Contraponto

Encontramos 525 resultados
Catalão, a cidade onde imperava a lei do mais forte e mais armado

Jornalista relata o sanguinolento jogo de poder que durante mais de um século envolveu, entre outras, as famílias Paranhos, Ayres, Cunha e Sampaio, causando muitas mortes [caption id="attachment_9197" align="alignleft" width="300"]Escritor Ivan Sant’Anna narra a história de violência na cidade goiana Escritor Ivan Sant’Anna narra a história de violência na cidade goiana[/caption] Se você, leitor goiano, é apreciador de nossa história, não deixe de ler o livro do jornalista Ivan Sant’Anna, “Herança de Sangue – Um Faroeste Brasileiro” (Companhia das Letras – 2012). Foi uma proveitosa recomendação que me fez o desembargador Ney Moura Teles. É uma história precisa, ainda que resumida, da formação social e econômica do município sulino-goiano de Catalão, história abrangente de dois séculos. Vai dos primórdios, quando em 1722 o filho do Anhanguera esteve na região, até 1936, quando o linchamento de um prisioneiro da cadeia local funcionou como uma catarse coletiva, colocando a cidade e o município na modernidade civilizatória. Catalão era, até então, como o autor evidencia no título de seu livro, um faroeste, regido pela lei das armas. Na passagem para as minas do Rio Vermelho, Bartolomeu Bueno deixou na região um feitor e escravos encarregados de plantio e colheita de mantimentos necessários para a viagem de volta ao litoral. A fertilidade das terras das margens do Paranaíba o teria movido a tomar a providência. Um espanhol da Catalunha, um religioso talvez (seria ele Frei Antônio, um capelão de Bartolomeu Bueno?), teria alguns anos depois, na corrida do ouro, se assentado nas margens do Rio e ali constituído uma fazenda. Daí o nome de Catalão com que ficou conhecido o lugarejo, nome que persistiu com o passar do tempo. Não há certeza, contudo, sobre o nome próprio do espanhol pioneiro. Ivan Sant’Anna não o identifica. Nem o fazem os historiadores goianos, do padre Luís Antônio Silva e Souza ao padre Luiz Palacin Rodriguez. Ponto obrigatório de passagem para as minas goianas e mato-grossenses, cercado de terras férteis, foi Catalão durante o período áureo um entreposto próspero. Mesmo com a profunda recessão que afetou o centro-oeste brasileiro, com o esgotamento das minas de ouro no fim do século XVIII, Catalão manteve sua economia além da subsistência, enviando gado em pé ou charque para Minas e São Paulo. Sobreviveu assim ao século XIX, até a vinda da Estrada de Ferro, no início da Primeira Guerra Mundial. E experimentou outro ciclo de desenvolvimento, este mais sustentável, que persiste até hoje, pelo século XX afora. O livro de Sant’Anna relata todo o sanguinolento jogo de poder catalano, que durante mais de um século envolveu entre outras as famílias Paranhos, Ayres, Cunha e Sampaio, causou muitas mortes e carimbou Catalão como uma localidade onde a lei era a do mais forte e do mais armado. A par disso, “Herança de Sangue” faz revelações surpreendentes. A mais espantosa diz respeito ao conhecido escritor Bernardo Guimarães (1825-1884). É sabido que o romancista, cuja obra mais conhecida, talvez por ter sido encenada como uma das lacrimosas telenovelas da Globo, é “A Escrava Isaura”, viveu em Catalão. De fato, ele ali morou por dois períodos, de 1852 a 1855 e de 1861 a 1864. Em ambos, exerceu a função de juiz. Em 1864, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde adquiriu fama como escritor, jornalista e professor. Casou-se com Tereza Maria Gomes em 1867, com quem teve oito filhos. Tereza, mulher culta, chegou a acabar um livro que Bernardo, ao morrer, deixou incompleto. A sóbria imagem do escritor, cuja foto, na formalidade das gravatas, encontramos nas enciclopédias, nada tem a ver com o Bernardo Guimarães de Catalão. Menos ainda a imagem de patrono da Cadeira número 5 da Academia Brasileira de Letras. Do Bernardo Guimarães catalano só restaram traços, nas poesias pornográficas e impublicáveis, feitas pelo escritor, mesmo residindo no Rio de Janeiro ou em Ouro Preto. O Bernardo Guimarães que a cidade goiana conheceu era um boêmio inveterado, amador de pescarias e acampamentos de beira de rio. Em ambos os afazeres era um resistente cachaceiro, seresteiro amante de uma viola e dançador de catira. Pouco trabalhava, embora levasse talento a qualquer coisa que fizesse, fosse um artigo para jornal (escrevia às vezes para o jornal “Atualidade”, do Rio de Janeiro), uma sentença ou um simples despacho. Desleixando-se cada vez mais, vivia em um casarão em mau estado, desmobiliado. Por isso, dormia no chão, forrado com o que houvesse à mão: palhas ou papéis. Poucas vezes tomava banho e jamais aparava cabelo e barba, sempre desgrenhados. Suas roupas eram sujas e amarfanhadas. Com ele dormia a amásia, a mulata Jequitirana, que no dizer de Sant’Anna era “feia, caolha, que mascava fumo o tempo todo”. Imagino que o leitor, como eu, jamais teria, não lesse o livro, essa imagem, a real, ainda que temporária, do famoso escritor. Salvou-o Couto Magalhães, presidente de Goiás, que seu amigo, não suportava vê-lo desgastar-se naquela devassidão, e em conluio com o chefe político catalano Antônio Paranhos, conseguiu levá-lo para o Rio de Janeiro em 1864, e segurá-lo por lá, em condições de vida mais higiênicas, saudáveis e condignas. Foi a vivência em Catalão que gerou dois romances, ao menos, de Bernardo Guimarães: “A Voz do Pajé”, de 1860 e “O Índio Afonso”, de 1872, este inspirado num facínora famoso de Catalão. “A Escrava Isaura”, de 1875, pode ter sido o terceiro.

