Por Irapuan Costa Junior

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Situação na Ucrânia causa preocupação aos alemães

A cidade enfrenta alguns problemas externos, como o dos refugiados do leste europeu, que fogem dos conflitos que ainda se sucedem na antiga União Soviética. O número de abrigos públicos municipais teve que ser aumentado, para acolher essa leva de infortunados, famílias inteiras às vezes, que chegam como pedintes, até que encontrem uma ocupação qualquer. E nota-se, no alemão comum, principalmente nos mais velhos, como de resto nos demais europeus, uma preocupação muito grande, e justificável, com a possibilidade de ampliação desses conflitos regionais. Quem já passou por duas guerras mundiais, sabe melhor que ninguém da mortandade, da devastação, da fome e de todo o sofrimento e injustiça que acompanham esses acontecimentos. Por isso mesmo, um assunto presente por aqui é a guerra e a possível divisão da Ucrânia. Mais presente mesmo que os atentados e decapitações do Exército Islâmico. Não à-toa, a chanceler Ângela Merkel se empenhou a fundo, levando a tiracolo o acanhado presidente francês François Hollande, em convencer o autoritário presidente Vladmir Putin a aceitar um cessar fogo e a busca de uma solução negociada para a rachadura na Ucrânia.

Marta Suplicy e os erros do PT que ajudou a cometer

Não vamos falar das manifestações do dia 15 de março. Elas falam por si mesmas. Só não ouve quem não quer, como o governo federal e o PT. O pior surdo é o que não quer ouvir.

Marta Suplicy e os erros do PT que ajudou a cometer

O humorista José Simão criou a expressão “revoltados a favor”, para carimbar aqueles que hoje criticam a situação, mas que foram no passado exemplares colaboradores da chegada do PT “et caterva” ao governo. Mais três “revoltados a favor” em evidência: Marta Suplicy, uma das mais fiéis petistas ao longo das décadas, colaboradora de Lula e Dilma em todas as horas, sempre calada quanto às roubalheiras dos “companheiros”, como se elas não existissem. Até ontem, foi ocupante de um ministério petista. Agora critica duramente os “erros do partido”, erros que ajudou a cometer. Nunca criticou a presidente, enquanto esteve pendurada em um ministério. Por que resolveu agora fazê-lo? Por um interesse pessoal não contemplado pela outra senhora, a presidente.

Celso Amorim desmoralizou o Itamaraty

Celso Amorim faz críticas ao Itamaraty, que ele tanto ajudou a desmoralizar por omissão, covardia ou mesmo ação. Deixava-se ultrapassar pelo tosco Marco Aurélio Garcia. Coincidentemente ou não, está sem cargo no mandato atual da governanta.

Perdeu posição e virou crítico de Dilma

Gilberto Carvalho é o terceiro “re­voltado a favor”. Está criticando a presidente, que ele acha estar dialogando pouco com os “movimentos sociais”. Gilbertinho, dizem, fala só o que Lula pensa, e não iria criticar a presidente se o chefão não gostasse. Mas há algo mais. Gilberto tem hoje um bom salário no Conselho do Sesi, que preside. Mas a presidente tirou seu status — logo, tirou sua pose — de ministro.

Ministro da Justiça quer “desarmar a burguesia”

O ministro da Justiça, o acaciano José Eduardo Cardozo, é um persistente adepto do desarmamento do cidadão comum, trabalhador e cumpridor das leis. Diz que é ação para reduzir a criminalidade. Ele, que entende as quatro operações, sabe que não é verdade, ou não teríamos chegado, nos dez anos de vigência do famigerado Estatuto do Desarmamento aos absurdos 56.000 assassinatos anuais. O que se quer mesmo é “desarmar a burguesia”. A menos que ele pense que quem trabalha duro dez horas por dia, enfrenta um trânsito caótico na ida para o trabalho e na sua vinda para casa, ainda consegue sair de madrugada, às escondidas, matar alguém que deve a um traficante, só por diversão, e voltar para casa. Uma sugestão para o ministro Cardozo: uma busca nos acampamentos do MST e na casa de João Pedro Stédile. Fala-se muito em armamentos escondidos por ali ou adjacências. E, afinal, são bandidos que invadem, destroem, incendeiam, e às vezes até matam. Impunemente.

