globo de Ouro de Melhor Atriz em 2018) contracena com Woody Harrelson, no filme “Três Anúncios para um Crime”, o grande vencedor | Foto: Divulgação

Com quatro prêmios conquistados (Melhor Filme de Drama, Melhor Ator Coadjuvante – Sam Rockwell –, Melhor Atriz – Frances McDormand –, e Melhor Roteiro – Martin McDonagh, que também dirigiu o filme), “Três Anúncios Para Um Crime” saiu-se o grande vencedor da noite na festa do Globo de Ouro 2018, em Los Angeles, Estados Unidos. O evento é realizado pela Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood.

“Três Anúncios Para Um Crime” é um filme policial de humor negro que conta a história de uma mãe (Frances McDormand) em busca de justiça pelo assassinato brutal da filha.

“A Forma da Água”, do mexicano Guillermo del Toro, sobre mulher que tenta salvar uma criatura fantástica de laboratório, que está sendo maltratada e servindo de experiência por uma base secreta do governo americano, na década de 1960, tinha sete indicações, e só levou dois prêmios.

O filme poderia ser chamado de perdedor, não fosse a vitória de Guillermo del Toro como Melhor Diretor, além de ganhar o Prêmio de Melhor Trilha Sonora, com Alexandre Desplat. Del Toro agora faz parte de uma importantíssima trinca de diretores mexicanos que levaram o troféu do Globo de Ouro para casa.

Para fechar o trio com chave de ouro, del Toro precisa fazer como seus outros dois compatriotas, Alfonso Cuarón (“Gravidade”, 2014) e Alejandro González Iñárritu (“O Regresso”, 2016), que venceriam o Oscar logo em seguida. Mas para isso, será preciso esperar até o dia 23 de janeiro para confirmar sua provável indicação, e depois vencer os concorrentes.

Outro filme que merece atenção é “Lady Bird – A Hora de Voar”, que também levou dois prêmios, na categoria Musical ou Comédia: Melhor Filme e Melhor Atriz (Saoirse Ronan).

Alegrias e decepções

De uma lista de 22 filmes com indicações, sete foram premiados na noite de ontem. Os demais vencedores foram Gary Oldman (Melhor Ator de Drama em “O Destino de uma Nação”), James Franco (Melhor Ator de Musical ou Comédia em “Artista do Desastre”) e Allison Janney (Melhor Atriz Coadjuvante em “Eu, Tonya”). O filme “O Rei do Show” venceu na categoria Melhor Canção Original (This Is Me).

Mas houve decepções sobre grandes estrelas que voltaram para casa com as mãos abanando, como Christopher Nolan (“Dunkirk”), Steven Spielberg, Meryl Streep e Tom Hanks (“The Post – A Guerra Secreta”), Ridley Scott (“Todo o Dinheiro do Mundo”), Daniel Day-Lewis (“Trama Fantasma”) e Denzel Washington (“Roman J Israel, Esq”).

Outras categorias

“Viva – A Vida é Uma Festa”, da Pixar, com direção de Lee Unkrich, venceu o Globo de Ouro como Melhor Animação. E o filme alemão “Em Pedaços”, dirigido por Fatih Akin, ganhou o Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, com a história de uma mulher que decide vingar a morte do marido (ex-traficante de drogas, que acabara de sair da cadeia) e do filho, mortos por um grupo de neonazistas.

O evento também possui prêmios destinados aos produtos da Televisão e serviços de streaming, como séries, minisséries e filmes para TV.

A apresentadora de TV, atriz, produtora e showwoman, Oprah Winfrey, de 63 anos, recebeu o Prêmio Especial Cecil B. DeMille. Em seu discurso, ela lembrou da infância pobre, da mãe que sofria violência doméstica, da influência positiva que teve ao ver Sidney Poitier ganhando o Oscar em 1964, quando ela era ainda uma menina. E dedicou o prêmio às garotinhas e mulheres que estivessem lhe assistindo naquele momento.

Oprah Winfrey finalizou seu discurso falando do grande basta que vem sendo repetido contra todo tipo de violência contra a mulher, não só em relação aos casos de assédio que dobrou Hollywood no final do ano passado.

“Este ano, somos a história, não só na indústria do entretenimento, mas uma história que transcende isso. Esta noite vai para as mulheres que suportaram anos de abusos e violência, porque elas, como minha mãe, tinham contas pra pagar e sonhos para correr atrás”, disse Oprah.

“Histórias de violência contra as mulheres são muitas, cujos autores nunca pagaram por isso. Mas os tempos são outros. O tempo para a barbárie acabou. Time’s up”, finalizou a apresentadora, sob aplausos.