Por Redação

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Médico geriatra explica como a Medicina Paliativa pode ajudar pacientes e famílias quando não há mais possibilidade de cura
[caption id="attachment_236074" align="alignnone" width="620"] Ricardo Borges, médico paliativista do Hospital das Clínicas | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção[/caption]
Uma experiência marcante, durante o plantão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mudou a carreira do médico Ricardo Borges da Silva: uma paciente, já dada como morta, voltou a ter batimentos cardíacos, que duraram o tempo suficiente para suas filhas chegarem ao hospital e se despedirem. Pouco tempo depois, o coração da mulher parou definitivamente.
Depois disso, o geriatra notou que havia uma outra forma de ver a Medicina. Enquanto a maioria de seus colegas de profissões tenta salvar vidas, ele busca "salvar a morte". O que ele quer dizer com isso é que o processo que leva ao fim da vida pode ter menos sofrimento, tanto para o paciente quanto para a família.
O nome desse olhar é Medicina Paliativa. Nessa entrevista ao Jornal Opção, ele explica o que isso significa.
Augusto Diniz – O que o levou, em sua carreira, a se especializar em Geriatria Paliativa?
A raiz foi a morte do meu avô, quando eu tinha sete anos de idade. A morte sempre nos trás lembranças. A medida que percebemos que um dia vamos morrer, começamos a passar por certas experiências que marcam. A morte do meu avô foi uma delas. É quando se começa a materializar que um dia vamos morrer.
Passei a adolescência toda tentando me convencer de que a morte era como um sono prolongado. Tentava reconhecer alguma experiência de sofrimento durante o sono, mas nunca tive. Então, para mim, nessa fase da vida, a morte era algo tranquilo.
Já no curso de Medicina, isso ganhou outro tipo de dimensão, porque trabalhamos para salvar vida o tempo todo. Quando fiz a graduação, no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, esse assunto não existia, não se falava em morte na graduação. Até hoje se fala muito pouco.
Quando havia possibilidade de morte, o paciente era encaminhado para a UTI. Ali, a morte é diferente, é pasteurizada. O paciente fica sedado profundamente e, por isso, parte-se do pressuposto de que ele não está sofrendo. Esse caminhar até a chegada à UTI não era muito visto. Para mim isso nunca foi um problema.
Então, fiz a especialidade em Clínica Médica, que é um pré-requisito para fazer Geriatria, e comecei a dar plantão em UTI. Em um plantão, tive uma experiência que, vendo hoje retrospectivamente, considero que foi reveladora.
Recebi o plantão à noite e havia uma paciente com um câncer de mama avançado. Ela estava recebendo todo tipo de suporte tecnológico da UTI: respirava por aparelhos, recebia medicações para a pressão não cair e tratamento de hemodiálise. Tudo que era possível ser feito para que ela sobrevivesse estava sendo feito.
Pouco depois da meia-noite, ela teve uma parada cardíaca. A equipe começou a reanima-la. Naquela época, perder um paciente era, para mim, uma falha. Tentamos reanima-la por 40 minutos, para recuperar os batimentos cardíacos, mas ela não se recuperou.
Então, paramos os esforços de ressuscitação e eu fui assinar o Atestado de Óbito. Nesse momento, a enfermeira olhou para mim e disse: “Doutor, a paciente está se mexendo”. Não havia condições de ela se mexer. Considerei que poderia ser um espasmo ou coisa assim. A enfermeira insistiu: “Corre aqui, ela está se mexendo mesmo”.
Fui até a paciente e de fato havia um pouco de movimento respiratório. Quando a apalpei, ela tinha pulso, o coração havia voltado a bater. Foi uma correria, religamos os aparelhos e reconectamos o tubo, ela voltou a respirar artificialmente e aplicamos os remédios para o coração funcionar. Ela ficou razoavelmente estável.
Depois disso, a enfermeira me informou que a família da paciente já havia sido chamada para o hospital, onde seriam informadas da morte – eram duas filhas –, e se deveríamos ligar novamente para avisar que não precisavam mais vir. Disse que não, que explicaríamos a elas tudo o que aconteceu.
Quando elas chegaram, expliquei que a paciente havia tido uma parada cardíaca, que tentamos reanima-la por 40 minutos e que, sem sucesso, a demos como morta. Mas que, depois disso, ela voltou a ter alguns reflexos.
Elas me pediram para conversar com a mãe. Toda a equipe estava tensa. Elas abraçaram a mãe e começaram a falar: “Mãe, pode ir. Vai com Deus. Tudo o que a senhora tinha para fazer aqui, a senhora já fez. Nós vamos ficar bem. Tudo o que a senhora tinha para ensinar, já ensinou”. Elas começaram a se despedir, chorando bastante.
Quando viu isso, a equipe toda ficou muito emocionada. Estávamos com medo de sermos questionados em nossa competência. Mas a impressão que dava era que essa família só precisava se despedir dessa mãe. Elas então agradeceram por termos permitido que se despedissem da mãe. Quatro horas depois, ela teve outra parada cardíaca. E não a reanimamos mais. Deixamos que ela partisse.
Isso mexeu muito comigo. Comecei a questionar o meu fazer médico. Em que ponto eu estava chegando para cuidar de pacientes. Logo depois comecei a fazer Geriatria, comecei a lidar com pessoas frágeis, que tinham perdido sua capacidade. Então conheci a Medicina Paliativa na Residência de Geriatria.
Quando consegui compreender que existe uma forma mais humana de olhar para o sofrimento do paciente que está enfrentando uma doença grave, me identifiquei. É esse o modo de cuidar que me complementa, que faz sentido para mim. Não via sentido naquela tecnologia tratando o paciente de uma forma que não era humana.Rodrigo Hirose – O que, então, é a Medicina Paliativa? Ela começa quando existe um diagnóstico de incurabilidade. Hoje existem alguns autores que falam além disso, mas, basicamente, quando há um diagnóstico de uma doença sem possibilidade de cura, significa que a trajetória tem um final. E esse final é a morte. Essa trajetória que a pessoa vai percorrer será cheia de sofrimento. Só conseguimos reconhecer esse sofrimento não olhando para a doença, mas para o doente. A especialidade médica olha para a doença, para o órgão que está adoecido. A Medicina Paliativa olha para o doente que está experimentando essa doença. Cada pessoa faz esse trajeto de modo muito particular. A Medicina Paliativa olha para essa pessoa e aprende com ela a melhor maneira de cuidar dela. Ela que nos ensina como vamos cuidar dela da melhor maneira possível. [caption id="attachment_236065" align="alignnone" width="620"]

