Opção cultural

Mostra começa nesta quarta-feira com a exibição do filme de Carolina Jabor, “Aos Teus Olhos”, sobre reputação em tempos de patrulha virtual, com Daniel de Oliveira e Marco Ricca

Osvaldo Rodrigues repassa seus dramas existenciais em “Tudo Aí – 40 Anos de Poesia”, atuando num campo mais liberto das amarras convencionais, mas sem perder o apreço ao ritmo, essência da poesia

Série de documentários produzida por Martin Scorsese há mais dez anos continua como grande farol para quem gosta da música negra americana, “sempre falando de sofrimento causado pelo amor ou pela escravidão”, mas “uma luz na escuridão que nunca se apaga”

Deste que é considerado o maior poeta português pós-Fernando Pessoa, sabe pouco o leitor brasileiro, como de resto de toda a literatura de nossos conquistadores. Herberto Helder se impõe ao leitor que desejar romper “o isolamento”, este “desconhecimento mútuo” que separa Brasil e Portugal, no dizer do professor e poeta Claudio Willer.

Evento, tradicionalmente realizado no Cine Lumière Bougainville, contará com 116 filmes de 36 países; a lista vai ser divulgada na quinta-feira
[caption id="attachment_115984" align="alignnone" width="620"] Gerson Santos, diretor da rede Cinemas Lumière, e Lisandro Nogueira, professor de cinema da UFG e curador da mostra | Foto: Mônica Faleiros[/caption]
O banho de filmes a que os cinéfilos goianienses já estão acostumados tem data marcada para começar. A mostra cinematográfica “O Amor, A Morte e As Paixões” será realizada de 7 a 21 de fevereiro, no Cine Lumière Bougainville. A lista de filmes será divulgada na quinta-feira.
A maratona vai contar com 116 produções, entre longas-metragens (107) e curtas (9). Segundo Lisandro Nogueira, professor de cinema da Universidade Federal de Goiás (UFG) e curador-fundador da mostra, 36 países estarão representados no evento, que terá 438 sessões (31 por dia), com 27 estreias em nível nacional.
“A seleção revela uma diversidade de gêneros e propostas estéticas cinematográficas que promete acalorar debates, motivar reflexões, entreter, comover e inquietar seus espectadores”, diz Nogueira.
“O Amor, A Morte e As Paixões” começou timidamente em 2001, com 17 filmes. “Hoje, em sua 11ª edição, com esses mais de 100 títulos, a mostra se consolida perante o público como uma das maiores do gênero no mundo”, afirma o diretor da rede Cinemas Lumière, Gerson Santos.

Apesar de o leitor contemporâneo achar monótona a leitura de alguns romances do escritor cearense, ele é um dos maiores romancistas brasileiros, o primeiro entre os mais relevantes de conhecimento público (que não passam de oito)

A história da mulher que tem nome de personagem da literatura (Molly Bloom), estudou Ciência Política na Universidade, mas preferiu administrar jogos ilegais de pôquer, acabou presa e virando filme

Filme foi indicado ao Oscar apenas na categoria de Melhor Canção Original, com “This Is Me”, que se tornou sucesso retumbante nas rádios americanas

Tocado pelo gênio da linguagem, romancista e intelectual negro americano passou a vida em lutas, internas e externas, contra o racismo e a homofobia; o discurso, atingindo a essência do problema, foi seu grande legado

