Por Euler de França Belém
Falecido no domingo, 15, o desembargador Vitor Lenza era um magistrado duro, firme, decente e sempre correto nas suas decisões. Às vezes irritava os interlocutores por dizer a eles o que pensava, sem nenhuma tergiversação. Era avesso ao jeitinho do brasileiro. Era um homem de vasta cultura jurídica. Suas sentenças eram muito bem embasadas. Ele havia se aposentado há pouco tempo. Além de leitor obsessivo, apreciava pilotar sua motocicleta. Abaixo, leia a nota de pesar do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Nota de pesar do governador Marconi Perillo O governador Marconi Perillo lamenta profundamente a morte do desembargador e ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás Vitor Barbosa Lenza e transmite seus profundos pêsames à família, aos amigos e aos colegas de Judiciário do magistrado. Nas palavras do governador, "Vitor Lenza deixa um legado inestimável de trabalho para o TJ de Goiás que se prolongará por muitas e muitas gerações". Segundo Marconi, "Lenza foi modelo de transparência, ética, lealdade, dedicação ao serviço público brasileiro e, sobretudo, de justiça". "A gestão do desembargador à frente do Tribunal de Justiça de Goiás deixa para o nosso Estado uma longa lista de realizações extremamente importantes, tanto do ponto de vista de sua atuação jurídica, sempre impecável, quanto das obras que ele edificou, como as novas sedes de fóruns no interior e, neste momento, a construção do novo Fórum Cível da Comarca de Goiânia. A atuação basilar do dr. Lenza deixa seu nome gravado para sempre na história do Judiciário goiano e brasileiro", afirmou o governador.
Aliados do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), dizem que é muito difícil ajudá-lo. O petista estaria naquela fase em que não ouve mais e avalia que sua gestão é qualitativa — quando não é, segundo avaliação de seus próprios aliados. Paulo Garcia perde tempo tentando confrontar-se com o governador Marconi Perillo e com um de seus auxiliares, o presidente da Agetop, Jayme Rincon. O petista não percebe que não está disputando eleição com o tucano-chefe. Deveria inspirar-se no comportamento inteligente de Antônio Gomide (PT), João Gomes (PT) e Maguito Vilela (PMDB). Gomide, quando prefeito de Anápolis, manteve uma parceria qualitativa com Marconi, e João Gomes segue pelo mesmo caminho. Maguito Vilela, mesmo situando-se como oposicionista, mantém uma parceria qualitativa com o tucano. Eles têm um argumento objetivo: gestor não faz oposição a gestor. Observe-se que o próprio Marconi mantém parceria qualitativa com a presidente Dilma Rousseff. Ganham, com isso, Goiás e o Brasil. Fica-se com a impressão de que Paulo Garcia está sendo teleguiado pelo pré-candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, que tem o hábito de chamar Marconi de “satânico”. O petista, um homem de rara integridade pessoal, precisa entender que Goiânia é maior do que interesses político-eleitorais. Sua imagem hoje é muito ruim. E, para fazer justiça, sua gestão é menos pior do que a imagem que se tem dela. Mas vale a versão: a gestão do petista é vista como uma das piores da história de Goiânia.
Como Tayrone di Martino (PT) não será mais candidato a deputado federal —grupos de Goiânia e de Trindade pressionam para que dispute mandato de deputado estadual (é apontado como favoritíssimo) —, suas bases na Grande Goiânia tendem a hipotecar apoio a Olavo Noleto (PT). É um grande apoio. O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), deve apoiar Olavo Noleto. Ele tem desgaste, é certo, mas um prefeito, quando quer, sempre ajuda muito os candidatos proporcionais.
O prefeito de Trindade, o tucano Jânio Darrot, deu sinal verde para o governador Marconi Perillo fechar a aliança com a deputada federal Flávia Morais (PDT). Mas disse, com todas as letras, que não a apoiará. Ele banca, para deputado federal, Sandes Júnior, do PP, e Giuseppe Vecci, do PSDB. Darrot sabe que, em 2016, terá de enfrentar Flávia Morais na sua disputa pela reeleição. Em 2012, com o apoio de Marconi, o tucano a derrotou.
