Contraponto

Encontramos 526 resultados
Angela Merkel é um bom exemplo para Dilma Rousseff

[caption id="attachment_44034" align="aligncenter" width="620"]Angela Merkel e Dilma Rousseff: a primeira dirige uma economia estável e a segunda, uma economia em frangalhos, devido a erros de seu primeiro governo Angela Merkel e Dilma Rousseff: a primeira dirige uma economia estável e a segunda, uma economia em frangalhos, devido a erros de seu primeiro governo[/caption] Alemanha: quem vê juntas Angela Merkel e Dilma Rousseff, como na semana passada, na visita da chanceler alemã ao Brasil, pensa logo numa nossa derrota pior que os 7 a 1 da copa passada. Merkel é a inteligência, a perspicácia, a articulação. Dilma, a obtusão, a miopia intelectual, a ausência de ideias conexas. Merkel, à frente da maior economia europeia, mantém essa liderança com firmeza, sem titubeios. Coloca-se na vanguarda de outras nações europeias e as traz consigo quando são necessários diálogo, cuidado e prudência, como na crise da Rússia contra Ucrânia, ou quando é necessário firmeza, como no caso da Grécia. Dilma, à frente do maior país sul-americano, tenta arrastá-lo para a aventura já claramente fracassada do bolivarianismo, doutrina que apoia onde ela já fincou pé. Merkel, tendo vivido na Alema­nha comunista, mostra seu discernimento professando sem deslizes a fé democrática. Dilma, comunista e terrorista na juventude, não parece, em momento algum, ter arrependimentos ou vislumbrar os fracassos da doutrina marxista. Sequer demonstra ter abdicado da crença stalinista. Vide o ar de verdadeira beatitude que ela mostra em todas as fotos tiradas em Cuba, ao lado dos irmãos Castro, e a má catadura que ostenta aqui no Brasil, em 90% dos eventos a que dá o desprazer de comparecer. Não se conhece uma palavra inútil ou desarrazoada de Merkel. Dilma, com sua fala desconexa, saúda até a mandioca. Qual a contagem da partida entre Merkel e Dilma? 14 a 2? 21 a 3? Difícil dizer. Mas sem dúvida um múltiplo dos 7 a 1.

A bravata de Evo Morales sobre “golpe” no Brasil

Circulou um vídeo na internet, com pronunciamento de Evo Morales, em que “advertia” os comandantes das Forças Armadas brasileiras de que não tolerará qualquer tentativa de golpe, aí entendido como golpe a deposição da presidente Dilma Rousseff. Explica-se a bravata: quando tomou militarmente as instalações da Petrobrás na Bolívia, vale dizer, quando assaltou o patrimônio brasileiro, viu de nosso governo apenas dois tipos de reação: cumplicidade e covardia. O estrupício está, pois, encorajado. Há na imprensa um silêncio geral, quando deveria existir uma gritaria condenando a ingerência. O Itamaraty está calado, até o momento em que escrevo. Natural, uma vez que na verdade obedece ao comunista Marco Aurélio Garcia. Nada se pode esperar do ministro da Defesa, Jaques Wagner, bolivariano convicto. Caso Dilma sofra impeachment, veremos o que faz o índio comunista. Virá até aqui recolocá-la no trono? Que venha.

Maria do Rosário é craque mas só pra time de várzea

A abominável (para quem não é petralha) deputada petista gaúcha Maria do Rosário tem ao menos uma qualidade: é grata, às vezes. Está solidária a Dilma Rousseff na resistência a um impeachment. Só não fala em pegar em armas, como Vagner Freitas; afinal é desarmamentista, embora tenha pedido (e sido atendida) à fábrica de armas Taurus uma doação para sua campanha à Câmara Federal. Reconhecimento justo: Dil­ma Rousseff a nomeou ministra dos Direitos Humanos, cargo que ela honrou zelando pelos direitos dos marginais desse Brasil afora. E o gesto magnânimo de Dilma para com ela pode ser comparado a uma convocação, por Felipão, de um craque de time de várzea para seleção na Copa do Mundo. É claro que tem que ser grata a Dilma. Mas deveria também sê-lo à Taurus.

