Por Euler de França Belém

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O Popular demite funcionários mas também sugere uma espécie de Programa de Demissão Voluntária

O “Pop” adotou duas políticas. Primeiro, sugere que determinado profissional deve sair e acena com a possibilidade de pagar todos os direitos (como se o jornalista estivesse sendo demitido). É uma espécie de Programa de Demissão Voluntária (PDV). Por este esquema saíram recentemente Karen Farias, Lídia Jorge, Cristina Cabral e Maria José Silva. A Carla Borges, que não participou deste sistema, pediu demissão. Galtiery Rodrigues, que pretende fazer intercâmbio na Irlanda, deve pedir demissão. Segundo, começou uma série de demissões, que vai atingir a redação e outros setores do grupo. “Jornalistas mais velhos devem pôr as barbas de molho”, afirma um repórter do jornal. Nesta semana, o jornal não demitiu jornalistas, e sim uma funcionária da área de suplementos, de prenome Cláudia (não conseguimos o sobrenome), e o digitador Antônio Lourenço, o Baianinho. Argumentou-se que a redação (devido ao processo de informatização) não precisa mais de digitador. Os cargos de Baianinho e de Cláudia (espécie de auxiliar administrativa) foram extintos. Por que o jornal está pressionando profissionais a pedir demissão? Segundo uma fonte do jornal, “não se trata de crise”. O jornal, afiança, “não demitia há anos”. Mas, “ante a possibilidade de um ano ruim, previsão para 2015, as empresas estão enxugando e cortando despesas. A ‘Folha de S. Paulo’ acabou de demitir cerca de 13 jornalistas”. Um integrante do Sindicato dos Jornalistas contrapõe: “O jornal, na verdade, não precisou demitir, porque, nesses anos, mais de 15 profissionais deixaram a redação”. O sindicalista avalia que o “Pop” está “demitindo para contratar jornalistas com salários menores”.

Goiano Vinicius Sassine ganha o Prêmio Esso de Reportagem

José Casado, Danielle Nogueira, Eduardo Bresciani e Vinicius Sassine ganharam o Esso com a reportagem “Farra de aditivos na Refinaria Abreu e Lima”. Leonencio Nossa ganhou o Esso de Jornalismo

Aparece o carcereiro da Casa da Morte de Petrópolis. Ele estuprou Inês Etienne Romeu

Pelo menos 20 presos da esquerda foram assassinados e esquartejados no pequeno de concentração do Rio de Janeiro

Igor Montenegro vai ser o novo superintendente do Sebrae-Goiás

O dirigente da Fieg Pedro Alves de Oliveira fica na presidência do Conselho Deliberativo

Crise de Zezé Di Camargo e Zilu é strip-tease em praça pública

[caption id="attachment_20361" align="alignleft" width="300"]Zezé Di Camargo, cantor, e  Zilu Godói: roupa suja lavada em público jamais fica limpa | FRoto: Divulgação Zezé Di Camargo, cantor, e Zilu Godói: roupa suja lavada em público jamais fica limpa | Foto: Divulgação[/caption] O cantor e compositor sertanejo Zezé Di Camargo, sua namorada Graciele Lacerda e sua ex-mulher Zilu Godói exigem respeito à sua privacidade, nas não saem das redes sociais brigando pelos motivos mais fúteis. O que parece incomodar Zilu são as fotografias de Zezé com Graciele em eventos sociais, esbanjando jovialidade e felicidade. O que deixa o cantor irritado são, mais do que as palavras da ex-mulher, as críticas de seus seguidores nas redes sociais. Tanto que, deselegante, disse que uma mulher era “gorda”. As estocadas da jornalista Graciele são mais sutis, mas às vezes procura ressaltar sua juventude, com a leve sugestão de que Zilu não é mais jovem, o que é mesmo irritante. O fato é que o trio faz uma espécie de strip-tease em praça pública, nas redes sociais, e depois quer que as pessoas não comentem e não façam ironias. Na sociedade do espetáculo quem cai nas “redes” é iguaria para tubarões. Como aparentemente não conseguem ficar longe das redes sociais, que usam para uma comunicação guerreira e, aparentemente, exibicionista, novos rounds virão. Quem lava roupa suja em público deve entender que ela nunca ficará limpa. Zezé, Zilu e Graciele, íntegros, deveriam ter um pouco mais de compostura. O cantor, amado pelas duas, deveria dar o exemplo.

