Por Elder Dias

Depois de Mario Sergio Conti fazer a “bilocação” do técnico Luiz Felipe Scolari, os experientes Ancelmo Gois e Ricardo Noblat também mostram dons sobrenaturais, ao “executar” Ariano Suassuna
Para quem se interessa em enxergar mais profundamente como se elabora uma notícia de acordo com a linha editorial do veículo, Luciano Martins Costa, do portal “Observatório da Imprensa”, fez uma boa explanação em sua coluna na semana passada. Ele se utilizou, como exemplo, da denúncia sobre a construção de um aeroporto, no valor de R$ 14 milhões, pelo então governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) em terra que pertenceria à família dele. No texto “Não foi o governador, foi Minas”, Costa posiciona os três maiores jornais impressos do País — “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo” e “O Globo” — como tendo um candidato preferencial à Presidência — o próprio Aécio, hoje senador. A tática, segundo ele, é criar na própria notícia as condições propícias para a defesa, já que a denúncia é jornalisticamente inevitável. Assim, o termo que se dirigiria diretamente ao gestor responsável pela obra (“Aécio” ou “governador”) é trocado por outro, “Minas”, um ente abstrato. Resume Costa: “A começar pelos títulos: tanto na Folha como no Estado, não foi o então governador quem autorizou o uso de dinheiro público no interesse da própria família: foi ‘Minas’. Ora, ‘Minas’ não pratica atos de ofício, ‘Minas’ não assina autorização para obras com ou sem licitação. Quem assina é o governante, e o governante é agora candidato a presidente da República.” O que a “Folha”, o “Estadão” e “O Globo” fizeram é, no entanto, algo mais do que frequente no impresso. É uma figura de linguagem chamada metonímia, que faz a gente tomar “um copo d’água” em vez de “um copo com água”.