A marcha do futuro das ruas e a marcha fúnebre do petismo

O Brasil que presta e foi às ruas no dia 16 também ganhou de lavada dos que fizeram a vergonhosa marcha pró-corrupção do dia 20. Não é de se estranhar: quem protesta com o coração é mais expressivo do que quem marcha pelo bolso. Somos hoje muitos mais os que queremos o fim da roubalheira do que os que querem manter sua boquinha no governo petista. Ninguém precisou de diária, transporte e sanduíche pagos com verba pública para ir às ruas dia 16. Cada qual pagou com seu dinheiro.

Luis Fernando “Medíocre” Verissimo

Filho do escritor gaúcho Erico Verissimo, o petista encardido Luis Fernando Verissimo comparou, em crônica feita para “O Globo”, todos os que fomos às ruas no dia 16 a “cachorros correndo atrás de automóvel”. Para defender assim a bandalheira, só com muita revolta. Mas é compreensível. Não é fácil carregar a mediocridade sendo filho do genial escritor gaúcho.

O calvário dos presos políticos em Angola

A “Folha de S. Paulo” contou o calvário de mulheres e parentes de presos políticos do ditador angolano José Eduardo dos Santos, ocupando o poder há 36 anos no país africano. Confinados em solitárias no interior, esses perseguidos do regime raramente podem receber visitas dos parentes, e vivem em condições precárias de alimentação e saúde (têm apenas 15 minutos de banho de sol por dia). Os familiares perderam os empregos, por perseguição do governo e têm que esmolar para sobreviver. Protestos não são permitidos. Só para lembrar, Isabel dos Santos, filha do ditador, bilionária, é a mulher mais rica da África, e ganha um quilo de mandioca quem me mostrar origem honesta dessa fortuna. José Eduardo dos Santos é cliente vip do petismo, e recebe gordos recursos do BNDES para obras em Luanda e no interior do país, construídas a maioria pelas empresas lavajatianas.

Por que Rodrigo Janot não “pegou” nenhum petista até agora?

Há que se ter cuidado com os heróis. O ex-delegado da Polícia Federal e ex-deputado do PCdoB Protógenes Queiroz, na ânsia de aparecer nos jornais e televisões como paladino da honestidade, acabou pondo a perder a Operação Satiagraha, e foi o único condenado na história toda. Paga pena por violação qualificada do sigilo funcional, além de ter perdido o cargo de delegado. O trapalhão gastou um mundo de dinheiro público, não obteve qualquer resultado prático e se encalacrou. Os integrantes do Ministério Público do Trabalho, que adoram encontrar um trabalhador em condições precárias de alojamento em fazendas e fazem barulho na frente das televisões, apontando fazendeiros como culpados de “trabalho escravo”, sabendo que isso agrada aos petralhas, fazem que não veem os milhares de médicos cubanos recebendo uma pequena fração de seu salário e fiscalizados por esbirros de sua ditadura aqui dentro. Acovardam-se diante do governo. E Rodrigo Janot não encontrou até hoje razões para denunciar na Lava Jato um petista ou um membro do Executivo. Só Eduardo Cunha e Fernando Collor se aproveitaram?

Frei Betto ataca evangélicos mas defende ditadura de Cuba

Espécie de Marilena Chauí da Igreja Católica, o “petista” ignora a existência do mensalão, mostra-se favorável a José Dirceu e não critica os malfeitos do PT

A orfandade política dos brasileiros

Se Dilma Rousseff cair, o que se tem à vista para sucedê-la não é nada animador ao País

