Por Euler de França Belém
É provável que, se entrevistar Philip Roth, um jornalista goiano faça a seguinte pergunta: “Qual a sua opinião sobre Bernardo Élis, José J. Veiga e Eli Brasiliense?” O escritor americano certamente não saberá responder. Rogério Borges, do “Pop”, entrevistou o pianista Arnaldo Cohen (foto), que atua no Brasil e no exterior, e não hesitou em fazer uma pergunta provinciana. O repórter quis saber se ele conhecia os trabalhos de musicistas goianas. Polidamente, já que estava em Goiânia, Cohen disse: “Como eles [artistas] são muitos, eu teria receio de citar alguns, pois estaria cometendo uma injustiça ao omitir outros, igualmente importantes”. Se fosse no Facebook, ou noutra rede social, o editor poderia ter acrescentado: “Rs.”
O Brasil é um país que impressiona pelo desleixo e desfaçatez com que trata seus grandes escritores. Carlos Drummond de Andrade, seu maior poeta, deveria ter pelo menos umas dez biografias, para que uma fosse incorporando as pesquisas e interpretações das outras, o que permitiria uma compreensão mais adequada tanto de sua vida quanto de sua obra (mais bem analisada, o que é positivo, do que sua vida). “Os Sapatos de Orfeu — A Biografia de Drummond” (Biblioteca Azul, 338 páginas), de José Maria Cançado, não é ruim. Pelo contrário, é, até certo, um trabalho exaustivo, pioneiro, pois não contou com trabalhos anteriores de envergadura, ou mesmo de envergadura. O que se pode desta pesquisa, sem desmerecê-la — e o próximo biógrafo não pode desconsiderá-la —, é que é lacunar. No sábado, 27, “O Estado de S. Paulo” publicou a notícia de que o jornalista Humberto Werneck, que entende como poucos as coisas de Minas Gerais, iniciou uma pesquisa para escrever uma biografia alentada de Drummond, encomendada pela Companhia das Letras. O biógrafo e a editora são referências de qualidade. A biografia de Drummond será lançada em 2017. “Drummond é meu poeta. Ele fala por mim as coisas que não dou conta de falar. Quero juntar os cacos e ver que xícara dá”, disse Werneck ao “Estadão”. O “Estadão” informa que Werneck pretende Manuel Graña Etcheverry, de 98 anos, que foi casado com Maria Julieta Drummond de Andrade, única filha do poeta. O poeta Graña Etcheverry traduziu poemas do bardo mineiro para o espanhol.
A jornalista Laila Navarrete, de 79 anos, morreu na sexta-feira, 27, no Hospital Anis Rassi, em Goiânia. Uma das mais importantes colunistas sociais da história do jornalismo de Goiás, Laila havia sido submetida a uma cirurgia, no Hospital dos Acidentados, para colocar uma prótese num joelho. A operação havia sido bem-sucedida. Pelo menos até sexta, a família não tinha informação precisa sobre a causa da morte. Laila trabalhou em vários jornais, como “Cinco de Março”, “Diário da Manhã”, “O Popular”, Jornal Opção, “Correio do Planalto” e “O Anápolis”. Ela tinha um conhecimento profundo da sociedade goiana — a dos ricos e da classe média — e escrevia muito bem e era uma profissional, acima de tudo, ética, íntegra. Pode-se dizer que era uma espécie de rainha do colunismo social de Goiás. Além do colunismo social, que exercia com raro prazer — era dedicadíssima —, Laila era poeta. Sua poesia era precisa e, ao mesmo tempo, delicada, amorosa e perspicaz.

O primeiro filho do jornalista e poeta Carlos Willian Leite e da publicitária Tainá Corrêa (filha do brilhante publicitário Ailso Braz Corrêa e da psicóloga Walquíria) nasceu na sexta-feira, 27, na Maternidade Ela, em Goiânia. Céu é seu belo e criativo nome.
Carlos Willian Leite é editor de Cultura do Jornal Opção e, junto com Tainá Corrêa, é o editor da “Revista Bula”, uma das publicações culturais mais bem-sucedidas do país.
Impossível discordar de uma lista que põe “O Poderoso Chefão” como principal destaque e cita “Cidadão Kane”. Mas como aceitar “Apertem os cintos... O piloto sumiu” como um grande filme?
