Editorial

A morte do menino de 3 anos, que chocou o mundo, indica que a Europa deve criar uma política humanitária para receber aqueles que escapam de países africanos e asiátic

[caption id="attachment_43998" align="aligncenter" width="620"] Marconi Perillo: o governador começou o enxugamento em 2014, ainda no período eleitoral, por isso Goiás está em melhores condições do que outros Estados[/caption]
A maioria dos Estados passa por uma crise financeira e econômica possivelmente maior do que a crise vivida pelo país. Estão praticamente insolventes; se fossem empresas, estariam na lista da falidas. Pelo menos seis Estados não dão mais conta de pagar os juros de suas dívidas. Estão literalmente quebrados. O exemplo mais candente é o Rio Grande do Sul, mas há outros. Embora não seja uma ilha, Goiás está na lista dos que não vão mal.
O motivo é simples: enquanto muito fazem quase que exclusivamente política, o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, atua como gestor, e mesmo num ano eleitoral, 2014. O tucano-chefe fez parte dos ajustes no período eleitoral — o que chocou até aliados políticos. Em seguida, ainda em 2014, promoveu novos reajustes.
Ciente da crise que se avizinhava, Marconi Perillo foi previdente. Em 2015, fez novos ajustes, tornando o Estado menos caro para si e para a sociedade. Trata-se do que o tucano chama de “Estado necessário”. Noutras palavras, um Estado menos dispendioso para a sociedade. O resultado é que a maioria dos Estados está quebrada, e Goiás não.
Enquanto a maior parte dos Estados luta para sobreviver, Goiás está dando um salto qualitativo. O objetivo de Marconi Perillo, ao tornar o Estado mais enxuto, é recuperar sua capacidade de investimento.
Os que dizem que o Estado está parado por certo não têm acompanhado a série de inaugurações de rodovias inteiramente recuperadas e não devem sequer ter visto que o Hospital de Urgências Otávio Lage, o Hugol, ou Hugo 2, já está funcionando. Outras obras estão em andamento, algumas perto de serem concluídas. Goiás não parou porque seu governador fez a lição de casa, antecipando-se à crise.
Na quarta-feira, 2, Marconi Perillo lança o Programa Estadual de Inovação e Tecnologia, que, para aumentar a competitividade dos agentes criativos e modernos no Estado, vai investir 1 bilhão de reais, entre 2015 e 2018. O vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico, José Eliton — com o apoio do secretário de Gestão e Planejamento, Thiago Peixoto —, vai coordenar o programa. O objetivo é ampliar o crescimento e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de Goiás.
Num momento de crise, em que o governo federal esmera-se em surpreender o país negativamente, quase todos os dias, o governador Marconi Perillo surpreende seu Estado e o país com boas notícias. Seus acertos decorrem de uma visão previdente e racionalista do Estado. O tucano-chefe tornou-se um político que é gestor e um gestor que é político. É um caso raro. Os políticos são, em geral, maioria, políticos ou gestores.

[caption id="attachment_40909" align="aligncenter" width="620"] Presidente Dilma e as mazelas do governo federal | Foto: Lula Marques / Agência PT[/caption]
A classe média sofre com os equívocos dos governos. Os ricos têm reservas e o apoio das grandes instituições financeiras, públicas ou privadas. Os pobres têm uma rede de proteção social. Mas a classe média está por si mesma na selva capitalista. Com ou sem crise, quase 30% de seus ganhos salariais são entregues ao governo federal todos os meses. O que recebe em troca? Quase nada. Se quiser preparar seus filhos com ensino de qualidade terá de pagar escolas particulares. Se quiser ter assistência de saúde decente, e sem demora, precisa pagar um plano de saúde. A segurança pública, em todo o país, é cada vez pior. O que o governo federal faz com o dinheiro dos impostos, que retira dos trabalhadores e dos empresários? Financia a si próprio, sem contar o ralo da corrupção, como se verifica no caso do petrolão.
Apesar do disse-me-disse, o governo da presidente Dilma Rousseff pretendia reintroduzir a Contribuição “Provisória” sobre Movimentação Financeira (CPMF). O objetivo teoricamente é melhorar o setor de Saúde, aliviando o caixa do governo. Na verdade, Dilma Rousseff pretende muito mais resolver os problemas de caixa do que os problemas da Saúde. Noutras palavras, planeja-se obrigar a sociedade — trabalhadores e empresários — a pagar, com outro imposto, pelos erros do governo, que aplica mal os fartos recursos extraídos da sociedade. Dilma Rousseff, sob pressão da sociedade, recuou. Até quando?
Quando a CPMF estava em vigor, o setor de Saúde do Brasil era maravilhoso, quase canadense? Nada disso. Era ruim e os jornais divulgavam notícias impressionantes do descaso do setor público. O que se precisa de fato é de um reordenamento de como o governo aplica o dinheiro público.
Em Goiás, sem CPMF, o governador Marconi Perillo está conseguindo melhorar a área de Saúde com a instalação das organizações sociais. Há problemas? Há, como o recente contingenciamento das verbas para o setor. Mas o fato é que a Saúde em Goiás melhorou, e muito, tornando-se referência para outras unidades da Federação.
A presidente Dilma Rousseff promete cortar 10 de seus ministérios — como se sabe, a petista-chefe não conseguiu decorar o nome da metade dos ministros —, mas é preciso esclarecer para a sociedade se as estruturas vão mesmo ser reduzidas. Porque não adianta cortar os ministérios, porém mantendo as estruturas, que são, quase sempre, mais políticas do que técnicas.