Cineasta brasileiro dirige o filme angloamericano “7 Dias em Entebbe”, remake de um drama real que ocorreu em 1976, quando um avião foi sequestrado com 302 pessoas a bordo
[caption id="attachment_115608" align="alignnone" width="620"] José Padilha é uma dos melhores diretores de cinema do Brasil, mas estará no Festival Internacional de Cinema de Berlim com uma produção angloamericana | Foto: Divulgação[/caption]
RUI MARTINS
Especial para o Jornal Opção
O cinema brasileiro ficou fora, este ano, da competição internacional do Festival Internacional de Cinema de Berlim (Berlinale), mas um de seus melhores cineastas, José Padilha, dirige o filme angloamericano “7 Dias em Entebbe”, remake de um drama real.
Trata-se do sequestro de um avião da Air France – em 27 de junho de 1976, que foi desviado da rota ao sair da escala em Atenas – por 7 sequestradores (cinco palestinos e dois alemães), quando ia para Benghazi, na Líbia, e depois para Entebbe, antiga capital de Uganda, do então ditador Idi Amin Dada.
Os 290 passageiros mais 12 tripulantes foram divididos entre 95 judeus e 195 não judeus, logo libertados. Os judeus ficaram num galpão ao lado do aeroporto com os 12 tripulantes, vigiados pelos sequestradores e por militares ugandenses. Os sequestradores pediam a libertação de 53 palestinos presos em quatro países diferentes, caso contrário iram explodir o avião com os passageiros judeus.
Mas na madrugada do dia 3 de julho, quatro aviões militares Hércules israelenses desembarcaram jipes com cem militares de comandos de elite e, numa operação de resgate relâmpago, recuperaram os passageiros e tripulantes reféns e liquidaram os sequestradores e 20 soldados ugandenses. Morreram três reféns e o chefe da operação, o tenente-coronel Yoni Nataniau, irmão de Benjamin Nataniau, atual primeiro-ministro israelense.
Não se sabe ainda como José Padilha tratou esse tema cheio de suspense, pois a estreia mundial do filme será aqui no Festival de Cinema de Berlim. Existem diversas versões dessa intervenção israelense. Apenas seis dias depois da libertação dos passageiros, o jornalista Alessandro Porro, enviou de Israel, onde era correspondente da revista “Veja”, o texto sobre o que seria o primeiro livro – “Operação Resgate” -, publicado imediatamente pela Editora Abril.
Mostra Panorama
O Brasil tem mais dois filmes na mostra Panorama (que reunirá 47 filmes de 40 países): “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, que na fase final de montagem recebeu um apoio de 100 mil reais, oferecidos pelo Fundo Mundial de Cinema - uma iniciativa conjunta do Berlinale com o governo alemão e o Instituto Goethe.
“O Processo” é um documentário sobre os debates parlamentares durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que também intervém no filme.
Outro filme brasileiro na mostra Panorama é “Tinta Bruta”, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher. A dupla de realizadores já havia estado na mostra Fórum, há três anos, com o filme “Beira-Mar”, sobre a adolescência. Agora, narra a história de GarotoNeon, que se cobre de tinta e se deixa filmar por uma webcam em poses eróticas, transmitidas pela internet. Faz isso até descobrir haver um imitador, que GarotoNeon deseja encontrar, pois vivem na mesma cidade.
Rui Martins é crítico de cinema, e estará de 14 a 25 de fevereiro em Berlim, a convite do Festival Internacional de Cinema (Berlinale)

No julgamento da Idade Média notará o Leitor desta crônica que, ao fatiar a História, só se obtêm ganhos didáticos discutíveis. Jacques Le Goff, Régine Pernoud e Ricardo Costa são âncoras que permitem ao leitor aprender "o que não nos ensinaram" sobre o tema.
[caption id="attachment_115284" align="aligncenter" width="620"] Jacques Le Goff e Régine Pernoud, historiadores franceses que escreveram sobre o que não nos contaram sobre a Idade Média[/caption]
Historiadores sérios como Jacques Le Goff e Régine Pernoud escreveram sobre "o que não nos contaram na Escola", provando que a Idade Média tem sua luz própria, sendo a mãe de vários renascimentos. Cabe, pois, ao cronista tratar de modo respeitoso, mas bem-humorado – daí o título –, mas na verdade cabe mais ainda ressaltar: estamos diante de um estudo respeitável, de um acadêmico à antiga neste seu “A história deve ser dividida em pedaços?[i]” do Sr. Jacques Le Goff. Nascido em Toulon (França) em 1924 e morto em Paris em 2014, Le Goff é reconhecido por muitos como um dos mais importantes medievalistas do século 20, por sua inovadora e persistente dedicação ao estudo da história da Idade Média Ocidental.
No dizer do medievalista brasileiro Ricardo Costa[ii]:
“Jacques Le Goff, historiador instigante, propositivo e interrogativo, indicou muitos novos e impensados caminhos. São múltiplas as suas Idades Médias. Gosto mais de algumas do que outras. Leio todas. Nós, medievalistas, fomos agraciados por uma tradição historiográfica que renovou as pesquisas históricas. Desde Marc Bloch (1886-1944) os colegas de outras áreas, inclusive os mais refratários, são obrigados a marcar passo nos medievalistas. Pois foram eles, Le Goff & Cia., os fantásticos recriadores de nosso ofício. E Jacques Le Goff ocupa um lugar de destaque. É parada obrigatória.”[caption id="attachment_115287" align="aligncenter" width="362"]