A dor precisa de um tratamento individualizado. Só é possível lidar com as questões sociais e espirituais se o paciente está com a dor sob controle. Por isso o carro-chefe é o tratamento da dor.A OMS [Organização Mundial da Saúde] tem uma recomendação específica para o tratamento da dor em pacientes com doença avançada. Inclusive existe um movimento mundial de disponibilização de analgésicos para países mais pobres. A porcentagem que é distribuída para os países mais pobres é mínima. Então inferimos que os pacientes vivendo com doenças avançadas em países pobres sofrem muito mais dor que o justificável. Ítalo Wolff – O sr. citou que um dos princípios da Medicina Paliativa é respeitar a hora certa da morte, nem adiantá-la, nem adiá-la. Mas, com o avanço da Medicina, essa hora certa é muito variável? Como se define isso? Passamos todo o século 20, com o incremento de novas tecnologias, artificializando o processo de morte. Hoje, a maioria das pessoas morre de modo artificial, seja recebendo uma dieta por uma sonda...


Em alguns momentos, a religião é benéfica; noutros, prejudicial. Porque muitas vezes a pessoa oscila até conseguir chegar a uma fase em que tem a plena consciência de que chegou o fim de sua vida.Até que ela chegue à fase de aceitação, oscila-se entre negação, raiva, barganha e depressão. São quatro formas de manifestar o enfrentamento desse adoecimento. Rodrigo Hirose – Na prática médica, como se chega à decisão entre o prolongamento da vida, às vezes até artificialmente, e a adoção das medidas paliativas? Cada paciente é um universo diferente. Existem instrumentos que nos ajudam. Para o paciente com câncer, por exemplo, é um pouco mais fácil [definir esse limite], pois, a partir do momento em que a doença se torna inoperável ou metastático, não há mais possibilidade de cura. Isso significa que o paciente já merece receber cuidados paliativos. Só que os cânceres são heterogêneos. Há doentes que recebem diagnóstico de câncer metastático e morre em semanas ou meses. Outros morrem depois de anos ou décadas. Não existe um roteiro muito simples. Para diversas doenças existem critérios, seja para insuficiência cardíaca, renal hepática ou pulmonar. São quatro órgãos nobres do organismo que, quando entram em um processo degenerativo de insuficiência, fatalmente vão levar a pessoa à morte. Mas o tempo da trajetória é variável, conforme da idade da pessoa, o número de outras doenças que ela tem, o tipo de tratamento que pode ou não receber. Mas existem outros instrumentos que nos ajudam a entender que a doença chegou à fase final. Há marcadores para isso. Por exemplo: se uma pessoa está com uma doença incurável e há presença desses marcadores, o cuidado paliativo tem de ser intensificado, por certamente o sofrimento vai se acerbar dali para frente. São os casos de quem começa a ter perda de peso e não consegue recuperá-lo, pessoas que perdem sua capacidade devido a uma doença, mesmo sendo medicadas, e necessitam de outras pessoas para se cuidarem. Isso me diz que aquela doença está chegando ao momento final e que, a partir desse momento, as necessidades serão maiores. O critério para se oferecer os cuidados paliativos não é o tempo de vida que o paciente tem pela frente, pois não conseguimos predizer isso, por mais que a ciência trabalhe em cima de estatísticas.