Anote: o advogado José Eliton (PP) será o vice do governador Marconi Perillo para a disputa de 5 de outubro deste ano. Está definido. A batalha de Magda Mofatto e Jovair Arantes não é tanto para lançar a republicana para vice do tucano-chefe. Os líderes do PR e do PTB querem o PP coligado na chapa para deputado estadual. O PP não quer, avaliando que, se o fizer, não vai eleger nenhum parlamentar. Quanto a José Eliton, não resta dúvida: será o vice. Está definido, pois é uma escolha do governador Marconi. O resto é especulação.

O presidente nacional do PHS, Eduardo Machado, trabalhou, árdua e habilidosamente, para formar aquela que ficou conhecida como Chapinha: a união de alguns partidos para fazer uma chapa consistente para deputado federal. Houve um momento em que se pensava que a Chapinha não iria sair das ideias e do papel. Mas na quarta-feira, 25, ela se tornou realidade — unindo PHS, PMN, PTC e PEN.
O PHS vai lançar 29 nomes — entre eles Eduardo Machado e Edivaldo da Cosmed. O PEN banca 10 nomes, como Alfredo Bambu. O PMN terá um candidato — Walter Paulo. O PTC colocará 10 políticos na disputa.
Eduardo Machado diz que, se cada candidato (são 50 candidatos ao todo) obtiver 3 mil votos, a Chapinha elegerá um deputado federal. Porém, se cada candidato conquistar 6 mil votos, o grupo poderá eleger dois deputados federais. O líder do PHS afirma que alguns dos candidatos deverão ter votação superior a 30 mil votos. “Logo, teremos pelo menos dois deputados federais. É a nossa aposta.”
Pré-candidato a deputado federal, o médico Antônio Faleiros (PSDB) está trabalhando em 100 municípios. Em alguns, o tucano tem o apoio de prefeitos. Noutros, tem o apoio de ex-prefeitos. E há também aqueles em que têm o apoio de vários vereadores. Em várias cidades prefeitos, vice-prefeitos e vereadores vão subir no seu palanque. O ex-secretário da Saúde do governo de Goiás tem conseguido apoio de militantes e líderes de vários partidos da base. Faleiros tem amplo de segmentos religiosos e militares. E é, claro, fortíssimo no setor de saúde.
A Editora Abril, que publica a “Veja” e a “Exame”, extinguiu mais uma revista. Agora foi a vez da “Info Dicas”, que estava na 126ª edição. A redação da revista informou ao site Comunique-se que os profissionais não serão demitidos. Devem ser remanejados. Maria Isabel Moreira, editora-chefe, irá para a “Info” — assim como a repórter Adeline Daniele. A Editora Abril extinguiu recentemente as revistas “Alfa”, “Gloss”, “Bravo” e “Lola”.
Iúri Rincon Godinho
Las Vegas é o paraíso dos antiquários nos Estados Unidos. Mas não qualquer um. A deliciosa e decadente região central da cidade abriga lojas com raridades ligadas à cultura pop, tipo bonecos do Elvis, revistas antigas, fichas de cassinos e caixinhas de fósforo. Uma delícia para encher a casa de coisas que a gente nunca vai precisar mas que são bacanas mesmo assim. Os antiquários nos Estados Unidos também emprestam dinheiro a juros, uma agiotagem consentida e bastante usada, vendem ouro e joias.
De todas essas lojas, chamadas de pawn shops, a mais famosa fica no início da Sunset Boulevard — praticamente a única rua de Vegas, onde está maioria dos cassinos —, dirigida por Rick Harrison. Seria apenas um antiquário descolado se não virasse seriado no excelente The History Channel, no Brasil com o nome de Trato Feito. A fórmula é simples: pessoas que compram as mais malucas quinquilharias, como um mapa do exército norte-americano da Segunda Guerra e anéis dos jogadores da liga de futebol dos EUA.
Este livro conta história da loja, a primeira a funcionar 24 horas na cidade, e, embora não seja dito, muito provavelmente para salvar com empréstimos na madrugada os viciados em jogo. O pai de Rick, chamado de Velho (sem sentido pejorativo) ou Old Man, serviu a Marinha na Segunda Guerra e abriu sem pretensão o negócio que o filho depois expandiria. Rick é um cara que a leitura e o conhecimento salvaram. Nunca gostou de estudar, mas ama ler. Adquiriu informações vastas, de tudo um pouco, que utiliza no negócio. Ao contrário de seu filho, que também trabalha no local e acabará herdando tudo.