Winchester 44, a “justiça” da cidade
Esclareço agora, lendo o livro de Sant’Anna, algo que me intrigava na meninice: porque chamavam em Goiás a carabina Winchester calibre 44 de “justiça de Catalão”. Essa carabina foi uma das armas que conquistaram o oeste norte-americano, ao lado do revólver Colt 45. Arma inovadora, foi exportada dos EUA para o mundo todo, principalmente na passagem do século XIX para o século XX, e era abundante em todas as cidades, povoados ou fazendas de Goiás, principalmente em Catalão, onde teve muita serventia, como substituta expedita de júris e juízes. A ocupação de espaços vazios e a geração de riquezas no setor primário pelos pioneiros, seja na lavra de minerais, no plantio de roças, na criação de animais ou na demarcação de terras, bem como a participação na criação e desenvolvimento de cidades deram-se, em qualquer lugar do mundo, em meio a lutas e combates. Imperou, seja no faroeste americano, no Nordeste brasileiro ou em nosso Centro-Oeste, o poder do mais forte, constantemente desafiado por outro forte. É essa luta, que foi muito acesa no microcosmo catalano, que Sant’Anna relata em seu livro. Ali não faltam xerifes nem bandidos. Aparecem também caubóis e suas namoradas, embora os mocinhos sejam poucos. É uma história real de faroeste, sem tirar nem pôr. Em meio a episódios ora edificantes, ora deprimentes, mas quase sempre sangrentos, de disputas individuais ou familiares, com descrições de comportamentos regidos pelos códigos não escritos de machismo e valentia, Sant’Anna vai registrando a história de Catalão. O faz também descrevendo os personagens: os chefes políticos, os comerciantes, os componentes da incipiente organização pública ou religiosa, inteiramente subjugados pelos chefes locais, os coronéis. Ou os jagunços, a soldo desses chefes ou operadores autônomos, em geral salteadores de estrada. O livro foca nos quatro acontecimentos mais rumorosos da história da cidade e do município, conhecidos como os Quatro Fogos. Como Primeiro Fogo ficou conhecido um tiroteio entre as famílias Ayres e Paranhos, ocorrido em dezembro de 1892, entre os entrincheirados nas casas das duas famílias, praticamente uma em frente à outra. Cinco anos depois, outro combate a tiros estremeceria a cidade, em dezembro de 1897. Era o Segundo Fogo, opondo os Paranhos aos Ayres e Andrade. Morreria na ocasião o patriarca, ex-senador Antônio Paranhos, e vários outros valentes notórios da cidade, na própria batalha ou na sequência de vinganças. O Terceiro Fogo, ocorrido em fevereiro de 1916, não foi entre famílias, mas entre habitantes da cidade e ferroviários que construíam a Estrada de Ferro que adentrava Goiás. O assassinato de uma prostituta popular na cidade, por um foguista desordeiro e bom de tiro, quando trabalhadores aproveitavam uma folga em Catalão, foi o estopim. Como os estradeiros eram na maioria “peões de trecho”, turbulentos que só andavam armados, cultores de uma solidariedade baseada na valentia, não aceitariam passivamente a prisão de um dos seus. Além disso eram muitos, quase uma centena. Policiais e cidadãos, avalentoados também, resolveram tocaiar o trem que conduzia os ferroviários de volta ao acampamento, o que resultou num terrível tiroteio e muitas mortes. O Quarto Fogo viria em setembro de 1924, com a morte do chefe político “coronel” Salomão de Paiva por membros da família Sampaio, gerando outros assassinatos em seguida, como sempre acontecia nas guerras entre famílias. A história de Catalão daria um bom “western” de John Ford.

O Ministério Público do Trabalho precisa investigar escravidão dos médicos cubanos no país

Sobram provas da exploração escravagista: salário confiscado pela ditadura, familiares retidos na ilha, proibições ditatoriais de movimentação e relacionamento estendidas aqui para o Brasil, retenção de passaportes, vigilância pelos policiais cubanos