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Se a capital fosse compactada no padrão de Buenos Aires, todos os goianienses poderiam viver (bem) em uma área oito vezes menor do que a do município atual. Mas tem muita gente interessada é em “espalhar” ainda mais a população da cidade. Isso não pode acontecer
Conjunto Vera Cruz, região oeste de Goiânia, construído na década de 80; Setor Madre Germana 2, na saída sudoeste, datado dos anos 90; Residencial Orlando de Morais, região norte, dos anos 2000; e Jardins do Cerrado, também região oeste, consolidado na segunda década do século. Em comum, entre todos esses bairros residenciais, o fato de terem sido erguidos, cada um à sua época, em loteamentos a quilômetros de distância da então última zona habitada da cidade. Na época em que “nasceram”, por assim dizer, tanto Vera Cruz como Madre Germana eram totalmente isolados de qualquer bairro. Eram vizinhos do nada. Do mato e do nada. Da mesma forma com que ocorre hoje com Orlando de Morais e Jardins do Cerrado, ainda separados do perímetro urbano.
São apenas alguns dos muitos exemplos. Observando o que vai se sucedendo, parece que tudo é apenas sinal do progresso e do crescimento de Goiânia: afinal, é a metrópole avançando, “os equipamentos públicos chegando de forma integral aos mais longínquos recônditos da periferia” — uma frase rebuscada, que certamente ficaria muito bonita em qualquer discurso de político, para dizer que os habitantes daquele local escanteado pelo poder finalmente estavam tendo acesso, de fato, à cidade.
Para ter ideia da falta de dignidade da situação, somente agora os dois últimos bairros citados no primeiro parágrafo estão sendo pavimentados, na nova leva de obras tocada pela Prefeitura. Foram anos ou até mais de década esperando para ganhar as mesmas condições de infraestrutura de que os demais habitantes da cidade já usufruíam. Tudo mascarado pelo “sonho da casa própria”, como se ter uma moradia fosse algo que desse salvaguarda à negligência dos demais direitos.
Não é o caso de falar de um pretenso populismo de programas assistenciais, como o Minha Casa Minha Vida, mas de se questionar: “dar” a residência — na verdade, facilitar a aquisição, com valor financiado com juros bem mais módicos do que os cobrados pelo sistema convencional — absolve um detentor de mandato de buscar praticar uma política pública que inclua de modo efetivo aquele contingente no seio da cidade?
A resposta é não. E um “não” ainda maior na atual gestão de Goiânia. Ora, se todo o plano de governo que conduziu Paulo Garcia (PT) à reeleição gira em torno do slogan de campanha “cidade sustentável”, nada mais óbvio do que fazer as tomadas de decisões caminharem nesse rumo. Nesse sentido, é bom observar que o Paço dá sinais de que não vai permitir o surgimento de outros casos similares de confinamento de moradores em um canto qualquer da cidade, disfarçados sob o nome bonito de “expansão urbana”. Pelo menos foi o que indicou Paulo César Pereira, titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável (Semdus), em recente reportagem do Jornal Opção (edição 2085).
Questionado sobre a movimentação de certos setores por mais uma expansão urbana na capital, Paulo César respondeu de forma categórica: “Não é uma pauta prioritária para a Prefeitura.” E completou: “Embora não queira entrar no mérito do que foi aprovado para parcelamentos como Jardins do Cerrado e Orlando de Morais, é correto citá-los como exemplos negativos para apontar preocupações com relação à expansão urbana sem critérios técnicos.”
