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Otávio Lage, eleito e não nomeado

[caption id="attachment_1783" align="alignleft" width="300"]Otávio Lage: único governador eleito no período militar Otávio Lage: único governador eleito no período militar[/caption] Jales Naves As eleições de 1965 em Goiás para governador foram as mais disputadas de todos os tempos e em todas as instâncias, quando os dois principais partidos políticos, que eram rivais, novamente se enfrentaram nas urnas. Do pleito surgiu uma nova liderança: o governador eleito Otávio Lage. Fazendeiro moderno e inovador, um dos responsáveis pela consolidação da cultura do café na região do Vale do São Patrício e até então desconhecido do mundo político, ele se destacou pela dinâmica administração que realizou em Goianésia —, então uma cidade pequena, inexpressiva —, como prefeito de 1962 a 1965, e também por ser filho do deputado federal Jalles Machado, um dos principais líderes da UDN histórica e que se sobressaiu pela firme atuação como parlamentar, defendendo os interesses de Goiás e lutando contra os aliados de Getúlio Vargas no Estado, em especial o antigo PSD. Determinado, ousado e com uma mensagem nova, para tirar Goiás de um atraso histórico, que o deixava na lanterna dos Estados brasileiros, ele conquistou o direito de ser candidato pela União Demo­crática Nacional numa disputa muito acirrada. Venceu na convenção estadual do partido o deputado federal Emival Caiado, considerado favorito, e lutou para ocupar espaço e consolidar sua candidatura com mais três partidos: PTB, PSP e PDC. Foi difícil obter o apoio do governador eleito de forma indireta, marechal Emílio Ribas Júnior, e da cúpula militar, pois, um dia antes da convenção udenista, o presidente da República, marechal Humberto Castello Branco, lançou a candidatura a governador, pelo PSD, do deputado federal Gerson de Castro Costa, conforme registraram os jornais do dia. Depois de superar os obstáculos e dificuldades que se antepunham e assumindo a liderança desse processo, Otávio Lage soube se impor, consolidar a sua candidatura e, utilizando-se de estratégias de marketing, conquistar o eleitorado, a partir de um mote especial. A crítica da oposição, de ser despreparado para a função por ser “roceiro”, foi utilizada como instrumento dessa mudança: ele chegava às cidades sempre com um chapéu na cabeça e entrava pelas principais ruas montado a cavalo, ou num trator, ou numa carroça, e saía cumprimentando todas as pessoas. Dessa forma, foi se tornando conhecido, divulgando sua plataforma de trabalho, centrada em três eixos — educação, energia e estradas — e firmando seu nome. Na oposição, que ainda dominava o Estado, simbolizada pela fi­gura do senador Pedro Ludovico, o candidato era o médico e deputado federal José Peixoto da Sil­vei­ra, um dos principais quadros do PSD, que tinha ocupado as três principais secretarias de Estado (Fa­zenda, Educação e Saúde), a­lém de ter sido deputado estadual. A situação era difícil, mas prevaleceu a mensagem desenvolvimentista, a proposta de construção de um novo Goiás a partir dos três eixos, o que realmente aconteceu. E o resultado, favoreceu o candidato da UDN. Essa observação se torna importante ainda hoje, não só para resgatar o nome e o importante trabalho realizado pelo ex-governador Otávio Lage, como para fazer justiça a um dos mais expressivos governantes de Goiás. Nos últimos anos, seus netos tiveram de defendê-lo diante de críticas improcedentes, injustas e que não correspondiam à verdade. Eles admiravam o avô pela postura íntegra, pelo comportamento ético e por ser um empreendedor preocupado em unir forças para viabilizar projetos, como a destilaria de álcool, a cogeração de energia a partir do bagaço da cana, o plantio de seringueiras, a inovação tecnológica no campo a partir de se­mentes certificadas etc. Quando frequentavam o ensino médio, já se preparando para o vestibular, vários de seus netos tiveram de discutir com os professores de História, que teimavam em dizer que ele tinha sido nomeado governador de Goiás pelos militares. Inclusive, uma questão em vestibular de uma importante instituição de ensino superior, em 2003, tratava desse tema e dessa forma, colocando Otávio Lage como governador nomeado e não eleito em pleito democrático e popular. Otávio Lage foi, na verdade, o único governador de Goiás eleito no período militar, em pleito direto e com a efetiva participação do eleitor. Um registro que se torna necessário diante da falta de compromisso de professores com a verdade e que atinge uma pessoa que foi, por princípio, um democrata no exercício de suas funções no Executivo goiano, honrando o mandato que cumpriu, mesmo em um período de exceção. Jales Naves é jornalista e biógrafo de Otávio Lage.  