Dilma mostra despreparo ao dar bronca em ministros

[caption id="attachment_38738" align="alignnone" width="620"]Presidente Dilma Rousseff: uma fala que põe ministro em suspeição | Foto: Lula Marques Presidente Dilma Rousseff: uma fala que põe ministro em suspeição | Foto: Lula Marques[/caption] Dois excelentes jornalistas e dois furos de reportagem: Natuza Nery, da “Folha de S. Paulo”, em reportagem do dia 12 deste mês relata uma fantástica reunião de Dilma com auxiliares, a fina flor do petismo da antecâmara governamental: os ministros José Eduardo Cardozo, Edinho Silva e Aloizio Mercadante; e mais o assessor Giles Azevedo. Foi no dia 26 de junho passado, no Palácio da Alvorada. A presidente estava bastante autêntica nesse dia de espinafração geral, e pelo menos três frases merecem registro. Teriam sido ditas por uma Dilma furiosa, andando em círculos e gesticulando muito, e se referiam à delação de Ricardo Pessoa, da UTC, que é um dardo envenenado na direção da presidente: -- “Eu não vou pagar pela m... dos outros!” – disse Dilma sem explicitar a quem se referia. -- “Você não poderia ter pedido ao Teori para aguardar quatro ou cinco dias para homologar a delação?” – fuzilou a presidente em direção a José Eduardo Cardozo. -- “Cardozo, você f... minha viagem!” – mencionando sua ida aos EUA, ainda para o ministro da Justiça. Comentários: a primeira afirmação e a última mostram que a presidente definitivamente não tem nível educacional nem serenidade para estar onde se encontra. A última demonstra de sobejo que José Eduardo Cardozo, tivesse um mínimo de dignidade, teria pedido demissão. A do meio levanta uma sombra de suspeita sobre um ministro do Supremo. Deixa-se Teori Zavaski levar pela presidente, tendo como menino de recados o ministro da Justiça? Isso tudo é Dilma em estado puro, na sua mais alta autenticidade. Gerson Camarotti, da Globo, relata um estranho, para não dizer surreal, encontro ocorrido no Porto, em Portugal, no dia 7 deste mês, onde Dilma escalou em sua viagem para Ufá, na Rússia. Participantes do tête-à-tête: Dilma, Cardozo (sempre ele) e Lewandowski. Encontro que não constou da agenda de nenhuma das três autoridades, e que poderia (e deveria) ter-se realizado no Brasil, já que, segundo Cardozo, tratou do reajuste do Judiciário, votado pelo Congresso e em vias de ser vetado pela presidente. O encontro realizado assim, às escondidas, entre duas autoridades de um executivo na mira do Supremo, por várias acusações de corrupção na operação Lava Jato, e um ministro daquela corte, que no momento, além do mais a preside, muitas vezes acusado de simpatia pelo petismo, dá margem a muitas especulações.

Ditador boliviano desrespeita os católicos ao receber o Papa Francisco

Evo Morales se comporta de forma baixa com o Sumo Pontífice, como nem Fidel Castro ousou fazer

Ao retratar a batalha de Ardenas, Antony Beevor escreve um livro “menor”

Último trabalho do historiador britânico é bom, mas não está à altura dos outros. O motivo: o objetivo de estudo

Livro de Gaston Paris sobre a Idade Média é um prato cheio para quem gosta de folclore e história