Se o segundo turno for entre o governador Marconi Perillo, do PSDB, e Iris Rezende, do PMDB, as alianças deverão ficar mais ou menos assim: Vanderlan Cardoso e Júnior Friboi podem não subir no palanque do tucano-chefe, mas devem apoiá-lo, e Antônio Gomide (PT) ficará com o peemedebista. Friboi abomina Iris Rezende como pessoa e político. Vanderlan devido à política nacional do PSB, que não quer aproximação com o PT e com o PMDB, tende a liberar seu pessoal para apoiar o tucano goiano. Ressalte-se que Vanderlan tem certo contencioso com o tucano goiano e alguns de seus aliados, como Alcides Rodrigues e Jorcelino Braga, jamais subiriam no seu palanque. Eduardo Campos, no caso de segundo turno entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), fica com o primeiro. Gomide, dada a aliança nacional do PT com o PMDB, não tem como não apoiar Iris. Porém, se Gomide for para o segundo turno, aí tende a receber o apoio de Iris e de Friboi. Costuma-se dizer que as relações entre Friboi e o PT de Goiás não são boas. Sim, não são excelentes, mas não são ruins. E, claro, há o quadro nacional: as empresas do grupo JBS são muito vinculadas ao PT, sobretudo à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula da Silva. Elas dependem do BNDES como poucas outras empresas brasileiras. Se Vanderlan for para o segundo turno, o quadro fica complicado. Gomide não o apoiará, mas parte dos petistas, sutilmente, tende a acompanhá-lo, para tentar impedir a reeleição de Marconi. O PMDB vai subir no palanque de Vanderlan, mas alguns peemedebistas “continuarão” no palanque de Marconi (pode ser que cresça o número de prefeitos peemedebistas no palanque do tucano). Parte dos aliados de Friboi ficará com Marconi e parte acompanhará Vanderlan. Digamos que o segundo turno seja entre Iris e Vanderlan. Marconi e Friboi ficarão com o segundo. Gomide ficará com o primeiro. E no caso de segundo turno entre Vanderlan e Gomide? A incógnita é Marconi. Porque há aliados de Vanderlan que querem destrui-lo. Iris apoiaria Gomide. No caso de segundo turno entre Iris e Gomide, é possível que, mesmo sem subir no palanque, Marconi apoiaria o petista. Friboi não apoiará Iris em qualquer circunstância. Uma coisa é certa: os pré-candidatos de todos os partidos trabalham com a tese de que um nome está praticamente garantido para o segundo turno: Marconi Perillo.
Iris Rezende, Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide, se quiserem ir para o segundo turno, têm de se criticar, para não ficarem com a imagem de que são iguais
Goiás deve ter quatro candidatos a senador consistentes: Aguimar Jesuíno, Ronaldo Caiado, Vilmar Rocha e Marina Sant’Anna. Como procurador da Advocacia Geral da União, Aguimar Jesuíno, do PSB, é tecnicamente muito bem preparado. E, contrário do que pensam jornalistas e políticos, tem preparo político. Ligado à Rede Sustentabilidade, tem militância política desde o período universitário. Eticamente, é irrepreensível. Se eleito, o que é muito difícil, dada a falta de estrutura, certamente seria um senador do primeiro time, nunca do baixo clero. Ronaldo Caiado, do DEM, é um dos deputados federais mais qualificados do país (note-se que não falamos “de Goiás”; porque o democrata se tornou um político nacional). No Congresso Nacional, é respeitado tanto por políticos da oposição à presidente Dilma Rousseff, do PT, quanto por parlamentares aliados do governo federal. Ele é posicionado e sua conduta ética é irrepreensível. Se eleito, será um senador do primeiro time. Vilmar Rocha, do PSD, é um político de dimensão nacional. Culto, no Senado, poderá debater com qualquer um (como, nos bons tempos, Henrique Santillo debateu, de igual para igual, como Jarbas Passarinho, numa verdadeira guerra verbal e política no Senado). Tem perfil de estadista. É um político profissional, quer dizer, por vocação. Eticamente, é irrepreensível. Marina Sant’Anna, do PT, ainda não está inteiramente definida, dada a possibilidade de composição do partido com outras legendas (Magda Mofatto, do PR, tem sido citada). É uma política experimentada, envolvida com questões sociais que alguns julgam irrelevantes, mas não são. É uma espécie de Marta Suplicy, só que mais simpática, de Goiás. Eticamente, é irrepreensível.