“Um outro ângulo para o ‘roubo’ do papa”
cartas.qxdCelina Alho Vejo o gesto do papa Francisco (foto) de ficar com o crucifixo de seu confessor morto por outro ângulo. O que acontece quando o caixão desce à sepultura? Tudo o que está dentro dele é destruído. O corpo se decompõe, as roupas e os demais objetos se deterioram. Aquele crucifixo – valioso porque pertencente a um padre misericordioso – por causa do gesto de Jorge Bergoglio, foi poupado da destruição. Continua sendo útil! Mais, do que isso, hoje ainda serve de inspiração ao ser humano Francisco, que humildemente usou a infeliz palavra “ladrão” para explicar o que fez. Pois fiz isso também, eu mesma, no cemitério, no momento em que o caixão de minha mãezinha se fechava, ao retirar de seu peito a fita vermelha do Apostolado da Oração [movimento católico], extremamente valiosa para ela, a ponto de, ao sentir que se aproximava o momento de partir para a casa do Pai, pedir-me que a vestisse com o uniforme do Apostolado e pusesse, em seu peito, sua fita vermelha de zeladora. Aos prantos, concordei. E fiz-lhe a vontade. Sem o menor embaraço, “salvei” da destruição a valiosa fita, com a medalha e a insígnia do Coração de Jesus. Hoje a envergo eu, sobre meus ombros, como zeladora que me tornei do Apostolado, sentindo que carrego comigo algo que ela beijava e usava com muito carinho. E, unida à minha mãezinha, hoje na eternidade feliz, me sinto forte e inspirada para assumir com responsabilidade minha condição de apóstola da Oração. Foi roubo isso? Claro que não! É preciso ser alguém muito ignorante em matéria de fé – ou muito mal intencionado mesmo – para interpretar assuntos como esse dessa forma. Obrigada, Senhor, pelo papa Francisco. Abençoai-o agora e sempre! E enviai vosso Espírito Santo sobre todas aquelas pessoas que usam sua inteligência de forma equivocada e fazem juízos descabidos, amargos e, mesmo invocando o vosso nome, são capazes de dispersar ao invés de unir. E-mail: [email protected]  
“Friboi sempre participou da política”
friboi.qxd Antônio Alves Dizer que Júnior Friboi (foto) não precisa de governo para ficar rico é uma aberração. Ele sempre participou da política como financiador de campanha. O financiador de campanha não ajuda o político: ambos se ajudam, seja de uma forma ou de outra. Isso não quer dizer que praticam atos ilícitos, mas que o poder econômico caminha junto com o poder político. Se você for candidato sem dinheiro, termina a campanha e nem o pessoal do seu bairro fica sabendo, ou melhor, nem seus amigos. E-mail: [email protected]
“Cadê a reforma política?”
cartas.qxdArivaldo Araújo Sobre o artigo “Ecos da ditadura” (Jornal Opção 2021), de Daniel dos Santos Rodrigues, creio que Contardo Calligaris [psicanalista e colunista da “Folha de S. Paulo”] não está dizendo nenhuma novidade [ao falar que falta um projeto ao País]. De muito, Sérgio Buarque já dizia que a democracia sempre foi um grande mal-entendido entre os brasileiros. O PT teve o mérito de enxergar os miseráveis do País. Ficou nisso. Garante-se eleitoralmente por isso e nada mais que isso. O PSDB somente separou uma elite paulista, mais paulista e governou para São Paulo. Política café com café. No fundo, precisamos de reformas, as mais variadas (tributária, política, do Judiciário, para ficar com três). Fora isso, continuaremos fazendo da nossa democracia um imenso e emaranhado mal-entendido. Parabéns ao autor, quando se lembrou das reformas que nunca fizemos. Esse é o ponto. Por falar nisso, onde anda a reforma política proposta com tanta veemência pela presidenta? Esperando um outro junho vermelho? Arivaldo Araújo é servidor público federal. E-mail: [email protected]  
“Francisco pode promover uma ruptura radical”
P. C. Albuquerque Até para um leigo protestante como eu, que acompanha, de longe, as ações e posturas do papa Francisco, fica evidente que ele está em rota de colisão com os interesses da alta cúpula vaticanista. O Vaticano é uma cidade-Estado, um ente híbrido composto por duas naturezas: uma política (estatal) e outra religiosa (Igreja). A impressão que se tem é de que o papa fez uma opção pelo aspecto Igreja, deixando para um plano secundário o aspecto político. Pode-se, diante disso, vislumbrar uma ruptura radical dentro desse panorama dividido, tendo por um lado os que não abrem mão do status quo e, por outro, os “seguidores”' de Francisco. Para muitos, isso é improvável, mas não é impossível. E-mail: [email protected]  
“Duas frases de Chico Ludovico”
Natanry L. Osorio Ao Jornal Opção nossa gratidão pela justa homenagem ao grande mestre Chico Ludovico (edição 2022), extraordinário homem, médico que exercia a medicina como missão e verdadeiro sacerdócio. Chico era um sábio e nunca me esqueço de duas coisas que dele ouvia: “Deixe seus filhos pisarem na terra, o que não mata engorda.” Outra foi aos 40 anos. Tinha grande dúvida se deveria fazer cirurgia de mioma com retirada do útero e ele me disse: “Naty (forma de ser tratada em família), para mim depois dos 40, quando uma mulher como você, que já tem cinco filhos não quer mais outros, o útero passa a ter duas funções: porta-bebê e porta-câncer.”. De imediato autorizei a cirurgia, feita com maestria por ele, meu primo, padrinho de casamento e grande amigo. Nunca me arrependi. Que o Senhor o tenha na anta glória. E-mail: [email protected]  
“Hora de nos aprofundarmos sobre as questões tecnológicas”
Hélio Augusto Abreu O texto “Marco Civil da In­ter­net tenta pôr ordem naquilo que se esvai pelo ar” (Jornal Opção 2022) é muito interessante e instigante. Faz-nos pensar nas estratégias adotadas pelo governo com relação a simplesmente atender a um apelo tecnológico momentâneo ou nos aprofundarmos realmente em um estudo para chegarmos a elaboração série de medidas que nos colocam na vanguarda tecnológica que possa se moldar de acordo com as inovações. E-mail: [email protected]  
“Resenha à altura de Vargas Llosa”
Maria Helena Coutinho Excelente a resenha “Ma­rio Vargas Llosa mostra que a cultura está a serviço do espetáculo” (Jor­nal Op­ção 2020, caderno Opção Cultural). O autor, Salatiel Soares Correia, vai além do conhecimento da obra do escritor peruano. É realmente culto. E-mail: [email protected]  