[caption id="attachment_38586" align="alignleft" width="620"]Gaston Paris: especialista em literatura francesa da Idade Média e quase Nobel de Literatura | Wikipédia Commons Gaston Paris: especialista em literatura francesa da Idade Média e quase Nobel de Literatura | Wikipédia Commons[/caption] Tenho em mãos um livreto realmente curioso, que me foi remetido pelo advogado Mario Roriz, ávido leitor e intelectual por vocação. É um pequeno volume, editado pela livraria parisiense Hachette em 1895, há 120 anos, portanto. Tem o título de “Récits Extraits des Poètes et Prosateurs du Moyen Age”. Foi escrito por Bruno Paulin Gaston Paris (1839-1903), especialista em literatura francesa da Idade Média, membro da Academia Francesa e quase prêmio Nobel de Literatura (foi indicado pela Academia por três vezes, em 1901, 1902 e 1903). O autor reúne no livro textos extraídos de três fontes francesas: poesias épicas dos séculos XI a XV, fábulas e contos dos séculos XII a XV e relatos históricos dos séculos XIII e XIV. Gaston Paris abre a primeira parte, onde redigiu extratos de seis poemas épicos, com um resumo em prosa dos famosos versos decassílabos da “Canção de Rolando”, tido como o primeiro poema escrito em uma língua latina. A história do poema, abstraindo as proezas históricas que relata, é por si mesma interessante: foi escrito passados 200 anos das batalhas que descreve, logo, após longa reprodução oral das mesmas (o que acabou resultando em algumas imprecisões históricas), e tornou-se desde então parte do repertório dos trovadores e jograis europeus por outros 200 anos, servindo de estímulo a cavaleiros andantes, vassalos e nobres em preparo para batalhas, inclusive os cruzados, quando se dispunham a libertar Jerusalém. Segundo os versos, cujo autor se desconhece, Rolando, lendário guerreiro, sobrinho de Carlos Magno e um dos 12 pares da França (ou da doce França, como se dizia na época), personagem principal da epopeia, é surpreendido por muçulmanos (embora quase certamente o tenha sido por camponeses bascos, e não islamitas) em Roncesvalles, Navarra, e é morto, após combater valentemente, quando os franceses se retiravam da Espanha, após o cerco de Saragoça, em 778 (ou em 802, pois há, aqui também, divergências). Outro poema épico resumido por Gaston Paris é uma parte da “Canção de Guilherme”, também de autor desconhecido, tido como o maior poema da Idade Média, com seus 3 mil e 500 versos decassílabos, composto provavelmente em 1170. Conta as proezas guerreiras de Guilherme de Orange (chamado Guilherme do nariz curto, por ter perdido parte do ápice nasal num golpe de espada) contra os sarracenos (ou muçulmanos). Também “A Iniciação de Per­ci­val” está resumida no livreto. Ex­traí­da do poema de Chrétien de Tro­yes, o mais célebre poeta da Idade Média (cerca de 1130-cerca de 1180), escrito em oito sílabas, ri­mando duas a duas, conta como Per­cival, filho do cavaleiro Pelinore, é levado pela mãe para retiro numa floresta, temerosa que o filho se torne cavaleiro e morra prematuramente, como o marido. Ocorre que Percival encontra na mata cin­co cavaleiros, com seus trajes de ga­la e seus cavalos brilhantemente a­jaezados e se maravilha. Acaba cor­rendo à corte do Rei Arthur e se tornando um dos cavaleiros da Tá­vola Redonda e auxiliar na busca do Santo Graal. A história-lenda é u­ma das mais conhecidas na Eu­ropa. Percival é o personagem Par­sifal, da ópera homônima de Wa­g­ner e de outro poema, de autoria do poeta alemão Wolfram von Es­sen­bach (1170-1220), que grafava Perzival. Quanto aos contos e fábulas, Gaston Paris começa seu desfile com a história “Os três cegos de Compiégne”, que talvez o leitor já conheça, por ser um relato de humor negro muito difundido: conta como três cegos, que viajavam (a pé, naturalmente) de Compiégne para uma cidade vizinha são abordados por um rico seminarista, que simula dar como esmola uma moeda de ouro para eles, mas não o faz, ficando cada um certo que a moeda se encontra com um dos outros dois. O seminarista os segue para se divertir com as confusões que vêm daí. É o único conto conhecido de um poeta do século XIII, que tinha por nome Courtebarbe (barba curta), certamente bastante inteligente, a julgar pela criatividade do causo. Boa parte das fábulas narradas por Gaston Paris são de autores anônimos e já compunham o folclore europeu quando foi feito o livro. Algumas foram extraídas do chamado Roman de Renard, livro de fábulas folclóricas onde os personagens principais são a astuta e bajuladora raposa Renard (nome próprio que passou a significar raposa em francês) e o obtuso lobo Insegrin, eterna vítima das espertezas de Renard. La Fontaine reescreveu e apresentou como suas algumas fábulas desse livro, bem como algumas escritas por um monge franciscano inglês no início do século XIV, chamado Nicole Bozon. Bozon escrevia em francês, como era praxe entre os religiosos e outros eruditos ingleses da época. Gaston Paris, em seu livreto, mostra cinco fábulas escritas por Bozon e apropriadas por La Fontaine três séculos mais tarde: “A Repartição do Leão”; “Os animais Doentes de Peste”; “O Conselho dos Ratos”; “O Moleiro”, “O Filho e o Asno” e “A Leiteira e o Balde de Leite”. Contam-se entre as mais conhecidas de La Fontaine, e são por certo conhecidas do leitor. A terceira parte do livro é puramente histórica, e relata sete episódios importantes para a época a que se referem (séculos XIII e XIV). O mais importante deles é “A Conquista de Constantinopla”, extraído de um livro escrito por um militar francês, Geoffroi de Villehardouin (1160-2012), e de uma crônica feita por um cruzado também francês, Robert de Clairi, que voltou à França em 2016, após a segunda tomada de Constan­tinopla. Relata as vicissitudes da quarta cruzada — a formada em 1199 — realizada pelos barões franceses. Conta as dificuldades de financiamento da expedição, principalmente para o pagamento dos venezianos para a travessia do Mediterrâneo até a Síria e as fraturas no grupo dirigente, além, é claro, dos combates. Para quem gosta de folclore e história, esse livrinho é um prato cheio.