O engenheiro Martiniano Cavalcante, do PSB-Rede Sustentabilidade, deve ser candidato a deputado federal por Goiás. Ele está dependendo da chapa de candidatos a deputado da aliança que apoia. Do ponto do discurso ideológico, tem conteúdo. Até o momento, o PSB, o PRP e o PSC não têm uma chapa consistente para deputado federal. Seu nome mais conhecido, o Professor Alcides, de Aparecida de Goiânia, nunca ganhou uma eleição. O ex-governador Alcides Rodrigues – que teme receber uma votação vexatória – não quer disputar. Jorcelino Braga, alegando que prefere ficar na articulação, deve ficar apenas nos bastidores. A hesitação do marineiro Martiniano Cavalcante tem razão de ser. Mas um aliado garante: “Será candidato”.
O deputado federal Vilmar Rocha está convicto de que será eleito senador. Ele tem frisado que vai visitar todos os cantos do Estado para expor sua mensagem. Aliás, já está visitando vários municípios e, em Goiânia, está conversando com as pessoas diretamente nos bairros. A rigor, dos pré-candidatos (aliás, qualitativos), o presidente do PSD é o que tem mais perfil de senador. Vilmar é um misto de dois Pedros senadores: o Taques, do Mato Grosso, e o Simon, do Rio Grande do Sul. Como Pedro Simon, Vilmar tem comportamento de estadista. É um político por vocação, daqueles que Max Weber aprovaria. Mas não é político de ficar apenas nas tribunas. Ele age, articula e procura ajudar o país e seu Estado. Como Pedro Taques, Vilmar tem amplo conhecimento jurídico, pois é professor de Direito na Universidade Federal de Goiás, e se envolve com as grandes causas do país. E, diferentemente de Taques, tem uma visão mais moderada e ponderada sobre as coisas do mundo e sobre o comportamento do indivíduo.
Está cedo para dizer, mas é provável que o insosso petista Alexandre Padilha, se perder o governo de São Paulo para o tucano Geraldo Alckmin, vai fazer o pré-enterro do Lulopetismo. O ex-presidente Lula da Silva parece acreditar que tem condições de eleger uma pedra e um picolé de chuchu (especialidade do PSDB). A pedra ele elegeu em 2010 – é a presidente Dilma Rousseff. Agora, com a pedra aparentemente quebrada, não se sabe se terá condições de reelegê-la. O petista-chefe diz que, se a pedra for reeleita, vai participar mais do governo. É recado. Para o povão, que gosta dele. Para os políticos, que sabem que é um negociador nato. E, finalmente, para os empresários, que o veem como o pai das “empresas campeãs”, e, mais, uma garantia de que as regras não serão mudadas. Mas, se a pedra às vezes tem certa consistência, o chuchu petista, Alexandre Padilha (há quem ouse dizer, ainda que nos bastidores: “Vá para casa, Padilha!”), é mais pesado do que um Boeing. Lula está tentando carregá-lo, porém, infelizmente para o PT paulista, não é nenhum Hércules. Ao colocar Padilha no páreo, contrariando o PT de São Paulo, Lula avaliou que, para ganhar dos tucanos, precisava de alguém novo e leve. Padilha, embora leve, é pesado. Para piorar, denúncias recentes podem acabar com aquilo que tem ou tinha de melhor: a estampa de não contaminado pelas sujeiras da política. O Lulopetismo não está às portas da missa de sétimo dia. Mas está chegando a hora, possivelmente.
Um prefeito do DEM dizia na semana passada, revoltado: “Tenho o maior apreço pelo deputado Ronaldo Caiado, mas como vou justificar para meus aliados e eleitores uma aliança com o PMDB de Iris Rezende — nosso adversário há vários anos”. De outro democrata: “O DEM é a bola de Ronaldo Caiado. Quando ele fica irritado, põe o partido debaixo do braço e o leva para onde quer”. Mas uma coisa é certa: Ronaldo Caiado enviou vários sinais de que queria compor com o governador Marconi Perillo. Como não quiseram, ele tem o direito de buscar outro porto que julga seguro para seu projeto de disputar mandato de senador. O fato é que subestimaram Caiado e superestimaram outros políticos da base.