“Bakunin, abnegado defensor das classes oprimidas”

Nestor Máquino Parabéns a Carlos Russo Jr. e ao Jornal Opção pela boa matéria “Bakunin: agitador, internacionalista, libertário e antiautoritário” (caderno Opção Cultural, edição 2021). Bakunin é, sem dúvidas, o principal expoente do socialismo anarquista e um dos mais injustiçados teóricos das ciências sociais. Isso sem contar que foi um dos maiores exemplos de abnegação e firmeza na defesa dos interesses das classes trabalhadoras e oprimidas. E-mail: [email protected]  
“Parabéns por não distorcer a história”
Álvaro Freire Parabéns ao jornalista Marcos Nunes Carreiro por seus artigos, sempre cheio de lucidez e isenção. Venho acompanhando seus artigos e me surpreendo positivamente a cada um que vejo. Parabéns por não distorcer a história, como faz a maioria dos grandes meios de comunicação, de maneira que não se conheça a verdadeira história de nosso País. Uma mentira contada várias vezes acaba como verdade. E isso não é por acaso: é tudo arquitetado e planejado. E-mail: [email protected]  
“Com medo de viver”
Thyrza Flores Sem entender tamanha violência dos últimos tempos. Pedi a Deus mais tempo e me vejo com medo de viver.

Antônio Perillo, irmão do governador, é denunciado na Operação Poltergeist

O irmão do governador Marconi Perillo (PSDB), An­tô­nio Pires Perillo, é um dos 36 de­nunciados pelo Minis­té­rio Público de Goiás (MP-GO) por possível envolvimento em es­quema de contratação de servidores fantasmas na As­sembleia Legislativa e Câmara Municipal de Goiânia

A travessia de Fernando Henrique Cardoso

Escrito em parceria com o jornalista americano Brian Winter, o livro de memórias “O Improvável Presidente do Brasil” narra a vida e o legado de um dos personagens mais importantes da história do Brasil republicano, o presidente Fernando Henrique Cardoso

O filme “Noé” é um blockbuster, mas autoral

Em “Noé”, Darren Aronofsky insere várias camadas dramáticas por meio de personagens coadjuvantes tornando a clássica história bíblica complexa e subversiva

No SUS

Enzo ainda tava machucado. Dois anos de relação e a noiva o largou por causa de um empregado do pai, bom de lábia, mau caráter e interesseiro

“Você disse some e eu somei. Eu disse some e você sumiu”

Dizem que os olhos são as janelas da alma. Mas como agir quando intempéries, como ciclones, devastam nossa cidade mental e a destroem sem chances de reconstrução?

O Popular muda nome de Luana Nadejda Jaime e do advogado Pedro Sérgio dos Santos

luana Recomenda-se aos cientistas brasileiros que inventem o risômetro. Assim, toda vez que adquirir o “Pop”, ou se for ler na internet — missão impossível às vezes até para quem é assinante —, o leitor deve colocar o risômetro na boca e pode começar a rir. Na semana passada, o diário goiano “revelou” que a presidente Dilma Rousseff estava “grávida”, recentemente disse que o coronel Brilhante Ustra combateu a Guerrilha do Araguaia (o que é falso), “elegeu” Thiago Peixoto a vereador (o jovem é deputado federal), confundiu Milton Campos com Milton Alves, trocou iminente com eminente. No sábado, 12, o jornal continuou o festival de erros que assola sua redação, como se o espírito do Febeapá estivesse “reencarnando” nos computadores dos repórteres. O “Pop” publicou a reportagem “Ex-miss Goiás é absolvida” e cometeu erros primários. Quem leu a reportagem de Thiago Burigato, do Jornal Opção Online, foi informado que Luana Nadejda Jaime foi absolvida da acusação de ter assassinado Gilvânia Lima de Oliveira e que o nome de seu advogado é Pedro Sérgio dos Santos, diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás e doutor em Direito pela prestigiosa Universidade Federal de Pernambuco. Agora, se o leitor consultou o “Pop”, ficou “sabendo” que outra pessoa foi absolvida — uma sra. de nome Luana “Madedja” Jaime. Quem fez sua defesa foi o advogado Pedro “Henrique” dos Santos — que, obviamente, não existe, exceto nas páginas do “Pop”. Ao comentar os erros, um juiz disse: “Que tal julgar o ‘Pop’ no Tribunal da Língua Portuguesa?” Nem tanto...

