Por Euler de França Belém

Cristina Frias diz que Luis Frias recebeu 2,27 bilhões de dólares pela abertura do capital da PagSeguros mas nada repassou para a Folha
A guerra familiar e empresarial envolvendo os irmãos Maria Cristina Frias, jornalista especializada em economia, e o executivo Luis Frias, presidente do grupo que controla a “Folha de S. Paulo”, o UOL e a PagSeguro, estava circunscrita a sites na internet, como o gabaritado Consultor Jurídico (Conjur). Mas finalmente chegou às páginas do jornal “Valor Econômico”, que, criado por Otavio Frias Filho, Luis Frias e Roberto Irineu Marinho, agora pertence somente ao Grupo Globo.
[caption id="attachment_247520" align="aligncenter" width="620"] Luis Frias e Maria Cristina Frias: guerra pelo controle do poder e do dinheiro da herança deixada por Octavio Frias de Oliveira | Foto: Reprodução[/caption]
A crise entre os irmãos não é recente, mas agravou-se e se tornou pública com a morte de Otavio Frias Filho, em agosto de 2018. Otavinho Frias era um fator de moderação e contenção. Entretanto, com seu falecimento, sua viúva, Fernanda Diamant, alinhou-se a Luis Frias — juntos controlam mais de 60% do Grupo Folha da Manhã. Aí a guerra chegou aos tribunais.
Otavinho Frias Filho era o diretor de redação da “Folha de S. Paulo”. Quando morreu, Maria Cristina Frias assumiu o cargo. Mas Luis Frias e Fernanda Diamant a destituíram, em março de 2019, e indicaram Sérgio Dávila, que era editor-executivo, para dirigir o jornal de maior circulação do país. A crise aprofundou-se.
Maria Cristina Frias acusa Luis Frias, o executivo da família, de “receber uma transferência de ações do UOL supostamente de forma ilegal e com uso de informações privilegiadas. A operação teria sido feita às vésperas da abertura de capital da PagSeguro, empresa de meios de pagamento controlada pelo grupo”, informa o “Valor”.
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Maria Cristina Frias foi destituída da direção de redação da Folha de S. Paulo pelo irmão Luis Frias e pela viúva de Otavinho Frias | Foto: Reprodução[/caption]
A Justiça de São Paulo recebeu a ação de Maria Cristina Frias no dia 31 de março deste ano. Maria Cristina Frias cobra “o pagamento de uma indenização à ‘Folha de S. Paulo’, que teria sido prejudicada pela operação de [Luis] Frias”.
A acusação postula que “a transferência de papéis” foi “feita no fim de 2017, pouco antes da oferta inicial de ações (IPO) bilionária da PagSeguro (arrecadou 2,27 bilhões de dólares; o UOL ficou com 1,2 bilhão de dólares e passou uma parte à FolhaPar. A “Folha de S. Paulo” nada teria recebido), realizada no fim de janeiro de 2018”. Pela operação, “Luis Frias recebeu 1.538.462 ações do UOL — equivalentes a 1,29% do capital da empresa”. A holding que controla que controla o UOL, FolhaPar, fez o repasse dos papeis ao empresário. Já o UOL é o controlador da PagSeguro (hoje, a galinha de ovos de ouro do grupo).
Luis Frias sustenta que emprestou à FolhaPar 30 milhões de reais, de suas finanças pessoais, para recompra das ações (o UOL estava fechando “seu capital na Bolsa de São Paulo”). Depois, em troca do empréstimo, recebeu as ações do UOL.
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Luis Frias é o mandachuva na Folha de S. Paulo, no UOL e na PagSeguros | Foto: Reprodução[/caption]
Maria Cristina Frias, na ação que move contra o irmão, sublinha que o preço dos papéis estava “muito abaixo do real”. Ela frisa que “a decisão de quitar o empréstimo em 2017, seis anos depois, “não lhe poderia ser mais conveniente’, considerando a proximidade do IPO”.
A filha de Octavio Frias de Oliveira, o decano que morreu em 2007, sustenta, sumariza o “Valor”, que “a administração da FolhaPar detinha ‘informações privilegiadas, relacionadas às condições da abertura de capital da PagSeguro, tendo delas irregularmente se utilizado’. Ou seja, aponta que seu irmão autorizou a transferência das ações a um preço baixo, sabendo que valeriam muito mais”. Maria Cristina Frias avalia que Luis Frias prejudicou “os demais acionistas da FolhaPar, principalmente a Folha da Manhã” — empresa que publica a “Folha de S. Paulo”.
O “Valor” anota que a Folha da Manhã “não tem qualquer poder de voto na holding que controla o UOL e a PagSeguro, mas possui participação de 33,2% no capital do grupo. Quem toma as decisões na FolhaPar é Luis Frias, que possui 99,9% das ações ordinárias (com direito a voto) e uma fatia de 66,3% no capital total”.
Diretora da FolhaPar, Judith Brito, porque autorizou a operação, também foi denunciada por Maria Cristina Frias.
O advogado de Luis Frias e Fernanda Diamant, ré na mesma ação, diz que não há nada de errado na operação, que teria obedecido a lei, com contrato firmado. “A ação será defendida em juízo, com total transparência”, garante. Luis Frias e Judith Brito não quiseram falar com o “Valor”. O advogado de Maria Cristina Frias, André Marques Francisco, decidiu não comentar.
Resta saber se, no domingo, 12, a ombudsman da “Folha de S. Paulo” terá espaço e independência para discutir a questão — contemplando as versões de Maria Cristina Frias e de Luis Frias.
Os Irmãos Karamafrias
O escritor e jornalista Otto Lara Resende, ao perceber que os irmãos Bloch, da revista “Manchete”, brigavam com frequência decidiu rebatizá-los de “os Irmãos Karamabloch”. O diretor de redação da “CartaCapital”, Mino Carta, arqui-inimigo de Otavinho Frias, não disse, mas, se disser, não deverá surpreender ninguém: os irmãos Frias, daqui pra frente, deverão ser chamados de “os Irmãos Karamafrias”.