[caption id="attachment_11007" align="alignleft" width="620"] Luciana Finholdt e Jordevá Rosa: prejudicados pela linha editorial do jornal[/caption]
A audiência é um alvo a ser buscado a qualquer custo? Em princípio, nada deveria ser, porque toda finalidade por ela mesma conduz a resultados nada agradáveis — e é por isso que resumir Maquiavel à sentença “os fins justificam os meios” é uma injustiça cruel com o mestre italiano. A TV Serra Dourada sempre teve um jornalismo de base popular e seu sucesso nessa área mudou o padrão da concorrência: a gigante TV Anhanguera teve de adequar seu jeito editorial sisudo de ser para conseguir se recuperar. Hoje os repórteres estão mais descontraídos e, ainda que no início do processo isso soasse artificial — até por não ser o costume da emissora, seus profissionais tendiam a ficar travados —, hoje eles parecem ter chegado a um tempero ideal, mesmo que tudo possa (e deva) passar constantemente por reavaliações e melhorias.
Voltando à TV Serra Dourada, que ocupa o 1º lugar em audiência em seu horário desde 2012, a linha editorial parece ter se concentrado totalmente em sustentar a hegemonia. Mais grave: a sensação que se tem é de, por vezes, estar sintonizado em uma réplica local do que produzem Marcelo Rezende e José Luiz Datena em rede nacional. A maioria das chamadas e dos destaques aponta para notícias policiais e outras misérias, principalmente na periferia de Goiânia e cidades vizinhas.
Jordevá Rosa e Luciana Finholdt, a dupla de jornalistas no comando do telejornal pelo menos há uma década, prendem o público pelo carisma e empatia que transmitem. Mas estão prejudicados pela linha editorial. Não combina com o profissionalismo de Jordevá nem com a sobriedade de Luciana (poderia inverter os substantivos qualificadores de ambos sem prejuízo da veracidade) apresentar um jornal de caráter tão policialesco a ponto de parecer estar assistindo a um artigo do gênero, somente com mais elaboração técnica.
Na verdade, o “Jornal do Meio Dia” põe o pé em duas canoas para sustentar sua liderança há dois anos: seus concorrentes são, ao mesmo tempo os telejornais do Grupo Jaime Câmara e da TV Record e os programas “Chumbo Grosso” (TV Goiânia/Band) e “Balanço Geral” (Record). Investe cada vez menos em pautas editoriais convencionais (cobrir política, economia, cultura etc.) e mais prestação de serviços (o que é válido) e notícias de acidentes e misérias, atropelamentos e assassinatos. Ainda que não haja coincidência total de horários com os programas policiais propriamente ditos, a busca é satisfazer também esse mercado de espectadores ávidos por consumir violência.
Diziam de certos impressos, muitos deles ainda resistentes à internet, que “se torcer sai sangue”. Restam questões: um telejornal que “se torcer sai sangue” colabora com uma visão mais ampla de cidadania? Até que ponto, nesse sentido, o viés adotado pelo jornalismo da TV Serra Dourada não tem contribuído também para esse aumento da sensação de insegurança e para a naturalização dos casos de violência? Para pensar.
[caption id="attachment_11005" align="alignleft" width="300"] Gerliézer Paulo, Rafael Bessa, João Paulo Di Meideiros e Vinícius Tondolo: projeto inovador para resgatar memória do futebol goiano[/caption]
Um projeto importante para recuperar a história do futebol em Goiás está sendo desenvolvido por um quarteto de jornalistas goianos da nova geração: Gerliézer Paulo, João Paulo di Medeiros, Rafael Bessa e Vinicius Tondolo. Eles estão dispostos a cadastrar as dezenas de milhares de jogos disputados por clubes goianos desde a década de 40, quando houve os primeiros campeonatos no Estado, ainda na fase amadora.
O site, em fase de finalização, está sendo desenvolvido desde julho do ano passado. É um trabalho para quem tem paciência e resistência. As fontes não são muitas e, quando elas fornecem dados, nem sempre são completos. Para facilitar a execução, eles dividiram o trabalho por período. “Cada um ficou com duas décadas. Então, priorizamos primeiro cadastrar campeonatos e jogos que estavam disponíveis em outros meios, para agora ir lançando fichas técnicas após pesquisas”, explica Gerliézer Paulo.
Todo o conteúdo será 100% aberto e, além da disponibilização das fichas técnicas, o portal terá uma linha do tempo com os principais fatos do futebol goianos ao longo da história, além de outros atrativos. Gerliézer quer colocar o site no ar no mais tardar em setembro. “Não vamos esperar concluir a pesquisa para publicar, até porque queremos contar com a ajuda do público para enriquecer com mais dados, como nomes completos de antigos jogadores, data de nascimento, fotos etc.”, completa.
A prática no futebol goiano é não ter respeito à memória e desconhecer seu passado. Basta repassar o relato de um jornalista, que, anos atrás, na sede do Goiás Esporte Clube, viu centenas de fotos clicadas pelo jornalista João Batista Alves Filho jogadas de qualquer jeito em uma caixa, num canto da sala de troféus (que, na época, era nada mais do que um depósito).
Ex-presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Goiás (Acieg), João Batista era também torcedor do clube e registrou com fotos centenas, talvez milhares de jogos do futebol goiano. Seu livro “Arquivos do Futebol Goiano” é um das bases de consulta de Gerliézer e de seus parceiros no projeto do site.
Comentarista de rádio esportivo, até por questão do ofício, invariavelmente se torna um palpiteiro. Pode se acomodar nessa situação e mesmo assim seguir carreira profícua — alguns são brilhantes nesse papel. Ocorre que no mundo de hoje, em que a informação chega por várias vias ao leitor/espectador/ouvinte, essa prática está deixando o veículo ultrapassado. A readequação da figura do cronista esportivo pede a ampliação dos horizontes e quem quiser sobreviver terá de ser multimídia. Nesse sentido, o diretor esportivo da Rádio 730, Charlie Pereira, mostra na prática o que seus comandados podem aprender: além das ações internas, como é de praxe em relação ao cargo que ocupa, ele tem se destacado no microfone por comentários que vão além do trivial e ligam o futebol goiano à conjuntura nacional e ao que acontece no exterior. Charlie demonstra isso também “por escrito”, por meio do blog que comanda no portal da emissora. O caminho de quem faz jornalismo pelo rádio passa hoje por ressoar para seus ouvintes as informações das outras plataformas, principalmente a internet.

