Esquema de medalhas de ouro, prata e bronze não é justo com atletas e países

27 agosto 2016 às 10h17
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Não sei de quem é a ideia, já consolidada ao menos por aqui, de classificar os países da disputa olímpica apenas pelas medalhas de ouro. Será do Comitê Olímpico Internacional? Do Comitê Brasileiro? Ou da Imprensa?
Seja de quem for, carece de um mínimo de racionalidade, tanto quanto uma classificação apenas pelo número total de medalhas. Se a um atleta ou a uma equipe se atribuem medalhas nos três graus, ouro, prata e bronze, é que se reconhecem, ao menos teoricamente, esses ganhadores como os primeiros, segundos e terceiros melhores no mundo, em sua modalidade.
Quando se classificam os países apenas pelas medalhas de ouro (as de prata e bronze só se consideram nos casos de empate), estão sendo desprezados, solenemente, como se nada valessem, os segundos e terceiros colocados olímpicos. Essa classificação, já generalizada, é muito pouco inteligente — eufemismo de burra, mesmo.
O mais certo, racional e matematicamente, seria atribuir um peso às medalhas. As de ouro valeriam três pontos, as de prata dois e as de bronze contariam um ponto cada uma, por exemplo.
Pensando de maneira cartesiana — o leitor possivelmente terá atendado para isso — cabe a pergunta: a Hungria, 12ª colocada por esse critério, teve mesmo desempenho melhor que o Brasil, que teria ficado em 13º? O Brasil obteve 7 medalhas de ouro, 6 de prata e 6 de bronze — 19 no total. A Hungria, 8 de ouro, 3 de prata e 4 de bronze, apenas 15 no total. Já soa estranho.
A única medalha de ouro recebida a mais pela Hungria está acima das cinco — três de prata e duas de bronze — que o Brasil alcançou a mais? O bom senso e a matemática dizem que não. Atribuíssemos, e seria lógico se o fizéssemos, pesos às medalhas, e o Brasil teria: 3 vezes 7 mais 6 vezes 2 mais 6 por suas medalhas, o que dá 39 pontos. Já a Hungria teria 3 vezes oito mais 2 vezes 3 mais 4 o que somaria 34 pontos, bem atrás. Algo semelhante ocorreu com a Itália, nona colocada, com oito medalhas de ouro, enquanto a Coreia do Sul, com nove de ouro, aparece como oitava. A Itália, que teve 28 medalhas no total, conquistou 8 medalhas, entre prata e bronze, a mais que a Coreia (21 medalhas no total). Pelo critério dos pesos, também aqui inverter-se-iam as classificações.