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A sobriedade reina no manejo das emoções — de modo que o medo e as agruras são expressos sem serem aprisionados em fórmulas reducionistas
Ricardo Silva
Especial para o Jornal Opção
Nunca falei com Ana, mas nessas paragens virtuais é muito fácil criar um simulacro de intimidade. Por isso acredito que não seja tão inoportuno usar a palavra “conheci” ao me referir à jovem poeta paranaense, já que ocorreu no espaço das redes sociais o primeiro contato entre nós. Na milimétrica restrição dos poucos caracteres, Ana tinha o traquejo certo de aliar concisão com boa pontaria. Sempre publicava algo certeiro.
Leitor com certa caminhada, percebi ali o germe de uma criação maior. Não me enganei. Não demorou muito tempo para que eu lesse eventuais poemas surgindo aqui e acolá, então os primeiros livros — “Relógio de Pulso” (2011) e “Não Conheço Ninguém Que Não Seja Artista” (2015) —, e as aparições em antologias. Mas não nunca falei com Ana. Me fiz apenas de crítico exercendo o papel de observador à distância de um talento patente, que valia a pena acompanhar a evolução. “Preocupações”, terceiro título da poeta e publicado pela editora Macondo em 2019, é a confirmação plena dessa ascensão.
Ao leitor que espera floreios, belezas lisas, muitas cores e poemas edificantes, não encontrará cá neste trabalho de Guadalupe quaisquer desses elementos. O que impera nos poemas é a generosa resignação consciente de sua própria condição.
Existe um certo ambiente fixo de melancolia e tristeza que costura a trama dos versos e alinha os poemas numa exposição límpida dessa condição solitária do existir: a eterna transitoriedade do nomadismo urbano, os amores que não acontecem, os que acontecem mas não criam raízes, o contato que precisa ser cortado, o funeral de si onde quase ninguém vai, o primeiro encontro onde o papel do beijo foi exercido pela terceira pessoa da trindade, os afastamentos e aproximações, as oscilações da felicidade, que se torna refém da ansiedade do espaço vazio e das caixas de mudança que nunca são desfeitas.
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Ana Guadalupe, poeta paranaense: no seu mais recente livro, “Preocupações”, demonstra sua profunda capacidade da observação poética da vida | Foto: Facebook[/caption]
A constante mudança de tudo, talvez seja essa uma das linhas responsáveis pelo emaranhado coeso da poesia de Guadalupe. A poeta não se ocupa com o excesso, os versos têm suas próprias formas de filtrar apenas o essencial e nos expor somente o necessário. É a sobriedade que norteia o quadro inteiro de “Preocupações”.
O título da obra também cumpre o papel de revelação quando nos debruçamos a analisar o livro. São diversas as preocupações da poeta: expor o que sente (“minha dor eu preciso/apresentar ao público/antes que desapareça”); com o dinheiro curto (“por quanto tempo/ terei dinheiro para viver nesta cidade/ antes que pese demais o medo/ e o medo me roube a energia?”); com a insuficiência das palavras (“a palavra não basta/ a palavra não dá nada em troca/ por isso vivemos preocupados”).
A preocupação dá o tom, mas nunca explícito, porque sutil. A sutileza estrutura-se como um caminho oportuno de seguir na tentativa de encontrar algumas chaves de leitura do livro, mas lhe alcançar é uma luta vã: a efemeridade na abordagem de Ana Guadalupe se apresenta em poemas cuja porosidade não é de simples captura. Nisso também repousa a beleza de “Preocupações”.
Se existe um resignado pessimismo (“às vezes dá na mesma/ viver antes ou agora”), o humor silencioso, sem a necessidade de sinalização (“que alegria/ bater os dentes/ no seu carinho que cresce”), também encontra no livro sua guarida.
Até mesmo um involuntário diálogo com nossos tempos de pandemia ecoa no ingenuamente profético “não haverá passeio” (“hoje não me convidaram para nenhum passeio/ nem amanhã/ nem amanhã”).
Na poética de Guadalupe a sobriedade reina ao conseguir manejar as emoções de forma que o medo — da vida, dos amores, do quarto escuro, da proximidade da infelicidade —, a paranoia, o desgaste da vida social, e as agruras dos gritos introspectivos possam ser expressos sem que sejam esgotados ou aprisionados em fórmulas reducionistas.
Termina-se “Preocupações” sem muitas esperanças para dias de luzes e sem saber “o que vai enfim destruir a dureza”, mas há uma certeza: Ana Guadalupe se sedimenta como uma das mais interessantes vozes da nova poesia brasileira.

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