Antony Beevor escreve livro fraco sobre as Ardenas na Segunda Guerra Mundial

O livro recente do historiador britânico Antony Beevor sobre uma ofensiva alemã, “Ar­denas 1944 — A Última Aposta de Hitler” (Crítica), não es­tá á altura de suas outras ­o­bras sobre a Se­gunda Guerra Mun­dial (1939-1945). Beevor escreveu um excelente livro sobre Stalingrado, mas este seu último trabalho mais parece um relatório militar, feito por um oficial combatente, do que um relato de um historiador. A última ação ofensiva de Hitler mereceu do autor apenas uma narrativa bastante restrita no tempo, indo do início da ofensiva (15 de dezembro de 1944) até a sua cessação (25 de janeiro de 1945). Uma operação dessa envergadura começa antes de sua deflagração, pois envolve enormes preparativos de planejamento, mobilização de tropas e material, e ainda de informação e contrainformação. Tam­bém não termina no dia em que os atacantes são detidos, até porque alguns bolsões ainda resistem (nas Ardenas alguns grupamentos alemães combateram até 9 de fevereiro), e não começaram os contra-ataques. Há algumas omissões. O livro sequer menciona o nome do general paraquedista alemão Alfred Schlemm, por não ter feito parte da ofensiva. Contudo, esse oficial, encarregado de um setor defensivo na confluência dos rios Reno e Mosa, ofereceu severa resistência quando os americanos e ingleses passaram ao contra-ataque, no dia 8 de fevereiro, deixando preocupados os aliados. Tanto que no dizer de Eisenhower, Schlemm fez com que ele passasse “os piores 15 dias de minha vida”. Beevor também não menciona o fim de um dos principais chefes da ofensiva, o general Walter Model, que empurrado com suas tropas para o interior da Alemanha, matou-se em 16 de abril de 1945, pois acreditava que, se feito prisioneiro pelos americanos, por ter participado da invasão da União Soviética, seria entregue aos russos, que o enforcariam. Não estava, muito provavelmente, enganado. LEIA ENTREVISTA DE ANTONY BEEVOR NO LINK: https://jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/antony-beevor-diz-que-leitor-tem-fascinio-pelos-horrores-da-segunda-guerra-mundial-38567/

