Imprensa

Encontramos 5517 resultados
Com câncer, Oliver Sacks diz que tem poucas semanas de vida e que viver é um privilégio e uma aventura

Memórias do neurologista, um dos mais importantes divulgadores da ciência, com sua prosa de escritor consumado, saem em abril

Pat Tillman, astro do futebol americano, morreu por fogo amigo no Afeganistão

O militar dos Estados Unidos era leitor de Noam Chomsky e Ralph Waldo Emerson e não apreciava a retórica dos políticos

Jornalista Wandell Seixas é agredido na garagem do edifício no qual reside

O jornalista Wandell Seixas, uma pessoa pacífica e um profissional sério e competente, foi agredido fisicamente por um homem de prenome Coriolano

Bruna Surfistinha: Justiça decide que ghost writer Jorge Tarquini não tem direito autoral sobre livro

Jorge Roberto Tarquini garante que é autor do livro “O Doce Veneno do Escorpião”, mas STJ avalia que a autora é Raquel “Bruna Surfistinha” Pacheco, ex-garota de programa

Folha confirma que governos petistas pagaram R$ 364 mil a “jornais fantasmas” no ABC paulista

[caption id="attachment_28690" align="aligncenter" width="620"]Presidente Dilma Rousseff e Lula: governos do PT pagaram mais de 350 mil reais a jornais inexistentes Presidente Dilma Rousseff e Lula: governos do PT pagaram mais de 350 mil reais a jornais inexistentes[/caption] Na edição desta segunda-feira (12/2), o jornal Folha de S. Paulo confirma denúncias publicadas pelo próprio diário em 2012. Um relatório feito pela Presidência em 2013 confirmou os indícios de que o governo federal pagou anúncios a jornais que não existem no ABC paulista. De acordo com o relatório de auditoria da Secretaria de Controle Interno da Presidência apresentado à Folha, entre 2008 e 2012 (durante os governos do ex-presidente Lula e da atual mandatária petista, Dilma Rousseff), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência pagou R$ 364,6 mil a cinco jornais do Grupo Laujar de Comunicação S/A, de São Bernardo do Campo. Os auditores concluíram que os jornais "resumem­se a quatro páginas cada um", com notícias repetidas, cujas "informações e imagens" são "cópias de reportagens de sites de notícias sem atribuição [de] créditos", aspectos que seriam "indícios de fraude". Segundo a Folha, no endereço da sede do grupo, os fiscais encontraram um "sobrado residencial". Os vizinhos do suposto parque gráfico desconheciam a existência de atividades no local, afirma o texto. "Os auditores também visitaram 35 bancas de jornal e contataram outras 21. A única que conhecia um dos títulos investigados, o "Jornal do ABC Paulista", do qual havia recebido dois exemplares para venda naquele dia, fora indicada pelo dono da Laujar", expõe o jornal. O relatório conclui que "os periódicos entregues como prova à Secom foram forjados". A declaração em cartório sobre a tiragem dos jornais, diz o texto, "é falsa". Em 2012, a Folha teria divulgado que a Secom gastara, desde 2011, R$ 135,6 mil para anunciar nesses jornais. Em 2014, revelou que, entre 2004 e 2012, estatais federais pagaram R$ 1,3 milhão à empresa. A reportagem, que descrevia os jornais com as mesmas características apontadas no relatório, mostrava que eles não eram vendidos nem tinham registros conhecidos.

Morre chefe do Departamento de Comunicação Social e Marketing da Celg. Tinha 32 anos

Thaise Freire, sobrinha do prefeito de Trindade, Jânio Darrot, pode ter morrido afogada

Turing foi importante para derrotar o nazismo. Mas a batalha foi decidida por militares e políticos

Gênio da matemático, embora tenha sido decisivo para salvar a Inglaterra, foi condenado pela Justiça por ter mantido relações homossexuais e se matou com apenas 41 anos

Anderson e Belfort: é hipócrita manter atletas ‘velhos’ no octógono, mas não aceitar o mínimo de doping