Se os entes de concreto exalassem uma espécie de “cheiro moral”, o prédio da CBF teria uma fragrância híbrida, entre as de mofo e esgoto a céu aberto

Luiz Bacci se dirigiu a apresentadora da Record com imagem do Instagram que foi entendida por seus seguidores como provocação e reacendeu debate sobre a identidade goianiense

[caption id="attachment_10386" align="alignleft" width="318"] Luiz Bacci, a subcelebridade desconhecida por jornalistas locais | Foto: Reprodução[/caption]
O fato envolvendo Luiz Bacci causou uma reação “déjà vu”, previsível, até óbvia, característica do sentimento das redes sociais: sua frase, com a imagem da “cidade-mato” anexada, foi compartilhada às centenas pelos espaços de discussão. Claro, sobraram adjetivos nada agradáveis ao jornalista. Chegaram a criar uma hashtag (#VoltapraSPLuizBacci) como forma de promover a revolta.
Bacci apagou sua postagem no Instagram, mas até sexta-feira, 18, ainda havia no Twitter o texto e o link para a foto. Em postagens seguintes, a nova estrela da Band elogiou a cidade e seu jeito de “hospitaleira”. Mas passou longe da polêmica, sobre a qual mais nada falou durante sua curta estadia.
Há uma possível explicação para o ocorrido. A Record de Silvye Alves — aliás, jornalista cotada para voos mais altos, por sua presença de vídeo e a facilidade com idiomas — era a emissora na qual ele trabalhava até maio deste ano. E Luiz Bacci, chamado de “menino de ouro” por Marcelo Rezende, apresentador do “Cidade Alerta”, tinha ligação profissional com a jornalista de Goiás por conta exatamente do programa policial, de grande audiência. Possivelmente, sua intimidade com Silvye por causa do trabalho o levou a postar algo mais descontraído direcionado a ela, como “piada interna” sobre a cidade. A gafe foi isso ocorrer em modo aberto e não por mensagem privativa.
Como quase tudo neste mundo em que a informação transita em velocidade alta e cada vez mais alta, há, também cada vem mais, “revoltas” repentinas e esquecimentos precoces. O caso de Bacci talvez nem merecesse maior repercussão, mas serve para ilustrar como a quantidade substitui a qualidade também em relação aos dados que nos chegam. Há pouca apuração e muita divulgação. Criam-se, divulgam-se, popularizam-se factoides. Pessoas, elas mesmas, personificam factoides.
Por ironia, o próprio Bacci se torna prova disso. A coluna “Imprensa” perguntou a seis jornalistas goianos bem informados se tinham conhecimento do colega que causou a polêmica. Nenhum disse saber quem pudesse ser Luiz Bacci. Ao mesmo tempo em que há esse desconhecimento da própria classe — o que o faz correr o risco de chegar a uma redação e ser ignorado —, ele é, ao menos, uma subcelebridade (considerando que “celebridade” seja uma pessoa de reconhecimento notório por todos): tem 144 mil seguidores no Twitter, 207 mil no Instagram e 2,2 milhões no Facebook. Mais do que isso: tem até fã-clube — há uma fan page intitulada “Príncipelbacci” (Príncipe Luiz Bacci), em que a criadora (ou criador) anuncia: “página criada para homenagear o príncipe, eu te amo ♥ Luiz Bacci” (sic).
Alguém mais purista vai dizer: duvide de um jornalista que tenha um fã-clube. Mas os tempos são outros. Talvez Luiz Bacci tenha competência para se firmar como um grande nome da imprensa — já cobriu eventos como a tragédia do avião da TAM em Congonhas e a morte de Michael Jackson. Talvez. Mas a tendência é de que siga o caminho do entretenimento, como fizeram Fausto Silva e Pedro Bial, entre tantos outros.