A repórter Maria José Silva (Zezé) deixa a redação de O Popular

Maria José Silva A experimentada repórter Maria José Silva, a Zezé, deixou a redação do “Pop” na segunda-feira, 10. No seu Facebook, ela escreveu: “Ontem redigi uma reportagem sobre o processo de beatificação do padre Pelágio. Foi a última de minha autoria publicada em O Popular. Desliguei-me hoje do Grupo Jaime Câmara, empresa na qual trabalhei por quase 25 anos. Agradeço a todos os colegas pela convivência harmoniosa, pelo aprendizado, crescimento profissional e momentos de alegria. Vou aproveitar meu tempo de folga para aperfeiçoar meus conhecimentos, cuidar de minha mãe Vitória Lucinda Silva, meu maior tesouro, e cuidar também de mim. Continuo trabalhando na Superintendência de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde, onde pretendo prosseguir atuando como jornalista”.

Desmatamento disparou na Amazônia e o governo Dilma Rousseff escondeu dados até passar a eleição

Os repórteres Aguirre Talento e Marcelo Leite, da “Folha de S. Paulo”, publicaram no sábado, 8, uma reportagem – “Depois da eleição: Dados que governo segurou mostram desmatamento alto” – que merece continuidade e debate amplo da sociedade. Pelo menos por três motivos. Primeiro, porque o desmatamento ampliado é grave. Segundo, sugere que a ação do governo, para contê-lo, tem sido menos eficiente do que se alardeia. Terceiro, ao segurar os dados, para que não fossem apresentados durante a eleição, o petismo indica que privatizou o Estado. “Agora é oficial: o desmatamento na Amazônia disparou em agosto e setembro. Foram devastados 1.626 km² de florestas, um crescimento de 122% sobre os mesmos dois meses de 2013”, relata a “Folha”. A “Folha” relata que, “em agosto, foram desmatados 890,2 km², um salto de 208% sobre os 288,6 km² do mesmo mês de 2013. Em setembro foram 736 km², 66% mais que no ano passado”. Talento e Leite sustentam que “o governo federal” – quer dizer, a gestão da presidente Dilma Rousseff, do PT – “já conhecia esses dados antes do segundo turno da eleição presidencial”. Para não prejudicar a campanha da petista-chefe, o governo adiou a divulgação dos dados. Mas pelo menos, ao divulgá-los, não se procedeu a uma maquiagem. Segundo a “Folha”, “as análises mensais do sistema de alertas de desmatamento Deter estavam prontas pelo menos desde 14 de outubro no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)”. Dois dias antes do segundo turno, o diretor do Inpe, Leonel Fernando Perondi, encaminhou a análise mensal ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação”. “A taxa de aumento combinada foi de 122%.” Por que cresceu o desmatamento? A expansão do agronegócio é um dos fatores, aponta a “Folha”. A redução – forte em anos eleitorais – e a deficiência da fiscalização são também responsáveis pelo aumento do desmatamento. O Ibama sugere que o crime organizado, o que é especializado em venda ilegal de madeira, é um dos responsáveis pelo desmatamento ampliado.

O garoto faminto de Ruanda que chegou a Harvard

[caption id="attachment_20120" align="alignleft" width="420"]Justus Uiwayesu: órfão de Ruanda, o jovem começou a estudar aos 9 anos e chegou a uma das maiores universidades americanas Justus Uiwayesu: órfão de Ruanda, o jovem começou a estudar aos 9 anos e chegou a uma das maiores universidades americanas[/caption] O “New York Times” publicou reportagem, “Após infância em lixão, ruandês chega a Harvard” (traduzida pelo UOL), escrita por Michael Wines, que relata a história de Justus Uiwayesu, de 22 anos. Aos 9 anos, órfão, vítima da brutal guerra entre hutus e tutsis, Justus morava num lixão e dormia num automóvel abandonado, ao lado de duas crianças. Ao encontrá-lo, em 2001, a assistente social norte-americana Clare Effiong, ouviu do menino faminto e sujo (estava há mais de um ano sem tomar banho): “Eu quero ir para a escola”. Era um “nayibobo”, uma criança esquecida. Apoiado por Clare Effiong, fundadora da instituição de caridade Esther’s Aid, logo no primeiro ano, Justus se tornou o melhor aluno de sua turma e passou a morar num orfanato. Rapi­da­mente, aprendeu inglês, francês, suaíli e lingala e se interessou por ciências. Preocupado com outros garotos pobres, “ajudou a fundar uma entidade beneficente para” apoiar “alunos pobres do ensino médio”. Este ano, Justus conquistou uma bolsa integral e está estudando matemática, economia e direitos humanos em Harvard, uma das melhores universidades do mundo. Na internet, há comentários de que se trata de um jovem superdotado. Pode ser. Mas será que esforço, estudo concentrado e disciplina não contam mais? Será que toda pessoa brilhante e bem-sucedida tem de ser caracterizada como superdotada? Brasileiros pensam, às vezes, que o aprendizado rigoroso e o sucesso intelectual derivam mais da inteligência do que do estudo detido de um determinado assunto. Inteligência é importante, até decisiva, mas de nada adianta sem trabalho árduo, organizado.