Iúri Rincon Godinho Três pessoas se juntaram para escrever um livro que não traz nada de novo nessa pavorosa história de loucura e morte de Eliza Samudio, uma modelo, garota de programa, atriz de filmes pornográficos, apaixonada por jogadores de futebol e que queria “apenas” se dar bem na vida. Para quem acompanhou o caso pela imprensa ,“Indefensável” (um belo título dado o contexto e a profissão do goleiro Bruno) nada acrescenta e, para piorar, a parte final trata de maneira detalhada e sonolenta o longo julgamento dos acusados do crime. Bola, o assassino frio e, fica subentendido, matador de aluguel, talvez seja o personagem mais interessante dessa história, sobre como um policial treinado para defender a sociedade acaba se revoltando contra ela e fazendo justiça à sua maneira. Mas a obra passa apenas de raspão por ele. De interessante mesmo apenas a desconstrução de um ser humano, no caso Bruno, um atleta talentosíssimo que, sem educação adequada e vindo de um lar desfeito — o que parece servir de desculpa para todas as atrocidades do planeta —, sobe aos céus e desce ao inferno que ele mesmo criou. Recentemente, estive com o maior ídolo da história do Vila Nova, o atacante Guilherme, que jogou no final dos anos 60 e início dos 70. Emocionado, contou que se arrependia apenas de uma coisa no futebol: não ter tido orientação de uma pessoa mais velha, um empresário, um familiar, um extraterrestre, qualquer um. O mesmo se aplica ao goleiro Bruno. Tudo indica que Bruno é quem estava orientando as pessoas, e, claro, mal. Quando começou a ganhar dinheiro e fazer sucesso, deixou de ser o garoto simples da periferia para se transformar em um perdulário — sorte dos “amigos” — e um predador sexual, que não deixava passar uma, apesar de já casado com a companheira que sempre o amou, compreendeu e, no final, o ajudou no crime e foi condenada por isso. Mas o goleiro continuou bronco e ingênuo, tanto que transou — e engravidou — a modelo Eliza Samudio em uma orgia e foi o único a não usar camisinha. O relacionamento entre Bruno e Macarrão, seu braço direito, é tratado correta e paradoxalmente como sexual sem sexo, lembrando a complexidade do ser humano e as muitas formas de convivência não percebidas pelo comportamento “normal” da sociedade. No fim de tudo, com todos presos, fica a lição: não é só o dinheiro, o sexo, o poder e o sucesso que corrompem, mas também — e muito — a falta de educação. Iúri Rincon Godinho é jornalista. Serviço Título: “Indefensável – O Goleiro Bruno e a História da Morte de Eliza Samudio” Autores: Paulo Carvalho, Leslie Leitão e Paula Sarapu. Editora: Record Páginas: 266 Preço: 32 reais

[caption id="attachment_7045" align="alignright" width="620"] Jeff Bezos: o bilionário que criou a Amazon, a loja de tudo[/caption]
Jeff Bezos, formado por Princeton, é tido como um dos homens mais brilhantes do setor de tecnologia e do comércio varejista dos Estados Unidos (agora, está entrando no Brasil). A Amazon começou vendendo livros e em seguida passou a vender quase tudo. Bezos (pronuncia-se “Beizos”) se tornou um grande investidor em tecnologia, criando, por exemplo, o Kindle, um leitor de livros digitais. O bilionário, dono do jornal “Washington Post”, é um leitor compulsivo. No livro “A Loja de Tudo — Jeff Bezos e a Era da Amazon” (Intrínseca, 398 páginas, tradução de Andrea Gottlieb), Brad Stone publica a “Lista de leitura de Jeff”. É uma síntese. Na obra, há indicações de outros livros que influenciaram o empresário.
Stone diz que “a Amazon surgiu por causa dos livros, e foram eles que moldaram sua cultura e sua estratégia”. Bezos recomenda os livros listados aos executivos e funcionários da empresa.