Anderson e Belfort: é hipócrita manter atletas ‘velhos’ no octógono, mas não aceitar o mínimo de dopin

Eneida, de Virgílio, sai pela Editora 34 e país começa a valorizar traduções de Carlos Alberto Nunes

[caption id="attachment_28567" align="alignleft" width="282"]Eneida, na tradução de Carlos Alberto Nunes e na edição caprichada da Editora 34: revalorização da qualidade Eneida, na tradução de Carlos Alberto Nunes e na edição caprichada da Editora 34: revalorização da qualidade[/caption] O poeta, tradutor e crítico Alexei Bueno era um dos poucos a defender a qualidade das traduções de Carlos Alberto Nunes (1897-1990). O médico maranhense, tio do filósofo e crítico literário Benedito Nunes, traduziu Homero (“Ilíada” e “Odisseia”), Platão, Virgílio, Shakespeare (o teatro completo) e Goethe (“Clavigo” e “Ifigênia em Táuride”. No domingo, 8, no suplemento “Ilustríssima”, da “Folha de S. Paulo”, o jornalista, poeta, tradutor e editor Jorge Henrique Bastos publicou um excelente ensaio, “Um tradutor para Eneias”, que finalmente valoriza, sem provincianismo, o significativo trabalho de Carlos Alberto Nunes. O “pretexto” para o artigo é a republicação de “Eneida”, de Virgílio. O poema “Eneida” narra “o mito fundador do império milenar romano”. O ensaísta alemão Ernst Robert Curtius, citado por Bastos, escreveu que Agostinho (sim, o santo) era fascinado pelo texto de Virgílio. Chorou “ao ler o relato que Eneias faz a Dido de suas aventuras”. Dante preferiu Virgílio a Homero como guia na sua “Divina Comédia”. O escritor austríaco Hermann Broch escreveu o romance “A Morte de Virgílio”, no qual “ficcionou as 18 derradeiras horas do poeta que, imerso em dúvida, queria destruir a ‘Eneida’”. Depois da breve exposição sobre a tradição derivada de Virgílio, Bastos comenta as primeiras traduções de “Eneida” para o português. A versão do maranhense Odorico Mendes, em decassílabo heroico, é de 1854. Sua tradução saiu pelas editoras Unicamp e Ateliê. A tradução dos portugueses José Victorino Barreto Feio e José Maria da Costa e Silva é de 1845. Tassilo Orpheu Spalding (Cultrix), no Brasil, e Agostinho da Silva (Temas e Debates), em Portugal, também traduziram a obra-prima. A tradução de Carlos Alberto Nunes foi publicada, em 1981, pela editora A Montanha. “A circulação restrita” impediu a vulgarização de um trabalho de qualidade. Uma edição mais bem cuidada de “Eneida” saiu, no ano passado, pela Editora 34, com a mesma tradução, e organizada por João Ângelo Oliva Neto. Bastos nota que “dois dos nossos maiores tradutores nasceram no Maranhão, e ambos legaram um rol de traduções cuja relevância aumenta com o passar dos anos”. Sobre as traduções, Bastos comenta: “A versão de Odorico Mendes, como era típico de seu estilo, utiliza um léxico rebuscado, a sintaxe peculiar e a profusão de neologismos que interrompe a compreensão do leitor a todo instante. (...) Carlos Alberto Nunes explorou o verso de 16 sílabas poéticas, aproximando-se da tendência narrativa dos hexâmetros do original. Essa maneira de traduzir, que os mais precipitados tachariam de conservadora e excessivamente prosaica, investia-se de um aspecto narrativo cujo fim era exprimir com absoluta objetividade o sentido do poema, sem se socorrer de malabarismos vocabulares ou fogos de artifícios estilísticos que vedam, na maior parte das vezes, a expressividade genuína. Desde que suas traduções apareceram, revelaram essa convergência, procurando aproximar-se do original”. De fato, as traduções de Carlos Alberto Nunes são menos, por assim dizer, “inventivas” ou, como está na moda dizer, “transcriativas”. Porém, ganham em clareza, objetividade e expressividade. Há certa luminosidade clássica nas suas versões. Foram feitas para os leitores, não para o debate acadêmico, sempre dado a filigranas e questiúnculas. Homero e Shakespeare ficam mais precisos e, digamos, límpidos. O que não quer dizer que as versões são mais “pedestres” do que as demais. As traduções de Odorico Mendes têm mesmo certos malabarismos, uma recriação estilizada em Língua Portuguesa — como se estivesse não apenas traduzindo para a Língua Portuguesa, e sim inventando uma nova língua, a partir daquilo que leu em grego ou latim —, que tanto agradaram os concretistas e agradam seus epígonos. Porém, para elevar o ótimo Carlos Alberto Nunes, não é preciso pôr defeitos nos esforços linguísticos de Odorico Mendes. Suas traduções são diferentes, é certo. O mais importante é que são de alta qualidade e inspiradoras para novos tradutores. Odorico Mendes inspirou, por certo, Haroldo de Campos, mais, e Trajano Vieira, menos, nas traduções de Homero. Tenho apreço especial pela arte de “espichar” a Língua Portuguesa, transformando-a numa língua paralela para traduzir o grego Homero e o latino Virgílio — que parece ser a missão a que se impôs Odorico Mendes. Goiano organizou tradução de Platão Depois de pôr Homero na Língua Portuguesa dos falantes brasileiros — mas sem coloquialismos forçados, com caipirices brejeiras ou ditas cultas —, Carlos Alberto Nunes decidiu traduzir o filósofo Platão. “Durante uma década”, registra Bastos, cuidou exclusivamente da obra do discípulo de Sócrates. Como uma editora não quis publicar as traduções, Carlos Alberto Nunes doou 14 volumes para a Universidade Federal do Pará, que decidiu publicá-los numa edição bilíngue. O material foi editado por Plínio Martins Filho — o goiano que dirige a Editora da Universidade de São Paulo (Edusp) e é proprietário da Ateliê Editorial. Trata-se, seguramente, de um dos mais importantes editores do país. Ousou editar “Finnegans Wake”, de James Joyce. A hora e a vez do poeta Virgílio Com Homero e Platão “falando” português, Carlos Alberto Nunes, com o apoio de sua mulher, a latinista Filomena Turelli, decidiu traduzir o poema de Virgílio. “Os hexâmetros que cunhou para reproduzir os dramas, aventuras e errância de Eneias expõem o estilo característico de Carlos Alberto Nunes”, sublinha Bastos. Ao terminar a tradução, em 1981, contava 86 anos. Embora seja um tradutor do primeiro time, “sobre Carlos Alberto Nunes paira o desconhecimento ou a omissão tácita que só esta recente edição pode alterar”, afirma Bastos. “Torna-se imperativo reavaliar o seu projeto tradutório, submetê-lo a uma análise lúcida e descomprometida, a fim de acolher a sua elegância expressiva, a narratividade equilibrada e objetiva, o apuro formal do verso que forjou, para receber, sem condicionamentos extemporâneos, o impacto das traduções deste senhor franzino, de olhar vivaz, que nos deixou uma das maiores heranças literárias que se pode cobiçar”, afirma Bastos. Para além do cânone concretista Possivelmente para não estabelecer polêmicas, sobretudo com os setores universitários — cada vez mais dominantes no debate tradutório —, embora deixe implícita certas divergências, Bastos não explica os motivos de Carlos Alberto Nunes ter sido colocado em segundo plano, quase folclorizado. Alguns tradutores, que reinventam mestres do passado, como Odorico Mendes, Sousândrade e Pedro Kilkerry, para se criar uma tradição local — por exemplo, para o concretismo de Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos —, no lugar de admitir diferenças e sugerir confluências, trabalham para “liquidar”, com suas críticas excludentes e contundentes, aquilo que não se encaixa na “tradição recém-criada”. Há, tanto no campo literário quanto no político, uma disputa pela hegemonia. Aquilo que não se encaixa no cânone concretista — o ótimo tradutor Trajano Vieira, em termos de tradição helênica, parece ser o novo guardião do haroldo-campismo — deve ser ignorado e enviado para o limbo. O fato é que as traduções de Odorico Mendes e de Carlos Alberto Nunes, embora muito diferentes, não são excludentes. Talvez sejam complementares. Os leitores, aqueles que não perdem tempo com disputas paroquiais — embora apresentadas como cosmopolitas —, ganham tanto com a leitura das versões de um quanto de outro. Aquele que busca mais inventividade, a língua como certo ludismo ou jogo, vai sorrir para o texto posto em português por Odorico Mendes. Aquele que busca mais objetividade e luminosidade — um texto mais límpido, mas não pedestre — tende a sorrir para o trabalho de Carlos Alberto Nunes. Uma coisa é certa: nenhum leitor vai chorar ou lamentar se ler as duas traduções. Certamente vai se sentir afortunado de poder ler em português a obra-prima do gênio mantuano.