Filme captura com mestria alma rebelde e contraditória de Tim Maia

[caption id="attachment_20123" align="alignleft" width="310"]Tim Maia: um dos artistas  mais completos, versáteis e  perturbados da música brasileira Tim Maia: um dos artistas mais completos, versáteis e perturbados da música brasileira[/caption] Tim Maia é um músico norte-americano nascido no Brasil. Explica-se o óbvio: o Síndico é brasileiro. Mas sua matriz musical está nos Estados Unidos — tanto que começou sua carreira imitando, com brilho, Little Richard. Aos poucos, definiu uma personalidade artística única, com matizes nacionais e internacionais. Lembra, com sua vida perturbada e perturbante — os artistas mais talentosos não são “normais paranoicos” — a cantora Billie Holiday e o músico Charlie Parker, reis “chapados” do jazz. Sua imensa capacidade criadora — cercada por um espírito altamente destrutivo, tanto que morreu ainda relativamente jovem, aos 55 anos — lembra, e não vagamente, estrelas como Louis Armstrong, Ella Fitzgerald e B. B. King. A música de Tim Maia é como a de João Gilberto: nunca entedia. Porque parece sempre diferente a cada audição. O curioso é que músicas e letras casam-se muito bem. Porém, quando a letra não é lá essas coisas, a música é de qualidade e vice-versa. O filme “Tim Maia”, de Mauro Lima, baseado em livro do jornalista e escritor Nelson Motta, é muito bem feito. Preciosistas vão encontrar algum caco para criticar — o comentarista da revista “Veja” apontou certa falta de ritmo —, mas, no geral, é quase perfeito. Primeiro, claro, porque há a música de Tim Maia. Segundo, porque consegue capturar, com rara fidelidade, o indivíduo complexo e contraditório — sem torná-lo herói ou vítima. Terceiro, porque Babu Santana se tornou Tim Maia. Durante alguns minutos, inebriado pela música e pela história ricas do cantor, compositor e músico, peguei-me vendo em Babu Santana o verdadeiro Tim Maia. Li, nos jornais e sites da internet, que alguns músicos (e seus parentes) estão reclamando que foram deixados de fora do filme, ou dois ou mais artistas foram condensados numa só pessoa, e um filho de Tim Maia admite que, de fato, quis “deixar de fora” aqueles que processaram seu pai. Um equívoco, pois a história de um artista deve ser contada como é, sem vinditas e cortes. Mas Nelson Motta tem razão quando afirma que se trata de um filme, não de um documentário. Noutras palavras, não cabe tudo num filme de pouco mais de duas horas. Mais: a ficção, mesmo quando trata de temas reais, às vezes precisa da imaginação para se tornar mais, por assim dizer, compreensível. O filme nos “segura” o tempo todo.

Jornalista não quer divulgar sua fonte e poderá ser preso

[caption id="attachment_20125" align="alignright" width="300"]James Risen: denúncia é verdadeira, mas governo está mais preocupado com sua fonte James Risen: denúncia é verdadeira, mas governo está mais preocupado com sua fonte[/caption] O jornalista americano James Risen, do “New York Times”, escreveu uma reportagem mostrando que a CIA tentou sabotar o programa nuclear do Irã. Empresários, municiados pela Central de Inteligência dos Estados Unidos, ofereceram plantas nucleares falsas com o objetivo de travar o programa iraniano. A ação fracassou. A notícia era verdadeira e baseada em informações do próprio governo. Agora, James Risen está sob pressão do governo do presidente Barack Obama. O detalhe curioso é que o repórter não conseguiu convencer a então editora do “New York Times”, Jill Abramson, da gravidade da denúncia. Supostamente sob pressão de Condoleezza Rice, na época conselheira de segurança nacional, Abramson abortou a publicação do texto (a editora se arrepende do equívoco, pois admite que é um profissional “sólido como uma rocha”). Em 2006, com o material quente nas mãos, o jornalista publicou-o no livro “State of War”, que se tornou best seller e balançou o governo e a CIA. O Ministério Público tentou um acordo com James Risen, para que revele a fonte de sua informação. Como no caso da Petrobrás, o governo de Barack Obama não quer saber se a informação divulgada pelo repórter era verdadeira ou não. Nada havia de incorreto. O repórter disse, por meio de seu advogado, que, mesmo se for intimado, não vai prestar qualquer depoimento no julgamento de Jeffrey Sterling, oficial da CIA que é acusado pelo governo americano de ter fornecido informações confidenciais, in­clusive para James Risen. Noutras palavras, não revela o nome da fonte, nem sob ameaça de prisão, que poderá ser decretada. O governo alega que está preocupado com a segurança dos Estados Unidos.