No programa Trato Feito, a grande sensação não é da família Harrison, mas um funcionário gordo, pancada, apelidado Chum Lee. É o saco de pancada da turma, o cara que sabe que beira a imbecilidade e convive bem com isso, o que fica até mais tarde e o mais carismático. Ele pouco aparece no livro, tratado por Rick como uma obra sobre sua família e a pawn shop.
Agora os Harrison têm um show em Las Vegas e quase nunca aparecem na loja, que ficou fácil de ser achada pelas longas filas na porta. Quando vão gravar o Trato Feito, que é bem ensaiado antes e não tão natural quando aparenta, fecham as portas. Nas duas últimas vezes que fui a Vegas passei diariamente no local, o que dá aí umas 10 visitas. A única pessoa da família que vi foi o próprio Rick, que estava na porta. No que estacionei o carro ele já desaparecera.
Agora aqui em casa tem caneco do Trato Feito, camisa do Chum Lee e outras tranqueiras, mas o que eu queria mesmo, o autógrafo do Rick no livro, ainda terei de voltar lá pra conseguir.
Iúri Rincon Godinho é jornalista e publisher da Contato Comunicação.
Serviço:
Livro: “License to Pawn — Deals, Steals, and My Life at the Gold & Silver”
Autor: Rick Harrison
Editora: HYPERION
Páginas: 272
Osmar Santos tem o sobrenome do clube que consagrou o maior jogador brasileiro — Pelé. Osmar Santos, nome e sobrenome se exigem, talvez tenha sido o Pelé da narração esportiva, como quer o ex-jogador Branco. Na Copa do Mundo de 1986, ele foi o principal narrador da TV Globo — com Galvão Bueno como segundo narrador. Uma pena que um grave acidente, ocorrido em dezembro de 1994, tenha prejudicado sua fala e encerrado sua carreira. Recentemente o apresentador de televisão Datena e Branco se encontraram com Osmar Santos, que, mesmo com dificuldade, narrou um gol de Neymar. Uma cena emocionante. Alguns dos bordões e expressões criados por Osmar Santos: + "Parou por quê, por que parou?". + “Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha” + “Um pra lá, dois pra cá, é fogo no boné do guarda" + "Sai daí que o Jacaré te abraça, garotinho" + "Rosemiro, o namoradinho da Rachel Welch", + "No carocinho do abacate" + "Ai garotinho", "vai garotinho porque o placar não é seu" + “Ele estava curtindo amor em terra estranha" (citando impedimento) + "Tiro-lirolá Tiro-lirolí" (narrando um gol) + "E que GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL". + "Animal" (que grudou no ex-jogador Edmundo)
O prefeito de Morrinhos, Rogério Troncoso (PTB), reuniu líderes de vários partidos e, juntos, bateram o martelo: vão apoiar um candidato do município para deputado estadual. Será o vereador Paulinho do Helenês, do PDT. O vice-prefeito Tércio Menezes, do PPS, e o vereador Aluzair Rosa, do PP, que eram pré-candidatos, refluíram e decidiram apoiar Paulinho do Helenês. Atendem ao pleito do prefeito Rogério Troncoso. DEM, PTB, PPS, PSB e PDT se uniram para bancar o vereador pedetista para deputado estadual. No momento, Paulinho do Helenês é o único nome de Morrinhos definido para deputado estadual. O empresário Joaquim Guilherme, do PR, estaria prestes a jogar a toalha. Comenta-se que poderia apoiar Tiago Mendonça, do PMDB, mas o produtor rural seria parente, ainda que distante, de Paulinho do Helenês e, por isso, deve apoiá-lo. Guilherme estaria isolado. O apoio a Paulinho do Helenês faz parte da estratégia para a reeleição de Rogério Troncoso em 2016. O vereador e seu pai, Helenês Cândido, se comprometerem a apoiar o prefeito na próxima eleição. Além disso, Paulinho e Helenês vão apoiar Célio Silveira, do PSDB, para deputado federal.
A chapa da base governista está definida: o governador Marconi Perillo (PSDB) disputa a reeleição, o vice-governador José Eliton permanece como vice e o deputado federal Vilmar Rocha será candidato a senador. Ponto final? Se depender do tucano-chefe sim. Porém na terça-feira, 24, um deputado disse ao Jornal Opção que a chapa poderá ser remontada e até ser motivo de disputa na convenção de sábado, 28. PR e PTB decidiram reivindicar a vice. O parlamentar sugere que Magda Mofatto, do PR, seria uma vice de peso. “Seria um fato novo. Mulher, empresária bem-sucedida, política experimentada. Trata-se, pois, de um nome consistente”, frisa. O fato de o PP se recusar a participar da chapa proporcional para deputado estadual com PSDB, PSD, PRT e PR desagrada setores da base.