Vera Guimarães será a nova ombudsman da Folha de S. Paulo. Suzana Singer vai dirigir o setor de Treinamento do jornal

Pouco dadas a firulas acadêmicas e discussões filosóficas, Suzana Singer talvez tenha sido uma das “ombudsmen” (termo impróprio para mulheres, mas é assim que o jornal paulistano usa) mais rigorosas da “Folha de S. Paulo” (o mais polêmico talvez tenha sido Caio Túlio Costa), ao lado de Marcelo Leite (possivelmente, o que fazia uma crítica mais técnica). Ela sempre aponta duramente os erros da “Folha de S. Paulo”, mas reconhecendo os acertos com largueza de visão. Singer será substituída na sexta-feira, 25, pela jornalista Vera Guimarães, secretária-assistente de Redação de Semanais. Curiosidade: os dois portais que deram a notícia, o Portal da Revista Imprensa (publicou em primeira mão, na semana passada) e o Portal dos Jornalistas, não publicaram nenhuma fotografia da nova ombudsman. Procurei na internet, inclusive no site da “Folha”, e não encontrei nenhuma foto. Vera Guimarães, ao que parece, é discreta. Singer será a nova editora de Treinamento do jornal — cargo certamente ideal para quem foi ombudsman.

Holocausto Brasileiro, o best-seller da jornalista Daniela Arbex, sai em Portugal pela Editora Guerra & Paz

holocausto livroQuem acessa o site da Fnac (há uma ótima livraria no Chiado, em Lisboa, nas proximidades da Praça Luís de Camões) vê que um dos lançamentos destacados é “Holocausto Brasileiro”, da jornalista brasileira Daniela Arbex. O livro saiu, este mês, em Portugal pela Editora Guerra & Paz (256 páginas). Eis a síntese que está no site da Fnac: “Um pungente retrato de abandono e horror. Um genocídio que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas. Milhares de crianças, mulheres e homens foram violentamente torturados e mortos, no Brasil, no hospital de doenças mentais de Colônia, em Barbacena, fundado em 1903. A maioria foi internada sem diagnóstico de doença mental: eram meninas violadas que engravidaram dos patrões, homossexuais, epilépticos, mulheres que os maridos não queriam mais, alcoólicos, prostitutas. Ou simplesmente seres humanos em profunda tristeza. Sem documentos, sem roupa e sem destino, tornaram-se filhos de ninguém. Em ‘Holocausto Brasileiro’, a premiada jornalista de investigação Daniela Arbex resgata do esquecimento esta chocante e macabra história do século XX brasileiro: um genocídio feito pelas mãos do Estado, com a conivência de médicos, funcionários e população, que roubou a dignidade e a vida a 60.000 pessoas.” No site da Bertrand, outra ótima livraria de Portugal, o livro ainda não recebeu nenhuma menção. Não deixa de ser interessante que um dos maiores best-sellers do Brasil, nos últimos anos, seja um livro de alta qualidade, resultado de uma pesquisa rigorosa que, aos poucos, começa a obter repercussão internacional. Escrever bem é obrigação, claro. Mas vale o registro de que, além de escrever bem, Daniela Arbex é autora de um texto elegante (o que não quer dizer pomposo), fluente, preciso e de grande clareza. Trata-se de uma obra-prima do jornalismo brasileiro. Fosse americana, a repórter teria faturado o Pulitzer.

Repórter do Jornal Opção é 1º lugar no Prêmio UEG de Jornalismo

Marcos(1)O repórter Marcos Nunes Carreiro foi o primeiro colocado no 1º Prêmio UEG de Jornalismo, na categoria "Jornalismo Impresso". A reportagem premiada foi publicada na edição 2006 do Jornal Opção e pode ser lida aqui. A entrega do prêmio será realizada na quarta-feira, 16, no Palácio da Música, no Centro Cultural Oscar Niemeyer durante o Jubileu de Cristal da UEG, evento que comemora os 15 anos da universidade.

Revelação dos arquivos Snowden dá Pulitzer aos jornais “The Guardian” e “Washington Post”