A maioria dos médicos que começa a praticar essa ciência tem uma angústia muito grande, pois é muito mais fácil cuidar de um paciente que aceita que vai morrer. É muito mais simples. Mas isso é raro acontecer. O médico está lidando com o maior sofrimento existencial de todos os seres humanos.Muitas vezes os profissionais não conseguem lidar com essa dificuldade, com essa resistência, porque ele próprio não elaborou a própria morte. Ton Alves – O sr. vivenciou algum caso desse tipo, que o marcou? Já passei por experiências curiosas. O que mais me assusta é quando as pessoas estão vivendo a angústia de morte, a sensação de que vão morrer naquele momento e não querem de jeito nenhum. É uma inquietação, um olhar de medo. Quando os pacientes me olham desse jeito, fico muito abalado, porque não estou conseguindo ajuda-los. É uma angústia muito grande e mexe muito comigo, até do ponto de vista pessoal. Augusto Diniz – O que é feito nas áreas de psiquiatria e psicologia para acompanhar os pacientes terminais? Uma equipe básica precisa de um psicólogo, mas o ideal é que fossem dois. Um para tratar o paciente, outro para a equipe, porque ela também sofre. É humano você se compadecer da dor e do sofrimento do outro. As equipes geralmente passam por um sofrimento intenso. A psiquiatria não tem se apropriado muito da Medicina Paliativa. Isso está ocorrendo aos poucos, apesar de a médica pioneira no estudo desse enfrentamento da morte, a Elisabeth Küber-Ross, ter sido uma psiquiatra. Foi ela que ouviu os pacientes e conseguiu compreender os mecanismos de defesa: a negação, a raiva, a barganha. Geralmente pensamos que isso é uma sequência, que a pessoa vai passando por fases até chegar à aceitação. Não é assim que funciona. O processo é dinâmico, existem altos e baixos. Muitas vezes tem a ver com a progressão da doença ou questões pessoais que fazem com que a pessoa oscile muito nesse processo. Rodrigo Hirose – Houve-se muito, quando alguém entra no curso de Medicina, dizer “quero salvar vidas”. O sr. seguiu outro caminho, que é cuidar da morte... Costumo dizer que eu quero salvar as mortes. Rodrigo Hirose – Como os profissionais de Medicina e os estudantes lidam com essa especialidade? A graduação médica não olha para isso da forma como deveriam. Os alunos ainda entram na graduação com essa expectativa de salvar vidas. É digno, é nobre. Mas é papel da graduação mostrar esse outro olhar para o futuro profissional. Imagino que, em médio prazo, as graduações serão obrigadas a oferecer esse tipo de olhar para o paciente com doença grave. Até poucos anos atrás, apenas 55% das escolas médicas tinham algum contato com o tema, não era nem mesmo uma disciplina. Geralmente é um contato muito fugaz, que não dá a verdadeira habilitação para o profissional oferecer esse cuidado. Atualmente, como não é uma especialidade médica e existem poucas residências médicas no Brasil, há muitos profissionais oferecendo os cuidados paliativos sem o devido treinamento. Alguns apenas tratam a dor, geralmente com morfina, como se isso fosse suficiente para abarcar todo o leque de sofrimento em torno dessa situação. Ainda precisamos normatizar a formação dos futuros profissionais. Como multidisciplinar, essa formação precisa chegar a todas as profissões de saúde, não só da Medicina.



