Corpo do marinheiro e opositor da ditadura Antônio Duarte será enterrado em Goiânia na terça-feira

23 junho 2014 às 20h40
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O corpo do antropólogo e suboficial da Marinha Antônio Duarte dos Santos será enterrado no Cemitério Parque Memorial de Goiânia (rodovia GO-020, KM 8, depois do Autódromo Internacional de Goiânia) na terça-feira, 24, às 11 horas. Antônio Duarte morreu no sábado, 21, aos 74 anos, no Rio de Janeiro, ao se submeter a uma cirurgia, no Hospital Marcílio Dias. Ele teve uma parada cardíaca. Há alguns meses, ele sofreu um infarto em Portugal, onde passou por uma primeira cirurgia. Dias antes de fazer a cirurgia, de seu leito no hospital, Antônio Duarte me disse que estava reunindo material para dois livros. Um já estava engatilhado. Era sobre o uso “imperialista” ou “neocolonialista” da geopolítica.
A Marinha responsabilizou-se por trazer o corpo de Antônio Duarte para Goiânia, onde mora seu irmão José Duarte.
Marinheiros, Antônio Duarte e José Duarte participaram do combate à ditadura civil-militar e foram exilados. Estiveram na Cuba de Fidel Castro e no Chile de Salvador Allende. Depois, Antônio Duarte foi para a Suécia.
No seu excelente livro “Almirante Aragão – Fragmentos de Uma Vida” (Consequência, 234 páginas), há uma pequena biografia de Antônio Duarte: “Nasceu no Rio Grande do Norte em 1940. Ingressou na Escola Industrial de Natal (1952-1956) e na Escola de Aprendizes Marinheiros (1958). Participou do Movimento dos Marinheiros (1962-1964). Após o golpe militar contra o governo de João Goulart, foi condenado à pena de 12 anos de prisão.
“Foi militante da resistência armada contra a ditadura. Depois, refugiou-se, primeiro em Cuba, também no chile, e depois na Suécia, onde se graduou em Antropologia na Universidade de Estocolmo.
“Na volta do exílio, foi professor de Sociologia na Universidade Católica de Goiás e lecionou Antropologia na Universidade de Taubaté (SP).
“Já publicou ‘Trabalhismo e Social Democracia’ pela Editora Global e ‘1964: A Luta dos Marinheiros’ pela Editora Diorama.”
Em seguida, passou a morar no Rio de Janeiro.
Antônio Duarte era um intelectual pluralista, mas posicionado. Quer dizer, permanecia de esquerda, mas crítico incisivo dos governos do PT.
Em 2005, Antônio Duarte concedeu um longo depoimento ao Jornal Opção no qual apresenta informações interessantes sobre o Cabo Anselmo que, tendo se aliado ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, é considerado o principal traidor das esquerdas. Parte do depoimento pode ser lida no link: http://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/o-marinheiro-sueco-que-politizou-o-cabo-anselmo-4906/