Há algum tempo, quando se perguntava: “Qual é o melhor jornal americano?”, os leitores, hesitantes, às vezes citavam o “New York Times”, o “Washington Post” e, mais raro, o “Wall Street Journal”. Agora, um quarto jornal certamente será citado entre os três — o “The Guardian”. Bem, o “Guardian” é inglês. Certo, é. Mas faz sucesso nos Estados Unidos o “Guardian” digital, que, com uma equipe pequena mas competente, publicou as principais denúncias de Edward Snowden, o jovem que pôs a nu a espionagem da NSA, agência de espionagem americana, e do GCHQ, agência de espionagem inglesa. Na segunda-feira, 14, coroando o trabalho do jornalismo que não se agacha ante o poder, a Universidade Columbia anunciou os vencedores do Pulitzer 2014, o mais importante prêmio de jornalismo do país de Thomas Jefferson e Abraham Lincoln. Pelas reportagens-denúncias que divulgaram, de maneira independente e resistindo às pressões dos poderosos de dois países, EUA e Inglaterra, a partir dos arquivos de Snowden — que provaram que as agências NSA e GCHQ espionaram todo o mundo —, o “Guardian” e o “Washington Post” dividiram o prêmio principal, Serviço Público. O “Boston Globe” ganhou o Pulitzer na categoria “Breaking News” (“Últimas Notícias”). O jornal fez a melhor cobertura do ataque terrorista à maratona de Boston, em abril de 2013. Chris Hamby levou o prêmio de Jornalismo Investigativo, do Centro de Integridade Pública. A reportagem premiada denunciou “a negligência de médicos e advogados em processos de mineradores com problemas respiratórios contra suas empresas”, registra o portal da revista “Imprensa”. Na categoria Reportagem Explicativa, Eli Saslow, do “Post”, foi o vencedor. A matéria apresenta a pobreza da América Latina. Na categoria Reportagem Local, Will Hobson e Michael La Forgia, do “Tampa Bay Times”, um jornal de bairro, são os vencedores. Eles investigaram a “oferta de casas populares para moradores de rua na Flórida”, conta o Portal Imprensa. David Philipps, do “The Gazette, faturou o Pulitzer na categoria Reportagem Nacional com reportagem sobre como são tratados os veteranos de guerra dos Estados Unidos. Jacon e Szep e Andrew R. C. Marshall, da agência Reuters, com reportagem a respeito da minoria muçulmana em Myanmar, faturaram o prêmio na categoria Internacional. Não houve ganhador na categoria Melhor Escrita. O que não deixa de ser surpreendente, pois há publicações americanas de qualidade, como a revista “New Yorker”, que primam pela qualidade escrita. Josh Haner, do “New York Times”, levou o prêmio na categoria Melhor Fotografia. Josh fez uma “série sobre a recuperação de uma vítima do ataque terrorista na maratona de Boston”. Nos Estados Unidos, mais do que em alguns países, o trabalho do repórter fotográfico é muito respeitado, mas, quando um jornal do porte do “Times” ganha o Pulitzer apenas nesta categoria, a redação costuma ficar agastada. É sinal de desprestígio. Outras premiações do Pulitzer: Stephen Henderson, do “Detroit Free Press” (Comentarista); Inga Saffron, do “Philadelphia Inquirer” (Crítica); a equipe do jornal “The Oregonian” (Editorial); Kevin Siers, do “The Charlotte Observer” (Chargista); e Tyler Hicks, do “New York Times”, na cobertura de uma chacina no Quênia (Fotografia Factual).

Livro sobre Edward Snowden sugere que usar a internet e falar ao telefone é como participar de um grande comício