A Prefeitura pode não querer, mas há setores fortes da sociedade, economicamente falando, que querem porque querem. Nenhum tão interessado quanto o ramo imobiliário. E nenhum poder é mais vulnerável à influência dos donos de construtoras e incorporadoras do que o Legislativo. Afinal, basta olhar a prestação de contas de campanha dos vereadores para perceber que boa parte da Câmara de Goiânia foi eleita com uma ajuda substancial do dinheiro desse pessoal. É hoje, com certeza, o lobby mais forte dentro da Casa.
É um assunto de base técnica, mas é fácil políticos fazerem com que ele ganhe formato populista: se a Prefeitura fincar o pé e bancar um veto a um projeto de criação de novas áreas habitáveis (expansão urbana, no fundo, é isso e nada mais), sofre o desgaste de “impedir o pobre de ter casa própria”. Na verdade, a questão meramente funcional — a teoria da cidade compacta e da facilidade de acesso à infraestrutura — não sensibiliza a população.
Infelizmente, poderia se dizer. A área do município de Goiânia é bastante extensa: são 789 quilômetros quadrados (km²), quase quatro vezes mais do que, por exemplo, a superfície do distrito de Buenos Aires, que tem 202 km². Mas vejamos o mais importante: a densidade demográfica de uma e de outra. Enquanto a capital portenha tem 14,8 mil habitantes/km², o índice para Goiânia é de 1,9 mil habitantes/km². Mas a área goianiense é quase o o quádruplo, argumentariam alguns. Então, para ficar justa a conta, basta multiplicar por quatro a densidade de Goiânia: quatro vezes 1,9 mil resulta em 7,6 mil habitantes/km². Ou seja, levando em conta a densidade de Buenos Aires (14,8 mil), chegamos à conclusão de que, mesmo que toda a população goiana fosse concentrada numa área igual à da capital argentina, esse espaço urbano seria ocupado somente pela metade, no máximo.
Em outras palavras: pelo padrão de compactação de Buenos Aires — e várias outras cidades poderiam ser aqui colocadas como (bons) exemplos —, a população da capital poderia viver muito bem (e melhor) em uma área de pouco mais de 100 km². Quase oito vezes menos do que a superfície total do município. E com acesso muito mais facilitado a transporte, escolas, hospitais, repartições e postos de atendimento.
O “espraiamento” da capital, portanto, não é o ideal. Os goianienses não vivem em uma cidade compacta. Isso gera custos altíssimos, inclusive de manutenção, que poderiam ser economizados e reinvestidos na própria cidade.
Pior: se os goianienses já não vivem hoje em uma cidade compacta, sob diversos pretextos — todos tecnicamente pouco embasados e visando interesses nada coletivos —, querem torná-la ainda mais espalhada. É um crime contra o cidadão, de duas maneiras: jogam-no longe de tudo e o obrigam a pagar impostos para sustentar esse déficit de qualidade de vida.
Mais urgente do que promover qualquer nova expansão urbana, a Câmara de Goiânia deve se preocupar em fazer o que for possível para aproveitar os vazios urbanos da capital. São pelo menos 100 mil lotes vagos por especulação imobiliária, e que acabam servindo para aumentar os índices de violência urbana e exclusão social. Uma boa medida seria agilizar a aplicação do imposto progressivo — que, curiosa e sintomaticamente, não “anda”. É isso que precisa ser feito. Se, pelo contrário, houver o atendimento da sanha por nova expansão, só restará, por Goiânia, tocar um tango argentino. l

Em um cenário que ataca principalmente o setor industrial, o Sudeste brasileiro – mais dependente das fábricas — tende a ser a região mais afetada. A bola da vez vai para o Centro-Norte do País

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Se condenado na Espanha, o atacante do Barcelona e da seleção brasileira pode pegar pelo menos oito anos de cadeia. No Brasil, há quem queira a morte do humorista e apresentador da TV Globo
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