Porém, quando olho para um sofrimento e a família está implorando para equipe manter todo tipo de suporte possível para salvar a pessoa que ama, preciso olhar para esse fenômeno e entender o que isso quer dizer. No fundo, se a pessoa parar e conseguir entender que a emoção que está sentindo é diferente da razão sobre o que está acontecendo, ela vai compreender que aquilo não faz mais sentido.Se o profissional consegue observar esse fenômeno e fazer com que essa família olhe para o que está acontecendo, pode ser que fique mais fácil. Depende muito da postura da equipe. Ela tem de acolher, validar o que está acontecendo e depois explicar: “A gente entende, é doloroso, mas será que se seu filho estivesse nessa situação, com os médicos explicando tudo isso, ele gostaria que fosse mantido todo esse tratamento sabendo que ele não vai trazê-lo de volta?” Geralmente, quando fazemos esse movimento de olhar o paciente como o professor do cuidado, a família consegue entender que o que ela está pedindo não faz muito sentido. Outra grande lição que a psiquiatra [Elisabeth Klüber-Ross] nos deixou é que precisamos olhar para nossas contratransferências, para que possamos ajudar o paciente e a família em sofrimento. A equipe deve fazer a suspensão do julgamento. Não pode julgar o que estou vendo e o sofrimento que estou presenciando. A contratransferência é o modo como o sofrimento do outro me afeta e como ele influencia diretamente no cuidado que vou dar. Se, de alguma forma, o paciente que está morrendo toca na minha história, o modo com que isso ocorre pode fazer com que me torne tão obstinado quanto a própria família. Preciso entender que o sofrimento não é meu, é do outro. E muitas equipes não conseguem fazer isso e não separam o que é empatia do que é compaixão. Empatia é olhar para o sofrimento do outro e compreendê-lo. Compaixão é não só compreender, mas sofrer junto. Quanto mais o profissional que cuida de pacientes nessa situação se compadece, menos consegue cuidar bem. Ele precisa compreender esse sofrimento, mas também que o sofrimento não é dele. Senão, nessas horas em que a família, em desespero, solicita intervenções fúteis e o profissional não consegue ter a clareza para ajuda-la. Augusto Diniz – Desde quando o Hospital das Clínicas faz esse trabalho e quantos profissionais tem a equipe? Entrei no Hospital das Clínicas em abril de 2016. Um ano antes, havia sido criada uma comissão para responder à portaria que classifica o hospital como Unacon, Unidade de Atenção Oncológica. Começamos, então, a buscar profissionais que tivessem interesse em compor uma equipe multidisciplinar. Hoje, temos duas comissões: uma consultora e outra assistencial. Ou seja, uma que pensa as ações e outra que presta assistência. [caption id="attachment_236064" align="alignleft" width="300"]


A eutanásia é uma técnica que tem a intensão de abreviar a vida. O médico paliativista nunca tem essa intensão. A intensão dele é aliviar o sofrimento, permitir que a pessoa forma de maneira natural, no tempo certo, sem adiantar ou adiar.

João Cássio


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