Breve história sobre meu pai, um homem correto e justo

cont2Pioneiros sempre têm muito a contar. Eli Brasiliense, por exemplo, em seu romance “Chão Vermelho”, fala da Goiânia que viu brotar da argila do Cerrado, na primeira metade do século passado. Mas sempre é pouco. Muitos desses pioneiros — a maioria — não contam o que viram e viveram, e se perde a história rica, às vezes dramática, às vezes cômica, mas sempre épica, de seu tempo. Gostaria que meu pai tivesse escrito um livro, ele que viveu desde o primeiro dia a saga de Goiânia, até seu falecimento, em 1982. Getulista empedernido, foi amigo incondicional de Pedro Ludovico, embora da geração seguinte, e por isso amigo também dos filhos do velho cacique. Na construção de Goiânia, foi um dos primeiros funcionários selecionados por Pedro Ludovico, na antiga capital, para a mudança. Sempre foi um membro de carteirinha do PSD, e ocupou nos governos dos Ludovico cargos de confiança, embora nunca tivesse se arriscado em eleições. “Não tenho jeito para pedir votos”, dizia. Era verdade. Nunca o vi pedir nada a ninguém, ele que viveu toda uma existência modesta, e que, com seus vencimentos de funcionário público, somados aos de minha mãe, professora, educou os filhos — e educou bem. A mim mesmo, fez questão de enviar ao Rio de Janeiro para fazer o curso que escolhi — Engenharia. Só hoje posso avaliar o sacrifício de meus pais para que a mesada chegasse religiosamente, como chegou, nos sete anos que passei estudando na então chamada, merecidamente, de Cidade Maravilhosa. Quando os Ludovico foram derrotados por Jerônimo Coimbra Bueno em 1947, no fim do Estado Novo, meu pai foi demitido do cargo de delegado (os cargos policiais de chefia eram de livre nomeação do governador), como o foram todos os amigos de Pedro Ludovico. Mas ele tinha a filosofia do personagem Ripol, de Vianna Moog, no livro “Uma Jangada para Ulysses”: “Never complain, never explain”. Não se amofinou nem por um momento. Juntou as economias da família, comprou um carro e foi ser “chofer de praça” como se chamavam os motoristas de táxi de então. Durante os anos do governo Coimbra Bueno dirigiu seu “carro de praça”, vendeu fios de cobre (conseguiu uma representação da fábrica Pirelli) sem uma queixa, uma recriminação sequer, embora trabalhasse febrilmente na eleição seguinte, a de 1950, para que Pedro Ludovico voltasse vitorioso para o governo de Goiás, e Getúlio Vargas para a Presidência do Brasil. Convidado por Pedro Lu­dovico, foi ser comandante da Guarda Civil, como se chamava a polícia fardada da época, em que não havia Polícia Militar. Sua infância, na antiga capital, não foi fácil. Minha avó paterna, Luiza, que residia na cidade de Goiás, era uma bela moça da família Sardinha da Costa, descendente de portugueses imigrados para a região de Paraúna, onde tinham léguas de sesmaria doadas pela coroa portuguesa à época do Brasil Colônia. Deu ela o que se chamava um “mau passo”, e para o qual não havia perdão numa cidade de Goiás supermoralista. Enamorada de um jovem engenheiro que viera do Rio de Janeiro a Goiás fazer uns serviços de cartografia, viu-se só, grávida e solteira, quando Benedito Netto de Velasco, o engenheiro, viajou inopinadamente para o Rio, e não mais voltou a Goiás. Imagine-se o escândalo, naquele ano de 1911, na pequena e preconceituosa capital. Basta dizer que minha avó encerrou ali sua carreira amorosa, e cuidou de educar o filho único, desprezada pela família e pela comunidade onde vivia. Imagine-se a dificuldade com que mãe e filho sobreviveram. Isso acabou por fortalecer o caráter de meu pai, que sempre na vida cuidou de ser o mais trabalhador e honesto, em qualquer função que exercesse, e uni-lo à minha avó por quem teve a maior afeição e a quem dedicou o maior desvelo até o dia de sua morte, o único dia em que o vi verdadeiramente abatido. Por outro lado, jamais perdoou o pai. Conviveu e fez amizade com o irmão deste, o brilhante político Domingos Velasco, que foi o pioneiro do socialismo no Brasil (fundador do Partido Socialista Brasileiro em 1947). Nunca aceitou sequer conhecer o pai, Benedito Velasco. Domingos Velasco era um advogado destacado, deputado federal por quatro mandatos e senador por um mandato, por Goiás. Aproximou-se de meu pai, certamente constrangido pelo comportamento do irmão, que condenava. Ele recebeu com naturalidade a amizade do tio. Quando Domingos Velasco disse a meu pai que o irmão desejava conhecer o filho, agora já adulto, e que jamais vira, meu pai foi categórico: “Impossível. Passou a época disso acontecer”. Anos mais tarde, quando um Benedito (que era bastante rico) talvez arrependido, já velho, perto do fim, pediu ao irmão que comunicasse a meu pai que pretendia contemplá-lo no testamento, teve a resposta: “Diga a ele que se o fizesse, estaria me fazendo um favor. Se não o fizer, serão dois favores. Que não o faça, pois ficaremos assim melhor os dois”. E mais não disse, nem lhe foi perguntado. Meu pai ocupou vários cargos na Segurança Pública, desde aqueles anos de 1930, em que se mudou para Goiânia, cidade existente mais no papel e tinta do arquiteto Atílio Correa Lima do que nos tijolos e cimento do interventor Pedro Ludovico. Foi agente de polícia (detetive, à época), delegado, respondeu pela Chefatura de Polícia (hoje Secretaria de Segurança), diretor da Penitenciária Estadual (agora Cepaigo ou Penitenciária Coronel Odenir Guimarães) e por longos anos pelo Serviço de Trânsito (hoje Detran), por onde se aposentou. Teria muitas histórias a contar ou a pôr no papel. Como a de quando Goiânia (início dos anos 1940) tinha apenas um ladrão, o “Boca Larga”, bastante conhecido. Dos crimes que chocaram o Estado, como o “Crime da Camionete Azul”, quando um assassinato foi cometido e a vítima desfigurada para ser tomada pelo criminoso, que pretendia se apossar dum grande seguro de vida em benefício de um parente cúmplice. Ou da morte dos bancários do hoje extinto Banco da Lavoura, em um assalto praticado por um membro — descobriu-se depois — de uma das famílias mais tradicionais e ricas de Goiás. Lembro-me da aflição de minha mãe, no início dos anos 1940, quando houve um motim na Pe­nitenciária Estadual, e meu pai, então diretor, entrou sozinho no pátio do estabelecimento, para negociar com os detentos, entre os quais os mais cruentos assassinos. Conseguiu acalmá-los e terminar a revolta. Carlos Lacerda, governador da Guanabara (Rio de Janeiro), faria a mesma coisa, em 1961. Quais as palavras trocadas entre o diretor e os presos? Esses diálogos estão perdidos para sempre. contDurante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), meu pai foi encarregado das campanhas de apoio ao esforço de retaguarda. Lembro-me vagamente da campanha da borracha, quando coletavam-se pneus usados para serem reciclados nos Estados Unidos e da campanha da sucata, com a mesma finalidade. Era a época do racionamento de combustível, gasolina principalmente, e também caiu nas mãos de meu pai a distribuição das cotas e a fiscalização do seu uso. Foi a única vez que eu soube de uma insinuação quanto à sua honestidade, uma agressão à sua reputação, de que zelava cuidadosamente. As consequências quase foram funestas. Existiam duas empresas que exploravam o transporte coletivo em Goiás, e o proprietário de uma delas, Pilade Baiocchi, tradicional descendente de imigrantes italianos no Estado, sentindo-se prejudicado, discutiu com meu pai. No aceso da discussão, acusou-o de beneficiar o concorrente, e pior, levar vantagem com isso. Soube depois que meu pai chegou a “coçar” o coldre do revólver, e possivelmente Pilade teria feito o mesmo. “Deveria lhe dar um tiro” — teria dito meu pai. “Mas há ainda uma instância antes disso, que é a Justiça. Se ela não resolver, esteja certo de que voltaremos a tratar do assunto.” Feita a denúncia de injúria, convocadas as testemunhas, a Justiça, que então era rápida, enviou Pilade para uma temporada na cadeia, mesmo tendo se retratado. Tempos depois, amigos que eram antes, reaproximaram-se. Esses e muitos fatos, que hoje sabemos por alto, sem as precisões devidas, ou de que nem tomamos ciência, perdem-se na poeira do tempo, vão-se com a memória daqueles pioneiros que vão nos deixando.

