Luiz Bacci se dirigiu a apresentadora da Record com imagem do Instagram que foi entendida por seus seguidores como provocação e reacendeu debate sobre a identidade goianiense

A foto que causou indignação: paisagem de Cerrado que  o jornalista Luiz Bacci creditou como sendo uma imagem de Goiânia | Fotos: Divulgação/Twitter
A foto que causou indignação: paisagem de Cerrado que
o jornalista Luiz Bacci creditou como sendo uma imagem de Goiânia | Fotos: Divulgação/Twitter

Jornalista da área televisiva tido como um dos mais promissores da nova geração, o paulista Luiz Bacci, recém-contratado da Band, virou motivo de polêmica entre os goianienses na semana passada. Tudo por conta de uma foto postada por ele na quinta-feira, 17, e que causou indignação em boa parte dos internautas da cidade, que ele visitava.

Para promover seu programa “Tá na Tela”, que vai ao ar em agosto, Bacci está rodando o País. Nesta semana, sua passagem foi por Brasília e Goiânia. É de costume do jovem jornalista (tem 30 anos e atua na área desde os 13) postar nas redes sociais fotos das cidades por onde passa. Fez assim no Recife, na capital federal e também na metrópole goiana.

Foi justamente sua primeira foto em Goiânia que causou a comoção negativa na internet. Dirigindo-se à apresentadora Silvye Alves, da Record Goiás, ele postou uma imagem no Instagram com a seguinte legenda: “Cheguei Goiânia!!!!! Alô @silvyealves !” (sic). A foto (não se sabe se de sua autoria ou tomada de forma aleatória), tirada de um lugar alto, como um morro, mostrava nada mais que uma extensa paisagem de Cerrado até o horizonte. Algo sem qualquer nexo com a figura pública de Bacci (que, apesar de popular e até por vezes irreverente, não chega a ter modos sarcásticos) e muito menos com a realidade: essa história de “fazenda asfaltada” — conforme expressão creditada ao cantor Roberto Carlos, em passagem por Goiânia nos anos 60 — já deveria ter sido enterrada em 1987, quando Goiânia virou notícia mundial por conta do maior acidente radiológico já ocorrido. Ora, como pode ser “roça” uma cidade capaz de ser cenário de uma tragédia tecnológica desse porte?

Em sua página no Twitter, destaque  para o registro da postagem  endereçada à ex-colega da Record, Silvye Alves: apenas “piada interna”?
Em sua página no Twitter, destaque para o registro da postagem endereçada à ex-colega da Record, Silvye Alves: apenas “piada interna”?

Mas, como dizem, a ofensa só existe se existe o ofendido. O goianiense, e o goiano em geral, ainda sente o golpe quando é chamado, direta ou indiretamente, de “roceiro” ou “caipira”. Histórias como essa ganham maior repercussão porque a cidade e o Estado são relativamente novos em relação a outras localidades do País — basta dizer que há capitais com quase meio milênio, enquanto Goiânia tem 80 anos, uma cidade-criança ainda. Não é questão de ter “orgulho” de ser chamado de caipira, até porque nem essa identidade está firmada ainda. E não serão campanhas de redes locais de televisão que acelerarão esse processo: isso demanda tempo.