A edição de número 90 da maior festa do cinema deu seu pontapé inicial hoje com as indicações em 24 categorias, sem surpresas, com destaque para Meryl Streep, lembrada pela 21ª vez, e o filme de Guillermo del Toro, recordista do ano
[caption id="attachment_115393" align="alignnone" width="620"] Em “A Forma da Água”, Sally Hawkins faz Elisa Esposito, que tenta salvar uma criatura fantástica de laboratório, explorada como cobaia do governo americano | Foto: Divulgação[/caption]
A atriz Meryl Streep e os filmes “A Forma da Água” e “Dunkirk” são destaques do Oscar 2018, cujas indicações foram divulgadas hoje pela Academia, em Los Angeles. O Brasileiro Carlos Saldanha concorre ao Oscar de Melhor Animação, com o filme “O Touro Ferdinando”, história adaptada de um clássico da literatura americana infantil sobre um touro que cresceu preferindo cheirar flores a dar chifradas e cabeçadas.
Meryl Streep concorre ao Oscar pela 21ª vez, e já ganhou três estatuetas, ficando atrás, em temos de vitória, apenas de Katharine Hepburn (1907-2003), que faturou quatro Oscar ao longo de sua carreira. Este ano, “Her”, como é chamada em tom de rever6encia pelos colegas, concorre como Melhor Atriz no filme “The Post - A Guerra Secreta”, dirigido por Steven Spielberg, que não foi lembrado pela Academia.
“A Forma da Água”, filme escrito e dirigido pelo mexicano Guillermo del Toro, bateu o recorde de indicações do ano no Oscar, sendo lembrado 13 vezes. Sua história gira em torno de uma mulher muda (Sally Hawkins), que tenta salvar uma criatura fantástica de laboratório, que está sendo maltratada e servindo de experiência por uma base secreta do governo americano, na década de 1960 (plena Guerra Fria).
Del Toro venceu o Globo de Ouro deste ano como Melhor Diretor, e pode fazer a dobradinha com o Oscar, pois foi indicado nesta categoria, tal como seus outros dois conterrâneas, Alfonso Cuarón (Gravidade, 2014) e Alejandro González Iñárritu (O Regresso, 2016), que venceram os dois prêmios na sequência.
“Dunkirk”, com oito indicações, incluindo a de Melhor Filme, narra o drama dos soldados britânicos encurralados no Porto de Dunkirk, na França, na Segunda Guerra Mundial, salvos pela Operação Dínamo, coordenada pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill, e executada por marinheiros civis em barcos pequenos, com a retaguarda de uns poucos aviões da força aérea.
O filme de Nolan privilegia as articulações em massa e os mecanismos estratégicos, sendo vistos em tomadas abertas em belas cenas aéreas, e planos fechados visando detalhes de cenografia, com poucos diálogos, e atuações colocadas em segundo lugar no escopo do roteiro.
Nolan parece amar composição de cenários e olhar pela câmera, mas detestar os atores e roteiros tradicionais. O roteiro de “Dunkirk” é sofisticado, e sua direção é a de alguém muito íntimo das artes plásticas, das instalações. “Dunkirk” é um filme maravilhoso, mas não é para quem gosta de ver os personagens protagonizando uma história.
O brasileiro Carlos Saldanha, que dirige "O Touro Ferdinando", já concorreu com “A Aventura Perdida de Scrat”, em 2004, como Melhor Curta em Animação, que daria origem aos filmes “A Era do Gelo”. Em 2015, seu filme de animação “Rio” concorreu ao Oscar na categoria Melhor Canção Original, com “Real in Rio” (Sergio Mendes), que perdeu para o único concorrente “Man or Muppet”, da animação “Os Muppets”
A Academy Awards, que administra a premiação do Oscar, premia filmes em 24 categorias. Veja abaixo a lista de indicados das principais delas.
Melhor Filme
“Me Chame pelo Seu Nome”
Produção: Peter Spears, Luca Guadagnino, Emilie Georges, Marco Morbito e Rodrigo Teixeira (brasileiro)
“Dunkirk”
Produção: Emma Thomas e Christopher Nolan
“Corra!”
Produção: Sean McKittrick, Jason Blum, Edward H. Hamm e Jordan Peele
“Lady Bird - A Hora de Voar”
Produção: Eli Bush, Evelyn O’Neill e Scott Rudin
“O Destino de Uma Nação”
Produção: Tim Bevan, Lisa Bruce, Eric Fellner, Anthony McCarten e Douglas Urbanski