A repórter Dione Kuhn, do “Zero Hora”, publicou longa e importante entrevista do arquiteto João Otávio Brizola, único filho vivo de Leonel Brizola, na edição de sábado, 21. Discreto, foi a primeira vez que concedeu uma entrevista, segundo o jornal gaúcho. Ele admite que seu pai recebeu dinheiro de Fidel Castro, ditador de Cuba. “Até porque não havia outro para dar.” João Otávio diz que “Cuba era o país que estava deixando o mundo nervoso. Meu pai se agarrou no primeiro cipó. Durante os primeiros quatro meses, estava tudo tranquilo. (...) Tinha um grupo muito forte lá [no Uruguai], de umas 300 pessoas. Darcy Ribeiro e Waldir Pires foram a Cuba fazer essa gestão (de buscar o dinheiro para a organização da guerrilha). Quando eles voltaram, lembro que era tudo em moedas de 50 pesos mexicanos. Eram umas moedas de ouro. (...) Ele [Brizola] montou em uma chácara perto de Montevidéu um centro de treinamento de guerrilha”. Quanto exatamente o político que governou o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro recebeu dos comunistas cubanos? “Dizem que foi 1 milhão de dólares”, afirma João Otávio. “Lembro de um baú de madeira enorme com moedas de ouro. Ele se trancava nos quartos e, certa vez, eu entrei e viu um monte de moedas. E não era pouco.” Na chácara, João Otávio diz que “tinha armas. (...) Várias vezes chegavam cargas de armas lá”.
O corpo do antropólogo e suboficial da Marinha Antônio Duarte dos Santos será enterrado no Cemitério Parque Memorial de Goiânia (rodovia GO-020, KM 8, depois do Autódromo Internacional de Goiânia) na terça-feira, 24, às 11 horas. Antônio Duarte morreu no sábado, 21, aos 74 anos, no Rio de Janeiro, ao se submeter a uma cirurgia, no Hospital Marcílio Dias. Ele teve uma parada cardíaca. Há alguns meses, ele sofreu um infarto em Portugal, onde passou por uma primeira cirurgia. Dias antes de fazer a cirurgia, de seu leito no hospital, Antônio Duarte me disse que estava reunindo material para dois livros. Um já estava engatilhado. Era sobre o uso “imperialista” ou “neocolonialista” da geopolítica. A Marinha responsabilizou-se por trazer o corpo de Antônio Duarte para Goiânia, onde mora seu irmão José Duarte. Marinheiros, Antônio Duarte e José Duarte participaram do combate à ditadura civil-militar e foram exilados. Estiveram na Cuba de Fidel Castro e no Chile de Salvador Allende. Depois, Antônio Duarte foi para a Suécia. No seu excelente livro “Almirante Aragão – Fragmentos de Uma Vida” (Consequência, 234 páginas), há uma pequena biografia de Antônio Duarte: “Nasceu no Rio Grande do Norte em 1940. Ingressou na Escola Industrial de Natal (1952-1956) e na Escola de Aprendizes Marinheiros (1958). Participou do Movimento dos Marinheiros (1962-1964). Após o golpe militar contra o governo de João Goulart, foi condenado à pena de 12 anos de prisão. “Foi militante da resistência armada contra a ditadura. Depois, refugiou-se, primeiro em Cuba, também no chile, e depois na Suécia, onde se graduou em Antropologia na Universidade de Estocolmo. “Na volta do exílio, foi professor de Sociologia na Universidade Católica de Goiás e lecionou Antropologia na Universidade de Taubaté (SP). “Já publicou ‘Trabalhismo e Social Democracia’ pela Editora Global e ‘1964: A Luta dos Marinheiros’ pela Editora Diorama.” Em seguida, passou a morar no Rio de Janeiro. Antônio Duarte era um intelectual pluralista, mas posicionado. Quer dizer, permanecia de esquerda, mas crítico incisivo dos governos do PT. Em 2005, Antônio Duarte concedeu um longo depoimento ao Jornal Opção no qual apresenta informações interessantes sobre o Cabo Anselmo que, tendo se aliado ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, é considerado o principal traidor das esquerdas. Parte do depoimento pode ser lida no link: https://jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/o-marinheiro-sueco-que-politizou-o-cabo-anselmo-4906/