O Supremo Tribunal Federal não pode se tornar uma tendência do PT

[caption id="attachment_37373" align="alignright" width="620"]Quadro Premonição da Guerra civil, de Salvador Dalí Quadro Premonição da Guerra civil, de Salvador Dalí[/caption] O preenchimento da vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal, pelo advogado Luís Edson Fachin, é um acabado exemplo de reductio ad absurdum, mas ainda assim aceito como normal e verdadeiro, e como tal estabelecido e acabado. Como seriam as novas escolhas de ministros do Supremo, no restante governo petista, se existissem? Façamos um exercício de impossível futurologia, pois a aprovação da PEC da Bengala, ao menos por enquanto, nos põe a salvo desses descalabros. Mas antes de dizer como seriam, digamos como deveriam ser. O desejável, para uma escolha de ministro da mais alta corte nacional, seria que o posto perseguisse a personalidade, e não o contrário. O ideal seria que se buscasse, para o cargo, alguém que preenchesse os requisitos de competência e reputação, e não que se aceitasse a renhida disputa, que, de moto próprio, fazem os “companheiros” para alcançá-lo. Que se respeitasse, na íntegra, e cuidadosamente, o que está expresso na Constituição Federal, onde se lê: artigo 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. É no mínimo impróprio que alguém busque por si mesmo alcançar essa cadeira ministerial, pois essa disputa faz pensar em comprometimentos, trocas ou gratidões pouco apropriadas para quem vai exercer a mais alta função judicante que a nacionalidade comporta. Muito menos se há sofreguidão nessa busca. É constitucional, ainda, uma sabatina de avaliação pelo Senado, finda a qual pode a casa aprovar ou rejeitar o nome em exame. Embora nesse último caso particular de que falamos (de Luís Edson Fachin), o Senado tenha de fato realizado a sabatina de apreciação, ao longo dos anos ela tem sido pouco mais que uma encenação, feita apenas para cumprir uma formalidade a que se dá pouca importância, e o candidato sempre é aprovado sem mais delongas, mesmo quando, visivelmente, não atende ao que exige o artigo 101 da Constituição, como já aconteceu. Vejamos então como, com toda a probabilidade, iria doravante se processar a escolha de um ministro do Supremo, dentro dos moldes organizacionais marxistas-petistas, pós-mensalão, pós Joaquim Barbosa e pós-petrolão, caso não surgisse em socorro de todos nós a PEC da Bengala. Seriam selecionados, dentro da legião de simpatizantes do partido-mor governista, dos aficionados à doutrina de esquerda e dos antigos ou atuais prestadores de serviços ou de homenagens à agremiação partidária e seus chefes maiores, alguns nomes para exame. Essa seleção seria mais ou menos livre dentre os “companheiros”. Qualquer um, desde que de confiança do partido ou governo, poderia lembrar nomes (como Joaquim Barbosa foi uma lembrança de Frei Betto e uma homologação de Lula, e que, para tristeza de ambos e nossa alegria, colocou a Lei acima das conveniências e crenças partidárias e ideológicas), ou sugerir a si próprio. Alguns seriam descartados pela cúpula que escolhe (presidente mais dois ou três auxiliares mais próximos) e os restantes seriam levados a um processo de afunilamento. Então começariam a se movimentar os postulantes, buscando seus padrinhos, tanto mais importantes quanto mais próximos da Presidência, e com tanto mais açodamento quanto menos habilitados para a função. Ministro ou ex-ministros da Justiça, ex-presidentes da OAB, juízes federais ou ministros de outros tribunais superiores entrariam em cogitação, mas suas chances estariam intimamente ligadas não aos requisitos constitucionais, mas à ideologia. Ou mesmo a gratidões e compromissos que só poderiam ser murmurados, nunca falados em alto e bom som. Certa compreensão da imprensa para com o indicado seria desejável, mas não determinante. Alguns companheiros seriam designados para uma “avaliação” dos candidatos, como ocorreu, ou parece ter ocorrido, em casos anteriores. São pouquíssimos esses companheiros, e da mais estrita confiança. Afinal, teriam uma tarefa muito delicada pela frente. Seriam designados para ela dois ou três, no máximo. Normalmente, um deles seria o ministro da Justiça. Não, leitor, não por ser o titular da pasta um luminar em Direito, apto a opinar com propriedade sobre o “notável saber jurídico” de que fala a Constituição. Ministros da Justiça, no governo petista, nunca se