Demissões de Eliane Cantanhêde e Fernando Rodrigues tiram um pouco o brilho da Folha de S. Paulo

fernando-rodrigues-cantanhede-folha As redações patropis às vezes cometem um erro com seus melhores repórteres. No lugar de incentivá-los a continuar como repórteres, escrevendo textos de maior envergadura, colocam-nos, quando se tornam mais conhecidos, para escrever artigos. Nenhuma redação de alta qualidade demite profissionais do quilate de Eliane Can­tanhêde e Fernando Rodrigues. Pois a “Folha de S. Paulo” demitiu-os na semana passada. Eliane Cantanhêde escrevia artigos na página 2, com perspicácia e moderação, e com massa crítica apropriada. Tão objetiva que às vezes era apontada como “petista” e, logo depois, como “tucana”. Não é uma coisa nem outra. É uma colunista que, embora possa ter suas simpatias políticas — todos temos —, mantém aguçado o faro de repórter. Porém, articulistas, mesmo quando muito bons, são mais dispensáveis do que grandes repórteres (cada vez mais raros). Talvez seja o caso da jornalista, que continua a trabalhar no Globo News (no telejornal “Globo News em Pauta”). Dado seu talento, breve estará escrevendo num grande jornal, como “O Globo”. Fernando Rodrigues foi, durante anos, ao lado de Gilberto Di­menstein, o golden boy da redação da “Folha”, onde trabalhou 27 anos. É repórter notável e redator de texto preciso e elegante (o que não quer dizer pomposo). Aos poucos, mesmo continuando a atuar como repórter, passou a escrever artigos na cobiçada página 2. Por que foi demitido se é um dos mais qualificados repórteres? Possivelmente, devido ao salário — um dos mais altos da redação. Ele continua a escrever no UOL, que pertence ao grupo que edita a “Folha”, e a fazer comentários na rádio Jovem Pan. Uma idiossincrasia: a demissão que mais lamentei foi a de Eduardo Ohata. Sou aficionado de boxe, que considero uma espécie de sétima arte — acima do cinema, que é, no máximo, a sétima sub-arte (que me perdoe o excelente crítico André Ldc) —, e poucos jornalistas escrevem tão bem a respeito quanto o ex-repórter da “Folha”. Ele publicou textos antológicos sobre lutas de Muhammad Ali — o boxeador que batia tão bem quanto apanhava — e Mike Tyson

Atriz da Globo Letícia Sabatella pode beber mas não deve cobrar que o fato não seja divulgado

sabatellaA bela e competente atriz Letícia Sabatella reclama da imprensa que divulgou sua fotografia deitada no chão, em Brasília, e aparentemente bêbada. Há duas questões. Primeiro, é normal uma jovem, sobretudo depois de um bem-sucedido trabalho no teatro, beber, até beber um pouco mais. A bebida faz parte das “regras” de convívio social. Não há nada demais (e quem escreve isto é inteiramente abstêmio). Segundo, o que não pode é a atriz cobrar que a imprensa não divulgue o ato de uma atriz famosa. Na verdade, Letícia Sabatella parece ter criticado mais o moralismo — “ah, a atriz global é alcoólatra” (ela não é), certamente terão dito alguns — do que a divulgação do fato em si.