“The Post - A Guerra Secreta”
Produção: Amy Pascal, Steven Spielberg e Kristie Macosko Krieger
“A Forma da Água”
Produção: J. Miles Dale e Guillermo del Toro
“Três Anúncios para um Crime”
Produção: Graham Broadbent, Pete Czernin e Martin McDonagh
“Trama Fantasma”
Produção: Paul Thomas Anderson, Megan Ellison e JoAnne Sellar
Melhor Diretor
Christopher Nolan (“Dunkirk”)
Jordan Peele (“Corra!”)
Greta Gerwig (“Lady Bird - A Hora de Voar”)
Paul Thomas Anderson (“Trama Fantasma”)
Guillermo del Toro (“A Forma da Água”)
Melhor Atriz
Sally Hawkins (“A Forma da Água”)
Frances McDormand (“Três Anúncios para um Crime”)
Margot Robbie (“Eu, Tonya”)
Saoirse Ronan (“Lady Bird - A Hora de Voar”)
Meryl Streep (“The Post - A Guerra Secreta”)
Melhor Ator
Timothée Chalamet ( “Me Chame pelo Seu Nome”)
Daniel Day-Lewis (“Trama Fantasma”)
Daniel Kaluuya (“Corra!”)
Gary Oldman (“O Destino de Uma Nação”)
Denzel Washington (“Roman J Israel, Esq”)
Melhor Ator Coadjuvante
Willem Dafoe “Projeto Flórida”
Woody Harrelson (“Três Anúncios para um Crime”)
Richard Jenkins (“A Forma da Água”)
Christopher Plummer (“Todo o Dinheiro do Mundo”)
Sam Rockwell (“Três Anúncios para um Crime”)
Melhor Atriz Coadjuvante
Mary J. Blige (“Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi”)
Allison Janney (“Eu, Tonya”)
Laurie Metcalf (“Lady Bird - A Hora de Voar”)
Octavia Spencer ( “A Forma da Água”)
Lesley Manville (“Trama Fantasma”)
Melhor Roteiro Original
Emily V. Gordon & Kumail Nanjiani (“Doentes de Amor”)
Jordan Peele (“Corra!”)
Greta Gerwig (“Lady Bird - A Hora de Voar”)
Guillermo del Toro e Vanessa Taylor - história de Guillermo del Toro – (“A Forma da Água”)
Martin McDonagh (“Três Anúncios para um Crime”)
Melhor Roteiro Adaptado
James Ivory (“Me Chame pelo Seu Nome”)
Scott Neustadter & Michael H. Weber (“Artista do Desastre”)
Scott Frank & James Mangold and Michael Green (“Logan”)
Aaron Sorkin (A Grande Jogada)
Virgil Williams and Dee Rees (“Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi”)
Melhor Animação
“O Poderoso Chefinho”
Produção: Ramsey Ann Naito
Direção: Tom McGrath,
“The Breadwinner”
Prdução: Nora Twomey, Angelina Jolie (pela Jolie Pas), Anthony Leo, Tomm Moore, Paul Young
Direção: Nora Twomey
“Viva – A Vida é uma Festa” “Coco”
Produção: Darla K. Anderson
Direção: Lee Unkrich
“O Touro Ferdinando”
Produção: John Davis, Lisa Marie Stetler, Lori Forte e Bruce Anderson
Direção: Carlos Saldanha
“Com Amor, Van Gogh”
Produção: Hugh Welchman, Sean Bobbitt, Ivan Mactaggart, Hugh Welchman
Direção: Dorota Kobiela
Melhor Longa Estrangeiro
“Uma Mulher Fantástica” Sebastián Lelio (Chile)
“The Insult” Ziad Doueiri (Líbano)
“Loveless” Andrey Zvyagintsev (Rússia)
“On Body and Soul” (Hungria)
“The Square” (Suécia)
Melhor Canção Original
“Mystery of Love”, de Sufjan Stevens
(“Me Chame pelo Seu Nome”)
“Remember Me”, de Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez
(Viva – “A Vida é uma Festa”)
“This Is Me”, de Benj Pasek e Justin Paul
(“O rei do Show”)
“Stand Up for Something”, de Diane Warren e Lonnie R. Lynn
(“Marshall”)
“Mighty River”, de Mary J. Blige, Raphael Saadiq e Taura Stinson
(“Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi”)

Há 130 anos morria Edward Lear (1812-1888), pintor, desenhista e escritor inglês, um dos pais, junto com Lewis Carroll, do nonsense vitoriano. O poema “O Sujeito sem Dedos nos Pés” foi publicado em 1877 no livro “Laughable Lyrics: a Fourth Book of Nonsense Poems, Songs, Botany, Music &c” (“Letras Engraçadas: Quarto Livro de Nonsense em Poemas, Canções, Botânica, Música Etc”, em tradução livr

Esquecida em vida pela crítica e pelo jornalismo, e relegada a um asilo pela família, escritora não teve sequer a morte anunciada na data certa, ocorrida em novembro de 2017

Livro do escritor mineiro traz relatos curiosos ou engraçados, de teor filosófico ou reflexivo, de onde se pode extrair algo de aproveitável, tanto para verificação mais profunda da existência quanto para um riso sem compromisso