projetaram, nem minimamente, pelo saber jurídico, logo não possuem instrumentos para essa avaliação. Márcio Thomaz Bastos nunca foi um renomado professor de Direito, nem publicou qualquer alentado trabalho sobre o assunto, mas era um catedrático da astúcia, e nem sempre no bom sentido. Tarso Genro, na opinião de vários psicólogos que conheço, é um caso de internação. E na dos advogados amigos, uma nulidade em saber jurídico. José Eduardo Cardozo, também sem grande projeção na carreira que escolheu, se definiu como homem do Direito quando confessou que se mataria se fosse condenado a uma pena de prisão nas cadeias que estão sob sua responsabilidade. A “companheiros” como esses seria cometida a tarefa de selecionar ministros da Suprema Corte, para nomeação presidencial. Se não têm saber jurídico que lhes permita avaliar saber jurídico, são todos da mais firme convicção esquerdista, e sabem conhecer um irmão de ideias. Aqui, com toda propriedade, pode-se aplicar nosso ditado caipira: um gambá cheira o outro. Aliás, a pasta do Direito foi, desde o início dos governos petistas, um reduto das esquerdas mais retrógradas, o que custou ao país bilhões de reais em bolsa-ditadura, acolhimento de assassinos como asilados, extradição de inocentes para a ditadura cubana, desarmamento da população, aumento da violência e um tímido combate ao maior alimento dessa violência, o tráfico de drogas. Tráfico, aliás de responsabilidade de chefes de estado vizinhos, culpados, mas “companheiros”, logo desculpáveis. Vamos em frente: outro “companheiro” encarregado do afunilamento nessa escolha de ministros, poderia ser, como tem sido, o advogado e ex-deputado Sigmaringa Seixas, um petista de coração, cuja projeção no campo do Direito está na razão inversa da intensidade de sua crença na ideologia marxista. Grande autoridade! Ligado ao governo, ao que parece, atua em lobby junto ao Ministério da Justiça, pelas notícias da imprensa. Recentemente, surgiram notas de encontro de advogado de réus do petrolão com o ministro da Justiça, intermediado justamente por Sigmaringa Seixas, encontro não registrado na agenda ministerial. Estranho, para homens de tanta importância, esse escamoteamento de agenda. Prossigamos: selecionado um nome, ou sugeridos dois à Presidência, caberia a ela decidir quem submeter ao Senado. Poderia não ser uma sumidade das letras jurídicas, da cátedra ou da tribuna, mas seria, sem dúvida, alguém ligado à “esquerda revolucionária”. Que não confirmaria de público, principalmente antes da sabatina no Senado, mas acharia válida a ação de banditismo do MST, por exemplo, veria com reservas propriedade privada e seria adepto do “politicamente correto”, ainda que ele atropele a Lei. Seria flexível em alguns julgamentos, adepto que também seria da teoria da culpa da sociedade nos delitos e do princípio de que “os fins justificam os meios”. Esse escolhido faria, antes de tudo, uma visita ao presidente do Senado, com quem conversaria a portas fechadas e de quem pediria ajuda na sabatina e proteção nas votações. Não haveria constrangimento em saber que dormem nas gavetas do Supremo denúncias contra esse presidente, e que ele teria que emitir seu voto de condenação ou absolvição contra ele num futuro próximo. Como seria essa conversa? Nunca saberemos, como pouco ou nada saberemos, ainda, das conversas com os senadores, pois o candidato iria visitá-los todos, mesmo sabendo que vários estão com seus processos, alguns bem cabeludos, tramitando na corte que ele pretende integrar. Feita essa peregrinação, uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado seria o próximo passo. Algo cansativo, talvez, mas nada a temer. O governo já teria ajeitado as coisas com sua maioria, atendendo alguns pedidos aqui e ali. E a oposição... ora, a oposição. Salvo pouquíssimos integrantes, seus membros seriam simpatizantes ideológicos, teriam lá seus interesses particulares, ou não estariam muito interessados na questão, para eles menor, de uma vaga no STF; poderiam ainda ser conterrâneos do candidato, e as questões paroquiais pesariam mais que as nacionais. Aprovado na Comissão, o nome iria a plenário. Nada de nervosismo. O último candidato rejeitado pelo Senado o foi em 1894, nos albores da República Velha, e lá se vão 120 anos. Também aqui, pois, nada a temer. Isso, caro leitor, o que poderia acontecer, se dado fosse ao petismo nomear ministros para outras vagas no Supremo Tribunal Federal.