“Volta” dos militares ao poder? Nem eles querem tal excrescência

Os militares patropis criaram uma ditadura, com o apoio de civis — vivandeiras da estirpe de Carlos Lacerda e Magalhães Pinto —, e começaram a desistir dela em 1974, com a posse do presidente Ernesto Geisel. Militares, como Castello Branco, Golbery do Couto e Silva e Ernesto Geisel, acreditaram que, com eles no poder, a corrupção cessaria e o País cresceria, tornando-se uma potência similar aos Estados Unidos e à Alemanha. Ledo engano. A corrupção pode até ter diminuído, mas não acabou — como não acabará jamais —, o País cresceu, em termos econômicos, mas não se equiparou aos países de Wolfgang Goethe e William Faulkner. A permanência da corrupção e o início de uma estagnação econômica, depois de um período de crescimento “milagroso”, assustaram os militares aberturistas, como Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva. Aí, percebendo dias difíceis, que seriam atribuídos aos militares, a dupla decidiu “matar” a ditadura que haviam criado, com Castello Branco, em 1964. Agora, 50 anos depois do golpe de 1964, os militares querem continuar nos quartéis e não têm o mínimo interesse em voltar ao poder. Porque perceberam que a sociedade não pode ser “corrigida” por mãos rígidas e autoritárias e que são mais úteis ao País se atuarem como guardiões da segurança nacional. Portanto, quando alguns gatos pingados saem às ruas e pedem um novo regime autoritário, os militares, do mais graduado general ao mais simples soldado, provavelmente fazem piada. Ao contrário do que ocorreu em 1964, não há sincronia alguma entre o “movimento” — sem lastro social — que pede a volta dos militares ao poder, ou ao menos uma intervenção cirúrgica, e os militares. Os que clamam por “novo” golpe não sabem direito o que é uma ditadura, porque são muito jovens, mas os militares sabem que governos discricionários não são bons para ninguém — nem para eles.

Ombudsmen propõem jornalismo acadêmico e muito distante do mundo real

Uma coisa é certa: se o “Washington Post” tivesse ombudsman entre 1972 e 1974, a maioria das reportagens de Bob Woodward e Carl Bernstein teria sido vetada e o presidente Richard Nixon não teria renunciado em 1974. Quando começou a publicar as reportagens do Caso Watergate, a dupla de jornalistas não tinha segurança integral de que estava no rumo certo e que seus indícios eram consistentes. Mesmo assim, com incentivo do editor Ben Bradlee e da proprietária do jornal, Katharine Graham, seguiram em frente e, pouco a pouco, com acesso a documentos e fontes mais confiáveis, conseguiram estabelecer, de maneira inequívoca, a relação entre o arrombamento do escritório do Partido Democrata, no edifício Watergate, e o presidente Richard Nixon. Em assuntos intricados, como o Caso Watergate e a corrupção sistêmica na Petrobrás, é muito difícil, senão impossível, ter todos os detalhes explicitados, com provas cabais, em uma ou mesmo em várias reportagens. Se os jornais e as revistas forem esperar o detalhamento do chamado Petrolão, a partir da conclusão da Justiça, o caso, além de ser esquecido, jamais será esclarecido integralmente. Ou alguém duvida que sem as denúncias publicadas pela imprensa — numa escalada —, na primeira metade da década de 1990, Fernando Collor teria sofrido impeachment? Sem as várias reportagens de jornais, como “Folha de S. Paulo”, “Estadão” e “O Globo”, e de revistas, como “Veja”, “Época” e “IstoÉ”, o mensalão teria avançado e seus articuladores teriam sido presos? Às vezes a imprensa precisa “puxar” e “esticar” determinadas denúncias, apresentando e costurando pontas, para que a sociedade — incluindo polícias, Ministério Público e Justiça — reaja de maneira exemplar. O jornalismo sugerido pelos ombudsmen é acadêmico e, até, bonitinho. Mas repórteres que são escalados para investigar de fato, para escarafunchar a lama de certos políticos, executivos e empresários, sabem que este tipo de jornalismo róseo não investiga nem denuncia nada. Ombudsmen não são “auxiliares” infalíveis de Deus e suas opiniões são tão questionáveis quanto as de quaisquer outros jornalistas. Não é uma voz neutra, isenta.

Jornal “Diário do Comércio” fecha as portas e “Folha” e “Gazeta” promovem passaralho

As notícias de que 2015 não será um ano dos melhores, acredita-se que será um dos piores, estão levando as empresas de comunicação a demitirem profissionais. A “Folha de S. Paulo” demitiu entre 13 e 15 jornalistas, entre eles Eliane Can­tanhêde, colunista de política, e Eduardo Ohata, repórter esportivo (um dos poucos especializados em boxe no Brasil). O mercado jornalístico chegou a comentar que novas demissões serão feitas, mas o jornal não confirmou. A “Gazeta do Povo” fechou sucursais em Foz do Iguaçu e Londrina, no Paraná, e demitiu três jornalistas e um repórter fotográfico na semana passada. Durante o ano, foram 23 desligamentos. Devido à queda da receita, com consequente aumento do déficit, o Grupo Paranaense de Comunicação diz que é vital fazer enxugamentos. O “Diário do Comércio”, de São Paulo, foi extinto. Razão: dívidas (trabalhistas e outras) e o custo de manutenção do jornal impresso. Estuda-se recriar o jornal exclusivamente na internet.