Sai livro alentado sobre o presidente Tancredo Neves que, eleito, não governou o Brasil

Jornalista José Augusto Ribeiro pesquisou durante anos para resgatar a história do político mineiro

Livro que explica a obra de Philip Roth, autor de O Complexo de Pornoy, é lançado no Brasil

1282282-250x250O primeiro livro alentado sobre o autor de “O Complexo de Pornoy” finalmente chega ao Brasil. “Roth Libertado” (Companhia das Letras, 480 páginas, tradução de Carlos Afonso Malferrari), de Claudia Roth Pierpont, é, por assim dizer, mais uma “biografia” da obra do que de Philip Roth. O foco do livro de Pierpont é a obra, mas a autora não deixa de examinar o escritor e as relações com seus pares, como Saul Bellow (sua grande influência) e John Updike. PhD. em história da arte pela Universidade de Nova York, Pierpont trabalha na “New Yorker”. Seu livro ilumina a obra de Philip Roth, esclarecendo pontos aparentemente nebulosos e situando-o na literatura mundial, sobretudo na americana, como um parceiro de jornada, em termos de qualidade, de Bellow e Updike, entre outros.

Espécie de inglês dos trópicos, Marco Lemos se torna desembargador do Distrito Federal no dia 3 de março

Marco Antônio da Silva Lemos é uma mistura da malícia do escritor inglês Evelyn Waugh com a pegada certeira do crítico americano H. L. Mencken (vale ler “O Livro dos Insultos”). Numa época (entre as décadas de 1970 e 1980) em que praticamente todos os jornalistas eram de esquerda — quando não eram, fingiam que eram companheiros de jornada, como se buscassem uma forma de proteção —, Marco Antônio da Silva Lemos, com seu nome gigante (jornalistas apreciam nomes menores, duplos, mas ele nunca foi um ortodoxo), era, por assim dizer, um livre atirador, crítico, contundente, divertido e, importante, sério (a seriedade de um Karl Kraus). Seu charme não era exatamente a posição política, o fato de não ser de esquerda, e sim o fato de escrever muito bem, de tornar a Língua Portuguesa mais elástica e corrosiva, cheia de vida e fissuras, nada burocrática. Pense na turma de “O Pasquim”, pois Marco Lemos teria feito imenso sucesso na redação, se de fato havia uma, dos esquerdistas altamente festivos que organizaram o jornal mais debochado da história do país. Pode-se sugerir que seria uma espécie de “Contra-Pasquim”, dada sua proximidade com os libertários — de fato, os liberais são mais libertários do que os indivíduos de esquerda —, mas teria se entrosado com facilidade com a turma mais brilhante, como Millôr Fernandes, Paulo Francis, Ruy Castro e Sérgio Augusto (Ziraldo e Jaguar era da turma do porra-louquismo). Mais jovem, eu lia Paulo Francis, na mídia nacional, e Marco Lemos na imprensa goiana. Os dois me divertiam sempre, pela crítica inteligente, às vezes ferina. Mais tarde, com Marco Lemos já atuando no Judiciário, li uma resenha que fez das memórias do embaixador Pio Corrêa ("O Mundo Em Que Vivi”), publicada no “Diário da Manhã”. Comprei o livro, em dois volumes, e, de fato, o resenhista estava certo: é uma obra importante, mas fadada ao ostracismo, dado o fato de Pio Corrêa não integrar os quadros da esquerda patropi; antes, era de direita. Na década de 1980, eu estudava História na Universidade Católica de Goiás e Filosofia na Universidade Federal de Goiás. Meu objetivo — lia com interesse