1 — Os Resíduos do Dia, de Kazuo Ishiguro
Brad Stone diz que é o “romance preferido de Jeff”, o que não deixa de ser curioso, porque nada tem a ver com tecnologia. “O livro é sobre um mordomo que lembra com saudosismo de sua carreira na Grã-Bretanha no período de guerra. Bezos já disse que aprende mais com romances do que com livros de não ficção.” O quê aprende em livros de ficção, Stone não revela. Mas Bezos exige que seus executivos e tecnólogos apresentem as ideias em forma de narrativa, em seis páginas no máximo. [Companhia das Letras, 288 páginas, tradução de José Rubens Siqueira]
2 — “Sam Walton: Made in America”, de Sam Walton e John Huey
Se Jeff Bezos tem um ídolo este é Sam Walton, o criador da rede de hipermercados Walmart. Stone frisa que a “disposição para experimentar várias coisas e cometer muitos erros”, princípios do empresário americano, se tornaram dois valores básicos da Amazon. Bezos e o Walmart se tornaram concorrentes, mas o criador do Amazon permanece admirando Walton. [Campus, 243 páginas]
3 — “Memos From the Chairman”, de Alan Greenberg
O presidente do Bear Stearns, um extinto banco de investimentos, enviava memorando para seus funcionários nos quais reafirmava valores como a “modéstia” e a “simplicidade”. O comunicado de Bezos aos acionistas da Amazon retratam em parte as ideias de Greenberg. O dirigente da Amazon preza a simplicidade e a economia (veta, por exemplo, viagens na classe executiva dos aviões). [Workman Publishing, 156 páginas]
4 — “O Mítico Homem-Mês”, de Frederick P. Brooks
Bezos às vezes se retira do setor operacional para pensar sobre as atividades da Amazon. Pega algum livro, lê cuidadosamente, fazendo anotações nas margens, e depois volta à empresa com ideias novas. O livro é menos um guia do que uma inspiração. O influente cientista da computação “apresenta o argumento improvável [visão de Stone, não de Bezos] de que pequenos grupos de programadores são mais eficientes do que grupos maiores para lidar com projetos complexos de software”. Bezos usou a ideia para criar suas equipes na Amazon — uma para dirigir o setor varejista e outra para criar e expandir a área de tecnologia. Detalhe: o Kindle foi inspirado numa invenção sugerida por dois pesquisadores. [Campus, 328 páginas, tradução de Cesar Brod. O livro saiu no Brasil com o título de “O Mítico Homem-Mês — Ensaios Sobre Engenharia de Software”]
4 — “Feitas Para Durar — Práticas Bem-Sucedidas de Empresas Visionárias”, de Jim Collins e Jerry I. Porras
O livro mostra que as empresas bem-sucedidas “são orientadas por uma ideologia central, e só os funcionários que abraçam a missão avançam; os outros acabam por ser ‘eliminados como um vírus’”. Collins, frisa Stone, é um dos autores que influenciam o pensamento de Bezos, que já o levou à Amazon para conversar com seus executivos. [Rocco, 408 páginas, tradução de Sílvia Dussel Schiros]
6 — “Empresas Feitas Para Vencer”, de Jim Collins
Antes de publicar o livro, Jim Collins apresentou uma síntese para os executivos da Amazon. “As empresas devem confrontar os fatos brutais do seu negócio, descobrir no que são realmente boas e dominar o seu volante. De acordo com esse conceito, cada parte do negócio reforça e acelera as outras partes”, escreve Stone. [No Brasil, o livro foi lançado com um título longo: “Empresas Feitas Para Vencer — Por que Algumas Empresas Alcançam a Excelência... E Outras Não”. HSM Editora, 368 páginas]
7 — “Creation — Life and How to Make It”, de Steve Grand
Síntese de Stone: “Um designer de videogame alega que sistemas inteligentes podem ser criados de baixo para cima se formos capazes de projetar um conjunto de blocos de construção primitivos. Esse livro influenciou a criação da Amazon Web Services, ou AWS, o serviço que popularizou a ideia de nuvem”. [Editora Harvard II]
8 — “O Dilema da Inovação”, de Clayton M. Christensen
Os executivos da Amazon usaram alguns de seus princípios “para facilitar”, segundo Stone, “a criação do Kindle e do AWS. Algumas empresas relutam em adotar tecnologias revolucionárias porque elas podem afastar os clientes e prejudicar seus principais negócios, mas Christensen alega que ignorá-las pode acarretar custos ainda maiores”. [Editora M. Books, 304 páginas, tradução de Laura Prades Veiga]