[caption id="attachment_10379" align="alignleft" width="620"] Simpatia dos brasileiros ajudou o País a obter avaliação positiva | Foto: Reprodução/TV Globo[/caption]
“Imagina na Copa.” A frase virou um mantra na sociedade brasileira depois dos acontecimentos de junho e julho do ano passado, que, por coincidência ou não, se deram simultaneamente à Copa das Confederações, evento preparatório ao Mundial de futebol que o País sediaria um ano depois. Se com um torneio bem menor houve toda aquela confusão, “imagine” o que seria o aporte de todas as seleções, todos os turistas e tudo o mais no ano seguinte.
Foi o terreno perfeito para a imprensa brasileira se encher de profetas do apocalipse. Temia-se — e até se torcia por — um fiasco total da organização. As obras inacabadas eram só o mais claro indício de que tudo daria errado. Mas não deu.
O megaevento encerrado no domingo, 13, com o título merecido da seleção alemã sobre a da Argentina, fechou aquela que foi considerada a maior e melhor de todas as Copas do Mundo já realizadas. Ou “a Copa das Copas”, como agora comemora, vingado, o Palácio do Planalto.
Talvez nem tivesse ocorrido essa surpresa positiva toda se, ao longo dos meses, os veículos de comunicação tivessem monitorado com mais parcimônia e técnica a evolução da estrutura específica para atender aos turistas. Não houve essa avaliação mais acurada de que a Copa poderia, ao contrário que todos diziam até então, ser bem-sucedida.
O resultado é que o relatório do Grupo de Estudos Técnicos da Fifa deve apontar, conforme teve de adiantar “O Estado de S. Paulo”, para a melhor edição do Mundial entre todas, em termos de entretenimento e qualidade.
Tudo melhorou de um dia para o outro? Não, mas ficou parecendo isso, porque a imprensa não fez o devido acompanhamento. Sobrou discurso pronto — baseado nos puxões de orelha da senhora Fifa, que apenas cumpria seu papel de forçar a execução do que tinha sido acordado — e faltou investigação.
Algo que deixou explícita certa torcida da imprensa para tudo dar errado ficou bem claro com a tragédia da queda do viaduto em construção em Belo Horizonte. Os três maiores jornais do País deram destaque colocando a conta nas costas e nos custos da Copa.
Senão, vejamos: “Folha de S. Paulo” — Obra inacabada da Copa desaba e mata 1 em BH; “O Globo” — Viaduto de obra da Copa desaba e mata 2 em BH; e “Estado de S. Paulo” — Viaduto planejado para Copa cai e mata 2. Em todas as manchetes, um quê de Copa do Mundo, como se fosse um pedaço ruído de algum estádio. A forma de fazer a responsabilização editorial apostava ainda em algo que mostrasse que o evento era um fracasso, mas esqueceu-se de que a obra não serviria ao futebol. Pelo contrário, o viaduto está no plano de restruturação viária de Belo Horizonte, com sua construção impulsionada pelo fator Copa. O acidente merece ser apurado, assim como a empreiteira precisa dar conta de todas as explicações. O que não pode haver é uma apropriação indevida da obra para efeito de um discurso sensacionalista, como era o movimento que, no começo, parecia estar se insinuando

[caption id="attachment_10364" align="alignleft" width="620"] A jornalista Gabriela Valente entrevistou Bill O’Dwyer e o tomou por um nativo alemão: erro induzido | Fotos: Twitter e Divulgação[/caption]
A repórter Gabriela Valente, correspondente de “O Globo” em Brasília, cometeu uma gafe redacional ao cobrir a megafesta na embaixada da Alemanha, por ocasião da final da Copa do Mundo.
No evento, ela abordou o cônsul honorário da Alemanha em Goiás, William Leyser O’Dwyer, que, sempre muito simpático, a atendeu. No texto publicado no jornal, ao transcrever a declaração de seu entrevistado, Gabriela fez o fechamento das aspas acrescentando a observação: “declarou em português impecável”.
Ocorre que o cônsul é também o secretário de Indústria e Comércio de Goiás, mais conhecido como Bill O’Dwyer. Provavelmente seu nome, seu cargo, seu biotipo caucasiano e a circunstância tenham induzido a repórter ao erro, mas o fato é que o entrevistado, apesar dessas observações, é goiano nascido em Ipameri e empresário tradicional em Anápolis.
Seu pai, o Waldyr O’Dwyer é neto de irlandeses, mas nasceu no Rio e lutou pelo Brasil na 2ª Guerra Mundial. A descendência alemã de Bill vem da parte de sua mãe, Herta Leyser. Em sua formação quando jovem, Bill viveu por anos na Europa, inclusive na Alemanha, onde conheceu sua mulher, Anne-Lott.
De certa forma, Gabriela não errou: o português do “goiano de pé rachado” Bill O’Dwyer é realmente impecável.
Em um debate esportivo do horário do almoço, em uma emissora de rádio, o assunto é a saída de um jogador do Vila Nova, por demanda trabalhista. E o comentarista resolver “criar” o termo “interrumpimento” do contrato. Percebendo que cometera um erro, ele retoma a frase e a reelabora, trocando “interrumpimento” por “interrompimento”. Erros de português acontecem no rádio, um meio dinâmico e mais vulnerável a esse tipo de ocorrência, mas estão cada vez mais frequentes. Às vezes, não há preocupação nem mesmo em fazer um “mea-culpa”, o que, em princípio, deveria ser uma obrigação do bom profissional, também humano e sujeito a falhas. Por causa desse e de outros fatores, o rádio sofre queda na audiência. Há um processo acentuado de “interrupção” da boa vontade do ouvinte — cada vez mais exigente e com mais meios para se informar — com a (má) qualidade do serviço prestado.
Todas as áreas do jornalismo goiano precisariam de um upgrade. Há comodismo na TV e no impresso, mas no rádio a situação é mais grave. As emissoras parecem não saber lidar com as inovações tecnológicas e estão penando para se manter. Faltam gestão e acerto da linha editorial, e a crise se agrava com o despreparo dos profissionais. Muitos deles têm décadas de profissão, poderiam acrescentar com sua experiência, mas parecem ter parado no tempo: não conseguem entender, por exemplo, que a internet e alguns de seus mecanismos básicos, como o Google e a Wikipedia (uma enciclopédia virtual vista há algum tempo como pouco confiável, mas hoje cada vez mais utilizada e respeitada), estão aí para serem usados de forma rotineira para acesso rápido a dados.