Repórter do “The Guardian”, baseado em documentos divulgados pelo norte-americano, revela que, na internet e ao telefone, todos nós estamos nus, à mercê de potências tecnológicas e experts em espionagem como Estados Unidos e Inglaterra [caption id="attachment_1724" align="alignleft" width="300"]Livro mostra que as pessoas, mesmo as comuns, são espionadas diariamente, tanto na internet quanto nas suas ligações telefônicas. O novo Grande Irmão, que espreita, deixaria George Orwell, autor de “1984”, estupefato Livro mostra que as pessoas, mesmo as comuns, são espionadas diariamente, tanto na internet quanto nas suas ligações telefônicas. O novo Grande Irmão, que espreita, deixaria George Orwell, autor de “1984”, estupefato[/caption] “No fim das contas, nada é sagrado, exceto a integridade da própria consciência.” Ralph Waldo Emerson, “Ensaios” Você envia um e-mail altamente secreto para um amigo ou fonte. Depois, no in box do Facebook, faz comentários calientes para uma possível namorada ou paquera. Ao telefone, fixo ou celular, faz comentários, pertinentes ou não, sobre determinada autoridade. Por fim, faz uma consulta inofensiva no Google ou no Yahoo sobre Osama bin Laden e a Al-Qaeda. Tudo secretíssimo. Pois não é bem assim. As conversas podem estar sendo monitoradas nacional ou internacionalmente. Os arquivos de Edward Joseph Snow­den, 30 anos, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA), a maior e mais secreta agência de inteligência dos Estados Unidos, sugerem que não há (mais) inocência e liberdade em nenhum país. Num pacto faustiano, duas agências de espionagem, a americana NSA e a inglesa Government Communi­cations Headquarters (GCHQ), com apoio de seus governos, decidiram conhecer tudo (ou quase) aquilo que pensam os indivíduos, desde os mais importantes, como Angela Merkel, chanceler da Alemanha, e Dilma Rousseff, presidente do Brasil, àqueles que não têm poder para fazer mal algum. Digamos assim: se quiserem, a NSA e o GCHQ têm condições de ouvir o que dizem e o que escrevem o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Podem igualmente mapear seus auxiliares mais próximos. Fizeram isto com Dilma e seus principais assessores. “Mesmo que não esteja fazendo nada de errado, você está sendo observado e gravado”, assegura Snowden. A história de Snowden é bastante conhecida. Mas quem quiser uma síntese de qualidade nada perde se ler o livro “Os Arquivos Snowden — A História Secreta do Homem Mais Procurado do Mundo” (Leya, 279 páginas, tradução de Bruno Correia e Alice Klesck), de Luke Harding, repórter do jornal inglês “The Guardian”. Snowden era um tranquilo e brilhante administrador de sistemas da NSA — na verdade, de uma empresa terceirizada —, depois de ter passado pela CIA e por outra agência. Não havia feito curso superior, mas era uma craque em tecnologia de informação. De repente, descobriu aquilo que parecia normal à maioria dos colegas: o governo dos Estados Unidos, por meio da NSA, havia decidido conhecer as “profundezas” do que dizem os homens: “a agência tinha se afastado de sua missão original de recolhimento da inteligência sobre o exterior. Agora coletava dados sobre todos”. A observação eletrônica em massa chocou-o. Com a bomba nas mãos, Snow­den decidiu agir: procurou Glenn Greenwald, colunista do “Guardian” baseado no Brasil, e a documentarista Laura Poitras, ambos americanos. Depois de colher dados explosivos, o jovem fugiu para Hong Kong, onde se encontrou com o hesitante Gre­enwald e a confiante Poitras. Levou para a Ásia quatro laptops “fortemente criptografados”, com “documentos retirados dos servidores internos da NSA e do GCHQ”. Tratava-se do “maior vazamento de inteligência da História”. Harding, baseado nos arquivos revelados por Snowden, frisa que, “em conjunto com o GCHQ, a NSA tinha ligado secretamente interceptadores de dados aos cabos de fibra ótica submarinos que circundam o globo. Isso permitiu que os EUA e o Reino Unido tivessem acesso à maior parte das comunicações mundiais”. A Justiça, acionada pelo governo americano, obrigava as empresas a se abrirem para a NSA. Obrigava nem é o termo preciso. “Praticamente todo o Vale do Silício estava envolvido com a NSA. Google [quarto a liberar informações para a NSA] Microsoft [primeira a fornecer dados à agência americana], Facebook [quinto a divulgar dados], até mesmo a Apple, de Steve Jobs” colaboraram com a agência de espionagem. “A NSA alegava ter ‘acesso direto’ aos servidores das gigantes da tecnologia.” Também colaboraram PalTalk, YouTube, Skype, Yahoo e AOL. O inglês George Orwell, autor de uma distopia clássica, “1984”, imaginou alguma coisa, mas localizada, sobre o controle da informação e vigilância dos indivíduos (o Big Brother), mas certamente ficaria estupefato com as revelações sobre o que pretendia (e talvez ainda pretenda) a NSA: “coletar tudo, de todos, em todos os lugares, e armazenar por prazo indefinido”. Seria, observa Harding, “a extirpação da privacidade”. A internet havia sido sequestrada. Ou permanece. Por que, exatamente, Snowden decidiu revelar os bastidores da espionagem americana e inglesa? No relato a Greenwald, registrado por Harding, o ex-agente disse “que não queria viver em um mundo onde ‘tudo que digo, tudo que faço, todos com quem converso, toda expressão de criatividade, amor ou amizade estejam sendo gravados’”. Como uma documentação tão extensa saiu dos arquivos herméticos da NSA? Tudo indica que em pen-drives. Para um gênio de T. I., tudo parece mais fácil, e Snowden tinha acesso remoto aos arquivos. Em dezembro de 2012, quando entrou em contato, Snowden sugeriu a Greenwald “que instalasse o programa PGP de criptografia em seu laptop. Depois de instalado, o programa permite que as duas pessoas troquem mensagens pela internet de forma criptografada. Se utilizado corretamente, o PGP garante privacidade”. Greenwald relutava e Snowden disse: “Não posso acreditar que você não instalou”. Aí, para chegar ao então colunista do “Guardian”, Snowden aproximou-se de Poitras, que, como conhecia criptografia, foi mais receptiva. Snowden decidiu abordar um colunista e uma documentarista críticos do establishment porque não confiava no jornalismo americano. Ele disse a um repórter do “New York Times”: “Depois do 11 de Setembro, muitos dos veículos mais importantes dos EUA abdicaram de seu papel como verificadores do poder — a responsabilidade jornalística de desafiar os excessos do governo —, por medo de serem vistos como antipatriotas e, assim, punidos no mercado durante o período de nacionalismo exacerbado”. Poitras, na visão de Snowden, assumira “a missão mais perigosa que um jornalista pode receber — relatar os malfeitos secretos do governo mais poderoso do mundo”. À desconfiada Poitras, Snowden enviou “uma bomba”. Contou que tinha cópia da Política Presidencial com a Diretiva 20, “um documento de sigilo absoluto, com 18 páginas, expedido em outubro de 2012. O documento dizia que Obama havia secretamente pedido aos seus funcionários sêniores da segurança nacional e da inteligência que elaborassem uma lista de alvos potenciais para ataques cibernéticos americanos no exterior. Não de defesa, mas de ataque. A agência estava colocando escuta em cabos de fibra ótica, interceptando pontos de telefonia e grampeando em escala global”. Poitras quase desmaiou. [caption id="attachment_1715" align="alignleft" width="620"]Edward Snowden, um jovem de 30 anos, que teve a coragem de enfrentar a máquina de moer gente da espionagem americana e inglesa e denunciar que autoridades e pessoas comuns são espionadas diariamente | Divulgação Edward Snowden, um jovem de 30 anos, que teve a coragem de enfrentar a máquina de moer gente da espionagem americana e inglesa e denunciar que autoridades e pessoas comuns são espionadas diariamente | Foto: Divulgação[/caption] Greenwald e Poitras finalmente concordaram que Snowden era sério. O primeiro acionou a editora do “Guardian” nos EUA, Janine Gibson, que decidiu enviar para Hong Kong, com os outros dois, o experimentado repórter Ewen MacAskill. Um dos programas revelados por Snowden, o Stellar Wind, da NSA, tinha quatro alvos operacionais: comunicações e metadados telefônicos, comunicações (como e-mails e pesquisas na web) e metadados de internet. O programa começou a ser operado em 4 de outubro de 2001, no governo de George W. Bush. “O Stellar Wind parece ter contado com o apoio entusiástico das principais empresas de telefonia e provedores de serviços de internet. (...) ‘Parceiros do setor privado’ começaram a fornecer para a agência conteúdo de telefone e internet do exterior em outubro de 2001.” Um dos provedores de serviços, não nominado, deu uma sugestão à NSA: no lugar de pedir, deveria usar a Justiça para obter os dados – o que legalizava a ação de espionagem. Por meio do tribunal secreto da Fisa, obteve-se autorização judicial para se buscar os dados, sob a camuflagem de “prestação de registros de negócios” (artigo 215 do Patriotic Act — contra o terrorismo). No Congresso, o senador Obama contribuiu para a aprovação da legislação. Em 2007, candidato a presidente, disse: “Nada mais de escutas telefônicas ilegais de cidadãos americanos”.