9 — “A Meta — Um Processo de Melhoria Contínua”, de Eliyahu M. Goldratt e Jeff Cox
Os autores escreveram um romance para explicar a ciência da manufatura. “O livro encoraja”, assinala Stone, “as empresas a identificar os maiores limites de suas operações e, então, a estruturar suas organizações para que possam extrair o máximo desses limites. ‘A Meta’ foi uma bíblia para Jeff Wilke e a equipe que construiu a rede de atendimento de pedidos da Amazon”. [Editora Nobel, 366 páginas]
10 — “A Mentalidade Enxuta nas Empresas”, de James P. Womack e Daniel T. Jones
Stone diz que “a filosofia de produção inaugurada pela Toyota chama a atenção para as atividades que criam valor para o cliente e para a erradicação sistemática de todo o resto”. [Campus Editora, 458 páginas]
11 — “Data-Driven Marketing: The 15 Metrics Everyone in Marketing Should Know”, de Mark Jeffery
O livro fornece um guia “como métrica para tudo: da satisfação do consumidor à eficácia do marketing”. Stone diz que “os funcionários da Amazon devem usar dados como base para todas as afirmações, e, se os dados apresentarem uma fraqueza, eles devem apontá-la, ou então seus colegas o farão”. (Editora John Wiley Trade, 298 páginas]
12 — “A Lógica do Cisne Negro”, de Nassim Nicholas Taleb
Livro muito respeitado por Bezos. “O estudioso argumenta”, sintetiza Stone, “que as pessoas estão condicionadas a reconhecer padrões no caos, enquanto permanecem cegas para eventos imprevisíveis, que trazem consequências esmagadoras. A experimentação e o empirismo triunfam sobre a narrativa fácil e óbvia”. [No Brasil, o livro saiu com o título de “A Lógica do Cisne Negro: O Impacto do Altamente Improvável”. Editora Best Seller, 464 páginas]

[caption id="attachment_7049" align="alignright" width="620"] Marcus Vinícius, Clara López e Juan Manuel Santos: marketing político de altíssima qualidade na Colômbia[/caption]
O publicitário goiano Marcus Vinícius Queiroz é tido e havido na Colômbia como o golden boy do marketing político-eleitoral. No primeiro turno da eleição deste ano, Marcus Vinícius trabalhou na campanha da candidata Clara López, que, mesmo com uma estrutura pequena, obteve 15,2% dos votos válidos (quase 2 milhões de votos). Um número expressivo. Quando assumiu a campanha, Clara López tinha apenas 4% das intenções de votos e ninguém, talvez nem a própria postulante, acreditava que passaria dos 6%. Entretanto, sua campanha criativa, com críticas precisas e uma agenda propositiva, passou dos 15%, surpreendendo imprensa e analistas — menos Marcus Vinícius, que, desde o início, apostou no seu potencial. A política, um fenômeno, se tornou líder nacional.
No segundo turno, que será realizado no domingo, 15, se enfrentam o presidente Juan Manuel Santos — que obteve 25,7% dos votos no primeiro turno — e o oposicionista Óscar Iván Zuluaga, que recebeu 29,3% dos votos. Impressionado com a capacidade de Clara López para atrair votos de setores que não queriam participar do pleito — na Colômbia o voto é facultativo —, Santos aproximou-se dela. O presidente e sua equipe, mesmerizados pela qualidade da campanha, pela performance nos debates e pelo marketing de Clara López, decidiram seguir pelo mesmo caminho no segundo turno. Marcus Vinícius entrou, assim, na campanha de Santos, presidente cuja meta é pacificar o país (a batalha contra a guerrilha, paramilitares e grupos do crime organizado resultou na morte de mais de 220 mil pessoas e cerca de 5 milhões de deslocados).
As pesquisas internas mostravam, na semana passada, Santos na frente do direitista Zuluaga. A campanha indica que, com Marcus Vinícius participando da reelaboração do marketing, o presidente ganhou mais empatia com o eleitorado. “As pesquisas sugerem que viramos o jogo”, disse o marqueteiro, falando da Colômbia, ao Jornal Opção.
Duda Mendonça é o marqueteiro da campanha de Zuluaga. Se Santos ganhar a eleição, Marcus Vinícius também derrota o publicitário baiano que, em 2002, ajudou a eleger Lula da Silva presidente do Brasil.

Numa entrevista ao crítico italiano Giovanni Ricciardi, o escritor mineiro diz que o ofício de “ghost writer”, inclusive para Juscelino Kubitschek, prejudicou sua produção literária