Platão, Aristóteles (quase decorei a “Ética a Nicômaco”) e Espinosa — era seguir carreira acadêmica na área de Filosofia (devido ao meu interesse mesmo e ao incentivo do brilhante professor Jordino). Mas a leitura de jornais, dos textos de Francis, Sérgio Augusto, Ruy Castro, Washington Novaes, José Guilherme Merquior (que li primeiro nas páginas dos jornais) e, sobretudo, Marco Antônio da Silva Lemos (até hoje reluto em diminuir o nome), levou-me para o curso de Jornalismo, em 1983. Marco Antônio da Silva Lemos escrevia no Jornal Opção e no “Diário da Manhã” — tanto artigos como reportagens. Fico a pensar como uma redação de esquerdistas se comportava em relação a um sábio liberal, com veia satírica, com alta capacidade para o debate de ideias. Depois, alguém (não me lembro quem, talvez uma amiga comum, a jornalista Consuelo Nasser) me disse: “Leia alguns texto do ‘Top News’. São escritos pelo Marco Antônio da Silva Lemos”. Nunca investiguei se eram mesmo dele, mas li todos. Eram bem escritos. Não eram idênticos aos textos de Marco Antônio da Silva Lemos, mas havia alguma identidade. Não sei exatamente por qual razão Marco Antônio da Silva Lemos “abandonou” o jornalismo, mas é provável que tenha sido devido aos salários baixos e à irregularidade dos jornais (como empresas), com sua dependência extrema dos humores dos governantes. Formado em Direito, prestou concurso no Poder Judiciário, tornou-se juiz e, em seguida, desembargador. Ouvia falar dele, pela Consuelo Nasser. “Está em Brasília”, “mudou-se de Brasília”, “voltou para Brasília”. Depois, um amigo comum, Paulo, me contou que havia prestado novo concurso e trabalhava em Brasília como juiz. Recentemente, Marco Antônio da Silva Lemos reapareceu, no Facebook. Permanece o crítico implacável, mas refinado. Sua ironia é tão sofisticada — às vezes não deixa de ser descarada — que muitos não parecem entendê-la. Desconsiderando as regras básicas do jornalismo, deixei para publicar a informação essencial, a que interessa, no último parágrafo (felizmente, publiquei-a no título). Marco Lemos assume, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, o cargo de desembargador no dia 3 de março (terça-feira), em Brasília. Gostaria de ler algumas sentenças do magistrado. Retirada a tecnicidade, a linguagem do meio judicial, deve conter textos de primeira linha.

Leitor sugere que, em Goiás, há jornalista bissexto

O leitor Carlos Humberto Costa pergunta: “Procede que há em Goiás jornalista bissexto?” Envio um e-mail e explico que não entendi a pergunta ou brincadeira. O leitor acrescenta: “Quero saber se procede que há jornalista em Goiás que escreve um artigo num ano e passa outro ano sem escrever?” Respondo que, embora não saiba responder à indagação, vou ficar de olho. Outro leitor, Arthur de Lucca, costuma dizer que, no Pop, alguns jornalistas escrevem um artigo por mês. “Estourando.” Noutro e-mails, Carlos Humberto, que se apresenta como professor de inglês, sublinha que, no Pop, os principais articulistas não são de Goiás. Procede. O “Pop” reproduz o provincianismo de avaliar que opiniões sobre a política e a economia nacional só podem ser formuladas por jornalistas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Beneficiar o transporte coletivo é vital. Mas esquecer o “enxame” de automóveis congestiona trânsito