Livro revela a vida de luxo e nada proletária do comunista Fidel Castro

[caption id="attachment_7156" align="alignright" width="225"]“A Vida Secreta de Fidel”, além de confirmar fatos descritos por oposicionistas, faz revelações sobre a vida luxuosa de Fidel Castro, que  tem ilha particular e iate “A Vida Secreta de Fidel”, além de confirmar fatos descritos por oposicionistas, faz revelações sobre a vida luxuosa de Fidel Castro, que
tem ilha particular e iate[/caption] Foi publicado na França, no dia 28 de maio, o livro “A Vida Secreta de Fidel” (Paralela, 224 páginas, tradução de Júlia da Rosa Simões), escrito por Juan Reinaldo Sánchez e pelo jornalista francês Axel Gyldén. Sánchez foi, durante 17 anos, o principal guarda-costas de Fidel. Gyldén é um jornalista do “L’Express”, que escreveu em 2007 sobre o Brasil o livro “Le Roman de Rio” (não foi traduzido; a edição francesa pode ser encomendada no portal da Livraria Cultura, no link http://bit.ly/1knq5Qq ). Sánchez, caído em desgraça por ter um irmão que se asilou em Miami (Fidel achou que ele soube da fuga e não a impediu), foi destituído e preso por dois anos. Conseguiu fugir de Cuba e conta “segredos” da vida oculta do ex-ditador. Um deles se refere à vida luxuosa levada por Fidel, inteiramente às escondidas dos miseráveis cubanos, que sofriam — e sofrem — falta de tudo. Um dos segredos mais bem guardados até hoje é o da existência da luxuosa ilha de Fidel, Cayo Piedra. Cayo Piedra fica próxima à costa de Cuba, em frente à Playa Girón (onde desembarcaram os rebeldes mandados por John Kennedy, em 1961). Local de um antigo farol, demolido nos anos 1960 para as obras determinadas pelo “Líder Máximo” para seu conforto, a ilha comporta uma luxuosa casa para uso exclusivo de Fidel, uma casa de hóspedes, aquartelamento de sua segurança, piscinas, casa de força, abrigos subterrâneos, um viveiro de golfinhos (!), porto e outras construções. Era nos seus arredores que Fidel praticava seu esporte preferido, a caça submarina. O que fazia com grande séquito, como fazia Luis XV, quando caçava nas florestas de Versailles, conta Sánchez. Embora dispondo de uma casa de hóspedes, para que os cubanos não soubessem de seu luxo, para que não vazassem notícias, Fidel poucos convidados levou a Cayo Piedra, fora de seu círculo mais íntimo. As exceções foram Gabriel García Márquez e o dirigente comunista alemão Erich Honecker. Para seus deslocamentos para Cayo Piedra, Fidel usava seu iate, não menos luxuoso, o Aquarama II, sucessor do Aquarama I, tomado de familiares de Fulgencio Batista, quando este fugiu de Cuba, e do Tuxpan, também luxuoso, e de cuja existência poucos cubanos souberam. Outra revelação de Sánchez diz respeito às várias casas de propriedade de Fidel por toda a ilha: são duas dezenas, onde moram a mulher de Fidel desde 1961, Dalia Soto Del Valle, seus filhos, amantes, ou casas que simplesmente serviam de pousada aleatória para o ditador, sempre temendo um atentado. Revela o ex-guarda-costas a existência de um sósia de Fidel, Silvino Álvarez. A função de Silvino era enganar os cubanos, quando Fidel adoecia. Como o ditador não queria perder a imagem de sempre forte e saudável, fazia Silvino circular por Havana em seu carro Mercedes-Benz, quando enfermo, para que os pobres cubanos não soubessem que o “Líder Máximo” estava acamado. [caption id="attachment_7159" align="alignleft" width="250"]Fidel Castro: alquebrado, com quase 90 anos, o veterano ditador leva uma vida de potentado capitalista, apesar da pregação socalista... para os outros Fidel Castro: alquebrado, com quase 90 anos, o veterano ditador leva uma vida de potentado capitalista, apesar da pregação socialista... para os outros[/caption] Sánchez acompanhou Fidel em quase todas suas viagens, em Cuba e no exterior (inclusive no Brasil, para a posse do ex-presidente Fernando Collor), nos anos em que esteve a seu serviço. Dinheiro nunca foi problema nesses deslocamentos, até porque Sánchez portava uma maleta abastecida com dólares (cerca de 250.000) para as despesas do ditador. Fidel só consumia (e o fazia diariamente) o caro uísque Chivas Regall, que tinha sempre à mão, e só se deslocava em luxuosos carros Mercedes-Benz 500 blindados. Mas não é só a vida luxuosa de Fidel, seus familiares e próximos que Sánchez revela. O livro ilumina o julgamento stalinista do general Arnaldo Ochoa, fuzilado por ordem de Fidel, juntamente com outros graúdos do comunismo cubano. Cuba necessitava desesperadamente de divisas, depois de cortado o subsídio soviético que sustentava a depauperada economia da ilha. Segundo Sánchez, foi de Fidel a ideia de se associar ao cartel de Medelín, chefiado por Pablo Escobar, e traficar via Cuba para os EUA grandes quantidades de cocaína e maconha. Havia nessa operação um subproduto: Fidel achava que contribuía para o enfraquecimento moral da nação norte-americana, no que, aliás, não estava de todo errado. Sánchez testemunhou pelo menos em uma ocasião um grande traficante americano veraneando com a família em Cuba, diretamente autorizado por Fidel. Quando a CIA, que havia detectado a rota do tráfico, se aprestava a fazer uma denúncia internacional, Fidel foi avisado pela inteligência cubana, alertada por seus agentes na Flórida (o serviço secreto cubano era tido como excelente, superado apenas pela americana CIA, pelo SDECE francês, pelo MI-5 britânico e pelo Mossad israelense). Fidel não perdeu tempo e matou dois coelhos de uma só cajadada. O general Ochoa havia se tornado um grande herói nacional, o que incomodava sobremaneira Fidel. Com­batente de Sierra Maestra, lutara no Congo com Che Guevara, na Ve­nezuela, na Etiópia, na Nicarágua e em Angola, sempre a mando de Fidel. Além de ser popular, Ochoa cometera outro pecado capital. Em Angola, no campo de batalha, onde conhecia a situação, desobedecera a ordens de Fidel, que resolvera orientar as operações, embora estivesse a milhares de quilômetros das tropas, e, claro, não tivesse o conhecimento local. Ditador algum tolera ser desobedecido, mesmo que esteja errado. Sánchez havia ouvido algumas conversas entre Fidel e Raúl com críticas à ascensão e à independência de Ochoa. Foi então que se montou o espetacular julgamento (de Ochoa e do ministro do Interior, José A­brantes). Ao fim do julgamento, Ochoa surgiu como o grande culpado do tráfico de drogas, e foi rapidamente fuzilado. (Abrantes, condenado a longa pena de prisão, morreu dois anos depois, em condições suspeitas, na sua cela.) Fidel dava ordens diariamente ao juiz fantoche que presidia a corte, para que tudo saísse a contento. E Fidel saiu do julgamento como o homem que não tolerava desvios, ficando ainda livre da sombra de Ochoa. Raúl Castro é alcoólatra, relata Sánchez. O problema parece ter surgido logo após a vitória da revolução, quando Raúl, por exigência de Fidel, supervisionou a carnificina dos fuzilamentos, e mesmo participou de alguns. Agravou-se o problema depois da execução de Ochoa, de quem Raúl era amicíssimo. Raúl moderou com a vodka a pedido e mesmo exortação de Fidel, a quem nunca negou absolutamente nada. Há muito mais no livro de Sánchez, que acaba de ser traduzido pela Paralela, selo da Companhia das Letras. É um caso raro, porque livros críticos à ditadura dos siameses Fidel e Raúl são escassos no Brasil. Os admiradores de Fidel e do regime cubano dirão que se trata de mentiras, e obviamente vão ignorar até mesmo as fotografias com que Sánchez ilustra o livro. E nosso dinheiro ainda vai para Cuba, graças aos muitos stalinistas do governo.