Pressões infrutíferas
Aos atônitos Greenwald, Poitras e MacAskill, no quarto de um hotel de Hong Kong, Snowden explicou que a NSA “era capaz de transformar um celular em um microfone e dispositivo de rastreamento”. MacAskill, que pretendia gravar os diálogos, jogou o celular fora. Prevenido, “quando inseria senhas no computador”, Snowden “colocava um capuz na cabeça e acima do laptop — um tipo de cobertura gigante —, para que as senhas não pudessem ser capturadas por câmeras escondidas”. Aparentemente, Snowden não pensou em ganhar dinheiro com a denúncia de que as agências de espionagem haviam “confiscado a internet”. O experiente MacAskill garante que se trata de um idealista e, mesmo, patriota. Quer mais uma internet livre do que destruir os Estados Unidos. Quando o jornalista do “Guardian” quis saber sobre a agência inglesa, Snowden alarmou-o: “O GCHQ é pior que a NSA. É ainda mais intrusivo”. [caption id="attachment_1721" align="alignleft" width="620"]imprensa0002 Ewen MacAskill, Glenn Greenwald e Laura Poitras: os três jornalistas que, depois de ganhar a confiança de Edward Snowden, contaram como americanos e ingleses espionam todos em redes sociais, telefônicas e sites de busca | Foto: Reprodução[/caption] A sede do “Guardian” fica em Londres, mas seus editores decidiram publicar a história no “Guardian” dos Estados Unidos, que é inteiramente digital, com uma equipe de 31 funcionários e um orçamento de 5 milhões de dólares. Gibson decidiu começar pela publicação de que a Verizon, uma das maiores empresas de telecomunicações dos Estados Unidos, estava fornecendo informações de seus usuários à NSA — a maioria sem qualquer envolvimento com terrorismo — com autorização do tribunal da Fisa. Era uma espécie de pesca de arrasto. A Casa Branca decidiu pressionar o “Guardian”, mas Gibson não recuou. “Com todo o respeito, nós tomamos as decisões sobre o que publicamos”, disse a editora. Sem sorte em Washington, o governo americano procurou o governo inglês com o objetivo de pressionar a sede do jornal. O segundo homem na hierarquia do “Guardian” londrino, Paul Johnson, não acolheu as pressões e mandou seguir adiante. A primeira reportagem, com a assinatura de Greenwald, foi publicada e se tornou um escândalo internacional, com repercussão em todo o mundo. Era a história da Verizon-NSA. Em seguida, o “Guardian” publicou a reportagem sobre o Prism. “A NSA alegava ter acesso secreto e direto aos sistemas do Google, do Facebook, da Apple [a que mais resistiu a repassar dados] e de outras gigantes da internet dos EUA. (...) Analistas foram capazes de coletar o conteúdo de e-mails, históricos de busca, chats ao vivo e transferências de arquivos. (...) O documento informava haver ‘coleta de dados diretamente dos servidores’ de grandes provedores de serviços dos EUA”, relata Harding. A Microsoft e o Yahoo também estavam associados com a coleta do Prism. Detonada a história do Prism, que deixou patente toda a insegurança das comunicações via internet, o “Guardian” divulgou a informação sobre o programa ultrassecreto Boundless Informant. Por meio dele, a NSA mapeia (ou mapeava?), “país por país, a volumosa quantidade de informações que recolhe a partir de redes de computadores e de telefonia. Usando metadados próprios da NSA, a ferramenta fornece um retrato de onde estão concentradas as onipresentes atividades de espionagem da agência — principalmente Irã, Paquistão e Jordânia. (...) Em março de 2013, a agência recolheu avassaladores 97 bilhões de pontos de dados de inteligência a partir de redes de computadores em todo o mundo”, anota Harding. Como não queria que outras pessoas fossem punidas ou investigadas, e porque não se sentia culpado de nada, Snowden decidiu aparecer publicamente como único responsável pelos vazamentos. O “Guardian” divulgou o vídeo, gravado por Poi­tras, e sua imagem foi mostrada em todo o mundo. “Foi a matéria mais vista da história do ‘Guardian’.” Aí americanos e ingleses começaram a caçar Snowden. Embora dependente dos fartos recursos financeiros americanos para espionagem, o GCHQ não fica atrás em capacidade de vasculhar dados de autoridades e cidadãos comuns. “O feito do GCHQ foi desenvolver um meio de construir um gigantesco buffet de internet computadorizado. O buffet poderia armazenar o tráfego. Analistas e mineradores de dados seriam então capazes de, retrospectivamente, vasculhar através desse vasto conjunto de material digital”, escreve Harding. É o projeto Tem­pora. “Estamos começando a ‘controlar a internet’”, vangloriou-se o GCHQ num documento. O Reino Unido estava coletando mais metadados do que a NSA. Assim como a NSA, o GCHQ não tinha (não tem?) limites para espionar. A agência britânica grampeou “chefes de Estado durante as duas últimas conferências do G20 realizadas em Londres, em 2009”. A agência chegou a montar falsos cafés, “equipados com internet e programas com chaves de login. Isso permitiu que o GCHQ roubasse senhas dos membros da delegação para utilizá-las depois. O GCHQ também invadiu seus BlackBerrys para monitorar e-mails e ligações telefônicas. Uma equipe de 45 analistas acompanhava todas as conexões de quem ligava para quem durante a conferência. (...) Isso obviamente não tinha absolutamente nada a ver com terrorismo”, informa Harding. O governo britânico, não tendo poder de pressão sobre o “Guardian” nos Estados Unidos, forçou o “Guar­dian” londrino a destruir computadores com documentos a respeito da grampolândia universalizada. Houve quem, no governo, tenha pensado em fechar o jornal e prender seu editor, Alan Rusbridger. O jornal, que não teme processos judiciais, não recuou. Porque sabe que processo não é um recurso para esclarecer, e sim para intimidar Entretanto, as denúncias alastraram-se por outros jornais, tornando o excesso de controle do governo inglês improdutivo. A revista alemã “Der Spiegel” denunciou que “a NSA havia desenvolvido técnicas para hackear iPhones. (...) A NSA pode interceptar fotos e mensagens de voz. Pode hackear Facebook, Google Earth e Yahoo Messenger. Particularmente úteis são os dados de geolocalização, que apontam onde um alvo esteve e quando”. Entre tantas más notícias, sobretudo a de se saber que não há privacidade alguma na internet — usar o Facebook e o Twitter é como participar de um comício —, Harding divulga uma boa: “Até agora, a NSA e o CGHQ têm sido incapazes de retirar do anonimato a maior parte do tráfego da TOR, a mais popular ferramenta de proteção do anonimato online”. Depois do escândalo, trabalha-se, a contragosto, para regular, de maneira mais democrática, a espionagem. Pura ficção. A espionagem vai ficar, isto sim, cada vez mais sofisticada. Mas não vai cessar. Neste momento, você, leitor, está sendo investigado... e não apenas pelos americanos — obviamente.