O Estado Islâmico de Stédile

No Iraque, radicais islâmicos, destroem tesouros históricos. Apenas supostamente em nome da religião, pois nenhum credo religioso prega a destruição pura e simples, que não beneficia ninguém. No Brasil, a parte feminina do “Exército de Stédile”, uma espécie de Exército Islâmico nacional, um bando de desordeiras mascaradas, só que sem religião, invade um centro de pesquisas agronômicas em São Paulo, no dia 8 deste mês, e destrói mudas de plantas, resultado de anos de pesquisa na busca de produtividade. Apenas por diversão. Ninguém foi responsabilizado. João Pedro Stédile, nosso Boko Haram, sequer foi chamado para depor.

Vladimir Herzog da Venezuela

[caption id="attachment_31213" align="alignnone" width="620"]Foto: Juan Barreto/AFP Foto: Juan Barreto/AFP[/caption] O governo venezuelano, aquele competente das prateleiras desertas, nos brindou com duas notícias horríveis na semana passada: o opositor de Maduro e ativista de Direitos Hu­manos Rodolfo González morreu na prisão à moda de Vladimir Herzog. Prisão, aliás, onde já se encontram muitos opositores do governo. E Maduro agora independe do Legislativo, que aliás vinha sendo apenas um apêndice supurado do Executivo. O “companheiro bolivariano” vai governar por decreto. Com o apoio dos vizinhos, Brasil inclusive.

Maduro vai invadir os EUA?

Nicolas Maduro promoveu um exercício de “manobras militares” na Venezuela com 80.000 militares e 20.000 “milicianos bolivarianos”. Obama que se cuide: Maduro pode estar pensando em invadir os EUA. Se Hugo Chávez, transformado em passarinho piar em seu ouvido, então...

Reféns da ditadura de Cuba e o “Menos” Médicos

O Ministério Público do Trabalho é um acabado exemplo de um rebanho acovardado — com raríssimas exceções — perante governo federal e PT. Descobre trabalho escravo até na Companhia Vale do Rio Doce, mas é incapaz de adotar uma providência sequer para proteger os médicos cubanos da expropriação de seu salário por Havana e da truculência da polícia cubana que age livremente — pasmemo-nos todos — aqui dentro do país. Reportagem da “Folha de S. Paulo” do dia 17 deste mês, das jornalistas Cláudia Collucci e Camila Turtelli, feita em Agudos (SP), mostra a ação da vice-ministra da Saúde de Cuba, Estela Cristina Morales, usando a polícia política da ditadura cubana para obrigar aqueles profissionais a enviar de volta a Cuba os filhos menores que trouxeram para o Brasil. Por quê? Porque é preciso que eles fiquem lá em Cuba, como reféns da ditadura dos irmãos Castro, como garantia para que os médicos se comportem: não comentem as misérias do regime cubano, não falem mal dos ditadores, não reclamem dos salários que lhes estão sendo roubados, não tentem se asilar por aqui ou algures.

A prepotência da presidente Dilma Rousseff

No dia seguinte às passeatas, ministros falaram sandices. No dia subsequente foi a vez da presidente. Falou em humildade, quando sua linguagem corporal só dizia da prepotência. Falou em reforma política, que os manifestantes não pediram. Falou em medidas contra a corrupção, mas deu a entender que seriam medidas legislativas. Não precisamos de mais leis, precisamos apenas que não nos roubem metodicamente, como se faz agora. Precisamos que não aparelhem os tribunais superiores, porque enquanto o fizerem, petistas ficarão soltos, mesmo quando outros companheiros ocasionais forem presos, como no mensalão. A presidente falou das manifestações de sexta feira, 13 (CUT, UNE, MST), montadas com dinheiro público para respaldá-la e das de domingo, 15, para pedir sua saída e o fim da corrupção, como se fossem a mesma coisa. Não são. Falou de seu passado, afirmando que lutou contra a ditadura, em benefício da democracia. Não é verdade. Sabemos que o fez na tentativa de trazer para cá o regime cubano. E falou no direito de expressão, como se para ela fosse um valor a ser preservado. Não é. Sabemos do esforço que fazem seu governo e seu partido para arrolhar a imprensa e apoiar ditaduras, como a de Cuba e agora, da Venezuela, onde ninguém pode questionar o governo, sob pena de cadeia ou coisa pior.

Sucessora no Sarah Kubitschek rejeitou proposta milionária do Qatar

[caption id="attachment_27466" align="aligncenter" width="620"]Lúcia Willadino Braga: disposição para servir o paciente com qualidade e eficiência  Lúcia Willadino Braga: disposição para servir o paciente com qualidade e eficiência[/caption] Aloysio Campos da Paz deixa uma herdeira profissional: a coautora de seu livro “Método Sarah de Rea­bi­­litação Baseada na Família”, a neuropsicóloga, música (e hoje presidente do Sarah), Lúcia Willadino Braga. Ela, que entrou na existência do hospital (melhor dizer dos hospitais Sarah Kubitschek) despretensiosamente, imbuiu-se, com o passar dos anos, do espírito de dedicação, sacerdócio, inovação e profissionalismo de Aloysio Campos da Paz. Acabou, naturalmente, por simples gravidade, tornando-se sua substituta e sucessora. A revista “Veja” de 23 de maio do ano passado traz uma reportagem sobre a cientista. Entre outros fatos, reporta que ela teve oferta milionária do Qatar para se mudar para o emirado e lá trabalhar. Possivelmente ganharia dez vezes o que percebe no Sarah. Não quis trocar o prazer e a devoção profissionais pela fortuna, tal como fizera Aloysio no início de sua carreira. Rendemos nossas homenagens a ela. O Sarah é hoje mais difundido pelo tratamento perfeito que deu a famosos, como o músico Herbert Viana, o escritor Jorge Amado, ou o humorista Millôr Fernandes. Minis­tros, senadores, deputados e autoridades várias experimentaram seu tratamento e falam maravilhas. Mas para Aloysio eles não fo­ram di­ferentes dos outros milhares de a­nô­nimos que provaram os mes­mos cui­dados, pelos mesmos profissionais, com o mesmo respeito e com o mesmo carinho. Quan­do morre e dei­xa uma lição clara, que cabe aos que ficam aprender e praticar, Aloy­sio Campos da Paz cumpriu sua missão na Terra, exemplarmente. Espe­ra­mos que seu comportamento sirva, e­fetivamente, de lição e que o percebam os que têm responsabilidade na saúde pública. Podemos, sim, ter uma saúde de primeiro mundo, desde que exista dedicação, honestidade e vergonha na cara. Essa, a lição que Aloysio mostrou de sobra.

Criador do Sarah Kubitschek colocou medicina e paciente acima de questiúnculas político-corporativistas

Criador do Sarah Kubitschek colocou medicina e paciente acima de questiúnculas político-corporativistas

Estatuto do Desarmamento desagradou médico que criou excelência em ortopedia

Aloysio Campos da Paz era um apaixonado colecionador de armas, e um atirador ocasional. Aborreceu-se muito com a edição do Estatuto do Desar­mamento, que colocava as armas das pessoas de bem, como ele, na mira de um controle absurdo, de uma burocracia insuportável, que os criminosos nunca experimentaram. Evitava polemizar sobre o assunto pois tinha amizades em todos os partidos e facções, inclusive as mais radicais de esquerda, para os quais o tal estatuto é um instrumento da luta de classes, e que consegue, a despeito da vontade popular, “desarmar a burguesia”.

Dilma Rousseff ficou indignada com morte na Indonésia mas não lamenta mortes no Brasil

[caption id="attachment_26957" align="alignright" width="300"]Marco Archer: o traficante morreu na Indonésia | Foto: Reuters Marco Archer: o traficante morreu na Indonésia | Foto: Reuters[/caption] Estaria, como diz a piada recente, tão perdida a presidente Dilma Rousseff no governo quanto fica o ex-presidente Lula em uma biblioteca? Tão ou mais perdida, ao que parece. As opções erradas parecem ser o norte preferencial de Dilma Rousseff. Dois exemplos da semana passada vieram demonstrar esse teorema. Em primeiro lugar, a presidente anunciou a suspensão de uma viagem a Davos, na Suíça, onde se realiza o Fórum Econômico Mundial. Trocou-a por uma ida a La Paz, para assistir à posse do camarada Evo Morales em mais um dos seus muitos mandatos desempenhados ou a desempenhar pelos tempos afora, ninguém sabe até quando. Em Davos, a presidente teria a oportunidade de tranquilizar investidores e atrair capitais para a combalida economia brasileira. Bastaria exibir Joaquim Levy como garantia, e afirmar que contratos não seriam quebrados nem o governo faria travessuras econômicas nesse seu segundo mandato. Foi o que seu criador, Lula da Silva, fez com sucesso. Mas não. A presidente considerou que seria “grosseria” não comparecer à posse de Evo. Que por sinal não foi nem um pouco refinado quando invadiu à força as instalações bolivianas da Petrobrás, delas tomou posse, e, ao que se sabe, por elas nada pagou. Como também não deixou Evo Morales de ser grosseiro ao incentivar o plantio de coca em nossas fronteiras e fazer vista grossa ao contrabando de drogas para o Brasil. Outra atitude presidencial com que, em um raciocínio linear, fica difícil concordar, diz respeito à execução, na Indonésia, do traficante brasileiro Marco Archer Cardoso, no último 17 de janeiro. A pena capital, a única que impede qualquer tipo de reparação nos casos de erro judiciário, e que ofende a fundo a nossa mentalidade cristã, não é, felizmente, aplicada (ao menos institucionalmente) no Brasil. Mas o é na Indonésia e em vários outros países. Quem, como Archer, resolve arrostá-la, e é preso, é um meio suicida. Com um agravante: segundo alguns jornais, Archer havia por várias vezes feito o tráfico de cocaína para Bali, antes de ser preso, em 2003. Então, não era só um meio suicida; era um praticante compulsivo de roleta russa. As probabilidades jogavam, pela mão dele mesmo, contra sua vida. Além disso, todo seu processo, pelo que se sabe, seguiu os trâmites legais da Indonésia. Não houve cerceamento de defesa, e todas as instâncias judiciárias foram percorridas, até chegar ao amargo final. Amargo, mas absolutamente legal. Archer cometeu um crime político, um crime de opinião? Não, evidentemente. Seu crime foi comum, e é muito grave em qualquer país (talvez menos, infelizmente, no Brasil). Gera consequências, criando dependentes, o que por sua vez gera outros crimes, de morte inclusive, como muito bem sabemos por aqui. Concordamos com todos os esforços feitos por Lula, Dilma e o Itamaraty para salvar o brasileiro do pelotão de fuzilamento, e enviá-lo talvez à prisão perpétua. Era um dever, até porque não adotamos a pena de morte, e ela nos repugna. Mas fez-se o possível. Talvez até um pouco mais que isso, com o telefonema, que já se sabia inútil e desgastante, de Dilma para o presidente indonésio Joko Widodo. Mas a “indignação” expressada por Dilma no fato consumado está um tanto fora do lugar. Não cabe a ela revisar uma sentença da justiça da Indonésia, ainda mais contra um crime suficientemente provado e confesso. Nem convocar o embaixador brasileiro na Indonésia, uma retaliação desnecessária, saída da cabeça tosca de Marco Aurélio Garcia, ao que parece. E o que é pior, muito pior: Dilma não se mostrou jamais indignada com as mortes que têm como origem no Brasil o tráfico de drogas. São traficantes matando traficantes; ou traficantes matando usuários ou ainda traficantes matando policiais e vice versa; são usuários drogados matando em assaltos trabalhadores incapazes de se defender porque o governo da presidente os desarmou. A presidente encontraria todo ano, se quisesse, mais de 50 mil razões para “ficar indignada”. Bastaria olhar para os que são executados aqui no Brasil, em grande parte por colegas de Archer no pior comércio que o diabo já soube inventar. Mas até hoje não vimos a presidente acometida, por isso, de indignação. Nem mesmo de tristeza.