A gafe da presidente Dilma Rousseff

Resposta da presidente Dilma Rousseff aos críticos da gastança em obras para a Copa, tentando fazer crer que essas obras serão úteis para nós, e “esquecendo” os superfaturamentos: “Os turistas não têm como levar na mala os estádios, os aeroportos e as obras de mobilidade urbana”. De fato não têm. E se tivessem, não o fariam. Estádios seriam para eles de pouca serventia; aeroportos, seus países têm melhores; e obras de mobilidade urbana dignas do nome não encontrariam por aqui, por mais que procurassem.

Ditadura do proletariado que o PT está criando no Brasil

“Todo poder aos sovietes” — foi o brado de Lênin que anunciou o Outubro Vermelho, o de 1917, nascedouro do comunismo soviético, o fato histórico mais malfazejo para a humanidade que se conhece. Faz mal até hoje, principalmente na América Latina. O decreto 8.243/2014, de Dilma Rousseff, tem o mesmo grito. Ao tentar emendar a Constituição e implantar por decreto a “democracia direta”, que não é democracia, pois visa estabelecer uma nova versão da “ditadura do proletariado”, e nem é direta, pois passa, necessariamente, pelos “movimentos sociais” dominados por petistas, o governo ignora a História, a própria Constituição e o bom senso. Os males do petismo poderiam ter chegado ao fim no mensalão, com o impeachment de Lula. Bastava um empurrão, e Lula sabia disso. Tanto que enviou Márcio Thomaz Bastos a Fernando Henrique Cardoso para pedir clemência à oposição — e a obteve. Fernando Hen­rique, em quem Lula, a despeito disso, não se cansa de bater, é o nosso Kerensky.

TCU: que Deus nos guarde

Surge vaga no Tri­bunal de Contas da União, com a aposentadoria do ministro Jo­sé Jorge. Há candidatos (fortes) se movimentando: o louco manso Aldo Re­belo e o mais petista dos filiados ao PSDB, o governador alagoano Teotônio Vilela Fi­lho. Que Deus nos guarde.

Estado em que o cidadão está mais armado é o menos violento do país

O relatório do Mapa da Violência, do Instituto Sangari, revela que Santa Catarina é o Estado menos violento do Brasil. Detalhe: trata-se da unidade de Federação em que as pessoas de bem mais se armam

Censurar a imprensa, como quer o PT, é um dos caminhos mais curtos para a ditadura

A democracia não é a seiva de que se nutrem o PT e outros partidos brasileiros com raízes bem plantadas no marxismo

A história de um complô, entre a ficção e a realidade, pra matar o nazista Hitler

A morte do austríaco Adolf Hitler, produto de uma articulação de nazistas, teria mudado alguma coisa na Segunda Guerra Mundial? Depois do Holocausto, talvez não

PCdoB trocou ideologia pelo fisiologismo e pelo capitalismo

Orlando Silva foi escorraçado do governo pela presidente Dilma Rousseff. Jandira Feghali abre restaurante chique no Rio de Janeiro. É o capitalismo tomando conta do comunismo