Doleiro e ex-diretor da Petrobras são indiciados com mais 44 pessoas pela PF

Dos 31 mandados de prisão temporária e preventiva cumpridos, 15 pessoas permanecem presas. Dois suspeitos seguem foragidos [caption id="attachment_1720" align="alignright" width="764"]Doleiro Alberto Yousseff, preso pela Operação Lava-Jato e apontado como chefe do grupo Doleiro Alberto Yousseff, preso pela Operação Lava-Jato e apontado como chefe do grupo[/caption] Os relatórios finais da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, foram concluídos na última terça-feira (16/4), final do prazo legal. Quarenta e seis pessoas foram indiciadas por formação de quadrilha, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro nacional. Entre os indiciados estão o doleiro Alberto Yousseff e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Leia Mais PF aponta que doleiro pode ter relação com negócios de Carlinhos Cachoeira PF cumpre mandados da segunda fase da Operação Lava jato no Rio e São Paulo Operação Lava Jato: PF prende três suspeitos no Distrito Federal Outros dois doleiros também foram indiciados, mas suas identidades estão sendo mantidas sob sigilo pela PF, sendo que nos próximos dias poderão ser apresentados complementos aos relatórios finais com base em estudo do material apreendido. Há possibilidade de investigações autônomas dos crimes de corrupção ativa e passiva, sonegação fiscal, desvio de recursos públicos, sonegação fiscal e fraude em licitação. A Operação Lava-Jato foi deflagrada em 17 de março após investigações que chegaram a um esquema ilegal que movimentou R$ 10 milhões. Segundo a PF, o grupo, liderado por Alberto Yousseff, também praticou os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisa. O cumprimento dos mandados de prisão e de busca e apreensão foram divididos em duas etapas, sendo que a segunda ocorreu no último dia 11. Na ocasião o alvo foram contratos intermediados por Paulo Roberto Costa enquanto funcionário da Petrobras. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede da estatal no Rio de Janeiro. O saldo das duas etapas contabiliza 25 veículos apreendidos, centenas de joias e obras de arte apreendidas e que ficarão em custódia do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Um total de R$ 6 milhões em espécie foi apreendido. Foram cumpridos 19 mandados de prisão preventiva e 12 de temporária, sendo que 15 pessoas permanecem detidas e duas seguem foragidas. Cento e cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos.