Opção cultural

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O político começou apoiando Fernando Collor, que sofreu impeachment, e terminou derrubando a petista e apoiando Michel Temer
Biografias não-autorizadas costumam ser as melhores. Porque as autorizadas às vezes sofrem censura do biografado ou de seus familiares. Os homens públicos têm uma história que, também, deve ser pública. Ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha vai ficar na história como o político que comandou a operação para tornar possível o impeachment da presidente Dilma Rousseff, do PT, e, ao mesmo tempo, por, segundo o Ministério Público e a Justiça — que o condenou à prisão —, por operar uma grande esquema de corrupção envolvendo o governo federal e setores privados. De certo modo, privatizou a Câmara dos Deputados. Político duro, de matiz implacável, inspirava medo nos seus adversários — inclusive os de esquerda.
Compreender Eduardo Cunha é crucial para entender o momento histórico no qual atuou e até o momento atual (a crise política provocada por ele e pelo PT é, por assim dizer, “mãe” da ascensão do presidente Jair Bolsonaro). Por isso os jornalistas Aloy Jupiara e Chico Otavio decidiram estudá-lo e publicar o livro “Deus Tenha Misericórdia Dessa Nação — A Biografia Não Autorizada de Eduardo Cunha” (Record). Trata-se de uma investigação sobre o político que derrubou uma presidente da República e, sim, se derrubou — cometendo uma espécie de haraquiri.
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Eduardo Cunha e Dilma Rousseff numa fotografia dos tempos em que eram aliados | Foto: Reprodução[/caption]
O pai de Eduardo Cunha, Elcy Teixeira da Cunha, foi preso em 1965, em plena ditadura. Mas não por criticá-la, ou tentar, digamos, seu “impeachment”. Na verdade, sua prisão tem a ver com falsificação ideológica. Ele se passou por oficial do Exército e agente do Serviço Nacional de Informações (SNI). Descoberto, acabou na cadeia.
Seguindo os passos do pai, em 1970, durante a ditadura, o adolescente Eduardo Cunha formou um time para disputar o Campeonato Carioca de Pelada, no Aterro do Flamengo. A garotada tinha de comprovar ter a idade máxima de 15 anos. A maioria dos jogadores “escalados” por Eduardo Cunha tinha mais de 15 anos e, por isso, o time foi eliminado. O “Jornal dos Sports”, organizador do evento, alegou “falsificação da idade”.
Os biógrafos contam uma história estranhíssima. Quando o presidente de Furnas, Luiz Paulo Conde, se submeteu a uma operação para extrair um câncer de próstata, Eduardo Cunha, disfarçado de médico, acompanhou-o da sala de cirurgia à UTI. Tratava-se de um gesto de humanidade? Aloy Jupiara e Chico Otávio sugerem uma interpretação mais pragmática: “O que estava em jogo, além da saúde do aliado, era o poder sobre um dos pesos-pesados do setor estatal brasileiro”. O que o deputado federal realmente queria saber é se Conde iria se recuperar rapidamente. Porque, se não, poderia ser demitido. Daí o aliado tinha de se preocupar se era preciso ou não articular outra indicação — antes que outro grupo político disputasse o cargo.
Quando presidente da Alerj, em 1989, Eduardo Cunha contribuiu na campanha presidencial de Fernando Collor e bancou o fortalecimento do PRN (espécie de antecessor do atual PSL, o partido “do” presidente Jair Bolsonaro). Ele teria acabado por se envolver no caso das contas do tesoureiro da campanha de Fernando Collor — o indefectível Paulo César Farias, o PC.
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Aloy Jupiara e Chico Otavio: jornalistas de "O Globo" que investigaram a vida do ex-deputado e presidiário Eduardo Cunha | Foto: Reprodução[/caption]
Chico Otávio, segundo o repórter Marcelo Remígio, de “O Globo”, nota que Eduardo Cunha era uma de frieza que impressionava aliados e adversários. Fazia o mal como estivesse comendo pudim e fazia o bem como se estivesse comendo urtiga. Parecia um político sem emoções, com nervos de aço. O livro menciona: Eduardo Cunha “chorou discretamente, com voz embargada, no discurso de renúncia à presidência da Câmara, em fevereiro de 2006. Os demais episódios, como o afastamento do cargo por decisão do STF e, antes, a sessão de aceitação da denúncia contra Dilma, foram protagonizados pela cara de gelo do deputado”.
Os jornalistas descobriram, ao investigar a vida de Eduardo Cunha, que políticos e empresários tinham medo do ex-deputado. Medo que, claro, diminuiu (mas talvez não tenha acabado) com sua prisão. Hoje, denunciado pela Operação Lava Jato, está preso em Bangu 8. Mesmo assim, assinala Aloy Jupiara, “escrever foi montar um quebra-cabeças”.
Uma explicação sobre o título do livro: em 2016, aprovado o prosseguimento do processo de impeachment de Dilma Rousseff, Eduardo Cunha disse: "Que Deus tenha misericórdia dessa nação". Por certo, depois da prisão de Lula da Silva — um ex-presidente poderoso — e de Eduardo Cunha, Deus realmente teve-tem misericórdia do Brasil. Corruptos, políticos e empresários foram e estão indo para a cadeia. Graças a Deus? Talvez. Mas sobretudo graças aos homens competentes e de boa vontade que trabalham na Polícia Federal, no Ministério Público Federal e na Justiça Federal. Vale um elogio para a Imprensa — que publicou tudo que se apurou sobre poderosos que perderam a "proteção" dos poderes...
Leia sobre outra pesquisa de Aloy Jupiara e Chico Otavio
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