Política de segurança só dará certo se criminalizar o bandido e não o policial

  [caption id="attachment_3965" align="alignnone" width="620"] As UPPs do Rio de Janeiro têm muita mídia, mas poucos resultados práticos. A violência no Rio de Janeiro é muito superior à de São Paulo | Foto: Murillo Dieguez[/caption]   Há um aforismo, de autoria incerta, mas que é certamente inteligente. É atribuído ora a George Bernard Shaw, ora ao jornalista americano Henry Louis Mencken: “Para cada problema complexo, existe uma solução clara, simples — e errada”. Houvesse essa solução clara e simples, mas acertada, e haveria menos problemas complicados no mundo. Tomemos um dos problemas mais sérios do cotidiano brasileiro: o da segurança pública. É um problema complexo, agravado ao longo dos anos, pois descurou-se de enfrentá-lo, exceto com soluções simples, claras e erradas. O problema é complexo porque envolve vários atores: as vítimas, os autores e o Estado nos setores policial, judiciário, prisional, de assistência social, de assistência médica, etc. Além disso, envolve grande volume de recursos financeiros, para pessoal, construções e equipamentos. O problema é hoje generalizado, pois todos nós ou fomos vítimas de violência, ou tivemos pessoa muito próxima que o foi, nos últimos tempos. Pode-se dizer com segurança — sem trocadilho — que até meados dos anos 1980 havia razoável controle sobre o tráfico de entorpecentes, o crime organizado e os presídios. O nível de assassinatos estava em patamares razoáveis, pelas marcas dos organismos internacionais. A globalização do tráfico de drogas, com crescente influência econômica e consequente organização do crime, encontrou um Brasil pouco preparado do ponto de vista legal e policial para seu enfrentamento. Por um lado, a Constituição de 1988 dava exagerada importância à questão dos direitos humanos dos bandidos mais perigosos, e a legislação exacerbava a proteção aos menores e adolescentes mais pervertidos. As brechas no Código Penal constituíam — e constituem — uma quase garantia de impunidade. Por outro lado, a ideologização da questão criminal, pelos sucessivos governos de esquerda, vitimizou os bandidos e tornou os organismos policiais fracos, desaparelhados, suspeitos e desestimulados. Nossos vizinhos, grandes produtores de coca, foram tratados com tolerância e até amizade pelo governo brasileiro, que não exigiu deles medidas coercitivas quanto ao tráfico por nossas fronteiras. Com esse caldo de cultura, era fatal que nos tornássemos um dos países mais violentos do mundo. Cinquenta mil assassinatos por ano equivalem a uma guerra; meio milhão de mortos em um quarto de século significam um genocídio. E é o que vivemos, sem que isso preocupasse — ou preocupe — esses sucessivos governos de esquerda, de Fernando Henrique Cardoso a Dilma Rousseff. Uma solução simples e errada foi tomada em 2003: desarmar a população civil. Uma solução tão claramente errada que só poderia ser ideológica, pois não tinha qualquer base teórica ou prática, e era claramente atentatória às vítimas, vez que medidas semelhantes haviam fracassado em várias partes do mundo. Até hoje o governo persiste nela, apesar de ter se mostrado como agravante da situação criminal e ter sido repudiada pela grande maioria dos brasileiros em referendo realizado em 2005. Outra medida simples e errada foi a experiência carioca das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). No fundo, nada mais foi do que um exercício do “jeitinho brasileiro”, um dos maiores males de nossa cultura, o cultivo da indolência e das soluções simplistas, obtidas ao abrigo da lei do menor esforço, e por isso mesmo erradas. Deslocar policiais para unidades implantadas nos morros, pura e simplesmente, mantida intocada a estrutura do crime organizado, não poderia resultar em queda da criminalidade, gritava o bom-senso. Como o carioca adora o “jeitinho” e a mídia local vive da pirotecnia e das verbas públicas, fez-se um estardalhaço com as UPPs. Seriam a extinção do crime, o ovo de Colombo, a salvação da lavoura, o estalo de Vieira e tudo de bom que houvesse, bradava-se sem esperar os resultados. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, tornou-se herói carioca e depois nacional. Chegou a ser lembrado para Prêmio Nobel da Paz. Continuei cético, bem como amigos que entendem de Segurança. Hoje, decorridos seis anos da implantação da primeira UPP, e implantadas mais algumas dezenas, o que ocorre no Rio de Janeiro? A criminalidade vem aumentando, o tráfico de drogas não se alterou e continua sendo o governo de fato das favelas. E as UPPs são atacadas diariamente por bandidos, que destroem suas instalações, emboscam e matam policiais. Vinte e cinco já morreram até agora, só no presente ano. A população é instigada (leia-se obrigada) a protestar contra as UPP. Em protesto contra elas, ônibus são incendiados quase todos os dias. Sempre tive José Mariano Bel­trame como honesto e de boas intenções, mas simplório, que não sabe onde tem o nariz. Provas disso ele mesmo dá constantemente. Agora mesmo, mostrando o quanto é ingênuo, lança sua precoce e ufanista biografia, justamente no momento em que as UPPs fracassam — e ele não tem como negar isso, pois os índices de criminalidade são maiores do que antes de sua implantação. O binômio ideologia-governismo vem fazendo com que a mídia nacional, com as honrosas exceções de sempre, nos venda gato por lebre. O leitor, a menos que seja especialista em segurança, não deve saber que São Paulo tem um índice de assassinatos três vezes menor que o do Rio de Janeiro, executando uma política de segurança conservadora. Prende muito mais que o Estado carioca (e bem mais que a média brasileira), embora a imprensa não divulgue isso. Fazê-lo poderia desagradar os donos das verbas federais, sempre as mais polpudas. Aliás, a política de Segurança que resulta é a mais conservadora, pelo menos até que se tenha um nível salarial, educacional e cultural mais elevado. É certo que a solução do nosso problema de Segurança vai demandar um esforço conjunto dos três poderes. Não há solução simples. É certo também que demandará tempo, como é certo que já deveria ter preocupado os governos e a solução deveria estar encaminhada. Há muitos exemplos mundo afora de como lidar com a segurança pública, e deveriam ser estudados e adaptados a nossas condições. Algumas verdades irrefutáveis já podem servir de balizamento para quem se dispuser a agir: 1) A legislação penal deve ser revista, visando, principalmente, evitar a impunidade e tornar mais ágeis os julgamentos. Só penas mais duras não resolvem. 2) A polícia necessita ser mais valorizada, preparada, equipada e dotada de capacidade preventiva e de inteligência. 3) Deve ser evitada a vitimização do bandido. Ele não é uma vítima, é um inimigo da sociedade. 4) Deve ser evitada a criminalização do policial. Ele não é um antagonista, mas um guardião da comunidade. 5) Deve ser ampliado e humanizado o sistema prisional. Penas devem ser cumpridas integralmente, mas com dignidade. O inferno não é punição terrestre. De momento, enquanto não se muda a ideologia do governo, uma providência já é urgente, porque não tomá-la é agravar ainda mais um problema já na fronteira do caos. Falo dos policiais, hoje tão injustamente tratados. Injusta­mente, do ponto de vista funcional: ganham mal, não têm o preparo adequado nem condições de trabalho boas. Injustamente, do ponto de vista social: são inibidos em sua ação legal, são inculpados pesadamente nas mínimas faltas, são sempre suspeitos de excessos. Estão acuados. Cito três exemplos apenas, recentes: nas manifestações de junho do ano passado, um PM paulista quase foi linchado por um bando de celerados, agredido com pedras, e bastante ferido, sacou sua arma mas não atirou. Um policial de qualquer país bem mais civilizado teria disparado sem hesitar. Nosso PM esteve a ponto de morrer pelo “politicamente correto”. Também no Rio, ao apreender drogas e armas, uma equipe de policiais militares foi cercada por marginais, espancada, e teve a viatura destruída, sem reagir. Foi elogiada pelo secretário de Segurança pela covardia. E em Brasília, no mês de fevereiro deste ano, policiais militares que impediam bandidos do MST de invadirem o prédio do Supremo Tribunal Federal, onde os ministros estavam reunidos, foram violentamente agredidos, sem quase reação. Dezenas ficaram feridos, ao contrário dos agressores, protegidos do governo federal, que saíram ilesos. A boa imprensa começa a contestar esse tratamento injusto que recebem nossos policiais. O excelente jornalista Carlos Alberto Sardenberg publicou em “O Globo”, no dia 1º deste mês, esclarecedor artigo nesse sentido. E o também excelente jornalista Ruy Castro, com cujas ideias muitas vezes não concordo, escreveu no dia 30 do mês passado, na “Folha de S. Paulo”, um artigo que todos os brasileiros deveriam ler. É sobre o mesmo tema, a injustiça com nossos policiais, e tem o título de “Pessoas dentro da farda”. Fala das mortes dos policiais cariocas, que perecem praticamente anônimos, esquecidos daqueles que protegeram até o momento mesmo em que foram abatidos, deixando dependentes desamparados. Isso, enquanto outros indivíduos, até com ligações com traficantes, como o recentemente morto dançarino “DG”, recebem homenagens em seus enterros. Diz Ruy Castro: “Nem sempre os jornais registram que o policial assassinado era jovem, recém-casado, filho exemplar, ou pai de filhos. Artistas da Globo não vão a seus enterros. Não se sabe de missas por suas almas, e, na verdade, ninguém está interessado. É se como não houvesse uma pessoa dentro da farda”. Acho que não é preciso dizer mais nada. l