Ganhamos, empatamos e perdemos jogos, mas afinal provamos: somos a 4ª melhor do mundo

No campo, nas arquibancadas ou mesmo longe dos estádios, a Copa proporcionou cenas e situações inesquecíveis

[caption id="attachment_9814" align="alignleft" width="602"] Fernanda Gentil, no dia em que chorou ao vivo na televisão / Foto: Reprodução/TV Globo[/caption]
A repórter Fernanda Gentil, da Rede Globo, é nova — tem 27 anos —, mas já passou por momentos delicados na carreira. Seu início no canal Sportv foi em 2009 e ficou marcada, no ano seguinte, por um “mico” que se propagou de forma viral na internet: ela conduzia um programa do estúdio da emissora na África do Sul, durante a Copa de 2010, e recebeu um convidado deficiente visual. Após apresentá-lo, educadamente estendeu-lhe a mão e, obviamente, não foi correspondida.
Já pela TV Globo, Fernanda voltou a ser assunto nas redes sociais no ano passado, quando cantou o sucesso “Evidências” com a dupla Chitãozinho & Xororó, em link ao vivo no programa “Encontros”, de Fátima Bernardes, por ocasião da Copa das Confederações. De quebra, confessou que sonha em fazer uma entrevista com seus ídolos de infância Sandy e Júnior, filhos de Xororó.
Competente e bastante espontânea, ela faz parte da aposta da Globo em novos e carismáticos talentos, como o também apresentador Tiago Leifert e o agora narrador (antes fora apresentador, repórter e comentarista) Alex Escobar. Durante a Copa, ela foi escalada para integrar o grupo que acompanhou os treinamentos na Granja Comary, em Teresópolis (RJ). E foi lá que surgiu novamente como motivo de discussão virtual: no dia seguinte à eliminação brasileira do Mundial, não conteve o choro ao ser chamada ao vivo, novamente por Fátima Bernardes e novamente no programa “Encontro”.
As lágrimas da repórter foram alvo certeiro da infantaria do Twitter, Facebook e outros fóruns digitais. Acusaram-na de se comover muito com a seleção e muito pouco com os problemas de verdade do mundo. E ela fez questão de dar prosseguimento à polêmica. Na sexta-feira, 11, rebateu os críticos, via Twitter: “Último diaaaa [em Teresópolis]. Queria choraarrr!!!! Mas não posso!!!! Senão aquelas pessoas ocupadas vão dizer, de novo, que não choro pelos problemas do mundo.” (sic) Prosseguiu o desabafo: “Aliássss mamy me proibiu de perder tempo respondendo esses “amigos'', mas como ela não tem Twitter vou dizer porque ela não vai saber lalalalaaaa.” (sic)
Para lançar uma pá de cal no assunto, principalmente no argumento “problemas do mundo”, ela aproveitou o microblog para divulgar a entidade de filantropia que mantém: “Pelos problemas do mundo eu não choro, eu ajo! Aproveitem para conhecer a Caslu, minha associação beneficente. Ah e claro, para os que criticaram, faço a mesma pergunta: e vocês, fazem o que pelos problemas do mundo? Choram?!? Não percam tempo chorando queridos, porque quem precisa tem pressa. Combinado? Muitos beijos!” (sic)
Responder internautas, muitos dos quais com certeza franco-atiradores virtuais, certamente não foi a mais madura das atitudes. Mas não deixou de mostrar o que cativou a Globo em Fernanda: a espontaneidade. Assim como parecem não ter nada forçado os dois momentos — um ainda na transição da imagem para o link e outro já em plena resposta à pergunta de Fátima Bernardes — em que ela leva ao rosto a parte posterior das mãos para enxugar os olhos. Em tempo: o conteúdo noticioso que ela deveria transmitir não ficou prejudicado.