Quem está reinventando o trânsito de Goiânia talvez seja um gênio. Ao final da mexidas é provável que o trânsito flua com mais facilidade e, sobretudo, o transporte coletivo — a essência de uma cidade — se torne mais eficiente. Porém, num país em que o automóvel é o centro da vida dos indivíduos, as mudanças em algumas das avenidas estão contribuindo mais para engessar do que para liberar o trânsito — e sem facilitar o tráfego de ônibus. Na Avenida 85, para citar um exemplo, a prefeitura fechou entradas laterais, o que praticamente impede o acesso rápido à Avenida 136 e outras, o que contribui para engarrafar o trânsito. Se é para melhorar o transporte coletivo, com os corredores exclusivos para ônibus, não há do que reclamar. Mas os especialistas em trânsito têm de pensar também no tráfego dos automóveis. Na Rua 146, no Setor Marista, a prefeitura colocou alguns semáforos, com o objetivo de reduzir acidentes. A intenção é positiva. Mas os acidentes continuam. Motivo: o semáforo, se está aberto ou não, só é visto pelo motorista que está trafegando pela 146 (não há sinais nas paralelas). Os motoristas que estão nas outras ruas e precisam atravessar a 146 não percebem se o sinal está aberto ou não. Claro que o motorista tem de parar e verificar, mas, se for um pouco desatento, pode provocar uma batida.

STJ confirma que Paulo Henrique Amorim terá de indenizar o ministro Gilmar Mendes, do STF

[Paulo Henrique Amorim e Gilmar Mendes: disputa férrea nos tribunais] A politização excessiva leva à perda do bom senso? Ou, no caso do jornalista Paulo Henrique Amorim, editor do blog “Conversa Afiada”, a politização é bom senso, quer dizer, racionalidade? Pode ser que a segunda pergunta seja a mais verdadeira. Porém, do ponto de vista estritamente jurídico, Paulo Henrique Amorim, profissional de história respeitável — brilhou na imprensa, na revista “Veja”, e se provou comentarista qualitativo de economia na televisão —, ante algumas derrotas judiciais, pelas quais terá de indenizar seus “oponentes”, deixa a impressão de que faz críticas que comportam uma certa dose de “irracionalidade”, para não dizer “amadorismo”. Nesta semana, a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a condenação do jornalista, que terá de pagar 50 mil reais para o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Ele ofendeu a honra do magistrado, no entendimento do STJ, quando, na montagem de uma fotografia de Gilmar Mendes, escreveu a legenda: “Cartão Dantas Diamond. Comprar um dossiê — R$ 25.000,00; Comprar um jornalista — de R$ 7.000,00 a R$ 15.000,00; Comprar um delegado da PF — R$ 1.000.000,00; Ser comparsa do presidente do STF — Não tem preço”. É aquilo que os jornalistas costumam chamar de “batom na cueca”. Indefensável. Na defesa apresentada no STJ, quando tentava revogar a condenação anterior, Paulo Henrique Amorim postulou a tese de que a decisão cerceava sua liberdade de expressão. O ministro Marco Buzzi, relator do caso, contestou-o: “A liberdade de imprensa não autoriza ninguém a ofender a honra de outra pessoa”. Gilmar Mendes move um segundo processo contra Paulo Henrique Amorim, que, nos seu blog, escreveu: “Gilmar Mendes instala o golpe de Estado. O Supremo Presidente Gilmar Mendes transformou o Supremo Tribunal Federal num balcão de negócios”. Indefensável, especialmente porque, com a denúncia correspondente, gravíssima, o jornalista não apresentou provas, nem superficiais nem contundentes. Tudo indica que sua “denúncia” é estribada unicamente na sua opinião pessoal. Se se tratasse de denúncias formuladas por um garoto de 18 anos, em alguma rede social, seria possível dizer que a causa era mais a imaturidade, a falta de percepção do que às vezes se diz, de maneira impensada. No entanto, Paulo Henrique Amorim, 73 anos (em 22 de fevereiro), não é mais um garotinho que está na faculdade de Jornalismo. É, acima de tudo, um grande jornalista e, como tal, tem de repensar suas formulações “críticas”. Não é deixar de fazê-las, e sim de “sustentá-las” com documentação, evidências.