O jornalismo que não sabe o que é legítima defesa

Jornais e colunistas na semana que passou: um jornal de Goiânia, reportando a tentativa de assalto contra um camioneiro na BR-153, no trecho Goiânia-Anápolis, saiu-se com um comentário idiota, desses que criminalizam as vítimas: “Camioneiro resolve fazer justiça com as próprias mãos”. Como foi noticiado, dois indivíduos numa motocicleta tentaram obrigar o motorista a parar, sob ameaça de arma. Para se defender, ele atropelou os assaltantes, um dos quais morreu no local. O outro, armado, foi preso. No trecho citado, vários assaltos a mão armada já ocorreram. Camioneiros, que como quaisquer cidadãos honestos não têm como se defender, pois não podem viajar armados, por vezes são mortos por ladrões, mesmo depois de entregarem seus caminhões e carga. A ação do motorista foi claramente de legítima defesa, prevista em lei.

Análise de Srougi sobre Mais Médicos

Vale ler o artigo do grande cirurgião — apolítico — paulista, Miguel Srougi, do mesmo dia 27 de abril, e também na “Folha de S. Paulo”, sob o título “Mais Médicos, Frag­men­tos Sobre a Loucura”. Aná­lise clara, feita por quem sabe e tem autoridade, sobre as irresponsabilidades do Programa Mais Médicos.

O equívoco de Janio de Freitas sobre a Petrobrás

Trecho pouco honesto de Janio de Freitas, em artigo na “Folha de S. Paulo” do dia 27 de abril: “A exploração política e eleitoreira que a oposição e meios de comunicação fazem do caso Petrobrás está prejudicando mais a empresa, patrimônio nacional com imensa importância externa, do que alcançando os fatos e respectivas responsabilidades. Registrem-se também certas contribuições sorrateiras da Polícia Federal”. Não poderia haver comentário mais petista. A culpa, segundo Janio, da deterioração da empresa, “patrimônio nacional”, é da oposição, da imprensa (sempre ela) e da Polícia Federal. A trinca, e não o aparelhamento da empresa, é que seria responsável pela queda da petroleira do 12º para 120º lugar na lista das congêneres. Como seria responsável pela queda de 50% no valor acionário da mesma. Ora, uma coisa e outra ocorreram antes dos escândalos de Pasadena. Tenha paciência, Janio. A Pe­trobrás não está sendo tratada pelo governo e petistas como patrimônio nacional, mas como propriedade do partido e dos partidos acumpliciados. Até o fundo de pensão dos funcionários da empresa, o Petrus, está de tal modo aparelhado e gerido de maneira lesiva e suspeita, que o Conselho Fiscal, por unanimidade, rejeitou suas contas de 2013.